— Hey, Harry! — Ouviu a ruiva chamar por ele antes de sair da sala — Não se esqueça de pegar seu livro com o professor — a garota avisou, seu tom soando como uma ordem de uma mãe.

— Pode deixar — Riu de modo sereno, observando ela sumir de seu campo de visão, enquanto continuava arrumando seus materiais em cima da mesa de estudos.

Notou que só teria sobrado ele de aluno na sala, embora o corredor estivesse lotados de alunos transitando de uma aula para outra. 

Olhou para frente, observando, de modo curioso, seu professor de poções corrigir os trabalhos de seus outros alunos de maneira focada.

Naquele dia ele não teria dado os sermões que Harry estava habituado a ouvir — nem mesmo quando teria quebrado um dos caldeirões enquanto tentava completar sua tarefa.

Ele estava calmo, o que era algo estranho vindo de Severus Snape.

O garoto jogou a alça de sua mochila sobre os ombros e se dirigiu até o bruxo mais velho, que ainda não teria notado sua contínua presença mesmo após o término da aula.

— Professor Snape? — O chamou, já de frente para a mesa onde este estava sentado. 

Ele olhou para Potter com uma sobrancelha erguida e uma expressão que demonstrava levemente surpresa.

— Sim...?

— O senhor poderia me emprestar um dos livros de poções que apresentou hoje, para que eu possa estudá-lo durante as férias? — Pediu de modo educado. Estava com medo do humor do homem a sua frente mudar do nada e lhe dirigir algum sermão, mas tinha que pegar o livro.

O professor levantou sem dizer nada, indo até uma de suas estantes de livros que permanecia, como de costume, atrás de sua mesa. Esticou seu braço para pegar um exemplar entre outros tantos livros, indo em direção ao aluno e o entregando como pedido.

— E um feliz natal para você e seus amigos — disse com a voz baixa, sem olhar para ele, e sim para a prateleira à sua esquerda, arrumando com sua varinha algo qualquer que estava fora do lugar.

O aluno surpreendeu-se pelo modo como o outro estava tratando a todos naquele dia e por sua gentileza inesperada. Sorriu, gostando daquele lado do professor. 

— Feliz natal, Severus — o bruxo mais velho virou-se para ele, sem entender por que teria lhe chamado pelo primeiro nome; só a tempo de ser abraçado inesperadamente pelo garoto. Não entendeu o motivo daquilo e demorou a retribuir, mas logo que o abraço se cessou, Harry saiu da sala, após lhe dar um pequeno sorriso amigável. 

— Feliz natal, Severus... — repetiu para si mesmo, sereno, quando já estava sozinho na sala. Embora nunca fosse admitir em voz alta, aquilo lhe garantiu um sorriso em seu rosto pelo resto do dia.