I just wanna be yours escrita por Sirukyps


Capítulo 1
Capítulo único




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Distraído, ele colocou a mão na minha vasilha de pipoca, pegando mais um pouco. Eu, nervoso, mantinha os olhos fixos no televisor, lutando compulsivamente para não surtar.

Eu queria mais pipoca, contudo minhas mãos tremiam tanto. Superando a intensa taquicardia e arriscando, alguns grãos saltaram para fora da vasilha, e, conferindo em volta, a sala já estava repleta de pipoca. O pior: nem estávamos na metade do primeiro filme.

Cacete!

Eu sei. Eu que propus este filme, este namoro e ele, após relutar bastante, terminou aceitando. Certo, teve a grande pressão da comunidade de South Park, mas eu tive minha parcela de culpa.

Ainda assim... Admito não estar nada preparado para a sua recente proposta em fazer coisas simples como namorados, como: ir ao parque, sair para comer no shopping ou maratonar filmes, como estamos fazendo agora com Harry Potter.

E depois?

Como se fosse existir um depois. Por quanto tempo o Craig deseja continuar com isto? Deve ser muito irritante perder o fim de semana com alguém como eu.

 - Este namoro do Harry com a Cho Chang nem tem química. - Ele comentou, casualmente. Os olhos fixos na tv.

Nada comento.

Colocando a bandeja de pipoca no meio do sofá, tentando facilitar para os dois, eu desvio o olhar para a porta. Será que ele perceberia se eu fugisse? Todavia, eu não poderia fugir da minha própria casa, eu acho.

Aquele silêncio incômodo permanecia, pois eu não sabia o que comentar nesta situação. E se eu falasse alguma bobagem? E se eu o irritasse ainda mais?

Era muita pressão.

Preocupado, voltei a pegar mais um punhado de pipoca e encontrei sua mão. Sorrateiramente, antes que eu pudesse fugir assustado, ele enlaçou nossos dedos.

Tão firme.

Eu podia sentir a temperatura elevada do seu corpo em contrate aos meus finos dedos congelados pelo temor. Eu podia sentir sua calma, ou melhor, sua resiliência e como ele se esforçava ao máximo para persistir assistindo aquela droga ao meu lado.

Eu sabia! Eu nunca deveria ter proposto aquilo.

Virando um pouco o rosto para meu lado, os entediados olhos aguardavam o meu comentário. Ele não entendia que eu nem conseguia prestar atenção ao filme por conta do nervosismo. O que poderia comentar? E se ele não gostasse da minha opinião? Eu não aguentava tanta pressão, assim, apenas puxei minha mão e, para minha surpresa, a dele continuou firme.

Ótimo!

— Você está tremendo tanto, querido...

“Querido”. Ainda tem esta. Ele havia começado com estes apelidos. Eu não desgostava, mas... Sei lá, não combinava com ele. Ele era Craig Tucker, a personificação do cinismo e apatia.

Retirando a pipoca do nosso meio e colocando sobre a mesa de centro, ele se aproximou. Eu não podia me afastar, pois estava imprensado pelo braço do sofá. Pensei em levantar e pegar água na geladeira quando ele tocou minha bochecha com o dorso da mão livre, observando com aqueles monótonos olhos azulados. – Está um pouco pálido. Tem certeza que ta tudo bem?

— Droga, Craig! – Temendo fitar aquela seriedade, eu ficava ainda mais ansioso. Mesmo assim, ele permanecia aguardando. Por que tanta insistência? Pressionado, desabafei. – Eu... Gostaria de ser calmo como você, mas estou com medo de estragar tudo.

Pensativo, um fino sorriso delineou seus lábios.

Eu sabia.

Ele não queria estar ali e estava rindo aliviado por eu, finalmente, haver reconhecido como aquela noite estava uma bosta. Nervoso, enrubesci de vergonha, sentindo-me a pior pessoa do mundo. Tentando escapar daquele irônico toque de carinho, explodi:

— EU SEMPRE ESTRAGO TUDO. Pode ir pra casa. Eu... – Não consegui reclamar, pois tive meus lábios selados pelos seus.

O que ele estava pensando, afinal?

Aos poucos, a mão em minha bochecha desviava para minha nuca e o beijo ganhava proporção. Pensei em empurrá-lo, ao posicionar minha mão em seu peito, entretanto, terminei segurando no moletom azul, fechando os olhos e tentando acompanhá-lo.

Sua mão adentrava os fios bagunçados do meu cabelo e meu coração pulsava a mil. Ao sentir a quente língua, meu corpo inteiro estremeceu. Embora, extremamente sem jeito, franzi a testa, permitindo. Ou melhor, seguindo o fluxo, pois eu não sabia o que estava fazendo exatamente. Nunca alguém havia me beijado com tanto carinho, ou melhor, nunca alguém havia me beijado.

Projetando seu corpo sobre o meu, ele intensificava o beijo cheio de amor e sabor de pipoca cheddar. Permanecendo com as nossas mãos entrelaçadas, cada vez mais forte, ele emboscava meus cabelos em seus dedos macios, enquanto prosseguia me beijando como se a vida dependesse disto.

Deslizando no sofá, eu puxava seu corpo sobre o meu.

Aquilo era muito bom.

Arfando baixinho, ele me fitou, respirando ofegante pelos lábios úmidos e vagamente entreabertos.

Vermelho, por mais que eu desejasse fugir, reuni toda a coragem inexistente para fitar aqueles insensatos orbes azuis. Rindo baixinho, ele interrogou calmamente:

— Não consegue sentir meu ...?

Inicialmente, não entendi.

O que eu deveria sentir, afinal? Havia algo que eu não havia percebido?

Quer dizer...

Era verdade como sua mão, a qual me prendia tão forte, tremulava como a minha. Ou ainda, apertando meus dedos contra o tecido do seu moletom, eu podia escutar seus batimentos cardíacos tão desesperados como meus pensamentos.

Só assim, pude perceber como aquele confiante sorriso era uma máscara para sua insegurança.  Continuando, pensativo, parecia batalhar em escolher as melhores palavras:

— Eu não quero que o sentimento que algum de nós pode estragar tudo seja o que nos una. Mas, eu também tenho medo... Droga... – Fitando-me novamente, franziu o cenho ao questionar. – No lugar desta incômoda coisa, não seria melhor o... Sei lá, cara... Algo do tipo amor? – Depositaria um beijo em minha bochecha, mas hesitou diante meu sobressalto. Um pouco melancólico, afirmou. - Eu quero ser seu e que o amor nos una, Tweek. – Finalmente, soltando minha mão, uma repentina tristeza apoderava-se de sua expressão. – Mas eu não quero forçar a barra para você.

O que eu poderia dizer?  Depois de me beijar até esgotar meu oxigênio e dizer aquilo.... Desvencilhando da dolorosa expressão, eu só puxei minha mão, soltando o moletom, igualmente pensativo.

Entendendo, ele se levantou.

O quão babaca eu poderia ser? Ele quase voltava a sentar, quando puxei o tecido azulado e, ganhando sua atenção, arrisquei. 

— Caralho, Craig! Seus lábios são feitos de cafeína?

— Realmente. – Ele sorriu, e, repentinamente, puxou minhas pernas para me deitar corretamente no sofá e não machucar minha coluna. Engatinhando sobre mim, segurou o meu queixo, provocando-me com a sobrancelha esquerda erguida, objetivando ludibriar minha sanidade. - Minha meta é te deixar viciado, querido.

— Boa sorte... – Solucei, aquilo era muita pressão, mas era inegavelmente sensual e divertido admirar aquele rosto iluminado pela baixa luz do televisor.  – Mas... Não me pareceu tão bom. Que-Quero provar novamente. – Brinquei enrubescendo até os cabelos por aquele desconhecido ato de ousadia. Um sorriso desengonçado deveria enfeitar meus lábios por estar extremamente vermelho, no entanto, eu não queria pensar nisto.

— Acho que devo ajustar a dose para um idiota como vo...- Ele revidava. No entanto, buscando dissimular o constrangimento, antes que ele aumentasse meu embaraço, somente puxei a gola do seu moletom e o beijei.

Correspondendo com voracidade, as mãos ágeis desabotoavam os botões embaralhados da minha camisa, enquanto os beijos desciam pelo meu pescoço, demarcando minha pele com suas possessivas mordidas.

— Idiotas! – Resmungou sua irmã, a qual estava sentada no chão próximo ao televisor, aumentando a volume do filme diante nossas tímidas risadas.

Não.

Eu não iria permitir que aquele medo imbecil destruísse tudo. Todavia, eu ainda não conseguia dizer que o amava, então eu me empenharia em fazê-lo sentir.

Sabe, parece contradição, mas à medida que Craig atormentava meu coração, mais eu me sentia calmo.

Pensando bem, se for para terminar assim, espero que a gente maratone muitos filmes, vá para muitos lugares, e outras destas “coisas de namorados”.


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