O que acontece depois de agora? escrita por Mariah Gonçalves


Capítulo 4
Capítulo 2 - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Regina

Quem você acha que eu sou? sopro a fumaça para o céu sem olhar para a loira

Até onde sei, uma moça de terno sentada num bar, ela me olhava e a sensação de saber que não sabia nada sobre mim me excitava

Talvez eu seja só uma moça de terno num bar

Percebo ela se levantando e contornando o banco desgastado da igreja e parando na minha frente, seus olhos tinham um verde amarelado e eles me olhavam firme, como se eu fosse sua presa e ela não podia desviá-los de mim nem por um instante, num movimento rápido, ela colocou as mãos apoiadas no banco atrás de mim, me prendendo entre seus braços. Mantenho a pose e prendendo a respiração, seguro o contato visual enquanto meu coração vai a mil. Aquilo era errado, muito errado. Além de casada eu estava com outra mulher atrás de uma igreja. Mas já que me arrepender não mudaria mais nada, levantei uma sobrancelha sem sorrir e levei meu cigarro a boca, puxando o ar com força para os meus pulmões

Não vai perguntar quem eu sou?

Como sabe se quero saber? minha voz sai baixa e rouca. Ela vem lentamente e encosta a boca na minha orelha

Dá pra escutar seu coração batendo daqui, sussurra

Talvez não seja isso que ele queira, entrelaço meus dedos no cabelo de sua nuca e ela tira as mãos do banco para apertar minha cintura num sinal de aprovação

E o que ele quer? ela passa a língua pelo contorno da minha orelha e eu deixo o ar tenso preso em mim sair da minha boca num pedido sem som

Suas mãos firmes me puxam para junto do seu corpo quente e sua boca macia e certeira mira meu pescoço enquanto uma de suas mãos puxa meu cabelo para baixo me fazendo jogar a cabeça para trás, abrindo espaço para ela. Reviro meus olhos e abro minha boca passando a língua pelos lábios, a loira tira a mão do seu cabelo e segura meu pescoço como se fosse me enforcar, mas não o faz. Com o dedo indicador, rodeia minha boca, ao passo que abre um sorriso perverso revezando o olhar entre meus lábios e olhos. Seu olhar faminto não causava medo, ela me puxou mais forte com a outra mão na minha cintura e parou a menos de dois centímetros de mim.

É melhor você tirar isso, escorrega a que estava no meu rosto pelos meus braços e repousa um dos dedos em minha aliança.

Incrédula, eu tiro o anel rapidamente sem esboçar sorrisos, a enfio no bolso da minha calça e puxo a loira para um beijo bruto.

Ela me segura com força e retoma o controle, como se estivéssemos em guerra, dois predadores lutando para não virarem presa. Sem dificuldade, troca de lugar comigo e coloca sua perna entre as minhas, tirando um suspiro audível de minha boca, por minha vez, puxo seu cabelo e mordo seu pescoço sem dó. A loira levanta minha cabeça com as mãos e uma expressão de dor prazerosa, tornando a me beijar sedenta. Sinto um tapa forte na minha bunda e solto um gemido baixo inesperado, ela escorrega a mão direita pelas minhas coxas e meus olhos já reviram sem permissão. Quando coloco minha mão em cima da sua e abro as pernas ela entende o recado. Mas paro bruscamente e a empurro, vozes.

Quando consigo retornar a mim mesma, olho para ela assustada e sinto o efeito do álcool se esvair em segundos. Desvio o olhar procurando pelas pessoas e tento acalmar minha respiração.

Preciso ir, saio andando e só não corro para não levantar suspeitas, entro despercebida no banheiro e tranco a porta.

Meu Deus, o que foi que eu fiz? acendo a luz e enfio a mão no bolso da calça não conseguindo encontrar minha aliança de forma alguma, quando encaro meu batom vermelho borrado no espelho.

Com as mãos tremendo e o coração ainda acelerado, pego um resto de papel e agradeço aos céus por não estar usando cor matte, tornando a tarefa de tirar o borrão da minha cara menos complicada. Tento acalmar meu cabelo e não parecer culpada antes de sair do banheiro e dar de cara com Betinha.

Onde você tava? Achei que tinha ido embora e esquecido a bolsa no balcão, ela me encara enquanto eu não respondo, meu Deus do céu tia, você tava correndo?

Eu só vim tomar um ar Beatriz, forço um sorriso, avisa seu Benedito que amanhã eu venho pagar, tenho que ir, saio às pressas deixando a menina confusa para trás e contornando o bar por fora antes de parar em frente ao carro.

Merda, a chave ta lá dentro, respiro fundo e passo as mãos pelo cabelo antes de voltar para recuperar minha bolsa.

Entro no bar pela porta da frente e não vejo sinal da loira, nem da minha chave. Tentando pensar, lembro que Beatriz comentou sobre a bolsa e corro para trás do balcão, felizmente encontrando-a na prateleira debaixo da bancada. Antes de sair, percebo os olhos atentos de um dos amigos da mulher me acompanhando até a saída. Com pressa, me jogo dentro do carro e fecho a porta, deslizando as costas pelo banco e respirando fundo. Encosto minha cabeça no volante de couro e espero minha respiração se acalmar.

É melhor eu ir embora logo, tomo partida no carro saio da pequena estrada de terra.


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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida, dica ou crítica, me avisem.
Obrigada, logo tem mais.



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