B a d escrita por Dry Flower


Capítulo 1
Capítulo Único - Bad Boy & Sad Girl


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
*não revisada*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751118/chapter/1

Teu peitoral de fora, tuas roupas rasgadas, teu coturno velho. Você veio com teu cabelo mediano amarrado, olhos escuros e intensos, tatuagens complexas demais para descrever em pobres adjetivos; veio destruíndo minhas expectativas, ou melhor, confirmando-as, mostrando ser o bad boy que aparenta a outros olhares.

 Veio me olhando de cima à baixo, quando eu sabia que na verdade procurava apenas outros vestígios da minha vida desandada além das marcas nos pulsos e do esmalte vermelho descascado.

 Sei que sentiu o aroma dos grãos do café torrado que havia tomado há pouco, sei que viu meus punhos machucados. De longe eu era problema, bagunça, mas ao ser comparada com você essas expressões tornam-se infímas, inglórias e irreais. Tu sempre fostes uma incógnita impossível de se definir, por mais que eu insista em lhe denominar bad boy.

 E quando passou por mim e surpreso viu uma adolescente surpresa e admirada; quando sumistes e me viu olhando incessantemente em busca de uma atraente confusão; viu que eu tinha muita mais que me interessado, muito mais do que só visto seu exterior.

 Pois afinal, baby, sempre percebestes que eu senti teu mistério exalando, palpável no ar, e que não quis decifrá-lo; apenas quis aproveitar do benefício da dúvida.

 Dentre flores secas e rosas mortas, cigarros acendidos pelo mesmo isqueiro e desastres compartilhados mutualmente, voc~e teve um lampejo de certeza que eu era muito mais do que uma adolescente anos mais nova interessada apenas no que podia oferecer; teu olhar captava que eu queria compartilhar essências e opiniões contraditórias naquele nosso restaurante 24 horas favorito, tomando café puro e amargo; ascendendo das ruínas em que insisto em me esconder.

 E quando o café acabava, as essências  eopiniões estavam devidamente compartilhadas, observavamos nossa decadência iluminada pelo amanhecer, desprovidos dos verbos, apenas admirando um espetáculo do qual só valia a pena ser presenciado sobre a influência da cafeína, da nicotina e de você.

 A solidão às vezes é conveniente à uma alma cansada de se machucar e de machucar outro alguém; porém a nossa ‘dupla solidão’ era algo agradável como uma fina chuva molhando folhas caídas no outono. Não precisamos trocar uma palavra sequer para nos compreendermos; e quando quebravámos este silêncio, conversavámos às 4 da manhã como quem conversava no fim de tarde, à luz da luz se esvaíndo no horizonte.

 Nunca tivemos limites,mas juntos eles e o gosto de serem quebrados eram apaguizados por nossa declinação aos maus-hábitos. Mas isso não quer dizer que não éramos de deixar de lado as inconsequências apenas para recitar poemas um para o outro escondidos do sol do meio-dia no meu quarto escuro, com livros jogados à esmo e Cazuza tocando de fundo.

 Nos tornamos muito mais do que amigos que se entendiam, nós éramos almas que se compreendiam e se aceitavam mesmo quando eu aparecia com uma nova marca de dor no pulso ou você com marcas roxas e cacos de vidro enfiados no peito após outra briga de bar.

 Sempre fomos parte um do caos do outro, como se fossemos a borboleta das nossas respectivas destruições . Mesmo aos pedaços, você de alguma forma me reconstruíu e simultaneamente construíu  uma parte em mim que só era possível entender pelo teu ver. E de certo modo eu percebo que, mesmo tu sendo o mesmo no jeito de agir, tua essência mudou e se adaptou à minha, que fez o mesmo. Era inexplicável e imprecidível a conexão desconexa que temos a paixão e admiração que só se é visível quando se sabe interpretar nossas tais janelas da alma, o único clichê que se pode aplicar em relação aos nossos tsunamis oculares; sabendo-se que um era o movimento nas placas tectônicas do outro.

 Talvez nossa doce sina sempre fosse coexistir dentre essa ‘dupla solidão’. Talvez as engrenagens de nossos passos sempre tenham trabalhado afim de terminarmos onde nos conhecemos, você sentindo o gosto de café com doce de leite que há pouco havia tomado e eu sentindo a liberdade moldada nas linhas dos teus finos e deliciosos lábios; todo esse conjunto de sensações utópicas enquanto o sereno pairava sobre nós, nos envolvendo da mesma estranha sensação daquele tipo de solidão que nos acolhe.

 Nós nos completamos mesmo  já estando repletos por todas as singularidas que formam nossos sistemas inter-planetários. Continuamos com os velhos hábitos, e mesmo com poucos anos de diferença, tudo se tornou mais do que nossa trágica existência, e mesmo os sentimentos camuflados nas nossas personalidades, era perceptível o brilho de admiração nos nossos respectivos olhares.

 Nada mudou, apenas tudo se encaixou, e poderemos viver nossa utopia complexamente distópica, apesar dos apesares. Estamos satisfeitos com cada um dos poréns e as suas respectivas continuídades. Afinal, minhas marcas de dor tornaram-se lembranças distantes e sensações que espero não querer sentir nunca mais. E, bom... as brigas de bar agora eram acompanhadas por uma jovem de 17 anos, com meia-arrastão vermelha, roupas rasgadas, estranhas e sobrepostas; a maquiagem preta marcada e o all star xadrez sujo após tantas aventuras, para lutar nessas jornadas junto ao.. como chamavam? Bad boy daquela estranha Sad girl.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem dizendo o que acharam.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "B a d" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.