Like a Vampire 2: Bloody Marriage escrita por NicNight


Capítulo 4
Capítulo 4- Guerreiras sem armas


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito a falta de capítulos essa semana! Esse foi bem difícil de escrever(em compensação, é o maior cap que já escrevi)
Não se esqueçam de ver o Tumblr da fanfic frequentemente, já que estou planejando postar fichas das meninas por lá! Boa leitura ❤



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Narração Nikki
—Eu não quero mais ir-Eu bufei, tentando me focar mais nos ovos de drakon em minha frente do que em meu braço engessado.
Os três ovos de drakon estavam em cima de uma grade, pendurada perfeitamente em cima da lareira. Pelo que parece, Reijii havia dito para Vic que calor ajudava ovos de drakon a chocarem. De acordo com ela, não custava nada tentar.
Bufei com o pensamento, finalmente olhando pras minhas irmãs.
—Mas a senhorita vai- Marie disse, e eu revirei os olhos com aquela resposta- Primeira regra pra fugir da massa: Suspeite do óbvio. Tenho quase certeza que KarlHeinz esperava que você não fosse pra esse treinamento.
Maldito rei. Maldito treinamento.
—Ei, não pode ser tão ruim assim- Sarah comentou, fazendo um carinho delicado em meu braço não machucado- Sol te ensinou montaria e espada, vai ficar tudo bem.
—Não é só o braço machucado que me dá medo- Eu suspirei, deitando minha cabeça no ombro de Lua- Imagina quanto brutamonte vampiro chato vai ter lá! Eles vão acabar comigo!
Victoria se levantou e se ajoelhou em minha frente, e então mexeu nas pontas do meu cabelo:
—Ei, você tá bem? Não é seu estilo ficar tão preocupada e sensibilizada assim.
Adivinhem só, Nikki Herbert também tem sentimentos! Descobriram a América!
—Eu acho que deveríamos estar te perguntando a mesma coisa- Eu respondi, deixando Victoria levemente chocada- Não fique tão surpresa. Seu casamento é tipo, amanhã.
A expressão de Victoria ficou mais séria logo após uma onda de tristeza passar em seu olhar:
—Nem me fale desse casamento. Só porque eu sou mulher é humana não me deixam escolher nem meu vestido!
—Idiotas-Sofie bufou- Esses homens que cuidam do KarlHeinz e a própria majestade são idiotas. Acham que conhecem nossos corpos melhor do que nós mesmas- Ela olhou pra Victoria com ar carinhoso- É por isso que eles fazem nossas leis.
—Nem dá pra acreditar mesmo nessas coisas- Lua respondeu enquanto limpava os óculos- Quem eles pensam que nós somos? Objetos, alimento?
—Infelizmente, como mulheres humanas, essa é dita como nossa única tarefa aqui- Marie resmungou, e seus olhos azuis pousaram nos ovos de drakon- O único jeito de acabar com essa imagem é provando o contrário.
Um silêncio de segundos permaneceu no cômodo. Existiam momentos onde nós só ficávamos perto uma das outras, sem nem conversar. Só aproveitando a companhia, cada uma fazendo suas próprias coisas.
—Nikki- Victoria me chamou, com um sorriso no rosto- Olha pelo lado positivo: Se você entrar, não vai ter que casar com aquele bicho preguiça.
—Eu não acho que isso seria uma coisa positiva pra Nikki- Lua brincou, sorrindo.
Eu apenas revirei os olhos, tentando ignorar o calor em minhas bochechas e falhando miseravelmente
Sarah deu uma risadinha enquanto Sofie e Marie se entreolharam com expressões estranhas.
—Vocês estavam falando de mim?- Ouvi a voz preguiçosa de Shu, e nós seis praticamente pulamos de susto.
—Você e seus irmãos com essa mania de assustar a gente...- Sofie resmungou baixo.
—Então tentando chocar os ovos?- Shu então se sentou no sofá, do lado de Lua.
—Não, imagina- Respondi- Estamos fritando pra ver se fica bom.
—Agora eu fiquei com vontade de comer ovo frito- Lua resmungou baixinho de forma brincalhona, e eu revirei os olhos pra ela.
Shu apenas bufou. Acho que não era exatamente essa resposta que ele estava procurando.
Sofie arregalou os olhos, antes de olhar pra Sarah:
—Shu, eu estava aqui pensando- Sofie olhou então em direção do loiro- Você pode levar a Nikki no treinamento pra gente?
Espera aí, o que?
—Ele levar ela?-Marie parecia confusa- Mas eu tenho carro, posso levar a Ni... AI! PRA QUE PISAR NO MEU PÉ?
Todas minhas outras irmãs trocaram um olhar, o que me deixou ainda mais confusa.
—É que nós vamos estar super ocupadas hoje- Sarah disse, de tom mais fino do que o normal.
—Ocupadíssimas- Lua completou exageradamente.
—Inclusive, a Marie vai me levar pra escolher...Flores! E eu preciso da ajuda das minhas irmãs pra escolher flores!- Victoria respondeu, gesticulando até demais.
—Eu vou?-Marie perguntou, e depois arregalou os olhos- SIM!Vamos escolher flores! Até te convidaria, Nikki, mas parece que você vai estar bem ocupada hoje.
—É... Tá tudo bem- Eu respondi, e então olhei pra Shu- Você me leva então?
Shu deu de ombros, mas eu percebi um sorrisinho no canto da sua boca.
Marie pigarreou enquanto se levantava, e parou bem mais em frente da lareira:
—Vocês acham que esses ovos vão chocar?
—Sim!- Lua, Sarah e Victoria quase berraram ao mesmo tempo em que eu, Sofie e Shu dizíamos “Não.”
Todas nós nos viramos pra encarar Shu.
—Desde quando você responde a gente?-Sofie perguntou, arqueando as sobrancelhas.
—Se eu mando vocês calarem a boca, vocês reclamam. Se eu as respondo, vocês reclamam-Ele suspirou- O que exatamente vocês querem que eu faça?
—Olha só que lindo, querendo participar da família- Victoria sorriu, abrindo os braços- Aqui é que nem coração de mãe, sempre cabe mais um! O que você acha, Nikki?
Os olhos sorridentes de Vic me fitaram.
—Eu posso arranjar um jeito de te parabenizar pelo seu trabalho duro- Eu disse, extremamente distraída. Assim que percebi o que havia falado, quis enfiar minha cabeça no chão.
—Ah, é? E como exatamente seria isso?- Shu deu um sorriso com aquele tom pervertido que eu tinha uma pequena raiva.
Ah, mas nunca se provoca uma Herbert!
—Eu não sei- Olhei pra ele, tentando ao máximo fazer com que minhas bochechas não estivessem tão vermelhas- Por que não espera até mais tarde?
—Ah, eu com certeza vou, Herbert- Os olhos de Shu se encontraram com os meus, e por alguns segundos eu fiquei sem fôlego.
—Dá pra vocês tipo... Irem pra um quarto logo?- Sofie resmungou.
—Sofie!-Sarah a repreendeu.
—O que foi? Eu não sou obrigada a aturar essas paquerinhas de vocês!- Ela apontou pra nós dois.
Pronto, lá vou eu virando um tomate de novo. EU ODEIO SER TÃO... “CORAVÉL”
—Quem tá paquerando?- Percebemos que Ayato e seus outros irmãos haviam chegado.
—Ninguém tá paquerando, Sakamaki- Eu respondi rudemente, voltando á minha pose brusca.
—Não é isso que suas bochechas nos dizem, Nikki-chan- Kanato apontou pra mim, e eu apenas revirei os olhos e cobri meu rosto com minha mão esquerda.
—Parem de zombar dela, gente- Shu disse preguiçosamente- Qualquer tipo de paquera deixa ela envergonhada, já que ela nunca nem foi beijada.
Pronto, ele ficou babaca de novo.
—Ei! Que preconceito é esse com pessoas que nunca foram beijadas?- Lua parecia verdadeiramente ofendida.- Nós escolhemos esperar, então me desculpa, senhor pegador!
—Quantas vezes eu tenho que falar que beijo é uma coisa normal, gente?- Sarah suspirou docemente.
Assim que vi Lua abrir a boca pra falar algo, me lembrei do dia da escola e coloquei minha mão sob sua boca:
—Não se atreva.
—E você, como pretende lutar com esse braço?- Shu perguntou- Ele está tão horrível quanto você, provavelmente vai cair no primeiro segundo.
—Eu não me lembro exatamente de quando pedi sua opinião- Respondi, semicerrando os olhos.
—Você não pediu. Mas eu também não pedi pra te levar até o treinamento.- Shu bocejou e se deitou no sofá.
—Como se eu quisesse ir- Revirei os olhos, enquanto tocava suavemente o braço engessado- Eu tive que aprender montaria e a lutar com o braço esquerdo pra isso!
—Como se você soubesse lutar com o braço direito- Ele sussurrou e se virou pra dormir.
—Perdão?- Questionei, indignada com a audácia daquele preguiçoso de meia tigela
Após alguns segundos de silêncio, ouviu-se a voz de Marie:
—Pessoal, vocês já perceberam como esses ovos são bonitos de perto? Ela se ajoelhou, pegou um dos ovos em suas mãos e então se levantou.
Após milissegundos de silêncio, todos nós ficamos levemente desesperados. Aquele ovo... Estava na fogueira.
—Mah-chan! Você vai se queimar com isso!~~- Laito disse alto, e foi até Marie já tirando o ovo das mãos dela.
Assim que as mãos de Laito tocaram o ovo de drakon, o ruivo o derrubou com um grunhido de dor.
—MEU DEUS!-Sarah correu até o menino, parecendo preocupada- Você está bem?
—Não se preocupe, Senhorita Sarah- Reijii se aproximou da de cabelos castanhos- Nós, vampiros nos curamos mais rápido.
—Só porque curamos mais rápido não significa que não dói quando nos machucamos- Lua deu um leve grunhido, enquanto se aproximava juntamente de Subaru. Ela pegou a mão do Laito e a abriu com cuidado.
—O que aconteceu nessa sua mão?!-Subaru fez uma cara assustada assim que pousou os olhos vermelhos na palma de Laito.
Quando todos nos aproximamos pra ver, percebemos o quanto as mãos de Laito haviam sido afetadas. As pálidas palmas estavam vermelhas, já com um líquido saindo, marcas e pedaços de pele descascando.
—Marie, deixa eu ver sua mão também- Eu pedi, já pegando as mãos da mais velha.
Não tinha nem uma marca, estava num tom de pele normal.
—Que estranho-Marie comentou, abrindo e fechando a mão repetidas vezes- Nem dor estou sentindo.
Um ar de suspense e estranheza preencheu o quarto.
—Pelo menos você está bem- Victoria suspirou, correndo as mãos pelos fios castanho-mel.
—Que maldade~~- Laito suspirou junto, ainda analisando a mão machucada- Eu também sou importante, ne?
Antes que Victoria pudesse responder, ouvimos uma espécie de buzina do lado de fora.
—O que é isso?-Lua perguntou, e eu abri a janela com ela.
Lá, estava parada uma espécie de carruagem. Estranhei por um tempo, já que não era comum esse tipo de coisa no mundo humano, mas o homem que estava lá se levantou e disse:
—Procuro a Senhorita Nikki Herbert. Ela será levada até o Centro de Treinamento Vampiro
Abri lentamente minha boca, sem saber muito o que falar.
—Parece que a nossa carona chegou, meninas- Lua sorriu de orelha a orelha- Vamos logo, a gente não pode se atrasar!
—Espera aí- Shu abriu os olhos, parecendo confuso- Não era eu que ia levar a Nikki?
—Exato. Você ia levar a Nikki- Victoria respondeu enquanto pegava minha mochila- Não vai mais.
E com isso, nós todas saímos da casa, com Marie batendo a porta bruscamente atrás de si.
—Vocês amam me irritar, não é?- Perguntei, revirando os olhos.
—Era só uma brincadeira, Nikki.- Sarah deu uma risadinha, me abraçando- Além disso, Vic precisa de algo pra se acalmar...
—E nada melhor que isso do que um tempo para as irmãs, não é?- Marie riu, envolvendo seus braços ao redor de Sofie e Lua.
Não pude deixar de dar um sorriso de canto. Essas garotas...
—Vamos logo, não podemos nos arrasar- Sofie disse, sendo a primeira a entrar na carruagem.
Após todas nós entrarmos( e percebemos que aquela carruagem definitivamente não servia para seis pessoas) e nos acomodarmos da melhor forma possível, a carruagem deu partida.
Senti meu celular vibrar em meu bolso, então peguei e abri direto no aplicativo de mensagens.
“Nikki, boa sorte no seu treinamento! Espero que minhas aulas de esgrima e montaria tenham ajudado em algo! Vai dar tudo certo!
—Sol”
Sorri. Desde quando eu havia quebrado o braço, Sol havia me dado dicas e aulas sobre exercícios, além de ter me ensinado a andar a cavalo e a lutar com espada.
É, eu devia uma pra Sol.
“Nikki, meu céu! Eu espero que tudo dê certo no treinamento e que ninguém mais machuque seu frágil corpo! Você é linda demais pra ficar no meio desses crápulas selvagens!
—Mao Masa”
Revirei os olhos com um sorriso. Esse cara nunca desistia.
—Está conversando com alguém?-Lua perguntou, seus olhos brilhando enquanto escorava a cabeça em meu ombro
—Não exatamente, apenas Sol e Não Masa me mandando boa sorte- Respondi, recebendo risadas de Sarah.
—Por falar nisso, Nikki- Marie chamou minha atenção, fazendo com que nossos olhos pousassem nela- Priya mandou boa sorte pra você.
—Quem diabos é Priya?- Sofie questionou, antes mesmo que eu pudesse abrir minha boca.
—Uma amiga nossa da faculdade- Victoria bocejou- Relaxa, apenas dissemos que você ia fazer uma prova física pra entrar numa aula de luta especial.
—Agradece ela por mim na próxima vez que as virem então- Eu sorri de forma mais forçada.
“Heya, irmã! Espero que tudo tenha ido bem aí na Mansão Sakamaki com seu braço. Boa sorte no treino, sobre que lá é tenso demais! Mas você vai conseguir, porque você é uma Herbert! Lilith e Igor estão te mandando boa sorte(Fofoca: Sabia que eles estão noivos?), Assim como Yui( E antes que você pergunte, só estamos saindo como amigos)
—Jackson”
—Gente, vocês sabiam que a Lilith tá noiva?- Eu sussurrei assim que terminei de ler a mensagem- Do Igor, ainda por cima.
—Eu sabia!-Sarah fez uma dancinha de comemoração- Eu digo que meu senso romântico nunca falha, e vocês não acreditam! Agora vê aí se eu não sou incrível?!
—Tá, tá. A gente já entendeu, irmã. Agora aquieta no seu lugar- Sofie segurou delicadamente o ombros de Sarah, numa tentativa falha de fazer ela parar de se mexer.
“Filha, uma mensagem rápida porque o seu pai precisa trabalhar. Lua me contou sobre o coisa da Guarda Real. Eu pessoalmente não concordo muito sobre isso, mas se você quer: Vá em frente! Só não se esqueça que seu pai, suas irmãs e sua mãe sempre te amarão e estarão do seu lado. Boa sorte!
—Chronos”
—Papai mandou uma mensagem pra você!- Lua deu um gritinho, que me fez pular de susto- Tenho certeza que ele está morrendo de orgulho de uma filha dele seguir o mesmo caminho de militar!
—Dá pra você parar de ler minhas mensagens- Eu resmunguei, mesmo sabendo que a carruagem era tão apertada que ler minhas mensagens deveria ser a coisa mais fácil do mundo- E eu não chamaria isso que estou fazendo exatamente de “seguir os passos do meu pai”...
Victoria se esticou um pouco e pousou a mão na minha perna.
—Ei, fica calma- Ela riu- Eu já te vi lutar, e você é incrível! Tenho certeza que, mesmo com um braço quebrado, você consegue deixar qualquer soldado no chinelo.
Todas as meninas concordaram, sussurrando palavras de apoio.
Se todos tem tanto amor por minha pessoa é tanta fé que eu vou conseguir fazer isso, eu não posso desapontar eles!
—Nikki, o que você trouxe na sua mochila?-Marie perguntou, seus olhos azuis pareciam preocupados.
—Ah, nada demais- Eu respondi, pegando rapidamente a mochila preta das mãos de Victoria- Temos uma garrafa de água, um saco de Doritos porque não sou feita de ferro, uma faixa, uma roupa de esportes para caso eles não me deem uma armadura e meu fuzil.
Elas pareceram não esperar minha resposta, porém não tardaram em me questionar em coro:
—Você trouxe seu fuzil?!
—Como posso dizer...- Dei um sorriso de canto enquanto abria a mochila e tocava levemente o gatilho do fuzil- Mesmo se eu não conseguir segurar uma espada com a mão esquerda, eu consigo atirar com meu fuzil até com meus pés.
As meninas se entreolharam, com sorrisos discretos no rosto.
Definitivamente, você não mexe com uma Herbert.
Porque se você mexer com uma, você mexe com a família inteira.
Após alguns segundos, Victoria pigarreou e olhou pra nós:
—Eu preciso falar algo pra vocês-Ela começou, e todas nós acenamos com a cabeça- Amanhã é meu “casamento”, como vocês sabem. Eu, por ser mulher é humana, fui proibida de dar minha opinião em qualquer coisa do casamento. Mas eu quero que vocês se troquem no mesmo quarto que eu... Ia ajudar muito se eu pudesse ter o apoio de vocês, já que vamos estar cercada de gente que não conhecemos...
—Victoria, a gente ia trocar no seu quarto mesmo se você não pedisse- Sofie comentou, dando uma risada abafada.
—Exatamente, quem você pensa que a gente é?!- Marie suspirou, olhando firmemente pra sua irmã- Você pode não amar o Reijii, mas mesmo assim nós vamos ficar com você e te apoiar pra sempre!
—Sim, mesmo de certas pessoas- Lua continuou, fuzilando de forma nada discreta eu e Sofie com o olhar- Estão se recusando a usar vestidos.
As três mais velhas olharam pra nós duas como se fôssemos extraterrestres.
—É uma festa da realeza e vocês estão planejando usar jeans e camiseta?- Sarah perguntou, fazendo biquinho.
—O que vocês têm contra jeans?- Perguntei, cruzando os braços.
—Nada, mas lá vai estar cheio de pessoas da realeza e politicamente importantes- Victoria deu um olhar apologético pra nós duas.- Eu odeio ter que ir contra o estilo de vocês duas, mas eu não quero ouvir nenhum idiota falando mal das minhas irmãs. Vou pedir pra Lilith dois vestidos emprestados.
Sofie suspirou, aborrecida.
—Se isso anima vocês, podem usar apenas durante a cerimônia- Marie sorriu, tentando ser o mais legal possível- Victoria já convidou aqueles seus dois amigos novos da escola que vocês pediram, então façam isso por ela e usem um vestido primeiro e durante a festa de casamento podem usar seus jeans e camiseta.
—Ok,ok- Eu disse- Aceito o sacrifício de usar vestidos justos que prendem a minha respiração pela felicidade de vocês.
—Senhoritas, nós chegamos- Fomos interrompidos pelo homem, e eu praticamente voei pra fora da carruagem
Assim que cheguei ao portão do lugar, eu senti todo tipo de sentimento ruim me invadir. Aquilo não parecia nem um pouco um lugar legal.
—Não me parece tão ruim.- Sarah comentou, no meio de um bocejo.
—Na última vez que você falou isso pra gente, nós acabamos na casa dos Sakamaki- Eu respondi, indo na frente de todas para o lugar que a placa apontava ser onde estariam acontecendo o treinamento.
Assim que cheguei ao que parecia uma quadra, me senti quase intimidada ao ver vários homens altos se alongando. Porém, com uma respiração profunda, entrei lá sem querer esbanar muito medo.
Todas as meninas me deram abraços e beijos na testa, sussurrando pequenos “boa sorte”, e então se sentando na parte mais alta da arquibancada, lado a lado.
Com uma respiração funda, dei mais alguns passos em direção da quadra principal.
O chão era escorregadio, porém parecia ser feito de algum tipo de concreto. E o sol, que deixava meu couro cabeludo ardendo, iluminava a quadra aberta com facilidade.
—Com licença- Eu cutuquei um homem que estava perto da porta- O treinamento da guarda... Já começou?
O homem me olhou de cima a baixo, antes de me responder com certa grosseria:
—Ainda não. Mas você tem que colocar sua armadura antes, garotinha.
Quem ele pensa que é pra me chamar de garotinha?
Atravessei toda a quadra de braços cruzados, tentando evitar os olhares dos homen, cheios de sentimentos que variavam entre luxúria e ironia. Assim que consegui chegar ao que parecia um vestiário, fechei a porta com força e me olhei no espelho.
—Ok, Nikki- Sussurrei pra mim mesma- Não é hora de ficar estressada. Você resolve essa coisa do Shu depois... Mas agora é papo sério.
Em apenas um armário, estava uma armadura pendurada. Sem pensar duas vezes, a peguei e a coloquei na minha frente.
Ri de mim mesma, imaginando que ironia era que eu estava aqui.
Deixei todas minhas vestimentas caírem ao chão, me deixando seminua. Enrolei a faixa em cima de meu sutiã, e passei tantas camadas que eu podia minha carne sendo sufocada e apertada por lá.
—Maldita hora que eu desejei ter peitos grandes- Bufei. Eu estava quase sendo sufocada, já que havia passado mais camadas de faixa que o normal.
Coloquei a parte de cima da armadura branca e vermelha com a certa dificuldade. Aquilo com certeza era pra ser colado por uma pessoa, e não por você mesmo. Especialmente se um dos seus braços estava engessado.
Após arrumar minhas ombreiras, coloquei a parte de baixo da armadura. Já estava me sentindo o próprio Homem de Lata quando estava com a roupa inteira pronta.
Havia um símbolo estranho em vermelho no peitoral da armadura. Com certeza o símbolo Sakamaki.
Dei uma olhada pro meu fuzil, e o escondi debaixo da minha calça. Melhor prevenir do que remediar.
Apenas suspirei quando saí do vestiário, sentindo um calor infernal dentro da minha armadura se contrastar com o vento frio que batia em meu rosto. Com certa dificuldade, já que não havia me acostumado com aquelas calças que já tinham botas acopladas, me dirigi até o centro da quadra aberta.
Estavam dezenas de homens ao meu redor, talvez até centenas. A minha frente, havia uma espécie de altar com um grande trono em cima do mesmo.
Não fiquei surpresa quando vi KarlHeinz se levantar do trono, com um sorriso ridiculamente grande em seu rosto.
—Sejam bem-vindos, jovens cavaleiros!- Ele exclamou, e senti seus olhos vermelhos pousarem em mim por alguns segundos- Hoje, como já sabem, estarão exercendo atividades físicas e teóricas para ver se estão aptos a entrarem na Guarda Real, o trabalho mais nobre para um vampiro.
Quanta babaquice.
—Teremos provas de esgrima, montaria, exercícios físicos básicos e de conhecimentos. Vocês farão as provas uns contra os outros e tem a permissão real de machucar seus oponentes... Apenas não os acertem no peito, isso é importante.
Todos os homens riram, e eu continuei estática e sem entender a graça.
Dezenas de espadas foram jogadas á nossa frente, e eu tive que me espremer bastante entre aqueles homenzarrões pra conseguir pegar uma. Prateada, longa. Punhal vermelho escuro. Sakamaki até demais.
—Atenção!- Um homem aparentemente do castelo gritou- A prova é a seguinte: Vocês terão uma luta livre, onde poderão usar espadas, mano-a-mano e os cavalos presos nos cantos.
Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, um homem me atacou com a espada dele.
Após o susto, bloqueei seu golpe.
—Garotinha com o braço machucado?- Ele riu de forma rude e em tom grosso- E ainda tem um cheiro apetitoso... Talvez depois que eu te derrote nós possamos ir pra um canto ter uma diversão só nossa.
Apertei a espada com força, antes de ataca-lo e deixá-lo com um corte bem pequeno perto da sobrancelha.
—Não tenho interesse.- Respondi bruscamente- E eu tenho um nome: Nikki Herbert.
—Nome?- Ele sorriu sarcasticamente enquanto bloqueava um ataque meu- Ninguém vai lembrar seu nome se entrar aqui, só sua posição.
—Duvido muito que isso aconteça- Foi minha vez de bloquear vários ataques vindo dele- Me considero bastante especial, principalmente por ser mulher e humana.
Eu comecei a recuar, antes de bater no peitoral de outro homem.
—Mulheres...- O outro homem grunhiu- Sempre se metendo onde não é o lugar delas. Além de tudo, é humana: Sempre se achando mais do que realmente são.
O primeiro homem gargalhou:
—Ah, George. Pode deixar essa comigo. Se for machucar ela, só não machuque os seios e o rosto: Preciso deles para mais tarde.
—Armand, não seja possessivo- George sorriu- Nós dois podemos tomar conta desse corpinho depois. Mas primeiramente...
Ele chutou a minha barriga, me fazendo cair no chão. Senti uma dor horrível na parte de trás da minha cabeça e pequenas gotas de um líquido se escorrerem por lá e molharem meu cabelo.
Senti os dois homem respirarem o ar, parecendo satisfeitos. Minha respiração, por outro lado, estava fraca e irregular.
—Precisamos colocar umazinha em seu devido lugar- George sorriu psicoticamente enquanto pisava em cima de meu braço engessado.
Sem ter muito pra onde fugir, apenas dei um berro de dor quando Armand deu um tapa na minha cara.
A espada, que antes estava na minha mão, havia sido tirada de mim com muita facilidade. Eu não queria nem imaginar o quão patética eu deveria parecer agora.
—VAI, NIKKI!- Ouvi a comemoração de Lua do outro lado da quadra. Sua voz animada e alegre como sempre- A GENTE ACREDITA EM VOCÊ!
Respirei fundo duas ou três vezes. Perdi minha capacidade de contar por enquanto. Juntei toda a força que tive em minhas pernas e chutei “aquele lugar” de Armand.
Enquanto ele estava se encolhendo de dor, eu me levantei com dificuldade e dei o murro o mais forte que pude na cara de George.
Eu estava cambaleando, meio zonza e sangrando. Mesmo assim, eu podia ouvir homens apontando pra mim e gritando coisas indecifráveis.
Provavelmente percebendo o quanto era chocante o fato que uma simples humaninha estava lidando com dois valentões.
Quando corri pra longe da chacina, senti todo meu rosto suar. Eu estava realmente machucada, não sabia quanto tempo ia durar.
É, parece que o Mundo Vampiro não tem regras que se oponham a violência contra a mulher. Pelo menos não nesse lugar.
E eles ainda chamam isso de prova? Eu imaginei uma coisa civilizada, normal e delicada. Mas agora me mandarem pra uma zona de guerra?
Era demais, até pra mim.
—Nikki, você está bem?!- Ouvi a voz de Victoria, que correu até mim com urgência- Meu deus, o que fizeram com você?! As meninas estão preocupadas, vamos pra arquibancada!
Ela pegou delicadamente minha mão esquerda, me guiando até a porta de saída. Mas, obviamente, fomos interrompidas por uma voz.
—ESPERA AÍ, TODO MUNDO PARA!- George comandou, e todos o obedeceram como se ele fosse um mestre- A menininha tá indo embora? Não aguentou os machucados leves? Então não viesse pra cá, pois soldados da Guarda Real lidam com pior!
—Dá pra vocês ficarem longe delas?- Ouvi a voz de Marie, e só então percebi que ela, Lua, Sarah e Sofie haviam descido da arquibancada e estavam do nosso lado- Vocês estão me dando nos nervos.
—Ah, realmente um desperdício que membros da Guarda Real tem voto da castidade – George comentou, olhando Marie de cima a baixo enquanto os outros guardas concordavam
Ouvi sussurros do meu lado, mas não pude falar nada, já que Sarah havia envolvido seus braços em torno de mim, num ato protetor.
—Vocês sabem com quem estão falando?- Victoria deu um passo a frente, de cabeça erguida e esbanjando poder- Eu sou Victoria Herbert, a garota que amanhã se tornará esposa do príncipe Sakamaki!
Sofie deu um passo a frente, também exibindo autoridade:
—E nós todas, incluindo Nikki, estamos sob a guarda do Rei KarlHeinz. Ele poderia responder por sua irresponsabilidade ao colocar uma de nós em perigo de morte no tribunal. Podemos ser humanas, mas não somos burras e muito menos objetos!
Os soldados se recuaram levemente ao ouvir os discursos de minhas irmãs. Meu coração se encheu de orgulho ao ver elas com tanta autoridade sob vampiros, todas com ar de... Rainhas.
—Elas são boas nisso-Lua se esgueirou pro meu lado, sussurrando.
—Até demais- Sarah sussurrou de volta- Somos muito sortudas de termos elas nas nossas vidas, né?
—Muito- Eu respondi, enquanto via Marie dar um passo para frente, fazendo um discurso sobre algo envolvendo o noivado de sacrifício que eu não me interessei muito.
KarlHeinz se aproximou de nós, batendo palmas:
—Bravo, bravo- Seu sorriso era irritante e permanente em seu rosto- Finalmente tive a chance de ver minha futura nora antes do grande dia... Agora, se me permitem rapazes, irei levar as seis até sua carona pra casa.
Mesmo ouvindo os protestos dos soldados lá atrás, KarlHeinz fez seu caminho para nós guiar até o portão inicial.
—Sinto muito pela impetuosidade de meus homens, Senhorita Nikki- O rei colocou a mão em meu ombro, com voz serena- É uma tragédia que cada prova da Guarda Real tenhamos selvagens que faltam matar uns aos outros.
—Essas provas não foram feitas pra humanos-Sofie disse bruscamente, cuspindo as palavras como se fosse veneno- Por que chamou Nikki, mesmo sabendo que ela não teria chance?
O rei olhou assustado pra Sofie:
—Inteligente, bonita e direta. Já te disseram que é idêntica a sua mãe, Senhorita Sofie?
Espera aí, o quê?
—Conheceu nossa mãe?-Marie perguntou, arqueando a sobrancelha
—Mais do que gostaria de admitir que conheci- O rei suspirou- Mais isso é assunto pra um outro encontro. Vocês precisam descansar para o evento de amanhã.
Nesse exato momento, a carruagem chegou.
—Um adeus momentâneo pra vocês, Herbert – Ele acenou enquanto voltava pra quadra- Espero que tenham uma noite adorável.
E com isso ele desapareceu de vista, nos deixando com a única opção de nos espremermos na carruagem. Que foi exatamente o que fizemos.
Assim que a carruagem deu partida, Lua quebrou o silêncio:
—Da onde será que o KarlHeinz conhecia a mamãe?
—Eu tenho a impressão de que ouvi alguém falando sobre isso...- Sarah parecia pensativa- Mas não me lembro exatamente do quê.
—Ele provavelmente conhece ela de quando ele foi pedir pra mamãe nos entregar como noivas de sacrifício- Victoria suspirou- Lembra que os nossos pais falaram que ela não tinha concordado com isso?
—Isso é provavelmente a ideia mais plausível- Respondi, mexendo na parte de trás do meu cabelo que estava molhada de tanto sangue.
—Ei, temos que cuidar desses seus machucados.- Lua me olhou com cuidado- Amanhã, querendo ou não, é um grande dia.
Assim que a carruagem chegou na frente da Mansão Sakamaki, nós todas saímos da mesma e entramos correndo na casa.
—E aí, como foi a prova?- Ayato, sentado folgadamente no sofá, perguntou. Porém seus olhos se arregalaram quando me viu- Parece que ninguém pegou muito leve com você, eh?
—Nikki está toda deformada.- Kanat comentou- Não daria uma boneca muito bonita, né , Teddy?
Me senti arrepiada quando lembrei da sala das bonecas. Foi lá onde descobrimos que não fomos as únicas a chegarem aqui. E foi lá que tivemos esperança de sobrevivermos, graças á Yui.
—Senhorita Nikki, acabei uma poção que vai curar seu braço pra amanhã- Reijii chegou, me estendendo um fraco- E vá tratar esse rosto, está horrível
—Se vocês estão comentando da minha aparência, imagina a minha dor- Eu disse, pegando o frasco da mão de Reijii e encarando feio Laito, Subaru e Shu, que haviam acabado de chegar- Boa noite meninas, vou tomar um banho, colocar uns curativos e dormir.
As meninas sussurraram um “boa noite” unânime quando eu subi e me tranquei no banheiro.
Assim que tirei todas minhas vestimentas, virei a poção num gole só.
Era amargo e azedo ao mesmo tempo. Porém não era pior que a poção que tomei no final do ano passado.
Sem pensar muito, liguei o chuveiro assim que senti meu braço direito começar a formigar e deixei a água levar toda a minha sujeira, meu sangue escorrendo e os acontecimentos de hoje com ela.
Se fosse como eu imaginava, amanhã tinha capacidades de ser pior que hoje.


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Notas finais do capítulo

Eaí, gostaram do capítulo? O que acham que vai acontecer no casamento de Reijii e Victoria?
Não se esqueçam de comentarem, eu não mordo ❤