-Até que o hotel é bonito! – Lucy comentou quando entramos no flat.

-Concordo, e também não é ruim, dois quartos, cozinha sala e banheiro, um banheiro só, mas não vai ser por muito tempo afinal. – Concodei, me sentando no sofá.

-Um dos quartos é só meu em. – Luke avisou.

-Claro que não, eu sou quem mais tem roupas, então um dos quartos é só para mim.

-Nem vem, vocês são irmãos que dividam o quarto. – falei me colocando de pé.

-O quarto é meu. – Luke falou novamente.

-Meu. – Lucy também protestou.

-Nem vem, é meu. – continuei na briga, e começamos a discutir mais...

Ainda estávamos discutindo, depois de meia hora, até que eu me joguei novamente no sofá.

-Quer saber, discutam entre si, to indo pro outro quarto. – falei, peguei minhas malas e fui para o quarto que eu dividiria com mais um deles, espero que seja com a Lucy né.

Ouvia os dois discutindo na sala ainda, me deitei em uma das camas, sem arrumar roupa nenhuma no lugar, e acabei dormindo.

Aquele mesmo sonho que eu tinha um mês atrás voltou, mas era como se fosse uma continuação.

Jacob caído no chão da floresta, eu uivava muito alto, e podia ouvir passos se aproximando, não me importei, simplesmente fiquei, sentada olhando para o cadáver de Jacob ali, caído. Um cheiro doce de vampiro invadiu meus pulmões, e eu fiquei em pé de pressa. Vi seus cabelos ruivos, ela se aproximava lentamente a mim, passo após passo, como se tudo tivesse seu tempo certo, eu não iria fugir, iria lutar com ela, afinal provavelmente quem matou Jacob ou foi ela, ou foi mandado pela mesma.

-Mais um lobo para defender aquela humanazinha. – ela dizia, me encarando. Acho que com a palavra humanazinha ela se referia a mim.

A última coisa que eu vi no sonho foi Victória me atacando, eu sei que eu não havia morrido, somente acordado.

-Isa, acorda amiga. – Ouvia a voz de Lucy. – Anda, o que aconteceu. – ela me chacoalhava na cama. Abri lentamente os olhos e pude vê-la me olhando preocupada.

-O que foi? – perguntei a olhando.

-Eu e Luke ouvimos você gritando, e víamos ver o que estava acontecendo, chegamos aqui e você estava se contorcendo e suando muito. – ela explicou.

-O que foi que aconteceu Isa? – Luke perguntou, chegando mais perto da cama, e me encarando.

-Eu tive um pesadelo, mas foi só isso – respondi a verdade, está certo que foi um pesadelo que era mais a continuação de outro, e que esse pesadelo era real de mais, mas ainda assim era somente um pesadelo não era?

-Não parecia um simples pesadelo. – Lucy afirmou, e Luke concordou com a cabeça. Respirei fundo, e comecei a contar desde o começo.

-Quando eu descobri que era loba, no mesmo dia que eu me transformei pela primeira vez, eu tive um sonho muito estranho. – falei, e eles se sentaram, um em cada lado da cama. – Eu andava pela floresta, até trombar com um amigo, ele caía no chão, o que eu não entendia já que ele era, realmente muito forte. Só achei duas explicações, ou ele estava fraco e cansado, o que provavelmente não era verdade, ou ele estava... morto. – pronunciei com dificuldade essa palavra. – o que era mais provável pelo seu olhar sem vida alguma.

-E você sonhou novamente com isso? – Luke perguntou.

-Não, era como se fosse uma continuação, ele caído no chão, e eu, como loba uivando, até que eu vejo Victória, aquela vampira que eu contei que Edward matou quando eu era humana e o parceiro dela me perseguia. – eu lembrei aos dois que assentiram, e fizeram sinal para que eu continuasse. – Ela chegava, me atacava,  eu não consegui saber o resto pois vocês me acordaram. – Expliquei.

-Será que... – Luke ficou pensativo.

-O que? – eu e Lucy perguntamos em uníssono.

-Você está tendo as visões, mas como ainda não domina este poder, tem elas por sonhos? – perguntou.

-Luke tem razão Isa, é o único poder que você ainda não tem. – ela concordou.

-Eu realmente não pretendo que esse sonho se realize. – falei, sincera. Não queria que Jacob morresse.

-Talvez não seja exatamente isso que aconteça, talvez ele morra, e depois aquela vampira te ataque, mas não exatamente dessa forma, em outro local, essa visão pode acontecer de maneira incerta. – Luke falou.

-Tem razão, e espero que esteja certo. – falei para ele.

-Venha Isa, vamos comer alguma coisa. – Lucy me puxou da cama, e eu quase caí.

-Calma garota. – falei, rindo.

-Anda logo. – ela me apressou. – E você também maninho.

-To indo. – ele respondeu, e se levantou da cama.

Preparamos um sanduíche para comermos, claro que dois para mim e Lucy, e três para Luke, e tomamos um copo de leite. Lavei a nossa loça, e os dois foram dormir. Lucy acabou ficando com o meu quarto, e Luke sozinho em um outro. Me sentei no sofá, sem sono algum depois daquele sonho, encostei minha cabeça e tentei entender a mesma coisa que Luke.

-Sem sono? – perguntou a voz de meu melhor amigo, dos garotos claro. Senti que ele se sentou ao meu lado no sofá.

-Pois é, depois de um sonho daqueles é difícil dormir. – afirmei.

-Imagino. – ele disse. Ficamos em silencio durante um longo tempo, pelo reflexo que a tela da televisão fazia eu conseguia ver seu rosto, como se ele estivesse querendo dizer alguma coisa, e sem coragem.

-Sabe que pode falar o que quiser, não sabe? – perguntei, tentando fazer com que ele falasse.

-Você já se apaixonou não é? – me perguntou.

-Sim, você sabe. – eu o lembrei.

-E o que você fez quando isso aconteceu? – perguntou novamente.

-Nada exatamente, tentei ficar mais próxima da pessoa, o que não deu certo sempre. – respondi. –Está apaixonado? – perguntei.

-Sim. – me respondeu.

-Ela era de Winchester? – fiquei curiosa, será que eu conhecia?

-Sim. – ele respondeu com uma única palavra novamente.

-E ela sabe que você gosta dela? – novamente questionei.

-Provavelmente. – ele não me deu uma resposta maior. Pensei em uma pergunta que eu conseguisse descobrir que era.

-Você já a beijou? – foi a única que eu pensei na hora.

-Não, mas isso nós poderíamos mudar. – ele finalmente deu uma resposta com mais de uma palavra, mas uma resposta que eu não consegui entender muito bem.

-Como assim? – eu o olhei confusa. Ele aproximou nossos rostos, até que nossa respiração ficou misturada, não que isso o tenha interrompido, mas ele começou a diminuir a velocidade com que se aproximava. Acabei com o espaço que faltava entre nós, um beijo urgente, mas ao mesmo tempo como se tivéssemos todo o tempo do mundo, o que temos realmente (na verdade, até que Lucy acorde.) um beijo feroz, e calmo, ujm beijo diferente, sem nenhuma barreira como os que eu tinha com Edward, nada nos impedia. Longo o beijo com certeza foi já que não precisávamos respirar.

-Entendeu? – ele perguntou quando nos separamos centímetros, o tanto suficiente para que nossas testas continuassem coladas.

-Acho que sim. – respondi.

-E então? – ele me perguntou.

-Então o que? – perguntei de volta.

-Aceita namorar comigo? – ele esclareceu. Eu não tinha o que me impedir, não era apaixonada por ele, mas não vou procurar uma paixão, me apaixonei duas vezes, o que duvido que ira se repetir, tive azar ambas as vezes. Sinto uma grande amizade por ele, não chega a ser amor, mas quase isso. Nada, absolutamente nada me impedia.

-Aceito. – respondi, e ele novamente me beijou. Um beijo mais calmo desta vez.

Ficamos sentados no sofá, minha cabeça em seu peito, e seu braço enlaçando minha cintura.

-Acho que sua irmã vai acordar logo, e eu espero que essa não seja a primeira descoberta da noite dela. – falei para ele, quando o sol nascia. Hoje provavelmente aquela menina acorda umas 6:30am, se é para ir procurar alguém, e ainda mais uma garota, ela pula cedo.

-Quer ir para seu quarto? – perguntou.

-Acho melhor. – respondi.

-Tudo bem, então, até daqui a pouco. – ele concordou.

-Até. – falei, me desencostando dele, e o olhando. Ele me deu outro beijo, antes de me deixar subir para o quarto, e eu pude ouvir que ele subiu logo depois.