Save me. escrita por MissDream


Capítulo 1
ú n i c o


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, tudo bem com vocês? Não, eu não morri nem abandonei o nyah hahaha na verdade fim de ano é sempre uma correria e por isso estive mais afastada, mas estava ouvindo uma música e me veio a ídeia dessa one, espero de coração que vocês gostem, pois primeiramente ela foi feita como um pedido de desculpas por não estar atualizando minhas outras histórias e também para desejar a todos boas festas, que a virada do ano seja linda e especial para cada um, que 2018 traga coisas boas, mas também aprendizados e que vocês não me abandonem, pois vem coisa boa por aí haha

Por favor, não deixem de ler as notas finais, lá terá algumas curiosidades/ explicações sobre a one

Boa leitura!!



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"Won't you save me? I don't wanna to be just drifting through the sea of life..."

 

Engoli o liquido âmbar num único gole sentindo queimar conforme percorria o caminho por minha garganta, eu estava sentado ali havia quase uma hora esperando a garota do chat, maldita hora que inventei de marcar encontro por site de relacionamento. Eu já estava ficando impaciente quando meu celular começou a vibrar em cima da mesa exibindo o nome do meu melhor amigo na tela.

̶  Fala Tommy. – atendi observando o garçom derramar mais uma dose do whisky no meu copo.

Não credito que você está realmente nesse restaurante esperando por essa garota.” — a voz de Tommy parecia um pouco alterada pelo o pouco que consegui ouvir devido ao barulho. – “Quero que você levante esse rabo daí e venha para a casa de Helena agora”.

̶  Não sei Tommy, ela me deu um bolo e eu estou irritado com isso, não serei uma boa companhia.

“Oliver Queen negando bebida cara, música boa e um back de qualidade?”— ri pelo nariz com suas palavras. 

̶  Tudo bem, estou indo, guarde um pouco de diversão para mim. – desliguei a ligação soltando um suspiro nenhum pouco empolgado.

A Califórnia era de longe meu lugar favorito no verão, Helena Bertinelli, uma amiga próxima costumava dar as melhores festas em sua mansão localizada em Palm Springs, eu era figurinha carimbada em todas. Mas confesso que ultimamente vinha me sentindo cansado dessa vida noturna, eu estava com quase trinta anos e minha vida parecia não tomar outro rumo se não festas, bebidas e drogas, e foi por isso que eu planejei esse maldito encontro às cegas. Eu precisava de novas experiências e conheci Felicity em um site de relacionamentos enquanto buscava alguma garota, o fato dela não cair em nenhuma das minhas cantadas foi o que me chamou atenção, e mesmo sabendo quem eu era a garota insistiu na ideia de nos mantermos desconhecidos. Conversamos por um mês e nesse período eu sentia que tinha uma amiga, era impossível não rir com as piadas da loira e mesmo sem nunca ver o rosto dela eu sentia que podia confiar em sua amizade, quando completaram dois meses que nos conhecíamos ela deu a ideia de nos encontrarmos pessoalmente e lá ela me revelaria seu rosto que até então era uma interrogação para mim. 

Não vou negar que passei todo esse tempo idealizando como ela era, tínhamos trocado algumas mensagens de voz nesse período e a voz dela era doce e acolhedora, mas não deixei de notar que quando ela estava irritada ou sonolenta sua entonação se tornava extremamente sexy. Cansei de me flagrar pensando em como seria seus olhos, seu sorriso, seus cabelos e seu corpo, me perguntava se ela era tão linda quanto a voz dava a entender, não que eu fosse rejeitá-la caso ela possuísse alguma deformidade ou não tivesse uma beleza estonteante, longe disso, porque com ela era diferente. Eu sabia que a beleza de Felicity vinha de dentro e estava nas pequenas coisas, como quando ela perguntava como foi o meu dia, por exemplo, ou quando ria de minhas piadas e me aconselhava a não provocar mamãe. Eu tinha poucos momentos de bom humor puro e lúcido, mas posso garantir que Felicity estava em todos eles, mas parece que não ocorria o mesmo com ela.

Balancei a cabeça respirando fundo sentindo raiva e frustração por Felicity ter brincado comigo e me deixado feito um idiota esperando que ela fosse ao meu encontro. Assim que o manobrista do lugar estacionou a Mercedes cinza em minha frente, pesquei as chaves de sua mão saltando para dentro do automóvel, eu tinha resolvido tocar o foda-se essa noite, não deixaria que uma garota qualquer estragasse minha noite, se Felicity não me queria, eu encontraria outra garota para esquentar minha cama ou pelo menos me proporcionar momentos de prazer.

̶  Olha só quem chegou. – Tommy que estava cercado por duas belas mulheres sorriu gritando assim que me viu entrar.

̶  Isso aqui está bastante cheio, cara. – passei meus olhos rapidamente pelo lugar sentando-me ao seu lado no bar montado próximo a piscina. – Um whisky puro, por favor. – pedi ao jovem garçom que não parecia ter mais de 22 anos.

̶  Oliver, deixa eu te apresentar a Monica. – Tommy olhou para a morena de olhos verdes que estava sentada ao seu outro lado. – Monica esse é Oliver Queen, meu melhor amigo. – ele sorriu sugestivo enquanto eu aceitava a mão da moça em cumprimento. 

̶  Quer dançar? – ela se aproximou do meu ouvido por conta do barulho. Pensei em Felicity e quase pude ouvir sua voz irônica por mensagem de texto falando algo sobre um dia eu ainda contrair herpes ou qualquer outra DST, balancei a cabeça obrigando meu cérebro a afastar a mulher pra longe dos meus pensamentos e abri um sorriso enviesado.

̶  Claro, por que não? – levantei virando minha bebida num único gole e puxando-a pela mão. 

A música era envolvente me fazendo agarrar com força a cintura da morena que parecia não se importar com a proximidade, em algum momento eu me desvencilhei dela para beber mais um pouco, tornando a encontrá-la no deck reservado para fumantes onde eu tinha ido ascender um. Trocamos algumas poucas palavras até que eu senti os lábios grossos se espremendo contra os meus, a língua invadindo minha boca parecia explorar cada cantinho, enquanto eu apertava sua cintura magra. Eu já me sentia empapado de suor pelo calor que estava fazendo aquela noite, mas não me importei em arrastar a tal Monica para um canto mais reservado onde eu poderia me enfiar dentro dela e aliviar aquele estresse causado por Felicity. 

A noite parecia um borrão passando sob meus olhos, eu mal tinha consciência dos meus atos, tudo o que eu queria era sair dali e dirigir até me senti livre para respirar algo que não fosse fumaça de cigarro ou maconha. E foi o que eu fiz. Dirigir nunca pareceu tão natural para mim quanto essa noite, o vento fresco do verão californiano soprava meu rosto enquanto a paisagem de coqueiros passava pela janela numa dança frenética, eu já estava me sentindo sonolento com aquele clima calmo, era libertador estar ali e eu não conseguiria aguentar por muito tempo, podia sentir a calmaria me chamando. 

(...)

Abri meus olhos tentando me acostumar com a claridade do sol me cegando, o meu corpo inteiro doía e eu pude sentir cada junta estalar quando saí do banco do motorista, minha boca estava seca e apesar do sol aquecedor eu sentia frio. Levantei meus olhos para encarar a vista ao meu redor e o prédio luxuoso branco me chamou atenção, ele estava mais afastado da estrada e mais ao topo da montanha enquanto meu carro estava estacionado no viaduto próximo, não me importei com a multa que eu tomaria por ter parado o veículo ali, eu só queria beber um pouco de água e me aconchegar em lençóis, o resto resolveria mais tarde.

Andei preguiçosamente pelo caminho de pedras que levava até o que parecia ser um hotel, minha cabeça começara a doer e minha boca parecia mais seca agora. Olhei a entrada do lugar e senti todo o ar ser roubado de meu pulmão ao encarar a mulher parada ali, os cabelos loiros caiam em cascatas onduladas por seus ombros e o vestido branco e longo esvoaçava por suas pernas como se o vento dançasse ali.

Ela sorria para mim.

Foi inevitável não sorrir de volta e apressar os passos quando ela se virou se esgueirando pelo local, mas assim que eu alcancei a recepção ela já não estava lá.

̶  Olá Oliver. – me virei em direção a voz grave escorada no balcão. – Bem vindo, esperávamos por você. – o homem alto e negro aparentava um pouco mais de 40 anos. Por algum motivo seu cumprimento fez todos os pelos do meu corpo arrepiar. 

̶  Como sabe o meu nome? – perguntei enfiando as mãos nos bolsos na tentativa de amenizar o frio.

̶  Eu sei o nome de todos que chegam até aqui. – ele sorriu de lado sem mostrar os dentes. – Está pronto para a sua longa estadia?

̶  Eu... Eu não sei. – encarei os arcos laterais do lugar que davam para um jardim bem cuidado e novamente vi a loira passar por ali. Sem me preocupar muito com o recepcionista ignorei seu olhar e segui a bela jovem até a área da piscina.

̶  Olá. – cumprimentei enquanto ela apenas me olhava e sorria. Seus olhos eram de um azul tão cristalino que eu me senti tonto com a profundidade que encontrei ali, a sensação era que eu a conhecia de algum lugar, olhar naqueles olhos me dava esse sentimento. 

̶  Olá. – ela respondeu de volta e sua voz era suave, doce e até ouso dizer, melódica. Percebi que ela se afastava novamente indo em direção a uma parte do local que nos dava a visão do mar, a segui antes que ela fugisse de mim novamente. – Essa vista é linda.

̶  Linda. – concordei a encarando enquanto ela mantinha os olhos no mar. – De onde eu conheço você? - ela apenas olhou para mim e me lançou mais um de seus sorrisos e voltou a andar entrando em um dos arcos e voltando para área coberta. – Espere.

̶  Você está pronto, Oliver? – novamente a voz do homem me questionou quando voltei a pisar na recepção. Era estranho como estar perto da mulher me aquecia na mesma proporção em que estar perto do homem me dava frio.

̶  Pronto para que? Quem é você? E novamente, como sabe meu nome? – resolvi ignorar o gelo que estava aquele ambiente, eu precisava de respostas.

̶  Você precisa estar pronto, Oliver, não terá muito tempo se não se apressar. 

̶  Me apressar para que?

̶  Para fazer seu chek-in permanente aqui.

̶  Mas por quê? – antes que ele me respondesse a loira apareceu dessa vez no pé da grande escada, ela fez um aceno com a cabeça para que eu a seguisse e foi o que eu fiz.

O lugar parecia melancólico e me dava uma sensação de paz e perturbação ao mesmo tempo, como estar no céu e no inferno, o que era irônico, pois não dava para se ter os dois. Respirei fundo encarando a luz fraca do candelabro nas mãos pálidas da loira que me guiava pelo extenso corredor.

Era uma decoração realmente bonita, os arcos das portas bem desenhados, lustres corriam por todo o teto, o que me fez questionar mentalmente porque ela usava um candelabro, os moveis muito bem escolhidos me fez lembrar Moira Queen, a matriarca da família sempre teve bom gosto para decoração. Pensar em mamãe fez uma angustia apertar meu peito, eu não sabia explicar, mas me deixava aflito. 

̶  Não se engane. – a voz doce me tirou dos meus devaneios. – Não ouça a paz que fala dentro de você.

̶  Como?

̶  Essa sensação de estar em paz que faz você querer ficar aqui, não deixe ela te dominar.

̶  Por que?

̶  Porque nada é o que parece, você precisa ir embora daqui Oliver, precisa sair daqui.

̶  Por que? Qual o seu nome?

̶  Vá embora, Oliver.

̶  Qual o seu nome? – eu me sentia tonto nesse momento, era como se o meu corpo não obedecesse às ordens enviadas por meu cérebro e não conseguisse se manter firme, eu precisava saber o nome dela, mas minha consciência começava a enfraquecer também. Eu iria desmaiar.

Acordei numa luxuosa e confortável cama de dossel sentindo meu corpo ainda pesado pelo sono, esfreguei meus olhos para recobrar onde eu estava naquele momento, ouvindo vozes vindas de fora do quarto. O hotel.

Levantei abrindo a porta e encarando duas senhoras paradas na porta em frente, elas me olharam e sorriram em cumprimento.

̶  Olá querido, seja bem vindo ao grande hotel vida. – franzi o cenho tentando me recordar se já tinha ouvido falar desse hotel antes.

̶  Você parece tão jovem para já estar aqui. – a outra senhora falou e por um momento cogitei a ideia de estar em um asilo, mas logo me lembrei da loira que me dizia para ir embora, ela não parecia ter mais que 27 anos.

̶  As senhoras viram uma jovem loira de olhos azuis por aí? – perguntei tentando obter informações e ir atrás da loirinha, eu precisava saber o que ela quis dizer com tudo aquilo.

̶  Veja que lugar agradável. – elas pareceram ignorar totalmente minha pergunta. – E esse rosto? Veja que belo. – uma delas acariciou minha bochecha.

̶  Bem vindo, meu querido. – a outra repetiu a saudação e logo elas caminharam para dentro do quarto.

Caminhei mais um pouco pelo lugar, o corredor tinha várias portas que deduzi serem quartos, eu precisava encontrar o dela, eu não sabia o porquê, mas precisava vê-la.

̶  Oliver, seu tempo está correndo, você precisa fazer o chek-in. – o homem da recepção apareceu ao meu lado me fazendo arrepiar e o frio e sede voltar. Engoli em seco ignorando aquela estranha sensação e me concentrei no rosto duro.

̶  Por que você diz que o meu tempo está acabando? Eu não entendo. – ele sorriu e me guiou até uma porta.

̶  Não entre aí, Oliver. – a voz doce preencheu meus ouvidos me fazendo encará-la. 

̶  Por que? – eu já estava cansado de ninguém me dizer nada.

̶  Por favor, não entre, isso vai te machucar. – ela não sorria, tinha os olhos presos aos meus, mas não sorria. – Você tem que sair daqui, Oliver.

̶  Vamos Oliver? – o homem tornou a chamar. Então cansado de todo o suspense e decidido a conseguir respostas eu acenei em aceitação ouvindo uma ultima vez meu nome ser chamado pela voz suave.

O lugar estava escuro, frio e úmido, eu sentia novamente minha boca seca e desesperada por água. Olhei o homem ao meu lado e ele mantinha um sorriso nos lábios enquanto ligava a televisão a nossa frente.

̶  Pronto para descobrir o porquê você precisa firmar estadia aqui? – assenti mesmo sem certeza do que me esperava.

As imagens começaram a passar e logo eu pude me ver sentado no bar em que esperava por Felicity, meus dedos impacientes batendo contra o copo de uísque, meu telefone tocando, o convite de Tommy, eu dirigindo até a festa de Helena, eu bebendo, eu dançando, eu fumando, eu transando com Monica na dispensa, eu saindo em direção ao meu carro, eu dirigindo em alta velocidade pelas ruas da Califórnia. Tudo era mostrado numa perfeita sequencia, até que eu senti algo queimar no meu âmago enquanto a sequencia do carro capotando durante um breve cochilo meu foi mostrada. Eu tinha sofrido um acidente. 

̶  Eu morri? – a pergunta saiu pelos meus lábios antes que pudesse formular um pensamento. – Como eu posso não lembrar da minha morte? – o homem soltou uma risada nasalada antes de responder.

̶  Você não morreu Oliver, não ainda. Você só viu um lado da história, agora verá o outro. – ele voltou a olhar para a tela me fazendo acompanhá-lo.

A primeira coisa que vi foram os cabelos loiros e logo o sorriso estava lá. Era ela, a mulher de voz doce estava parada em frente ao espelho que deduzi ser de seu quarto, ela tinha os olhos no vestido vermelho que embrulhava seu corpo enquanto as mãos passavam nervosamente pelo tecido.

̶  Calma Felicity, é só um encontro com seu amigo cujo o seu rosto ele nunca viu. – ela falava para si mesma.

Felicity, ela era a minha Felicity. Mas como...?

Em seguida ouvi o barulho do celular dela apitar e logo uma ruga se formar em sua testa, seguida de uma careta e uma cara triste. Ela parecia praguejar algo e tentava digitar uma mensagem, mas acho que não obteve sucesso. Logo a imagem mudou e ela estava em frente  a um carro que deduzi ser seu, quando um homem parou ao seu lado levando todos os seus pertences inclusive o carro, ela parecia querer chorar, mas não fez. A imagem a seguir era de um carro parando em frente à loira e logo ela entrou o que fez a imagem pular para agora uma Felicity de cabelos presos em um rabo de cavalo e um jaleco, ela estava atendendo alguns pacientes.

Ela era médica, por isso me deu um bolo, precisou trabalhar. Sorri com a constatação, mas logo meu sorriso se desmanchou quando a imagem de uma Felicity assustada apareceu para mim, os olhos azuis estavam amedrontados e ela parecia pálida. Ela chamava pelo o meu nome, ela corria até uma maca próxima, ela estava em trajes cirúrgicos, ela me encarava cheio de fios ligados a aparelhos, ela dava  alguma noticia para a minha família. 

̶  Está vendo porque você precisa ficar? Você está fazendo todos sofrerem com suas incertezas, Oliver.

Eu estava em coma.

̶  Não. – o encarei sentindo novamente o frio e dessa vez com mais força. – Não. – eu me sentia sufocado, claustrofóbico ali naquele quarto. Eu precisava beber água, precisava me aquecer, mas acima de tudo precisava ver Felicity.

Abri a porta saindo do cômodo, eu precisava sair dali, precisava fugir daquele lugar. Desci as escadas desastradamente enquanto buscava respirar, mas acabei esbarrando no homem que me mostrara toda a verdade.

̶  Aonde você vai, Oliver? – ele sorria de forma irônica.

̶  Embora daqui. – ele gargalhou brevemente.

̶  Nós somos prisioneiros aqui por nossa própria conta, Oliver, desista dessa estupidez, será que você ainda não entendeu? Você se colocou nessa posição, Oliver. Você foi o irresponsável que saiu para dirigir depois de usar drogas e beber até não lembrar o nome.

̶  Eu não queria. – passei as mãos pelos cabelos me sentindo culpado.

̶  Você esteve todo esse tempo apenas preocupado consigo mesmo Oliver, você brincou com a sua vida pondo ela numa corda bamba sem se importar com quem choraria sua perda.

̶  Não. – neguei me sentindo tonto.

̶  E agora mais uma vez você brinca com os sentimentos daqueles que te amam, você não percebe que essa sua demora em firmar estadia só prolonga o sofrimento deles?

Talvez ele tenha razão, talvez eu deva ficar e aceitar que será melhor para todos não me ter mais por perto, eu já fiz muita gente sofrer, eles não precisam de mais.

̶  Eu... – minha boca estava seca.

̶  Vamos Oliver, você só precisa aceitar de uma vez e dizer as palavras... Você sabe quais.

̶  Eu...

— Oliver. – a voz doce preencheu o espaço me fazendo encará-la. Ela sorriu para mim com tristeza, seus olhos presos nos meus. – Eu não desisti de você Oliver, não desista de si mesmo.

̶  Felicity... – o sorriso dela pareceu se ampliar quando eu pronunciei seu nome.

̶  Vá embora Oliver, você precisa voltar para a sua família, para os seus amigos... Você precisa voltar para mim.

 A voz dela estava tão suave que mais parecia um sussurro.

̶  Não desista, Oliver.

Eu precisava encontrar uma forma de voltar para ela, precisava encontrar a passagem para o lugar onde eu estava antes. Minha última memória foi de correr até a porta e ouvir pela última vez a voz do homem atrás de mim.

̶  Nós somos programados para receber, Oliver, você pode assinar a saída quantas vezes quiser, mas você nunca sairá realmente.

Olhei o homem atrás do balcão me encarando com seu típico sorriso e senti que eu nunca conseguiria sair daquele lugar, mas então o sorriso dela brilhou para mim e de repente eu mergulhei num branco total.

(...)

Ouvi um ruído baixo que parecia apitar constantemente, minha cabeça pesava uma tonelada e meu corpo parecia chumbo, tentei me mexer, mas foi em vão. Abri os olhos com dificuldade e a primeira coisa que vi foi um teto branco com uma fraca luz também branca, rolei meus olhos e encontrei paredes brancas, cortinas cremes e flores de todos os tipos no aparador próximo a janela, do outro lado havia balões e porta retratos que eu ainda não conseguia identificar por minha vista permanecer embaçada. Fechei os olhos novamente, dessa vez os apertando antes de tornar a abrir, eu queria espantar aquela vista turva que me impedia de ver com clareza, aos poucos fui conseguindo, até baixar os olhos para a porta e encontrar uma mulher loira que tinha uma feição cansada no rosto, ela parecia surpresa e emocionada.

̶  Você... – tentei sorrir, sentindo um calor me aquecer. 

̶  Oliver. – a voz de Thea invadiu o ambiente e só então eu notei as outras pessoas presentes no quarto. – Você acordou.

̶  Filho, meu amor, você voltou. – mamãe se aproximou me abraçando suavemente enquanto eu não conseguia quebrar o contato com a loira ainda na porta.

̶  Eu sabia que você voltaria. – Thea sorriu acariciando meus cabelos, o que me fez olhá-la.

̶  Você estava certa querida, e você também dr. Smoak. – mamãe falou sorrindo em direção a mulher, me fazendo olhá-la de novo.

̶  É só o meu trabalho. – ela se aproximou pondo uma espécie de lanterninha em frente aos meus olhos. – Está com sede? – assenti e logo ela me alcançou um copo com água, me auxiliando para que eu não engasgasse. Suguei o canudo como se minha vida dependesse daquilo, e mesmo com ela me ajudando, foi impossível não sentir o refluxo, o que me fez tossir.

̶  Você está realmente com sede. – Thea sorriu junto com mamãe.

̶  Vá com calma, um gole de cada vez. – lá estava a voz doce me guiando novamente. 

̶  Querido, a dr. Smoak não desistiu de você nem por um segundo. – mamãe me olhou e agora eu podia ver suas lágrimas e o quão abatida ela aparentava, as bolsas arroxeadas em baixo dos olhos ressaltando seu estado. – Ela fez de tudo para te trazer de volta, o que me faz sentir péssima. – ela fungou. – Me perdoa querido, eu desacreditei da sua força e de que você seria capaz de lutar, me perdoa? 

̶  Não se culpe. – eu queria falar mais, queria dizer que eu é quem deveria pedir desculpas por todos os sustos que havia lhe dado, por todas as vezes que a deixei aflita, mas eu estava fraco demais para continuar. 

̶  Eu vou pedir alguns exames. – a loira parecia desconfortável por estar naquele momento família, mas antes que ela se afastasse eu segurei seu braço.

̶  Obrigado. – pedi e ela sustentou meu olhar parecendo sentir a mesma intensidade que eu sentia ao olhar em seus olhos. – Obrigada por me trazer de volta, Felicity. 

Ela pareceu surpresa ao me ouvir pronunciar seu nome, mas logo me respondeu com o melhor sorriso. O meu sorriso.

̶  Eu não... Como sabe meu nome? – a olhei sentindo meu rosto esquentar.

̶  O crachá. – sorri apontando para o bolso de seu jaleco e ela riu parecendo entender.

̶  Você voltou sozinho, eu não fiz nada Oliver.

̶  Fez mais do que imagina. 

̶  Por que eu sinto que vocês já se conhecem? – Thea olhou de mim para a loira e eu apenas me limitei a sorrir enquanto Felicity tinha as bochechas coradas, ela logo pediu licença alegando que iria pedir meus exames e logo saiu. – Então, quando vai me contar?

̶  Um dia quem sabe. – pisquei para a minha irmã que riu achando graça.

̶  Eu gosto dela. - mamãe soltou de supetão fazendo com que Thea e eu a olhássemos como se ela tivesse três cabeças. – Qualquer garota que lute pela vida do meu filho como ela lutou, merece meu afeto. – respondeu simples.

 

Um mês depois...

Eu não aguentava mais ficar em casa, um mês de repouso com direito a apenas passeios no jardim. Por conta do acidente eu acabei sofrendo uma fratura exposta e precisei ficar com a perna de molho, mas Felicity vinha me ver sempre que podia e isso era o que me animava. Ela acabou me explicando o porquê de não ter ido ao nosso encontro e eu entendi, na verdade eu me sentia grato por ser ela a estar no plantão e cuidar de mim. Conforme íamos nos conhecendo, mais eu me sentia ligado a ela, Felicity era doce e gentil, além de muito engraçada. Agora mesmo, por exemplo, ela estava me contado de um paciente que jurava por tudo que era mais sagrado que ela era sua neta e céus, ela estava tão linda sorrindo espontaneamente desse jeito. Eu queria beijá-la.

̶  Oliver, por que você está me olhando assim?

̶  Eu quero beijar você. – soltei na lata percebendo ela segurar a respiração, surpresa com a minha confissão.

̶  Oliver...

̶  Droga Felicity, eu quero beijar você desde o dia em que eu acordei daquele maldito coma. – meu quarto nunca pareceu tão pequeno como agora. Eu estava aflito, esperava paciente que ela me respondesse de alguma forma, mas estava nervoso com o que poderia sair dali. – Talvez até antes.

Então ela sorriu e veio até mim depositando um beijo no canto dos meus lábios.

̶  Promete que não vai mais se envolver com essa vida louca que você levava?

̶  Prometo. – eu não conseguia tirar os olhos de seus lábios.

̶  Oliver, eu não posso deixar você entrar na minha vida se você não levar essa promessa a sério. – dessa vez eu a encarei.

̶  Eu confesso que não sou o melhor exemplo de genro dos sonhos de qualquer mãe, minha vida sempre foi de futilidades e vazio, eu me sentia incompleto Felicity, falsas alegrias, felicidade momentânea suprida por álcool drogas e sexo barato. – confessei me sentindo mais leve a cada palavra. – Mas agora, depois de tudo isso que eu passei, agora aqui com você, é diferente. É real... Você me salvou, o mínimo que eu posso fazer é manter essa promessa.

̶  E o máximo? – ela arqueou uma sobrancelha curiosa enquanto envolvia os braços em volta do meu pescoço.

̶  Se você deixar, eu prometo te fazer muito feliz e te dar muito sexo. – ela gargalhou jogando a cabeça pra trás e foi como estar no paraíso.

̶  Tudo bem. – eu amava aquele sorriso e tinha a leve desconfiança que começava a amar a dona dele.

̶  Tudo bem me parece uma boa resposta.

̶  Cala a boa. – ela bateu levemente em meu braço e colou nossos lábios. O beijo era calmo e delicioso, eu sentia que Felicity era meu paraíso particular e ninguém poderia me incomodar enquanto os braços dela estivessem sobre mim. – Aliás, você vai me contar o que quis dizer naquele dia do hospital?

̶  Um dia quem sabe, o que você precisa saber é que você me trouxe de volta. Você me salvou quando ninguém estava disposto a me reanimar e eu... Eu sinto que estou te amando por isso. – vi um brilho molhado tomar seus olhos.

̶  Eu sinto que estou te amando também, Oliver. – ela tornou a me beijar.

Era isso, Felicity era minha salvação e eu estava feliz por ter sido salvo por um anjo de lindos e profundos olhos azuis. 


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Notas finais do capítulo

Vocês gostaram? Espero que sim, pois foi feita com todo carinho e dedicação. A principio a história não teria esse final, mas sim um mais triste e trágico, onde ele ficaria preso para sempre num lupe como forma de punição, mas Karly me convenceu de que um final feliz seria legal, então agradeçam a ela.
Outros pontos curiosos: a música hotel califórnia é meio macabrinha e eu já estava querendo escrever algo desse tipo antes, então ela meio que deu um empurrãozinho, especificamente a última estrofe que está na sinopse;
O momento em que Oliver desmaia e acorda bem depois numa cama é uma metafóra a uma parada cardiaca, eu não quis fazer pov partido, por isso estou explicando aqui;
Na fic o hotel faz referencia ao purgatório, mas na música é uma metafóra a uma clinica de reabulitação;
Eu queria escrever uma fic com moral da história algum tempo, então fica a mensagem, alcool e direção não combina né galerous, vamo se orientar;
E por fim, deixo aqui as músicas pertencentes a trilha da one:

Hotel Califórnia - Beagles;
Save me - Hanson;
Mad World - Gary Jules;

É isso gente, espero que tenham gostado e mais uma vez, feliz ano novo e até 2018 com muitas surpresas. Beijos!!!



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