Arya

Sentia que Gendry e Torta Quente estavam aprontando alguma, mas não sabia exatamente o que era. Ela se sentia meio distante deles nesses últimos dias devido a isso. Era como se eles planejassem algo e quisessem a deixar de meio de fora. Sentia saudade da época em que eles brincavam juntos e tudo era mais simples. Aquilo a deixou meio diferente. Nostálgica se deitou na sua cama e ficou vendo fotos antigas, não tão antigas, eram de semanas anteriores, mas que ela amava e olhou como lembranças do passado. Lembrou de uma frase de um livro que falava sobre amores líquidos. Como as vezes os amores estão líquidos como água, frágeis e parecem escorrer pelo ralo da rotina... Amores e as amizades também pelo jeito. Como para aumentar o clima de nostalgia e quase solidão começou a chover.

O barulho da chuva que escorria pela vidraça da janela fechada lhe lembrava de como os sentimentos podiam se diluir como água. Suspirou. A chuva aumentando. Ouviria outro som, outra forma de melodia, pensou escolhendo o hit. Com os fones de ouvido que tocavam uma música sobre amores e reflexões entrou em um aplicativo de mensagens e mandou um olá para Gendry.

Gendry

—Acho que a Arya vai acabar descobrindo.-disse Torta Quente quando voltou com o lanche deles. Gendry pensava que faltava muito pouco. Já conseguia visualizar o rosto surpreso de Arya ao vê-lo tocar. Ficaria muito furiosa? Sorriu sozinho. Por um momento era como se já vivesse a cena. Faltava muito pouco para o grande dia. Na sala de ensaio, não era o único. Muitos acertavam os últimos tons para o dia seguinte. As últimas notas de suas música.

—Está me ouvindo, amigo?- perguntou Torta Quente rindo- É verdade o que dizem sobre o amor. Ele deixa quem está amando distraído.

—Estou sim. Ouvi cada palavra do que disse.

—O que eu disse?

—Falou que com toda certeza a Arya vai amar.

Torta Quente riu do amigo apaixonado e disse:

—Toque uma parte para mim ouvir.

—É surpresa.

—Tudo bem. Apenas uma parte que não vai estragar a surpresa. - se preparou. Seus dedos passeavam suavemente pelo violão -Olhos de inverno, como neve, mas meu amor não é como a neve do seu olhar. É como um vento forte que só faz aumentar. Vento da doce estação.- Gendry começou a se empolgar e cantou a parte principal, na verdade o refrão, porque faltavam os últimos versos sobre o amor. O final que era o mais difícil na música. O começo que ele pulou também foi difícil, mas buscou no passado. Reservou os primeiros versos para o próximo dia. De olhos fechados era como se já cantasse o refrão para a sua Arya - Sente meu amor, lobinha querida ?Todo grandão tem que ter a sua baixinha. Sente meu amor, lobinha? Tenho você minha baixinha. Tenho você.

—Isso foi muito lindo, cara.

—Tenho certeza que todos aqui sentem o seu amor.-disse uma voz próxima. Tinha esquecido até que tinha plateia.

Todos que ensaiavam aplaudiram como se o show fosse ali mesmo. No barulho não ouviu o telefone vibrar devido a uma mensagem recebida. No meio dos aplausos e do barulho dos outros lhe veio a ideia. Já sabia como terminar a música.

"Ainda bem que toquei, vi que posso melhorar alguns pontos"- pensou alterando a frase do refrão e anotando as notas finais.

Arya

Nenhuma mensagem. Deviam está ocupados, pensou Arya. Evitou pensar que estavam intencionalmente a ignorando. O tempo passou. A chuva passou também, mas continuava frio. O que não incomodava a menina. Como Stark amava neve e o inverno.

—O inverno está chegando.- disse se levantando para caminhar um pouco. A frase era do amado pai que estava em uma viagem de negócios. Colocou o casaco mais quente, as botas forradas e luvas, só por precaução, pois não era de sentir frio. Não pretendia demorar, sempre fazia caminhadas para se acalmar ou nos tempos mais convidativos para se exercitar. Olhou para a sua cama. O celular, ia esquecendo dele,voltou e o pegou rapidamente.

Pela janela deixada aberta entrava o clima frio que tanto gostava.

Gendry

Arya não apareceu na escola notou logo que chegou. Havia um clima meio estranho no ar, mas não sabia do que se tratava. Grupinhos sussurravam coisa secreta. Olhares de pena na sua direção. Porque estavam tão tristes no dia do show de talentos que foi mais do que esperado? Torta Quente aproximou-se, olhar mais triste que os outros. Teve vontade de fugir, meio que sabia antes mesmo que ele falasse:

—A Arya...

Seu chão sumiu naquela hora. Teria... Não queria imaginar o pior. Torta Quente ter travado no meio das palavras tornava o suspense pior ainda. Implorou em silêncio nervoso para que o amigo prosseguisse. Não... Não podia perder a Arya, sua lobinha.

—A Arya está sumida. Ela.. - não conseguiu terminar de falar. Descontrolou e acabou chacoalhando o amigo- Temos que a salvar Gendry!

—Conhece a Arya e seu jeito rebelde. Deve está passeando por aí, há uma hora dessas -disse se permitindo ter esperanças. Porque tanta tensão e nervoso? Era de sua lobinha que falavam. Devia ter ido apenas dá uma volta. Tinha algo que não contaram para ele? Porque Torta Quente falou de a salvar?

—Duvido. -disse a filha do delegado - Falarei a verdade que ouvi ontem. Não é um caso isolado. Melhor saber logo por mim.

—Que? Fale de uma vez!- disse explodindo, seu sangue Baratheon fervia.

—Há 16 anos sumiu a tia da menina. Lyanna, linda, tinha os olhos cinzentos e cabelos encaracolados e negros, depois de meses descobriram que a moça fugiu por causa de amor, dizem que a Arya se parece com ela. A família dela quer acreditar que ela fugiu por vontade própria e vai voltar... Essa é a hipótese um, todavia meio que não levam essa muito a sério... Disseram achavam que é um caso ligado a uma investigação deixada em aberto do passado, por isso a polícia se mobilizou tão rápido, acham que se trata do cavaleiro do sempre inverno.

—Bobagem.- disse andando nervosamente. Pessoas se juntaram para ouvir- Está querendo me assustar. A Arya está bem, sei disso. E que nome é esse? Cavaleiro do sempre inverno?!!

—É um homem que age no inverno. Nunca o prenderam apesar dos muitos esforços. Mesmo método, cidades diferentes. Agiu seis vezes pelas contas. Rapta as vezes crianças e outras vezes moças belas e deixa uma rosa azul de inverno no lugar, coisa muito rara.

—Não pode ser isso... Não acredito.

—Acredite... Além da rosa sobre a cama a janela do quarto estava muito aberta.