Black escrita por morisawa


Capítulo 1
Walburga Black


Notas iniciais do capítulo

Nos avisos, disse que o projeto apenas terá continuação em 2018. Mas, estou publicando a primeira drabble hoje (29/12) pois preciso de motivação para postar as outras XD. Decidi começar pela Walburga!

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750873/chapter/1

Walburga odiava os próprios filhos. Não importavam se haviam o mesmo sangue – e isso dava a ela sentimentos desconfortáveis – ou a mesma aparência, que havia trabalhado duramente para conseguir aquele rosto esbelto, perfeito – eram pestes inoportunas, indesejadas, que mereciam serem extintas. Nunca desejou parir alguma criança, seus planos para o futuro eram outros, até seus pais conhecerem Orion, seu futuro marido.

Orion era, dizendo no mínimo, extravagante. Alto, ombros largos, voz grossa e o mais importante, sangue-puro. Tinha sempre um sorriso no rosto belo, falava pouco e era… bem, rico. Apaixonaram-se por ele desde o início, e rapidamente Walburga foi obrigada a se apaixonar junto – não teve muita escolha, na época, era isso ou passar o resto da vida sozinha; mesmo que preferisse a segunda opção. Tiveram um casamento ainda mais ‘único’, de sorrisos forçados e laços firmados. Era uma Black e deveria orgulhar-se disso; sangue-pura, bonita, família feita, rica. Mas o único sentimento que adquiriu com o passar do tempo foi o arrependimento. Não queria se casar, criar "uma família"; desejava ser livre, forte, não depender de algum homem para nada.

E aparentemente, a felicidade nunca veio – não queria aquele futuro, tampouco aqueles imundos que havia tido. Era uma mulher de temperamento forte, desejava ser independente e não igual a sua mãe, que fora obrigada a largar tudo e virar dona de casa. Queria mudar sua vida, não apenas ser o esperado pelos outros. Queria, acima de tudo, sumir. Aprendera desde cedo que mulheres devem permanecer caladas, comportadas e obedientes – ou seriam castigadas, como se apenas por vivessem assim não fosse um terror suficiente. E Walburga não queria ser apenas um brinquedo para os Black continuarem seu legado livres. Parecia que havia casado-se apenas para continuar pura, ter filhos e depois ser descartada, como todas as outras; mas foi exatamente isso que ela se tornou. Foi obrigada a se tornar.

Walburga queria uma garota – forte, única, competente e guerreira, como ela sempre quis e havia tentado ao máximo ser. Queria uma garota pelo simples fato de a transformar em uma mulher, ensiná-la desde cedo o quão injusta era a conhecida vida, e fazê-la famosa; queria uma garota pelo simples fato de querer maquiá-la, divertirem-se juntas e esquecer o horror que sua vida era antes da sua pequenina nascer; queria uma garota pelo simples fato dela ser uma garota.

Então, Sirius Black nasceu. Era, literalmente, a pior criança que ela havia conhecido; animado, encrenqueiro, determinado, desobediente, corajoso, cínico, intrometido. Foi um terror. Walburga percebeu oficialmente, naquele dia chuvoso, o quanto mulheres são inferiores. E logo após isso desejou a cabeça de Sirius, ainda com sangue fresco, em uma bandeja de ouro – sentia-se péssima apenas por saber que ele estava respirando.

Mas não tivera uma garota, e mesmo que tivesse, sabia que Orion ficaria furioso. Talvez tenha sido melhor assim. ‘Talvez’ mas quem sabe como seria se as coisas tivessem sido diferentes?

Teve que amamentar, aguentar calada, chorar pelos cantos e sofrer sem nunca deixar sequer alguém perceber. Depois que descobriu por mais uma vez que estava grávida, um pingo de esperança tomou seu corpo por completo. Tinha que ser uma garota!

Então, em uma manhã fria, nasceu Regulus Black; porém, dessa vez, não odiou-o tanto assim. Parecia com uma garota, comportava-se como uma deveria – era o contrário do demônio de seu irmão mais velho – e era tão submisso á Sirius quanto Walburga foi com os homens a vida inteira. Ainda assim, desejou vê-los mortos. Eram livres, tinham uma vida cheia de caminhos a frente, e ela nunca teve sequer a oportunidade de pôr o pé para fora.

Não tivera uma garota, novamente. Mas qualquer coisa teria sido melhor do que um garoto – uma aborto, uma bruxa deficiente, nem se importava mais.

Walburga odiava seus filhos arduamente, entretanto, odiava a si mesma ainda mais. Era uma mulher, no final, e não podia fazer nada para mudar esse fato – e já havia desistido há muito tempo. Apenas o que a restava era esperar arduamente por um dia que os dois desapareceriam, virassem pó, morressem.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!