Terikate estava bem acomodado no telhado de uma residência, entre seus dedos havia um cigarro pela metade. Aquele era um dia refrescante demais para sair em alguma missão, odiaria ter que ficar correndo por ai ou lutando contra algum inimigo. Ele fechou seus olhos escuros com intenção de dormir por longas horas, mas uma voz que ele já conhecia atraiu sua atenção.

—A pressa. Parecia ser importante no mapa então segui. Hospitais são importantes, não são? –

Ele se sentou e então focou sua atenção no menino Yanozuka agora a dez metros fazendo companhia de uma ninja médica, uma das amigas de Uzumaki Naruto, esposa de Uchiha Sasuke e aprendiz de Senju Tsunade, se aquela mulher estava com Haru isso poderia significar que Toshi ainda estava vivo. “Ou não, o veneno que tem na lâmina de Keidan se liga rápido ao sangue, é mais provável que tenham tentado” o homem pensou nisso ainda fitando o menino que tinha uma conversa interessante com a mulher.

—Kage Bunshin. – Terikate falou após concluir os selos. —Sabe o que fazer. Estou indo nessa. –

O clone concordou esboçando o mesmo sorriso que o seu original, então pulou para outro telhado e assim seguia discretamente os dois. Enquanto isso o original pulou do telhado que estava e depois de bocejar passou pelos portões da Vila da Folha, andando tranquilo por alguns minutos e depois correndo. Seus planos de descansar o dia inteiro mudaram, iria buscar o seu dinheiro por proteger a fazenda Yanozuka. Enquanto isso o clone observava e seguia sem ser descoberto, as duas pessoas se dirigiam ao escritório do Hokage. Ele esperou que os dois entrassem e fechassem a porta para ouvir.

—Só Naruto –

“Que moleque idiota” o clone pensou e finalmente entrou na sala sem ao menos avisar que faria isso, já tocando em assunto de alguma missão, e o menino voou para cima dele com uma raiva sem controle. “Sharingan” ele pensou enquanto era esmurrado pelo menino que em algum momento foi imobilizado por outro membro de seu clã, ele limpou o sangue que escorria e cuspiu um pouco nos pés do mesmo, ficou bem próximo do rosado.

—Quem diria. – Ele falou com um sorriso que Haru conhecia. –Ficarei feliz em avisar sua mãe, garoto. –

E fez os selos necessários desfazendo assim o Jutsu. Enquanto isso a vários quilômetros da Vila da Folha, Terikate que pulava de um galho a outro quase se machucou, as informações do clone vieram a sua mente e ele perdeu a concentração, o ninja segurou o galho antes de bater seu abdômen nele, rodou uma vez no mesmo e pulou para o seguinte e se sentou no novo.

—Sharingan, é? – Falou coçando o queixo. —Vou matar o garoto e pegar aqueles olhos. –

“Algum ninja vai querer e muito um par de Sharingan, ainda mais de um descendente de Uchiha Sasuke” o homem pensou retornando sua viagem com destino à fazenda. Enquanto isso ainda na Vila da Folha, as sombras paravam de imobilizar Haru, por isso ele desfazia aquele abraço e olhou com curiosidade para a médica, não entendendo o motivo por trás daquele gesto. A ninja médica ainda prestava atenção naqueles olhos vermelhos, uma pequena confirmação de quem poderia ser o menino.

—O que foi isso? – Haru perguntou um pouco envergonhado.

—Você não sabe quem é? – Naruto perguntou, mas recebeu um olhar nada amigável de Sakura.

—Só o segurei para que não ferisse ainda mais ele. – Sakura mentia enquanto passava a manga da roupa nos olhos. —Mas não a tempo de conversar agora, Tsuki. Quero dizer, Haru. Você sabe para onde tem que ir. –

Haru concordou e abriu a porta do escritório, ainda um pouco envergonhado por aquele abraço, mas até que havia gostado. Ele sempre era abraçado por seus pais, mas aquele tinha sido diferente. Ele saiu do escritório e depressa corria pelos corredores, alguns ninjas que o viam se assustavam com um desconhecido que tinha o Sharingan.

—É ele, Sakura? – Naruto perguntou. —Tsuki, estou certo? O filho que você achou que tinha morrido. –

—Sim, é ele mesmo. – Sakura respondeu e continuou. —Ele se tornou uma boa pessoa. – A rosada disse sorrindo.

Ela se aproximou da varanda e olhou para baixo e seguiu observando Haru que pulou em um telhado e correu pelo seguindo ao portão da vila. “O Sharingan deve ter se ativado quando o pai dele morreu” a mulher pensou e respirou fundo e soltou o ar pouco a pouco, tentando ficar calma. O Yanozuka enquanto corria e saltava por telhados olhou para trás, estava se sentindo estranho, quase como se alguém estivesse o observando. Em alguns minutos correndo chegou aos portões da vila e em mais algum já tomava distância da mesma, ele usaria toda força que tinha em seus pés, todo o ar de seus pulmões, para que assim pudesse chegar mais rápido em sua casa. Enquanto isso Terikate havia chego na fazenda e a primeira coisa que percebeu foi um amontoado de terra cercado por pedras não muito longe, estava certo quando supôs que Toshi havia morrido por causa da lâmina de Keidan, ele se aproximou da única casa e jogou na porta uma kunai, o barulho foi o suficiente para chamar a atenção de Yuri que ao abrir e ver que era Terikate, tentou fechar quase que imediatamente a porta, se seu corpo não tivesse sido imobilizado por uma sombra. O ninja se aproximou da mulher e retirou à arma que havia jogado, ele encostou-se à parede ao lado da porta.

—Sabe o que eu descobri hoje, Yuri? – Terikate disse enquanto girava a kunai em seus dedos com maestria. —Que o moleque de você é bem especial. Acho que você não sabe, mas por anos vocês tiveram um Uchiha em baixo de seu teto. –

A mulher não disse nada para o shinobi, claro que não sabia a verdadeira origem de sua criança, afinal o menino foi encontrado por ela depois de afogado, e criado com muito amor. E também não importava de qual clã Haru era descendente, ele era seu filho. Ela respirou fundo e se esforçando fez um simples selo e liberou de seu corpo uma corrente elétrica que acertou o ninja, mas não causou ferimentos a ele, a mulher aproveitou que a sombra não a prendia mais e fugiu. “10 metros é a distância que ele consegue levar sua sombra” pensou isso enquanto corria, e agradecia a Toshi por ter lhe falado isso há muitos anos atrás, ela só precisava se manter afastada dele. Seu corpo estava cansado da mesma forma que Haru ficava no inicio quando usava alguma técnica, ela nunca se sentiu na necessidade de usar e só tinha conhecimento daquele, já que Toshi a ensinou depois de descobrir seu elemento de Chakra. O ninja se recuperou daquela corrente elétrica e olhou para a mulher que já estava afastada e ele tentou a paralisar com sua sombra, infelizmente ele atingiu seu limite de 15 metros com a sombra, mas ainda tinha consigo uma arma. Ele girou novamente a kunai e a jogou na direção da mulher, enrolado na pequena arma estava um papel explosivo, ele iria detonar o corpo de Yuri. A kunai muda sua direção e acerta o tronco de uma árvore, meio segundo depois o jovem de cabelos róseos cai no chão agachado, Terikate percebeu que a sua kunai mudou de direção por causa de uma Shuriken. Ele olhou para o menino que protegia sua mãe que parou de correr quando olhou para trás para saber a distância que já havia percorrido.

—Haru. – Terikate falou esticando os braços. —Bem vindo de volta. –

—Terikate. – Haru olhou para a kunai no tronco de árvore e depois para o ninja que ainda estava de braços abertos. —Você ia acabar com ela? –

—Não. – Terikate cruzou os braços. —Só joguei esperando que ela trouxesse pra mim, como um bom animal que ela é. –

Haru não iria permitir que sua mãe fosse ofendida daquela forma. O shinobi jogou algumas Shuriken contra o menino de cabelos róseos, que parou cada uma com uma Kunai meio velha que o Nara reconheceu, aquela arma escura nas mãos do menino pertencia a Toshi e o mesmo vivia lhe dizendo que era o seu amuleto de sorte. Todas as Shuriken que Terikate jogou foram desviadas, acertando troncos de árvore ou pedras. “O que aqueles olhos não fazem” ele pensou sorrindo entusiasmado, o garoto só estava conseguindo fazer aquilo graças ao Sharingan.

—Lute comigo sem esses olhos, moleque. – Terikate falou sério. —Seja homem pelo menos. –

“Esses olhos?” Haru pensou e olhou para a kunai em sua mão direita, vendo nela o seu reflexo e percebendo realmente olhos vermelhos com um circulo preto, seus olhos deveriam ser verdes e não aqueles. “O que são eles?” pensou e se esforçou um pouco e os mesmos voltam à cor normal, ele iria se informar mais tarde sobre eles. “Vai ver é algo dos Yanozuka” pensou enquanto voltava a sua atenção para o homem.

—Não preciso daqueles olhos para acabar com a sua raça. – Haru falou sério e olhou para trás. —Mãe, vá para a Vila da Folha, vou manter ele ocupado. –

A mulher não questionou o menino e retornou sua corrida. Terikate bocejou enquanto o garoto falava com a mulher. Haru retornou a sua atenção ao ninja e correu na direção do mesmo, olhando vez em quando para o chão para evitar seu pego por sua sombra. A poucos metros ele criou um clone que o atirou mais ao alto, em seguida criou outro que o girou no ar e o soltou, Haru se dirigiu até seu inimigo e o pegou com um soco no rosto, o jogando a vários metros. Os dois se levantam ao mesmo tempo, só que um cuspia um pouco de sangue e o outro não.

—Essa é a sua força? – Terikate perguntou. —Para um Uchiha, você é um inútil. –

—Uchiha? – Haru perguntou não baixando a guarda.

—Não te falaram? – Ele apontou para onde Yuri havia fugido. —Aquela mulher... – E apontou para o amontoado de terra. —...e aquele homem... – E terminou apontando para o menino. —...não são seus pais. Você é um Uchiha, garoto. –

Haru ficou quieto e seu corpo paralisou, mas não era nenhuma técnica de Terikate, era só o fato de não acreditar no que ouviu. Por um momento desejou acreditar que fosse mentira, que estava sendo enganado para que levasse a pior naquela luta, mas aqueles olhos não enganavam e lembrou um comentário de seu pai há anos atrás. “Yanozuka não tem nada de especial além de maior facilidade com o fogo” foram essas as palavras de Toshi quando ensinava o menino a usar o Bunshin. E aqueles olhos eram o que? Com certeza eram especiais. Enquanto pensava naquilo, Terikate aproveitou a chance.

—Kage Nui no Jutsu! –

Sua sombra sai do chão em forma pontiaguda e atravessa o corpo de Haru, atingindo seu ombro direito e atravessando o mesmo, a roupa do menino se manchou lentamente de sangue que escorreu pelo braço e pingou no chão pelos dedos.

—Droga, era para acertar a cabeça. – Terikate falou decepcionado enquanto a sombra regredia para o chão.

Haru olhou para seu sangue pingando e formando uma poça pequena e acalmou um pouco sua mente, deveria se concentrar primeiro naquela luta e não em outras coisas. Ele viu a sombra se aproximando para outro golpe e pulou para trás se esquivando da mesma.

—Katon: Hosenka no Jutsu! –

E cuspiu uma saraivada de bolas de fogo que se dirigem ao ninja e o mesmo é atingido, por ser um Jutsu fraco não causou muita coisa além de uma marca de queimado na roupa do Nara, o homem olhou adiante, para o menino e novamente o acertava com outro ataque de sua sombra, desta vez acertando o braço e ouvindo o mesmo gritar.

—Eu sou quase um Jounin, garoto. – Terikate falou gargalhando. —Você não tem chance comigo. –

—Pode até ser que um de mim não tenha. – Haru falou tentando sorrir. —Mas e que tal vários? –

Haru fez novamente selos e criou cinco clones e todos já tinham uma ideia do que o original queria. Todos fazem o Haisekisho liberando de suas bocas um fluxo constante de pólvora, se tornando um nevoeiro que estava cobria depressa toda a área da fazenda. A sombra de Terikate se prendeu novamente em Haru e dessa vez o puxou para perto do homem que segurou o pescoço do menino com força.

—Você não teria coragem, garoto. – Terikate falou sorrindo, mas estava desesperado.

—Vejo que conhece esse Jutsu. – Haru falava com esforço. —Agradeça a meu pai. –

“Eu vou leva-lo comigo” Haru pensou e ouviu o toque de dentes de seus clones que resultou em uma faísca, era tudo que aquela técnica precisava, de uma simples faísca para se adquirir um grande resultado, ainda mais feito em conjunto com clones. Ele sorriu e então toda aquela pólvora inflamou, resultando em uma explosão de fogo.