Seis passos para entender o amor escrita por Mary Ficwriter


Capítulo 1
Capítulo Único - Google


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI, DEMONIO.
Sim, eu devia estar postando essa fanfic dia 11 de dezembro, mas como a vida é uma Bitch, tão Bitch que devia ser chamada Horn, minha internet não colaborou, meu computador pifou e eu estou brigando com esse site lindo de meu Deus desde ontem e com a capa que nunca é aceita...
DEMOROU, MAS CHEGOU!

FELIZ ANIVERSÁRIO, PRA ESSE GOLFINHO QUE DOMINOU MEU KOKORO!
Só não digo que foi aniversário atrasado porque eu consegui mandar mensagem no dia certinho, mas infelizmente o presente veio super atrasado... Mas como sempre dizem que o que vale a intenção, então nunca é tarde!
Não vou repetir aqui tudo que disse no textão que já foi pro whatsapp, mas posso me dignar em dizer rapidinho que: Obrigada por existir na minha vida, por me deixar fazer parte da sua. Obrigada por partilhar todos os dias comigo, por todos os dias ter um tempo para vir no whatsapp trocar áudios de dez minutos comigo e por me ajudar sempre quando preciso. Por me aturar, por suportar até quando sei que não aguenta mais e quer desistir :)
Mas estamos aí, firmes e fortes!
Feliz aniversário, muitos anos de vida e aproveite a sua nova fase de 21 aninhos!

Obrigada por existir na minha vida!
Espero que possamos novamente nos abraçar forte e derrubar uma a outra no chão ♥
Espero que você goste do presente, demorou mas foi de coração!
Nos vemos lá embaixo!



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Seis passos para entender o amor

O cursor piscava sem parar na barra de pesquisas do Google.

Os olhos rubros estavam fixados na página de buscas desde que havia chegado em casa e, sinceramente, sentia-se um completo imbecil por estar cogitando essa ideia completamente imbecil.

No entanto, sendo franco, há momentos que não dá para simplesmente ignorar essa tal ideia completamente imbecil.

Já se fazia meses que o novo aluno transferido da escola vizinha, Haruka Nanase, havia se tornado seu vizinho de classe. Rin sempre o via sentado entre os primeiros bancos que podiam ser vistos pela porta da sala de aula. E por um motivo que somente Deus poderia explicar o sujeito não saia da sua cabeça.

Claro que somada às possibilidades idiotas e sem qualquer fundamento de seu melhor amigo, Yamazaki Sousuke, fizeram com que a cabeça de Rin Matsuoka acabasse ficando confuso sobre tudo que girava em torno de seus sentimentos em relação ao aluno de incríveis olhos azuis e cabelos escuros como a noite.

Ok, esse pensamento já tornou tudo ainda mais estranho...

Fechando os olhos e tentando controlar seus pensamentos que criavam milhões de comparações ridículas a respeito dos olhos azuis de Haruka, o ruivo bufou em voz alta e recostou as costas na cadeira, passando a digitar coisas como:

“Meu amigo disse que eu sou gay, devo acreditar?”

“Quanto tempo demora para eu saber se estou apaixonado”

“Estou apaixonado ou é somente doença?”

Os resultados que apareceram na tela eram um mais cômico que o outro e Rin sentiu vontade de rir de cada um deles enquanto apoiava o cotovelo sobre apoio do teclado, recostando seu queixo sobre a palma da mão e fitando a tela com claro descaso enquanto corria o dedo sobre o mouse resmungando consigo mesmo.

Passou a descer a barra de rolagem encontrando resultados como “Sinais de que você está apaixonado”, “Você está apaixonado ou sente outra coisa?”, “Cinco sinais físicos que denunciam paixão”, “Estou apaixonado, o que faço?” e muitas outras sugestões e matérias completas e longas sobre o assunto, fato esse que fez com que o Matsuoka parasse e se questionasse que tipo de imbecil ficaria procurando aquele tipo de matéria na internet quando se há coisas mais importantes para se fazer...

Oh, droga.

Ele estava fazendo isso.

Negando rapidamente com cabeça pela sua própria estupidez, o ruivo clicou no primeiro link que lhe foi sugerido, passando os olhos rapidamente sobre todo o assunto, chegando à conclusão de que, talvez, aquela matéria possa lhe dar uma luz.

A leitura teve inicio.

Formas de saber se você está apaixonado:

1 - Pergunte a si mesmo se você só quer namorar alguém, independentemente de quem seja. Seja sincero consigo mesmo e reflita se o desejo pela atenção e pelo carinho de um namorado não é a verdadeira causa dos seus sentimentos — muitas vezes, temos dificuldade para identificar sentimentos amorosos genuínos, e a solidão e a busca de afirmação são emoções perfeitamente normais.

— Eles fazem um bom casal.

— Hm?

Estavam embaixo dá grande árvore que enfeitava o gramado do campus.

Sousuke tinha o almoço pela metade colocado sobre o colo e parecia bem pouco interessado em sua comida enquanto cutucava o arroz distraidamente, já o Matsuoka descansava os braços atrás da cabeça, totalmente relaxado sobre a grama, seu almoço, já vazio, jazia ao lado do seu corpo.

Com ares claros de uma preguiça pós-almoço, o Matsuoka abriu os olhos e deixou-os desviar para o lado, olhando curiosamente para o amigo, notando-o com o olhar perdido e distante a frente deles.

Buscando entender, Rin ergueu um pouco o tronco, quase se sentando, e então notou sua irmã mais nova, Gou, e Seijurou Mikoshiba caminhando juntos enquanto foliavam uma revista de esportes trocando sorrisos cúmplices enquanto apontavam para um das páginas.

A princípio, o Matsuoka não havia simpatizado que sua irmã, uma aluna do primeiro ano, estivesse se envolvendo com o senpai do 3ªA.

Haviam começado como amigos, uma relação completamente unilateral que partia somente do Mikoshiba para com Gou, mas que depois se tornou algo mais solidificado quando a ruiva notou que o capitão do time de natação e ela possuíam gostos em comum; interesse em esportes e seu leque de modalidades eram um desses. A peculiaridade trouxe a eles uma vantagem, e até que Rin não reclamava tanto, ao menos agora sua imouto possuía alguém para debater assuntos os quais ele achava desinteressantes.

— Eles não são um casal, você sabe. – corrigiu, deitando-se novamente, cerrando os olhos e bocejando alto.

Será que era o único que sentia um sono inexplicável após o almoço? E pensar que ainda teria de enfrentar mais algumas horas em sala, assistindo a aula de equações matemáticas. Urgh, só de pensar ele já cogitava cabular.

— E você sabe que é apenas uma questão de tempo para que eles se tornem um, não é? – ouviu Sousuke sugestionar como uma pergunta dita naquele tom debochado que fazia parecer que o amigo estivesse querendo provocá-lo.

— Tsk. Não seja ridículo. – rebateu com impaciência. – O Mikoshiba não faz o tipo da minha irmã.

— Ah, é... Eu esqueci que vocês, Matsuokas, tem um gosto “apurado” até para pretendentes. – o Yamazaki debochou enquanto voltava se recostar na árvore em suas costas enfiando um bolinho de arroz na boca.

Rin deu de ombros, não era como se ele tivesse frescuras ou coisa do tipo mas, oras, sua irmã sinceramente merecia alguém com um pouco mais de cérebro e inteligência que aquela montanha de músculos que só pensava em natação.

Rin sequer sabia qual era o objetivo que seu senpai desejava no futuro ao fim do ensino médio e algo menor que um excelente profissional estava fora de cogitação para sua irmãzinha, assim como também estava fora de cogitação para si.

— Haru, é sério! Abotoe corretamente sua blusa! – a voz do aluno do 2B soou alta naquele tom preocupado e tão característico que fez com que Rin abrisse os olhos novamente, sua cabeça tombou para o lado oposto vendo Tachibana Makoto perseguir Haruka Nanase.

O rapaz de cabelos castanhos vinha carregando uma jaqueta de cor azul enquanto o menor ia passos à frente, desabotoando os primeiros botões da camisa branca que usava, o olhar distante, indiferente e despreocupado.

Tudo naquela expressão apática irritava Rin desde o primeiro dia que o aluno transferido de Iwatobi havia chego no colégio por razões pelas quais ele não compreendia, mas sinceramente... Havia certas coisas naquela personalidade estoica que o tornava certamente instigante. Interessante talvez? Ou, só no mínimo...

Irritante.

— Viu só o que eu disse? – Sousuke voltou a se pronunciar, chamando sua atenção.

Os olhos carmesins piscaram algumas vezes antes que voltasse a fitar o moreno.

O olhar confuso e curioso aparentemente não foi o suficiente para fazer Sousuke se fazer entender, sendo assim o ruivo uniu ambas as sobrancelhas antes de pronunciar impaciente:

— Hein?

— Matsuokas... – respondeu com um sorriso de canto de boca sem sequer fitá-lo. – E seu gosto discutível para pretendentes...

Rin realmente gostaria de entender o que seu amigo quis dizer.

2 - Reflita sobre o tipo de atração. Nós fazemos amizades com pessoas por quem nos sentimos atraídos, mas essa atração não é física nem romântica.

Sousuke havia saído da sala há mais de cinco minutos com a desculpa de “Vou pedir um livro de historia emprestado”. E lá foi ele para a turma B do segundo ano enquanto Rin aguardou impacientemente para que ele retornasse, torcendo para que ele entrasse por aquela bendita porta da sala antes que o professor chegasse.

— No mínimo ele se perdeu de novo... – resmungou para si próprio enquanto se colocava de pé, e atravessa a sala enquanto os alunos ainda de pé pela falta de professor e inicio da primeira aula, conversavam entre si e arrastavam suas carteiras para a atividade em dupla que teriam naquele dia, atividade essa que nem ele e nem Sousuke lembraram a data e justamente por essa razão ambos não carregaram o livro da matéria o qual era necessário.

Por sorte, Aiichiro Nitori questionou a ambos se eles haviam trazido o objeto necessário antes que a aula tivesse inicio.

Ele não poderia culpar somente o Yamazaki desta vez, talvez sua cabeça estivesse mais aéreanos últimos dias, vai lá saber o por quê.

O Matsuoka saiu da sala notando o corredor ainda lotado de alunos que falavam sem parar um segundo sequer. Resmungando, ele caminhou em passos rápidos para a sala ao lado, olhando ao redor a turma em busca de 1,85cm de altura que não seria difícil de ser notado e, justamente, por não localizá-lo logo de primeira, chegou à conclusão de que o moreno havia, de fato, se perdido ou talvez tenha ido a outra turma.

Em qualquer uma das situações, Rin não perderia tempo procurando, ao menos na sala de aula para responder a chamada ele estaria. Deu de ombros e então estava prestes a voltar para sua turma, foi quando sentiu alguém agarrar a camisa do seu uniforme.

— Procurando o Yamazaki?

Ele olhou para trás e tomou um susto ao dar de cara com um par de azuis cerúleos que o encaravam de perto e intensamente. Sua reação foi dar um passo para trás, um pouco constrangido e intimidado.

Aquele cara não sabia o significado de “Espaço pessoal?”.

No entanto, os olhos de Haruka não se alteraram nem um pouco enquanto parecia aguardar uma resposta, ele piscava de maneira quase tediosa enquanto parecia impaciente.

A mão do ruivo massageou a nuca, demonstrando parcamente o quão desconfortável estava. Os olhos vermelhos desceram ao chão antes de voltar aos azuis, respondendo vagamente:

— Ahn... Sim. – fitou o sentindo oposto antes de voltar a encará-lo. – Você o viu? – perguntou com um “quê” de descaso, simplesmente porque não queria deixar o outro no vácuo e talvez porque quisesse finalizar aquele assunto de uma vez.

Estar com Haruka o deixava nervoso.

Não era como se estivessem sempre na companhia um do outro. Possuíam apenas amigos em comum e algumas vezes se encontravam após as aulas na praça atrás do colégio para dividir um tempo somente entre amigos, nesses momentos ele estava sempre com Sousuke, incrivelmente Sousuke parecia gostar de ficar na presença de Sera e Rei, esse que por acaso era kouhai de Haruka e Makoto.

O mundo realmente era pequeno.

— Makoto foi com ele buscar o livro nos armários. – o Nanase respondeu, parecendo meio desinteressado ao assunto. – Não tínhamos aula de história hoje, mas ele sempre deixa os livros por aqui.

— Hmm... – assentiu com cabeça de forma vaga, compreendendo a informação. – Obrigado.

O agradecimento veio acompanhado de um passo para trás, o qual ele fizera com a intenção de ir para sua sala novamente, porém, outra vez Haruka o segurou pela blusa, ato que fê-lo parar e se virar do mesmo modo, encarando o Nanase com um olhar questionador.

— O livro. – o volume de capa marrom e letras garrafais em branco foi posto diante de si. – Você não precisa também?

Por que o Nanase parecia tão fofo ao questionar aquilo em um tom baixo, quase acanhado, os olhos para baixo e um leve rubor na bochecha. Rin não estava louco, estava rosa ali!

... Mais estranho era ele achar alguma atitude de outro rapaz fofa...

Que merda tá pegando aqui?

Pigarreando, ele piscou, voltando à realidade, mas ainda assim parecendo confuso.

— Ah... Preciso. É... – as palavras pareciam confusas e seu cérebro um grande quebra-cabeça incapaz de criar uma frase coerente sem que parecesse uma débil mental. Mas ele agradeceu a oferta, tomando o livro em mãos. – Obrigado, de novo.

Haruka assentiu em reconhecimento antes que voltasse a entrar na sala de aula. Já o Matsuoka encarou o objeto em mãos por alguns segundos, antes que se pusesse a chamar em voz alta.

— Hey, Nanase!

O nomeado parou a caminhada, voltando para trás, aguardando uma explicação.

— Se tinha o livro, porque não entregou ao Sousuke?

Os olhos azuis pareceram tediosos enquanto o dono deste dava de ombros.

— Eu concordo em emprestar algo a você, não ao Yamazaki.

A resposta veio simples, clara e de fácil entendimento. Então porque demônios Rin não conseguiu entender o que o diferenciava de Sousuke?

Será que por acaso o Nanase achava que eles eram amigos?

3 - Observe se seu humor muda na companhia da pessoa. Se seu mundo fica imediatamente mais colorido e seu coração se enche de alegria quando esse amigo entra na sala, provavelmente você nutre sentimentos românticos por ele.

O vagão estava lotado. Rei passou pelas portas duplas do trem, despedindo-se do grupo de amigos que ali permaneceram. Sousuke estava de pé ao seu lado agarrado a barra próxima ao teto enquanto a outra digitava no celular, sua mochila estava no colo de Momo que conversava sem cessar com Nitori que parecia extremamente pouco interessado no assunto no qual o ruivo poderia estar lhe direcionando. No banco ao lado destes estavam Makoto e Haruka, o último parecia distraído com algo do lado de fora vendo a paisagem enquanto Makoto parecia entretido com algo no celular.

Rin suspirou. Estava realmente muito cheio. Estava calor.

Olhando o itinerário de paradas notou que faltavam ao menos seis estações para que sua chegasse. Céus... Estava tão cansado.

— Minha bolsa ‘tá pesada. – reclamou em tom baixo.

— Quem manda carregar a casa aí dentro. – Sousuke respondeu sem desviar os olhos da tela do celular enquanto digitava com o polegar, soltando um riso baixo logo em seguida.

— Talvez eu precise carregar tudo porque certo alguém vive esquecendo, não é mesmo? – rebateu com um olhar arreliado que Sousuke sequer notou, mas deu de ombros para sua resposta em voz alta.

— Quer que eu carregue sua bolsa, Matsuoka-kun¹? – virando seus olhos para baixo, ele notou Makoto puxar a própria mochila para o lado e oferecer a ele um espaço em seu colo para repousar sua mochila.

Rin sentiu-se acanhado com oferta, apesar de ser bem convidativa.

— Obrigado, Makoto. Mas vou descer logo então...

— Sete estações é logo para você? – Sousuke indagou com deboche.

— Cala a boca, idiota, não falei com você.

— Você está reclamando do peso na mochila. Deixa o Tachibana carregar a mochila, oras. – Sousuke rebateu de maneira impaciente. – O cara ‘tá tentando ser educado.

— Você fala como se fosse a minha mãe!

— É necessário, aparentemente você precisa de mais educação.

— Sousuke não se mete-

— Tá, tá... Chega. – uma quarta voz entrou em meio à discussão em conjunto com um conjunto de fios negros que se esfregou em seu nariz no momento em que Haruka colocou-se de pé. – Senta.

A altura entre eles não era tão grande, mas ainda assim Rin precisou voltar-se para baixo para fitar o Nanase frente a frente e por algum motivo o simples fato de ele estar praticamente colado em si foi o suficiente para fazer seu coração disparar com força.

Mas que porra?

— N-não pre-precisa. – falou de maneira gaguejada.

Que bosta havia sido aquilo? Rin Matsuoka não gagueja!

— Eu vou descer logo, então não é-

— Sete estações não é “logo”. – contrariou. – Senta de uma vez. Eu vou descer na próxima. – respondeu o moreno mais uma vez, os olhos azuis subindo para fitá-lo diretamente e seguida tomou-lhe a alça da mochila, puxando algumas vezes, testando seu peso. – Realmente, está pesada.

— Não, eu realmente...

— Beleza, melhor pra mim. – Sousuke respondeu, virando-se entre a multidão de corpos de pé, largando a barra de metal e caindo sentado ao lado do melhor amigo de Haruka.

O olhar irritado de Rin e Haruka foi suficiente para que o Yamazaki exibisse feições inocentes em seguida, piscando os olhos algumas vezes.

— O que? Você disse que vai descer logo. Eu estou cansado. – deu de ombros com um meio sorriso. – Quer me dar sua mochila? – inquiriu de maneira debochada.

Rin sentiu vontade de enfiar aquela mochila goela abaixo na boca do Yamazaki que, além de fazer ele perder o acento vago, roubou o lugar onde Haruka estava.

Depois aquela baleia lhe chamava de mal educado.

Á contragosto ele entregou a mochila ao melhor amigo com mais grosseria do que o necessário, socando a mala com força contra o colo do outro que reclamou sobre ele estar amassando o seu...

— Será que dá para você chegar ‘pro lado? – a voz vazia de emoções lhe chamou a atenção, ele voltou-se para frente, vendo Haru ainda grudado em seu peito.

Ok, alerta de perigo.

Forçando uma tosse para esconder seu embaraço, o Matsuoka mexeu-se dificilmente dentro do vagão cheio, tentando dar espaço para que Haruka não ficasse tão grudado em si, mas estava meio difícil.

— Vai ser difícil chegar até a porta. – reclamou o de olhos azuis. – Eu acho melhor esperar a próxima estação e pegar o retorno. – externou os pensamentos em um mumuxo enquanto olhava para o itinerário.

— Acho que na próxima esvazia um pouco mais... - apesar de a conversa unilateral não ser de sua conta, Rin resolveu respondê-lo.

Estavam grudado um ao outro. Era conversar ou ficar em silêncio, correndo o risco de que o Nanase sentisse o quão nervoso estava ao tê-lo ali.

Razão? Nenhuma, não havia nenhuma.

O trem deu uma freada brusca e fez com que Haruka se engraçasse para o lado, quase tombando, mas o braço do ruivo foi mais ligeiro ao agarrar a barra próxima ao teto enquanto a outra enlaçava a cintura do rapaz menor, puxando-o com destreza para perto de si antes que o outro esbarrasse em outros passageiros, ou pior, caísse contra o piso.

No entanto, somente após o ato heroico que o ruivo notou o que fizera ao trazer o garoto para mais perto de si daquela forma. Os olhos do Nanase subiram e encontraram a sua face corada e claramente envergonhada. Os olhos carmesim logo se desviaram para o lado e em seguida o Matsuoka engoliu em seco, umedecendo os lábios com a língua, seu braço afrouxando a pegada em volta do quadril do outro lentamente.

— Obrigado. – ouviu-o dizer.

— Não por isso. – respondeu de maneira desconfortável, recusando-se a fitá-lo durante todo o trajeto até que o moreno descesse.

E seu coração jamais parará de bater ligeiro daquela forma.

4 – Fique atento as manifestações de ciúme. Esse é um sinal de que queremos algo além de amizade. Você sente possessividade, raiva ou tristeza quando vê seu amigo flertando com alguém?

Quando o relógio despertou naquela manhã, Rin sentiu vontade quebrar aquela merda na parede. Não havia conseguido pregar os olhos naquela madrugada, e quando finalmente conseguiu, aquela porcaria de relógio começa a apitar anunciando o horário da aula.

Ele marchou até o banheiro e escovou os dentes de maneira tão agressiva que sua gengiva chegou a sangrar enquanto encarava seu próprio reflexo no espelho. Os fios vinho desgrenhados e olhar cansado denunciavam uma noite mal dormida e cheia de pesadelos e das vezes que conseguia cochilar, acordava com um pesadelo imbecil, todos referentes à Haruka. O culpado pela sua falta de sono, embora o motivo de toda essa nóia fosse outro.

Esse motivo, aliás, possuía nome e sobrenome:

Kisumi Shigino.

Ele achava que rosado fosse um de seus amigos (e, inferno, ele era!), mas ele também achava que amigos deviam algum tipo de lealdade para consigo. E de fato, Kisumi não havia quebrado qualquer promessa entre eles, então por quê?

Por que havia ficado tão irritado quando seu amigo começou a se engraçar com Haruka? E o pior: Por que aquele maldito golfinho estava dando corda àquele Don Juan de meia tigela?

Conhecia Kisumi, sabia que o rapaz de cabelos rosados e olhos lilases tinha uma maldita mania de flertar com quem fosse; aliás, tem pernas, respira e possui, no mínimo, dois buracos, era um alvo em potencial para o rosado.

 Mas, porra, por que logo o Haru?

Rin não conseguia definir bem o que sentia.

Na noite passada, Kisumi havia lhe mandado uma mensagem, dizendo que havia chego do intercambio e gostaria de rever Sousuke e a ele se possível. A princípio, não houve problema algum, mas o fato foi que, ao convidar Aiichiro e Momotarou, o passeio tornou-se uma excursão à sorveteria, já que o irmão mais novo de Seijurou espalhou ao sete ventos e quando se uniu a Nagisa, era tarde.

Lá estavam todos eles pegando o trem para o shopping central: Makoto, Haruka, Nitori, Rei, Nagisa e Momotarou. E os convidados de fato.

No caso, ele e Sousuke.

Kisumi os aguardava sentado em uma das mesas mais distantes e sorriu ao notar que haviam trazido uma grande turma com eles. Extrovertido de uma maneira que somente o rosado sabia ser, logo todos na mesa pareciam velhos conhecidos. Exceto por Haru, que por algum motivo não parecia estar se divertindo nem um pouco com aquela situação. Rin havia percebido e pretendia questioná-lo o porque da cara amarrada, no entanto, Kisumi também notou isso e talvez por esse motivo tenha se sentado ao lado do Nanase, passando o braço em torno dele, questionando-o se era sempre calado daquela maneira, elogiando seus olhos e até mesmo seu perfume.

Naquele instante era como se as mãos do Shigino tivessem se tornado tentáculos que rodeavam Haruka por completo, fazendo os olhos de Rin semicerrem e uma sensação extremamente desagradável tomou seu coração e algo remexeu-se em seu âmago.

O Matsuoka sentiu algo acender dentro de si enquanto via aquela cena e sua vontade era de atravessar a mesa e puxar o braço do Shigino para longe de Haruka, mas não o fez.

E porque não? A resposta era bem simples:

Ele não sabia porque se sentia assim.

5 - Converse com alguém em quem confie. Pergunte como seus entes queridos se sentem quando estão apaixonados por alguém, e tente usar as perspectivas deles em relação ao amor e ao romance para refletir sobre sua própria situação.

Rin estava impaciente.

Já se faziam vinte e cinco minutos que ele estava esperando seu melhor amigo em frente ao shopping, ele tinha certeza de que havia marcado as onze. Ele considera impossível que Sousuke fosse tão leso a ponto de se perder em um local onde eles viviam frequentando todos os finais de semana, não era possível!

Seu pé direito batia varias vezes contra o piso de cerâmica perfeitamente encerado enquanto checava as horas no celular, aproveitando para dar uma olhada nas redes sociais enquanto esperava-o.

Estava ansioso. Mas era uma ansiedade diferente da que costumava sentir. Ele sentia a necessidade de conversar com alguém a respeito de como se sentia. Sendo alguém tão introspectivo que jamais estava disposto a partilhar a maneira como se sentia, aquela necessidade que nasceu dentro de si de um segundo para o outro era curiosamente inesperada.

— Eu achei que você fosse me esperar do lado de dentro. – a voz grave fez com que o ruivo erguesse o rosto para encarar a expressão de poucos amigos que o Yamazaki ostentava enquanto coçava a barba por fazer. Era impressão sua ou ele parecia mais cansado do que de costume? – Foi mal o atraso. – desculpou-se antes de soltar um bocejo longo.

Franziu o cenho de maneira curiosa a avaliando o melhor amigo dos pés a cabeça. O tênis mal amarrado, a calça jeans surrada e camisa azul-piscina toda amassada denunciava que ele havia se arrumado às pressas.

— O ônibus atrasou? – questionou, voltando a fitar o moreno diretamente.

Sousuke desviou os olhos azuis e abriu um meio sorriso e então complementou de maneira quase debochada:

— Digamos que minha cama estava bem mais convidativa hoje.

O ruivo não entendeu o porquê do sorriso de escárnio que o outro dava, mas preferiu guardar seus questionamentos para si enquanto se desencostava da banqueta e caminhava para dentro do shopping com Sousuke em seu encalço. Quando acomodados em suas mesas na praça de alimentação dividindo a companhia um do outro, exceto por Sousuke, que parecia sempre impaciente, como se esperasse para que aquilo logo terminasse.

— Você tem outra coisa para fazer depois daqui? – o Matsuoka decidiu questionar ao nono suspiro que ouviu Sousuke dar, demonstrando toda a sua impaciência.

— Hm? – soou desentendido ao arquear as sobrancelhas negras e então piscou algumas vezes, voltando-se para baixo. – Não, não... – maneou a cabeça de um lado para o outro. – Desculpe. É... Para que você queria me encontrar mesmo?

Rin lançou-lhe um olhar arreliado e logo em seguida semicerrou os cílios de maneira desconfiada para o comportamento curioso do outro. Mas talvez, mais uma vez, estivesse apenas vendo demais onde não havia nada de errado, só talvez.

O ruivo pegou o Milk-shake de baunilha sobre a mesa e solveu o liquido pelo canudo antes desviar o olhar para a praça de alimentação, indeciso sobre como poderia começar o assunto delicado sem que parecesse um completo idiota que não era capaz nem de sequer definir e nomear seus sentimentos com algo mais sólido do que sua simples indecisão.

Talvez ele não devesse ter dado tanto crédito ao Yamazaki.

Sousuke com toda a certeza do mundo jamais entenderia seus sentimentos ou conseguiria fazê-lo entender seus sentimentos pelo aluno da sala ao lado. Aquela montanha de músculos e whey com certeza jamais compreenderia o que era estar apaixonado.

Com esse pensamento em mente, decidiu criar qualquer mentira que o outro pudesse engolir. Não seria difícil persuadi-lo, seria?

— Rin.

O tom de voz do outro lhe trouxe a realidade, chamando sua atenção.

— Hm?

— Não querendo ser chato, nem nada do tipo, mas... Eu deixei o Tachibana dormindo só para vir te encontrar, então se você puder ser rápido e me dizer o porquê de estar com essa cara de cu desde que encontramos o Kisumi seria dez. Ah! E seria um prazer maior ainda enumerar mil razões pelas quais tá na cara que você está totalmente caído de quatro pelo Nanase. – o discurso foi finalizado com um sorriso de canto de boca antes que o moreno repousasse o queixo na palma aberta da mão para encará-lo com os olhos debochados.

Uh... Talvez Sousuke não fosse tão lerdo quanto achava que fosse.

Como se não bastasse os cinco tópicos daquele texto, viera o sexto, que lhe deixou ainda mais intrigado. Bom, revendo as cinco probabilidades anteriores, talvez, mas só talvez houvesse a chance de que Sousuke tivesse razão... Talvez ele estivesse apaixonado por Haruka.

Aliás, o simples fato de ele cogitar tal pensamento não devia deixar óbvio que seus sentimentos por aquele garoto não fossem somente um interesse de amizade?

Que besteira.

Bom, de qualquer forma. Talvez ele devesse tirar a prova dos nove com o maior interessado daquilo tudo.

O ruivo levantou-se da cadeira, abrindo o guarda-roupa em busca do tênis e jaqueta, vestindo ambos e tão logo saindo do cômodo, fechando a porta atrás de si.

Para ter uma certeza absoluta, decidiu que comprovaria o sexto tópico de uma vez.

Em seu computador, a tela da matéria ainda aberta dizia:

6 - Imagine-se mantendo algum contato íntimo com ele. Caso ainda não tenha pensado nisso, imagine-se beijando, abraçando e mantendo outros tipos de contato físico com seu ele.

Até porque, ficar no imaginário para que? A realidade é sempre muito mais... Esclarecedora.


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Notas finais do capítulo

¹ O Makoto chama o Rin de "Matsuoka-kun" na fanfic porque a fanfic se passa em universo alternativo =)

??” Os topicos citados da fanfic existem de fato e foram retirados da matéria: https://pt.wikihow.com/Saber-Se-Voc%C3%AA-Est%C3%A1-Apaixonado(a)-Por-um(a)-Amigo(a)
Eu li isso meses atrás e comecei a refletir sobre como seria se os personagens lê-sem materias assim e só consegui pensar em situações engraçadas Hihihihi
Espero que tenham gostado quem acompanhou e para a aniversariante: Parabéns de novo!

Obrigada a quem leu
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