depois do véu escrita por vivikasc


Capítulo 1
one


Notas iniciais do capítulo

Vou falar quem é minha amiga secreta apenas o final porque sou uma pessoa malvada e cruel, mas queria pedir desculpas caso tenha ficado muito simples ou não foi aquilo que você esperava, juro que foi feita com todo o carinho do mundo. O plot pode parecer meio batido? Pode, mas é algo sobre o qual eu sempre quis escrever e achei a oportunidade perfeita, porque eu geralmente não sento para escrever. A fic foi uma tentativa de me aventurar, então desculpem qualquer erro e aproveitem.
To meio sumida do squad mas eu amo vocês U.u



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Sirius Black abriu os olhos lentamente, não sabia onde estava, não tinha a menor ideia de que raios de lugar era aquele e para ser sincero estava um pouco assustado com a familiaridade que sentia por estar ali. Deu uma boa olhada em volta, nada além de névoa, algumas árvores e por Merlin, seriam aquilo Hipogrifos voando no céu?

Sua cabeça rodava, seus olhos não conseguiam focar as imagens ao seu redor e um turbilhão de flashes de luz pipocavam dentro de sua cabeça, achou estranho, entretanto, que seu coração não estava acelerado, ele nem se quer conseguia ouvir as batidas do órgão pulsando dentro de si.

Analisou o cenário com mais calma. Definitivamente Hipogrifos. Uns seis. Ou mais. Como estavam em movimento ficava difícil de contar.

Sentia-se fraco e leve ao mesmo tempo, como se estivesse faltando alguma coisa, como se dentro de si existisse apenas um grande vazio, ele não tinha controle nenhum sobre seu corpo, seus pés começaram a mover-se em uma direção estranha, um caminho que ele definitivamente não escolheria seguir e quando deu por si estava parado em frente a um lago de águas muito cristalinas analisando seu reflexo, sua aparência estava mais jovial do que se lembrava, estava como quanto tinha vinte e um anos. curioso. muito curioso.

~

— É verdade? – Marlene Mckinnon ia ao encontro de seu amigo de juventude, James Potter, na frente de um grande portal iluminado em meio as névoas da floresta final, detestava aquele lugar, por mais belo que fosse, detestava o que ele representava e detestava ter que estar presente toda vez. Simplesmente detestava aquela floresta. Era no mínimo irônico que seria ali seu reencontro com Sirius. – Ele está aqui?

— Receio que sim, mas você sabe que não costumo observa-lo Lene, sei que ele se vira bem sozinho. – James respondeu e Marlene sorriu em resposta, se Sirius realmente se virasse bem sozinho ele não deveria estar ali, não tão cedo. Se bem que ela estava ali e ela sempre se virou muito bem sozinha.

 

~

A vida do outro lado da vida costumava ser tranquila para os bruxos, eles nunca partiam de fato, estavam sempre ali presentes, como espectros daquilo que já foram um dia, era algo bonito, poético, iluminado e triste.

Esperava-se que os bruxos chegassem ao outro lado pela Floresta Final, após reverem momentos de suas vidas, momentos bons, aqueles nem tão bons, os marcantes e os transformadores, era considerado um presente. A memória seria sempre um belo presente para aqueles que já partiram, seja aquela deixada na Terra ou aquela que carregam com sigo até o próximo destino.

Não havia muito o que fazer, você partia e ia para o outro lado, reencontrava aqueles que amava, cuidava dos que ficara, observava e esperava o seu momento de voltar ao plano dos vivos, mais cedo ou mais tarde todos retornariam, não se lembrariam de quem um dia foram e de quem um dia amaram, essa era a vida e a morte no fim das contas.

~

— Como? – Marlene perguntou, tentando entender as circunstancias que levaram os dois amigos até a frente daquele portal.

— Eu não sei. – Respondeu James calmamente.

— Quando?

— Eu também não sei.

— Doeu?

— Honestamente Lene, você sempre o observava muito mais do que eu.

Era verdade. James nunca gostou de observar Sirius, ao menos não por todos aqueles 12 anos em Azkaban, Marlene, por sua vez, olhava, cuidava, protegia, ela estava ali sempre que possível mas ultimamente, com a segunda guerra se aproximando e aquele que não deve ser nomeado cada vez mais forte, ela sentia que não tinha estomago para cuidar dos acontecimentos da Terra.

~

Sirius estava sentado em um vasto gramado verde, com margaridas a sua volta, ainda tentava entender tudo o que estava acontecendo, tentava chamar por Harry, Dumbledore, Remus, qualquer um mas sua voz ecoava e se perdia na imensidão daquele gramado. Fechou os olhos sentindo-se ainda mais cansado, deitou na grama e tão rapidamente adormeceu.

Sonhou.

Com algo que já havia acontecido anos antes. Em Hogwarts.

— Vamos lá Black, não venha me dizer que está com medo. – Marlene observava Sirius a observar. Estavam na frente do grande lago de Hogwarts pois haviam apostado um nado pelados, caso algum não cumprisse teria que obedecer o outro por um mês e só Merlin sabia como aquilo seria um verdadeiro pesadelo para a parte perdedora.

— Você sabe que eu não tenho medo Mckinnon. – Sirius respondeu com o seu habitual sorriso de “sou um canalha mas você gosta” no rosto.

— Então anda, vai.

— Você também sabe que sou um cavalheiro, por favor, damas primeiro.

A verdade era que Sirius Black estava morrendo de medo, não do lago, por favor, quem teria medo disso? Mas Marlene o apavorava, muito, imensamente e ficar sozinho com ela, vestida, já era uma tortura, quem diria com ela sem roupas.

Marlene riu e começou a se despir. Primeiro a capa com as cores vermelha e dourada, depois o chapéu pontudo, a gravata, saia, blusão, camisa, sapatilhas, meias e por fim suas roupas intimas. Merlin.

— Sua vez.

Sirius despiu-se, sem tirar o olho dela, em parte porque não iria perder o desafio de quem encarava mais e em parte porque estava completamente hipnotizado com o seu belo corpo. E que belo corpo Marlene tinha.

— Vamos? – A loira perguntou. – Ou você quer que eu vá primeiro?

— Não. – Sirius estendeu a mão para Marlene, - Vamos juntos.

E assim os dois pularam.

~

— Quanto tempo faz que você recebeu o sinal? – Marlene andava de um lado para o outro em frente ao portal.

— Você sabe que cavar buracos na grama com seus pés não vai fazê-lo chegar mais rápido, não é mesmo?

A resposta da loira foi uma fuzilada com o olhar.

— Marlene, acalme-se, ele precisa de tempo para entender, para recordar, todos nós já passamos por isso.

— ME ACALMAR? Você ta pedindo para eu me acalmar? É a droga do seu melhor amigo que ta do outro lado desse portal, logo mais ele vai estar aqui, droga James, por Merlin ele vai estar aqui, quando tem uma guerra do outro lado. Uma guerra que o seu filho está mais do que envolvido contra alguém que nós não conseguimos derrotar. Que Sirius também não conseguiu.

O rosto de James era indecifrável.

— Eu confio em Harry. – Disse simplesmente.

— Da mesma maneira em que confiava em Sirius?

Marlene se arrependeu de suas palavras assim que elas saíram de sua boca. Tarde demais.

— Você não confiava em Sirius, Lene? Achava que ele iria falhar?

— É claro que eu confio em Sirius, James, é por isso que estou tão preocupada com o fato de ele estar aqui e droga como eu quero vê-lo, eu quero vê-lo mais que tudo e mesmo assim eu sei que ele merecia mais tempo, merecia lutar mais. 12 anos James, o Sirius passou 12 anos preso por um erro que o Peter cometeu, as coisas foram longe demais naquela época e agora o Six está aqui e isso é muito para a minha cabeça.

James sentou-se sobre um tronco de árvore que estava próximo.

— Eu honestamente não sei se você está surtando porque quer ou não quer ver o Sirius.

— Eu acho que ambos.

~

Outro sonho. Outra memória.

— Sirius Black, se você jogar mais uma vez um pingo de agua se quer em mim eu vou quebrar a sua varinha e enfia-la em ligares inimagináveis.

Sirius riu. Era a quarta noite seguida que iam nadar no lago. Sirius amava a companhia de Marlene, as implicâncias, os gracejos, o jeito independente... ele a amava, e não conseguia mais esconder esse sentimento, por mais que tentasse e ele tentava. Muito. Muito mesmo.

— Desculpe Lenezinha, prometo que não vai mais acontecer.

— Lenezinha meu rabo.

— Alguém já falou que você é delicada como uma flor?

Ambos riram. Rir com Marlene era bom. Sempre fora algo bom.

Ambos se aproximaram um do outro.

Marlene jogou água em Sirius, que simplesmente a pegou pela cintura e juntou os seus lábios aos dela. Ele esperava um tapa na cara e não uma abertura para sua língua. Engraçado e curioso como as coisas estavam acontecendo.

~

— Há quanto tempo estamos aqui esperando?

— Não faz uma hora, Lene.

— E geralmente quanto tempo a espera demora?

— Você esteve aqui mais vezes do que eu.

— Quanto tempo geralmente, James?

— Mais que uma hora.

~

— Marlene, você não pode ir. – Sirius estava mais uma vez implorando para que Marlene não fosse para casa, que ficasse com ele, protegida, na sede da Ordem.

— Você sabe que me pedir para ficar é inútil.

Eles estavam discutindo aquela questão há dias, haveria um ataque segundo informantes, Marlene queria lutar, afinal, seria em sua casa.

— Isso pode custar tanto, Lenezinha.

— Quantas vezes eu vou ter que pedir para você não me chamar de Lenezinha?

Se encontravam no meio da sala de Sirius, o clima era de tensão por mais que as vozes permanecessem em um nível aceitável e o tom de brincadeira permeasse o ar. Os dois nunca perderiam o tom de brincadeira, isso era parte de quem eles eram.

Marlene percebeu a expressão no rosto de Sirius e tentou amenizar a situação.

— Eu sei que pode Sirius, eu sei dos riscos mas... ficar e não lutar pode custar muito mais.

— Eu sei – Black respondeu com uma voz derrotada. – Mas não custa tentar não é mesmo? Antes de você ir eu tenho que te pedir uma coisa.

Marlene sorriu.

— Qualquer coisa. Sempre.

Sirius sorriu.

Sorriu porque amava o sorriso dela.

— Você aceita namorar comigo Marlene Mckinnon?

— Oi?

— Você. Namorar. Comigo.

Eles nunca haviam estabelecido um status. Nunca haviam dito que se amavam. As coisas apenas foram acontecendo em uma intensidade que palavras e rótulos nunca foram necessários, não para eles pelo ao menos.

— Você não acha que isso é irrelevante agora? E desnecessário?

— Então você está dizendo não?

— Estou dizendo que sim, Sirius, eu aceito.

— Muito bom. E mais uma coisa.

— Lá vem. – O revirar de olhos adorável que ela tinha - O que é agora?

Sirius sorriu, pegou-a nos braços e diminuiu o espaço entre eles com um beijo.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

— Finalmente superamos nossas barreiras Mckinnon.

— Elas nunca foram barreiras Black.

~

Marlene estava sentada na frente de James, na grama, apoiada pelos braços e com as pernas esticadas para a frente.

— Acha que temos chance?

— Na guerra?

Apenas um aceno de cabeça da loira.

— Acho.

— Você realmente confia em Harry.

— Ele é meu filho Lene, eu tenho que confiar.

— Eu sei James, mas, eu confiei em tanta gente, confiei demais até em mim mesma e olha onde isso nos deixou.

— Lene, as nossas ações no passado ajudarão o Harry no presente a derrotar Voldemort. Você deveria saber disso melhor do que ninguém.

— A inteligente do grupo sempre foi a Lilian.

— Mas os melhores conselhos sempre foram seus.

~

Sirius estava perdido, tina recebido a notícia fazia um tempo já mas continuava perdido. Era tudo escuridão, ele nunca fora apegado em muitas pessoas, mas era nela, nela e nos amigos e agora ele não a tinha mais.

Sentado em seu quarto, chorando.

Conversando com as pessoas, querendo chorar.

As lembranças de Sirius subitamente tornaram-se pesadas.

Pesadas pois lembrou da traição de Peter, dos anos preso, da fuga, de Harry, da batalha do Ministério. Da luta com Bellatrix. Do Véu.

Sirius precisava fazer algo. Precisava honrar seus planos com Marlene. Ele derrotaria Voldemort e se não conseguisse faze-lo sozinho ao menos ajudaria no caminho, da forma que pudesse.

E isso ele havia feito.

Seu trabalho tinha sido realizado com sucesso. Ele queria ter feito mais, ajudado mais, lutado mais, tido mais tempo mas no fundo ele entendia seu papel naquela guerra, conseguia ver onde tinha começado e onde terminara. Começara com ela e terminara com ela também. Seu último pensamento foi ela, Marlene, sempre seria ela.

Sirius abriu os olhos, levantou-se e finalmente viu um belo portal ornamentado com folhas douradas e verdes a sua frente, novamente seu corpo tomou o controle e o menino cachorro atravessou o objeto.

~

— Você está escutando isso? – Dessa vez foi James que indagou a loira, já levantando-se de seu tronco – Eu escutei um barulho de caminhada

Marlene se pôs de pé no segundo seguinte. Confirmou com a cabeça e ficou ali a espera.

Sirius estava chegando. Depois de tantos anos. De tantas saudades.

A loira nunca fora de expressar os seus sentimentos, não que o moreno tivesse sido mas ele certamente tinha mais facilidade com as palavras, ela partiu sem uma despedida, chegou na floresta com seus pais já entendendo o motivo de estar ali e todas as suas lembranças envolviam um certo alguém.

Não era de arrependimentos, não gostava de pensar no que poderia ter sido se... e a única coisa que ainda a remoía por dentro era algo que logo ela poderia mudar. Não sabia ao certo como se sentir com aquilo. Não sabia na verdade como se sentir com a chegada dele ali. Trazia felicidade, tristeza, melancolia.

Era melancolia.

Fechou os olhos por um minuto.

Não era possível que só tivesse dito que o amava uma única vez.

~

Sirius sentia uma sensação estranha ao atravessar o objeto, seria aquilo uma chave de portal? Não, não fazia sentido, ele atravessou o espelho e não apenas tocou-o. Não sentia-se mais vazio ele apenas... parecia que estava indo para casa, para algo maior do que poderia ser posto em palavras ou em pensamentos. Parecia que estava finalmente completo.

~

Os olhos de Marlene continuavam fechados.

As lembranças começaram a permear sua mente.

— Sirius – Marlene gritava, seu estado emocional já tinha passado do desespero fazia tempo. Houvera um ataque, um ataque no local de missão de Sirius e o seu corpo era o único que não fora encontrado até então. As chances de vida eram poucas mas Lene era conhecida por nunca perder a esperança. – Sirius.

— Sirius. – Remus gritava em outro cômodo. A loira conseguia ouvir também as vozes de Dorcas, James, Lilian... Todos os seus amigos.

— Seu cachorro maldito, SIRIUS, - A voz de Marlene estava por um fio, ela tentava manter-se forte, tentava não chorar mas não era possível, ela não poderia tê-lo perdido. Não poderia pensar na possibilidade de viver sem ele, era absurda. Não sabia se era forte o suficiente.

— Cachorro maldito Lene? Sério? Não tem um apelido melhor? – A voz que escutou foi apenas um sussurro vindo dos escombros de uma parede derrubada por algum feitiço.

— Sirius?

— Prefiro atender por meu nome de batismo. Sim.

James já havia começado a retirar os entulhos do corpo de Sirius. Marlene não conseguia se mexer, estava ali, paralisada. Vivo, ele estava vivo. E ela nunca mais o deixaria partir.

~

Sirius e Marlene não sabiam, naquela época, que as coisas já estavam escritas desde o começo, não sabiam que sua história teria um final e que não seria feliz. Eles acreditavam que venceriam a batalha e estariam juntos por muitos anos, não teriam filhos, isso nunca fora um sonho dos dois mas com certeza teriam cachorros, muitos cachorros, Sirius precisava de companhia, afinal.

Mas não.

Eles tinham sido separados.

Muitos e muitos anos separados.

Um plano separados. Um na vida. Outro do que vem depois.

Não viveriam juntos, não seriam felizes, não teriam cachorros e muito menos filhos.

Estava tudo escrito.

Desde o começo.

Será?

~

James passou a mão pelo ombro da amiga, sabia que ela estava nervosa, Marlene nunca fora uma pessoa calma ou um exemplo de paciência. Não fora em vida e certamente não seria agora.

— Você quer um momento a sós com ele, Lene? – James perguntou com o tom de voz mais calmo que conseguia. Também estava nervoso, também queria ver o irmão, afinal, era isso que sempre haviam sido. Irmãos. Mas sabia o quão era diferente para Marlene, o quão necessário era vê-lo outra vez.

— Você não quer?

— Quero. E vou ter. No momento certo, acho, afinal de contas, que ele nem vai notar minha presença aqui.

Marlene estava parada a alguns passos do portal de saída de almas, James a abraçou e se despediu, “você sabe onde me encontrar” foi sua última fala, ela assentiu levemente com a cabeça e com os olhos marejados começou a esperar. Droga, ela nunca fora de chorar, não era engraçado que todas as vezes em que chorava ele, por alguma razão, estava envolvido?

— Então é isso. – A loira dizia na porta da casa de Sirius. Encarava-o o máximo que podia. Ver seu rosto era o que lhe transmitia segurança e força para fazer aquilo dar certo.

— Lene...

— Não, Sirius, isso não está em discussão e você sabe.

O ataque de que foram informados não acontecera, aparentemente sua casa estava novamente segura e era lá que ela estaria, com a família, até que a ordem precisasse dela. Ela tinha que deixar Sirius sozinho e disposto a lutar, os dois juntos, sob o mesmo teto, com a guerra acontecendo, nunca daria certo. A Ordem deveria vir em primeiro lugar em tempos como aquele. Ambos sabiam disso mas droga, porque era tão difícil deixa-lo?

— Eu sei.

Ela jogou seu corpo sob o dele, as lágrimas escorriam de seu rosto. Aquela era a segunda vez que chorava. Não achava que choraria com sua despedida, afinal, Sirius estava bem, estava vivo e eles se veriam no dia seguinte durante uma reunião da Ordem sobre possíveis nomes de Comensais. Tudo ficaria bem. Tinha que ficar.

— Six... Eu... – Droga, porque nunca conseguia usar as palavras quando elas eram necessárias?

— Lene, eu sei.

É claro que ele sabia, todos sabiam, estava ali estampado na cara dos dois. Não é como se nunca tivessem dito as palavras um para o outro era só que agora eles absolutamente não tinham mais forças.

Beijaram-se.

E ela se foi.

Não houve reunião da Ordem no dia seguinte.

~

A terceira vez que Marlene chorara tinha sido em seus momentos finais, mais tarde naquele mesmo dia, chorara por não ter se despedido, por não ter conseguido pronunciar as palavras de amor que tanto queria, por ter falhado consigo mesma, com a Ordem e com ele. Chorara porque não teriam cachorros e muito menos filhos.

~

Os olhos de Marlene permaneciam fechados.

~

Sirius fechou os olhos.

E pisou em terra firme.

~

Marlene sentiu seu cheiro antes de qualquer outra coisa, antes de ter forças para sequer voltar a enxergar, ele estava ali.

Tinha que estar. Ela reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar.

Terra, pelo molhado e chuva. Sempre muita chuva. Era o seu cheiro preferido em qualquer lugar do mundo, porque lembrava-se dele. Era realmente uma pena que do outro lado a mudança de clima era inexistente.

~

Sirius abriu os olhos já com um sorriso no rosto.

Abóbora, um dia ensolarado e pipoca. Ele reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar.

— Eu estava mesmo esperando que fosse você a me buscar – Falou para a moça que o aguardava a uma certa distância.

Ela ainda mantinha os olhos fechados.

Passou algum tempo em silêncio, como se apreciando aquela voz.

Por fim, disse:

— Eu não esperava te ver tão cedo, Black.

— Bom, teoricamente os seus olhos ainda estão fechados.

Então ela os abriu.

E viu a imagem de Sirius.

— Eu não entendo muito como esse lugar funciona – Disse ele, ainda com um sorriso no rosto, aquele sorriso que ela tanto amava de “eu sou um canalha e você sabe” – mas eu posso correr até você e te abraçar, certo?

E antes que ela pudesse responder ele já estava perto dela, com os braços ao seu redor, sentindo seu cheiro, acariciando seu cabelo. Unindo os seus lábios, era curioso que mesmo após tantos anos eles ainda tivessem o mesmo sabor.

— Eu te amo, Sirius. – Disse finalmente, estava esperando para dizer aquilo por tanto tempo.

Ele sorriu.

— Acho que superamos nossas barreiras, Mckinnon.

Ela sorriu em retorno.

— Nunca foram barreiras, Black.

Então beijaram-se mais.

Cada vez mais.

Até estarem sem ar.

— Eu também te amo, Marlene.

Então deram as mãos e foram ao encontro dos amigos que também já estavam do outro lado, foram fazer o que quer que seja que as almas fazem após a passagem, isso, nem mesmo o destino sabe informar.

~

E foi assim, que Sirius Black e Marlene Mckinnon se reencontraram, após tantos anos separados, não tiveram cachorros e muito menos filhos, mas tiveram um ao outro por toda a eternidade, ou até que tivessem que voltar ao plano terreno, tanto faz, eles estavam juntos, ainda estão juntos e aproveitam cada minuto juntos, porque aquilo sempre fora os dois. Eles sempre foram dois, mesmo sendo um. E não precisavam de destino ou de um escrito nas estrelas para serem felizes, mesmo após a vida.

 


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Notas finais do capítulo

ENTÃO AI ESTÁ!!!! Eu particularmente gostei mas nunca se sabe né... qualquer erro por favor me avisem.
E finalmente o momento tão esperado: Van Prongs essa foi para você sz



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