Tudo ou Nada! escrita por karol_kinomoto


Capítulo 2
Secretária minha não pode se demitir


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas lindas do nosso coração
Sabemos que sumimos há um tempo. Mas foi por uma boa causa.
Estávamos estudando mt. Sim, (drik e eu) cursamos engenharia.
Só que a Dri faz civil e eu eletrica.
Então as vezes, a gente fica meio sem tempo.
Mais explicações no final do cap.



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Cap 1: Secretária minha não pode se demitir.

 

 

 

Banho quente. Uísque. Mulher.

 

 

Draco Malfoy suspirou ao pensar nos três primeiros itens de sua lista de prioridades.

 

 

Após duas horas caminhando sob a chuva e sobre o barro do terreno em construção, meia hora trocando o pneu furado de seu carro, e quase uma hora viajando por aquela estrada, Draco chegara à conclusão de que o banho quente viria em primeiro lugar.

 

 

A calça jeans e as botas estavam cobertas de lama seca, e o pó fino de concreto impregnara em seus cabelos louros e aristocráticos, a marca registrada da família Malfoy.

 

 

Somente um longo gole de uísque poderia aliviar a garganta ressecada de poeira.

 

 

Ele já podia se ver sentado no banco do Bar de seu irmão Blaise, diante de um copo de uísque, assistindo ao jogo na televisão instalada sobre o balcão.

 

 

Na verdade, podia deixar o item “mulher” para o dia seguinte, refletiu, enquanto subia a escada que levava a seu escritório. Virginia, sua secretária, estava determinada a encontrá-lo.

 

 

Ela havia enviado três mensagens pelo bip naquela manhã enquanto Draco se encontrava no terreno, e ele não pudera contatá-la, pois se esquecera de carregar a bateria de seu celular.

 

 

Aquilo, no entanto não era motivo para preocupação. Virginia Weasley era capaz de resolver qualquer emergência. Por trás dos cabelos ruivos, sempre presos no alto da cabeça, dos óculos de grau e dos trajes sóbrios, havia a mais organizada e competente secretária do mundo.

 

 

Durante um ano inteiro de trabalho, ela nunca se atrasara, tampouco mostrara mau humor ou perturbações emocionais.

 

 

Era cordial com os clientes e, sobretudo, jamais atormentara Draco dissertando aspectos de sua vida pessoal.

 

 

Ele nem sequer sabia se ela tinha uma vida pessoal. A maioria das pessoas a consideraria insípida, mas por que se importar? Virginia Weasley era perfeita no trabalho, e nada mais importava.

 

 

Olhou o relógio ao entrar no escritório. Eram quatro horas da tarde. Haveria tempo para resolver o problema de Virginia, passar no apartamento para um banho e, enfim, ir ao Bar de Blaise.

 

 

Talvez ligasse para Astoria Greengrass a fim de convidá-la para sair. Nos últimos tempos não tivera muita disponibilidade para encontros amorosos. Contudo, ele e Astoria se encontravam de vez em quando. Ela era sexy, divertida e não pensava em alianças de casamento.

 

Aos trinta anos de idade, Draco já devia pensar em estabelecer uma família, mas ainda não estava pronto para assumir compromisso tão duradouro.

 

 

Talvez em um ano ou dois. Ou três. Cinco, dez anos.

 

 

Sempre imaginara que Daniel, o irmão mais velho, deveria ser o primeiro a mergulhar nas águas profundas do matrimônio, mas nenhum dos irmãos Malfoy parecia inclinado a correr o risco.

 

 

Por enquanto, a única mulher constante na vida de Draco era sua secretária. A confiável, fiel e valiosa Virginia Weasley, que trabalhava na Construtora Malfoy havia um ano.

 

 

A construtora Malfoy fora erguida com o esforço dos três irmãos mais velhos: Daniel, Draco e Jack. É claro, que tiveram a colaboração do pai, Lucius. Mas sabiam que a mãe, Narcisa, nunca aprovaria que  pedissem dinheiro a ele. Os pais estavam separados a mais de vinte anos e mesmo assim a relação entre eles ainda não era amigável.

 

 

Daniel era formado em Engenharia Civil e era o encarregado das restaurações e reformas, portanto, raramente aparecia no escritório.

 

 

Jack era engenheiro de Segurança no Trabalho e se ocupava dos operários e usava seu trailer como base de operações.

 

 

A Draco restava à administração do escritório principal, o qual ele conhecia muito pouco, tendo em vista a eficiência de sua secretária. Ele era formado em arquitetura.

 

 

Desde o início da construtora, cerca de cinco anos atrás, eles haviam empregado inúmeras secretárias. Porém, quando Virginia foi contratada, os irmãos Malfoy viram-se diante de uma jóia rara. Ela era um sonho que se tornara realidade.

 

 

Ao entrar no escritório, ele piscou algumas vezes e voltou a olhar a placa fixada na porta.

 

 

Construtora Malfoy.

 

 

Estava no local certo.

 

 

Mas não com a mulher certa.

 

 

Uma morena pequena, vestindo uma blusa muito justa que realçava os seios fartos, sentava-se à frente da escrivaninha de Virginia. Ela tagarelava ao telefone e, quando o viu, ergueu a mão de unhas longas, esmaltadas em vermelho, pedindo-lhe que esperasse.

 

 

O que estava acontecendo? Aquela mulher não era o único engano, Draco deduziu.

 

 

A sala da recepção parecia um verdadeiro caos, a correspondência achava-se espalhada sobre a mesa e as gavetas do arquivo encontravam-se escancaradas.

 

 

Havia um barbante amarrado à maçaneta da porta de sua sala ligando à maçaneta da sala de Daniel. Papéis e projetos foram pendurados no barbante, como se fosse um varal de roupas. Além de tudo isso, ele sentiu um forte odor de queimado pairando no ar.

 

 

— Eu disse a Hermione que Vitor Krum era um cretino — a morena dizia ao telefone. — Ela me ouviu? Claro que não. Agora está chorando como uma criança, pobre coitada.

 

 

A morena olhou para Draco novamente. Ele fez menção de se aproximar, e tropeçou em um pacote que estava jogado no chão. Blasfemou impropérios, chamando a atenção da morena.

 

 

— Preciso desligar, Ron. Ligo mais tarde. — Ela soltou o aparelho e sorriu. — Posso ajudá-lo?

 

 

— Quem é você?

 

 

— Primeiro preciso saber quem é você?

 

 

— Draco Malfoy.

 

 

A mulher cerrou os olhos, pensativa.

 

 

— Oh, Malfoy. Deve ser o irmão de Daniel e Jack. Eles são donos da empresa.

 

 

— Nós três somos donos da empresa — Draco informou.— E seu nome é?

 

 

— Francine. A agência de empregos me mandou.

 

 

— Onde está Virginia? Ficou doente?

 

 

— Virginia? — A morena franziu a testa. — Oh, refere-se à mulher que trabalhava aqui.

 

 

— Não. Refiro-me à mulher que trabalha aqui. Ruiva, óculos de grau, mais ou menos um metro e sessenta. Virginia Weasley.

 

 

— Certo. Bem, pediu demissão — Francine anunciou. — Estou no lugar dela.

 

 

Demissão? Impossível. Ela não pediria demissão.


 

— O que aconteceu por aqui? — Draco indagou, indicando a desordem da sala.

 

 

— Ora, é meu primeiro dia de trabalho — Francine retrucou — Preciso aprender a manusear o sistema de arquivo. É muito confuso.

 

 

O alfabeto era confuso? Draco sentiu que seu cérebro ia estourar de nervoso.

 

 

— E quanto a isso? — Apontou o varal improvisado.

 

 

— Oh, Deus. Daniel ficou mortificado por causa disso.

 

 

— Daniel?

 

 

— Já disse que sim.

 

 

— O engenheiro civil? Meu irmão?

 

Por que aquele panaca não me ligou pra me informar essa confusão?Draco pensou.


 

— Ele mesmo. Eu o ajudava a enrolar os projetos e, sem querer, ele derrubou café nos papéis.

 

 

Draco cerrou os dentes. Ante o decote escandaloso de Francine seria de se esperar.

 

 

Tão logo notou a tela do computador piscando Erro Fatal e Arquivo Excluído, Draco achou que ele teria um enfarte.

 

 

Como aquilo pudera ocorrer em apenas um dia? Ele falara com Virginia na tarde anterior. Tudo estava bem, aliás, perfeito. Como ela pudera abandoná-lo? Sem um aviso ou bilhete? Virginia não faria isso!

 

 

— Meus irmãos sabem da dispensa da srta. Weasley? — Draco perguntou à futura ex-secretária.

 

 

— Eles não estiveram no escritório hoje, a não ser Daniel. Ele parecia não estar muito preocupado, disse que o administrativo era competência de Draco, que é o senhor. – A secretária sorriu carismática. – Mas a srta. Weasley me disse que Daniel praticamente não vem ao escritório, pois trabalha em casa, e Jack vem de vez em quando. Posso lhe servir uma xícara de café, sr. Malfoy?

 

 

Ele olhou a máquina de café sobre o balcão atrás de Francine e descobriu então a origem do odor de queimado. Ficou ainda mais exausto. E levou a mãos a cabeça, pensando no que fazer.

 

 

— A srta. Weasley comentou a razão pela qual resolveu ir embora ou para onde iria?

 

 

A pergunta pareceu um enigma a Francine.

 

 

— Não que eu me lembre.

 

 

Como assim? Draco travou os dentes com tamanha força que pôde escutá-los ranger.

 

 

— Tem certeza? — perguntou, impaciente.

 

 

Quando Francine estreitou os olhos em um gesto reflexivo, ele reparou no excesso de maquiagem rebuscado nas pálpebras.

 

 

— Não, ela não disse nada. Ah! — Francine exclamou. — Creio que a srta. Weasley deixou uma carta sobre sua mesa, sr. Malfoy.

 

 

Francine continuava a resmungar quando Draco entrou em sua sala, pegou o envelope sobre a escrivaninha e abriu-o.

 

 

Caro sr. Malfoy,


Lamento informar-lhe minha súbita necessidade de abrir mão do cargo de secretária na Construtora Malfoy. Peça desculpas por não tê-lo avisado com antecedência. Imagino que tal atitude seja imperdoável e espero que Francine cumpra as obrigações da melhor forma possível.


 

Obrigada por me empregar durante o último ano. Gostei muito de trabalhar para o senhor.


 

Sinceramente,


 

Virginia Weasley


 

O loiro analisou a carta. Havia sido datilografada e assinada.

 

 

O que significava aquela carta? Gostei muito de trabalhar para o senhor… e adeus! Sem motivo ou explicação?

 

 

Amassou o papel e atirou-o no cesto de lixo. Precisava encontrá-la para esclarecer aquela atitude repentina. Pagaria o dobro, o triplo do salário, se era isso que ela desejava.

 

 

Ela poderia ter mais tempo de folga… não muito, claro. Plano de saúde, cesta básica e um carro à disposição. Qualquer coisa, menos a demissão.

 

 

Iria até a casa dela, decidiu. Esqueceria o banho, o uísque, tudo. Tratava-se de uma emergência. Sem Virginia, ele estaria perdido, e não poderia se dedicar a arquitetura. Precipitou-se à porta, porém se deteve.

 

 

Onde ela morava?

 

 

Fazia um ano que Virginia trabalhava na empresa, e ele não tinha a menor idéia de seu endereço. Casa ou apartamento? Podia até viver em um hotel. Ou com a família.

 

 

Virginia tinha família? Ele não sabia ao certo. Como a contratara sem obter informações semelhantes?

 

 

Resolveu vasculhar a agenda de endereços. Devia haver uma pista em algum lugar. Ele a encontraria e quando o fizesse…

 

 

O telefone tocou. No mesmo instante pegou o aparelho antes que a nova secretária atendesse a chamada.

 

 

— O que é? — esbravejou.

 

 

— Que maneira agradável de atender ao telefone — Blaise, seu irmão, retrucou do outro lado da linha.

 

 

— Estou no meio de uma crise, Blás. O que quer?

 

 

— Essa crise tem algo a ver com sua secretária? – Blaise soltou uma risada malvada. Sabia que todos os seus irmãos dependiam da moça. Principalmente Draco.

 

 

— O que sabe sobre minha secretária? — Draco apertou o fone.

 

 

— Não muito. Exceto que ela está no meu bar e parece determinada a se embebedar. Pensei que…

 

 

Draco desligou o telefone e correu porta afora, ignorando a expressão assustada de Francine ao passar por ela. Virginia se embebedando? Era inacreditável.

 

 

Ela não bebia. Ou bebia? Mais um aspecto da vida de sua secretária que ele desconhecia.

 

 

Mas logo iria conhecer. Tencionava descobrir tudo acerca da srta. Virginia Weasley. Em seguida, ele a traria de volta à empresa, de onde ela nunca deveria ter saído.

 

 

Custe o que custar.

 

 

Gina nunca estivera Bar do Nobre, tampouco no hotel que recebia o mesmo título. No último ano ela passara diante do estabelecimento todos os dias a caminho de casa, mas jamais entrara, nem pensara nessa possibilidade.

 

 

Até aquela tarde.

 

 

O local refletia um típico bar inglês: as paredes de madeira estavam cobertas de gravuras das maravilhosas paisagens da Inglaterra e cartazes publicitários de bebidas escocesas, a lareira fora construída com pedras.

 

 

Não fosse a televisão sobre o balcão do bar e pelas baladas de Amy Winehouse, a ruiva se sentiria em um dos pubs ingleses, descritos por Shakespeare.

 

 

Como se ainda fosse cedo, haviam poucas pessoas no bar. Um casal partilhava uma garrafa de vinho, e três homens sentados no balcão tomavam cerveja e comiam petiscos.

 

 

Se bem que ainda era de manhã, provavelmente nem dez da manhã. Realmente era cedo para começar a beber.

 

 

- Mas se for para voltar para a antiga rotina é bom voltar a ter velhos hábitos... Ela pensou

 

 

Ninguém parecia notá-la. Um fato nada incomum. Ninguém jamais reparava em Virginia Weasley.

 

 

E era exatamente isso que ela queria.

 

 

Respirando fundo, ela endireitou os ombros, tomou um gole da bebida que a garçonete lhe servira… E engasgou.

 

 

Deus do céu! Parecia ter engolido uma labareda. Pegou um guardanapo de papel e enxugou os lábios. Há mais de dois anos que não botava uma gotinha sequer de álcool na boca.

 

 

Luna, sempre fora bem mais resistente para o álcool. Lembrou-se de repente.

 

 

Ela, por outro lado, nunca podia exagerar, senão sempre saia carregada. Por um misero segundo sentiu saudade da família. Não tinha mais os pais, mas tinha as tias e a prima que sempre a trataram bem e que a acolheram no momento mais difícil de sua vida.

 

 

Conseguira chegar à idade de vinte e seis sem saber o que era um porre de verdade. Luna sempre fora como uma irmã e nunca deixara que abusasse demais.

 

 

Havia pedido o coquetel mais inofensivo do cardápio, e agora se dava conta de que deveria ter perguntado à garçonete de que consistia a composição daquele líquido abominável.

 

 

A bebida queimava-lhe o corpo, desde a garganta ao estômago e prosseguia até os dedos dos pés. Devia ter pedido uma taça de vinho. Não por gostar, mas porque sabia que o vinho não a faria engasgar.

 

 

Oh, e daí?, Perguntou-se, erguendo o copo e tomando um gole mais longo. Não estava bebendo por prazer. Bebia pelo efeito.

 

 

Após mais alguns copos, ela concluiu que o efeito era satisfatório. Sentia-se leve e um tanto zonza, sintomas que a faziam rir das pequenas coisas. Como as orelhas enormes dos homens no bar ou o macaco tocando piano na tela da televisão. Aquela cena era hilariante.

 

 

Ingeriu outro copo num só gole e arrepiou-se ao sentir a bebida percorrer-lhe a garganta.

 

 

Talvez, antes de a noite acabar, ela encontrasse algum ponto positivo em haver abandonado o trabalho.

 

 

Passara a noite anterior preocupada com a mulher que a agência de empregos enviara para substituí-la.

 

 

Francine não usava roupas adequadas nem possuía treinamento apropriado, porém ela era a única de que a agência dispunha, e Gina se viu forçada a contratá-la.

 

 

Com a repentina chegada de tia Muriel e tia Ariel não havia possibilidade de ela continuar na Construtora Malfoy.

 

 

Como conseguiria encarar o sr. Malfoy quando ele descobrisse sua mentira?


 

 Seria humilhante demais.

 

 

Por isso ela pedira demissão. Sentia-se péssima por deixá-lo sem uma notificação mais oficial, mas não tivera escolha. Se Francine não servisse ao cargo, ele arranjaria outra. Aliás, certamente o faria.

 

 

As lágrimas começaram a surgir. Ela não queria pensar no sr. Draco Malfoy. Afinal, encontrava-se em um local público e não pretendia armar um espetáculo. Beberia sozinha no bar e esqueceria o patrão, o trabalho e as tias que chegariam à cidade.

 

 

— Oh, que grande confusão… — murmurou consigo.

 

 

Com um suspiro resignado, investiu novamente na bebida. Ficou surpresa ao perceber que o líquido não era tão ruim quanto antes. Na verdade, o sabor lhe pareceu agradável. Um pouco doce e, ao mesmo tempo, ácido.

 

 

Gostou da sensação. Então abriu o primeiro botão da blusa que usava sob o casaco, subitamente sentindo-se acalorada.

 

 

Nas horas seguintes estava determinada a não pensar no caos que transformara sua vida.

 

 

Haveria tempo para refletir. Ou melhor, ela abriu o segundo botão, haveria o resto da vida para refletir.

 

 

De repente, uma das canções de Madonna começou a tocar.  E Virginia lembrou-se da época em que ela, Luna e Collin formavam o trio de dançarinos mais promissores da Broadway.

 

 

Gina sorriu e acompanhou a música que conhecia tão bem.

 

 

Em pensamento, ela viajou aos EUA e acompanhava o ritmo sincronizado dos passos de seus parceiros, enquanto suas tias ajudavam na construção da coreografia do Musical. Lembrou-se das cenas mais intimas com seu amigo, Collin.

 

 

Contudo, o homem em sua fantasia não era o seu amigo, e sim Draco Malfoy.

 

 

— Posso me sentar com você?

 

 

A ruiva teve um sobressalto, prendeu a respiração e olhou para cima.

 

 

Oh, Deus!


 

O coração disparou ao divisar os olhos cinzas fixos nela e os lábios que formavam uma linha fina. Ele parecia muito sério.

 

 

Sombrio, na verdade. Por alguma estranha razão, ela o achou cômico.

 

 

No entanto, em vez de rir, ela se recompôs, endireitou os óculos e assentiu.

 

 

Draco sentou-se diante dela. Ele parecia ter atravessado um deserto de lama. Gina perguntou-se por que aquele odor másculo tanto a atraia, e por que achava encantador o pó cinzento que lhe cobria os cabelos e as roupas.

 

 

Impetuoso. Foi a palavra que lhe veio à mente.

 

 

 E viril. Normalmente a presença de Draco Malfoy a intimidava. O corpo musculoso chamava a atenção das pessoas, principalmente das mulheres.

 

 

Sem dúvida, ele devia possuir uma anatomia invejável.

 

 

Era também charmoso e dono de um sorriso devastador. Contudo, não estava sorrindo. E ela sabia o motivo. Draco apoiou as mãos sobre a mesa de madeira e inclinou-se. Tinha dedos longos e maravilhosos, ela pensou, fitando-os. As mãos, cujas unhas tinham sido aparadas bem rentes aos dedos, eram largas e no polegar havia uma cicatriz.

 

 

Virginia percebeu o súbito desejo de cobrir aquelas mãos com as dela para sentir-lhe a aspereza, ou seria maciez, da pele.

 

 

Quando ergueu o rosto e o encarou, a intensidade dos olhos cinzas pareceu sugar-lhe o ar dos pulmões. Não conseguia se lembrar de ter sido observada com tamanho interesse, muito menos de vê-lo olhar para ela da maneira como o fazia naquele instante.

 

 

 Pela primeira vez, ela não se sentiu invisível e não tinha certeza se apreciava a sensação.

 

 

— Sr. Malfoy …

 

 

— Recuso-me a aceitar sua demissão.

 

 

Aquela voz profunda e familiar nunca soara tão firme. “Ele gosta de mim”, Gina pensou, surpresa. Logo se corrigiu. “Como funcionária da empresa, claro”.

 

 

— Perdoe-me por sair às pressas, mas estou certa de que Francine poderá resolver os problemas da construtora. Ela é muito…

 

 

— Eu disse — ele baixou o tom de voz — que me recuso a aceitar seu pedido de demissão. Francine não serve. Eu a quero, Virginia.

 

 

As palavras a comoveram, e ela corou. Eu a quero, Virginia. Sentiu-se sugada por ele, e logo se repreendeu em silêncio, “Como secretária, sua tola”.

 

 

Ajeitou-se na cadeira e tomou mais um longo gole da bebida, sem saber o que responder. O líquido não queimou a garganta; era, de fato, delicioso. Então notou que o copo estava quase vazio e não gostou.

 

 

— Posso lhe pagar um drinque, sr. Malfoy? — Gina jamais oferecera uma bebida a um homem, nos EUA ela sempre ganhava. A vida da ruiva mudara completamente depois que deixara a casa das Tias.

 

 

O patrão franziu a testa e fitou o copo diante dela.

 

 

— O que está bebendo?

 

 

— Chá gelado. – Ela mentiu descaradamente.

 

 

— Chá gelado? – Ele perguntou com uma sobrancelha erguida, desconfiando totalmente dela. Encarou-a por alguns segundos, tentando descobrir o que mais aquela mulher escondia

 

 

— Cosmopolitan — ela se corrigiu e voltou a beber. – Só me lembro desse. Depois não me lembro se pedi outros.

 

 

— Você também está bebendo  Long Island. – Ele afirmou olhando para o copo dela. Espero que você saiba que ai tem vodka, gin, tequila (ui!) e rum.

 

 

— Isso mesmo. – Ela apenas confirmou. - O senhor quer um?

 

 

— Já havia tomado esse tipo de drinque? — ele indagou cauteloso.

 

 

— Claro que não, seu tolo. — Gina levou as mãos aos lábios. — Desculpe-me, sr. Malfoy. Só o cosmopolitan. Esse "Chá gelado" é a primeira vez.

 

 

— Por que não me chama de Draco? — Ele suspirou e acenou para o homem atrás do bar.

 

 

Era um homem de aparência familiar, Gina pensou e ajeitou os óculos para que pudesse enxergar melhor.

 

 

— Conhece aquele homem?

 

 

— E meu irmão Blaise — Draco respondeu. — É proprietário do bar e do hotel.

 

 

Blaise Malfoy. Gina quase desfaleceu. Ele estivera no escritório diversas vezes no último ano.

 

 

Sempre envolvido com os próprios problemas. Blaise era o irmão que não seguira o ramo de construções.

 

 

Droga, esquecera esse detalhe importante: Blaise era dono do Bar do Nobre. Por isso o sr. Malfoy conseguiu encontrá-la.

 

 

— Sr. Malfoy, eu…

 

 

— Draco — ele a lembrou.

 

 

— Draco. — Ela nunca o chamara pelo nome de batismo. — Sinto ter deixado o emprego tão depressa. Não tive outra escolha.

 

 

A garçonete trouxe um copo de uísque duplo e uma xícara de café. Draco empurrou o café até Gina.

 

 

Ela não queria café. Pela primeira vez naquele dia, não sentia mais o aperto no peito, estava calma e relaxada.

 

 

E quente. Sentia-se ferver. Abriu outro botão e, ignorando o café, tomou mais um gole do coquetel gelado. Como ainda se sentisse acalorada, retirou o casaco.

 

 

O copo de uísque estava chegando à boca de Draco quando Gina sacudiu a blusa branca. Draco provou da bebida e fitou-a, espantado.

 

 

— Você me deve uma explicação, Virginia. Não pode me deixar sem uma razão objetiva. Encontrou outro trabalho?

 

 

— Não.

 

 

— Quer um aumento de salário? Ela ergueu o queixo, insultada.

 

 

— Claro que não. Se quisesse aumento, teria pedido.

 

 

— Então por que se demitiu?

 

 

— Não posso contar. E pessoal.

 

 

— Está doente?

 

 

Ela meneou a cabeça em negativa.

 

 

— Grávida?

 

 

— Deus, não! — Ela arregalou os olhos.  Draco refletiu por alguns segundos.

 

 

— Está noiva.

 

 

Atônita, ela baixou o rosto e tomou outro gole.

 

 

— É isso? — Draco aproximou-se. — Está noiva?

 

 

O coração de Gina voltou a disparar. Queria negar, alegar que estar noiva era ridículo, mas mesmo com o alto teor alcoólico nas veias ela não conseguiria mentir.

 

 

— Mais ou menos — murmurou, sentindo-se corar.

 

 

— Mais ou menos? — ele repetiu. — Quem?

 

 

— Como?

 

 

— Quem é ele? Londres não é uma cidade “tão” grande. Talvez eu o conheça.

 

 

A irrealidade da situação em que se encontrava pegou-a de surpresa. Ela cobriu os lábios e começou a rir. Draco encarava-a, incrédulo.

 

 

— Qual é a graça?

 

 

— Você — ela respondeu, entre risos.

 

 

— Sou engraçado?

 

 

— Não. — Gina respirou fundo. — Você é meu noivo.

 

 

Fim do Cap 1


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Notas finais do capítulo

Está ai o 1° cap galera. Espero que gostem!
N/k: desculpem-me pela demora no cap. A culpa foi minha. A Dri já tem até o cap 2, mas eu não estava conseguindo me concentrar. Como a maioria de vcs já sabem meu namorado morreu recentemente e eu entrei em parafuso. E concentração eu mal estava tendo na faculdade. Desculpem-me pelo abandono. Mas prometo que vou me esforçar para atualizar as minhas fics. Bjos e me digam o que acharam do cap

N/ Oi people... Sei que a gente demorou um tanto pra postar, mas por favor, tentem entender a situação da Karol. Eu já tenho o segundo cap pronto. Então deixem comentários que ele sai em breve.

Um bjo super, mega, ultra especial para as meninas que comentaram no prólogo:
brunaluiza;
CarolineMalfoy;
E um bjo pra todos que leem...
Galera, façam essas duas autoras felizes e comentem