Coachella escrita por Elizabeth Potter


Capítulo 1
Boy, you're my favorite song


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu amo a minha amiga secreta demais.

Ela tem uma autoestima de dar inveja, é uma das ravenclaw’s mais engraçadas que eu já conheci, é um amor de pessoa, é muito inteligente, me trolla pra caramba com as fics delas (hahahaha), me põe pra cima sempre que eu preciso e ela tá por perto e é cheia de outras qualidades!

A 1st Dominique Weasley do BSQ é a minha amiga secreta ♥

Cher, minha linda, essa one é toda sua :) ♥



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A quantidade de dias que separavam Dominique Weasley de um dos maiores e mais conhecidos festivais de arte e música era, coincidentemente, igual ao número correspondente à sua idade: vinte.

Devido ao seu comparecimento anual no Coachella desde os quinze anos, a loira desenvolveu uma certa paixão pela ocasião. O fato de cursar arte na faculdade somente aumentou seu carinho pelo festival em questão e sua ansiedade para a data chegar o mais rápido possível.

Quando a época do Coachella aproximava-se, a animação dominava a jovem de maneira notável.

O evento conta anualmente com a presença de um palco principal e mais cinco estruturas que oferecem músicos de diversos estilos a todos os que frequentam o festival. Além disso, ele possui espaços destinados a outras formas de entretenimento e instalações arquitetônicas admiráveis.

O fato de Nick desligar-se do mundo ao seu redor e perder-se em pensamentos sobre o Coachella não era novidade alguma, no entanto, seus familiares não poderiam deixar de se preocuparem ou se irritarem.

“Dominique!” Victoire gritou, batendo as duas mãos na mesa de café da manhã e erguendo-se irritada. “Será que você poderia parar de sonhar acordada com algo que você já conhece mais do que bem?” Suas bochechas estavam vermelhas de raiva e, pelo o que as circunstâncias indicavam, não havia sido a primeira vez que a jovem tinha buscado chamar a atenção da irmã mais nova. “Eu estou a mais de meia hora pedindo o mais educadamente possível que você me passe a porcaria do melado!” Concluiu, apontando com a mão esquerda para o produto em questão.

Nick revirou os olhos para o drama de Victoire. Ela tinha certeza que não havia se passado nem dez minutos.

“Dominique!” A primogênita reclamou novamente.

“Por Deus, Toire.” Nick resmungou. “Já vai, já vai.”

Esticou-se para pegar o melado que estava mais próximo de si e o passou para a irmã mais velha que estava do outro lado da mesa.

“Até que enfim.” Victoire grunhiu.

“De nada.” Dominique disse ironicamente, rolando os olhos.

“Obrigada.” A mais velha resmungou, mal-humorada.

“Essa irritação toda tem a ver com a minha demora para te entregar o melado ou…?”

Victoire arqueou a sobrancelha.

“Ou o quê?”

“Ou tem relação com o fato de que você e Teddy vão passar um tempo longe um do outro de novo por causa dos trabalhos quase inconciliáveis de vocês?”

“Você anda escutando atrás da porta?” Toire apertou os olhos na direção da irmã e inclinou-se um pouco para ela.

“Não.” Nick balançou a cabeça levemente antes de dar um sorriso malicioso. “Mas vocês não costumam ser muito discretos.”

“Caham.” A voz feminina e carregada de sotaque de Fleur fez-se presente por meio de uma educada e fingida tosse provinda da ponta da mesa. “Talvez vocês não tenham percebido, mas eu estou presente. E preferiria não ter informações sórdidas sobre minha filha mais velha e meu genro.”

As maçãs do rosto de Victoire ganharam uma coloração avermelhada e a jovem gaguejou algo incompreensível. Dominique cobriu a boca com a mão esquerda e riu levemente, fazendo Fleur olhá-la com uma sobrancelha arqueada e ela calar-se.

“Hm…” Toire começou sem saber ao certo o que falar. “Mãe… er…” A jovem moveu o olhar pela mesa em busca de algo para auxiliá-la de alguma forma. “A senhora quer pudim?” Questionou erguendo o prato da iguaria na direção da genitora e com um sorriso nervoso.

“Não, ma chère.” Fleur revirou os olhos e balançou a cabeça com sutileza. “E não se preocupe com relação a você e Teddy.” Ela inclinou-se levemente de onde estava para as filhas que aproximaram-se dela e completou com o tom de voz mais baixo: “Será um segredo.” Concluiu sua fala com uma piscadela discreta para a filha mais velha.

Victoire sorriu em agradecimento para a mãe e suspirou aliviada quando a mesma ergueu-se da mesa e deu-lhes as costas, indo em direção à cozinha para depositar a xícara de capuccino que havia utilizado na pia e deixando ela e Dominique a sós.

“Ops.” A mais nova disse com um sorriso quase imperceptível e enquanto fingia uma expressão culpada e cobria os lábios levemente com a mão esquerda.

“Dominique. Delacour. Weasley.” Toire pontuou deixando a fisionomia agradecida e aliviada de lado e modificando-a para uma irritada e relativamente assustadora.

“O quê?” Nick perguntou com falsa inocência.

“Eu vou te matar.” Victoire grunhiu. “E se o papai não tivesse ido para o escritório, como de costume aos domingos, adiantar alguns trabalhos, e fosse ele que estivesse presente aqui ao invés da mamãe?”

“Se fosse ele você nunca mais sairia de casa e Teddy já teria uma lápide no cemitério.”

“Obrigada.” A irmã retrucou sarcasticamente.

“Não há de quê.” Dominique piscou um olho e levantou-se da mesa após dar um último gole em seu capuccino com creme.

×××

“Já arrumou as coisas pro Coachella vinte dias antes, como de costume, Nick?” James Sirius questionou divertido à melhor amiga do outro lado da linha.

“Hm…” Dominique olhou pelo canto do olho para a mochila próxima ao pé da cama e já preparada para o evento enquanto segurava o smartphone com a orelha e o ombro e procurava algo pelo quarto para prender seu cabelo. “Não.” Respondeu por fim e rolou os olhos.

“Aham.” O moreno concordou com certa ironia. “Aposto que ela ‘tá pronta desde as sete.” Ele parou momentaneamente antes de retornar a falar. “Seis, talvez.”

“Rá, rá. Muito engraçado, Potter.” A loira revirou os olhos novamente. “E ela ‘tá pronta  desde as oito e meia.” Resmungou.

“Por Deus, Nick!” O rapaz de vinte e dois anos riu gostosamente. “Ainda faltam vinte dias e ainda são nove da manhã!”

“E você acha que eu não sei quantos dias faltam pro Coachella?” A jovem perguntou com uma sobrancelha arqueada e um leve sorriso ornamentando seu rosto. “Eu espero esse festival todos os anos sempre que a época se aproxima desde os meus quinze anos!” Ela gesticulou animada.

“E eu?” James questionou com uma expressão divertida. “Desde os dezessete!”

“Eu adoraria dizer que o frequento há mais tempo que você, mas…”

“Seria uma puta mentira.” O Potter completou, rindo e fazendo-a rir também. “A gente frequenta o Coachella juntos todo ano desde 2012.”

“Agradeça ao Teddy por isso.” Dominique disse, risonha.

“Oh, claro.” O rapaz retrucou sarcasticamente. “Ele realmente merece um ‘obrigado’ por ter me pedido educadamente que eu o acompanhasse ao festival em 2012.”

‘James Sirius Potter, se você não for ao Coachella comigo, Nick e Toire, eu juro, juro, que conto pra tia Ginny o que aconteceu com as garrafas de whisky do tio Harry!’ ” Nick sentou-se na cama e imitou a voz do cunhado, arrancando gargalhadas do moreno.

“As garrafas tiveram um ótimo fim, você tem que admitir.” James provocou.

“Idiota.” A loira resmungou, sorrindo.

“Você deveria me agradecer, sabe…” O rapaz começou, com um sorriso de canto. “Albus e Alice se beijaram, ao final do jogo.”

“Sim!” Nick gritou, nostálgica e entusiasmada. “Meu albice vivíssimofinalmente!” A jovem jogou-se de costas na cama, rindo alto e sendo acompanhada pelas gargalhadas do melhor amigo.

“Além disso…” Ele deixou a frase no ar em tom provocativo e após recuperar-se das risadas.

“‘Além disso’ o quê?” A Delacour perguntou com o cenho franzido.

“Você sabe a que me refiro, Nick.” James disse maliciosamente antes de desligar e deixar Dominique com o coração acelerado e mergulhada em lembranças.

×××

A estudante de arte não recordava-se do momento exato em que havia pego no sono, mas quando sentiu um relativo peso sobre si, as reminiscências referentes aos acontecimentos de cinco anos atrás e a recente ligação do melhor amigo deixaram de preencher sua mente e a jovem entrou em estado de alerta.

“O que diabos…?” A loira começou com o cenho enrugado e antes de abrir os olhos e deparar-se com um corpo macio e peludo cobrindo parcialmente seu rosto.

Captain!” Ela gritou após reconhecer o filhote de labrador e sentar-se a cama, segurando o cachorro entre suas mãos em seguida quando o mesmo saiu do espaço que ocupava devido ao movimento repentino de Dominique.

O filhote apenas latiu em resposta, alegre por reencontrar a dona. Ela mirou-o aparentemente brava, porém não conseguiu manter a expressão fechada por muito tempo.

Era impossível ficar irritada com ele por mais de alguns segundos.

Nick suspirou enquanto cruzava as pernas e colocava sobre elas uma almofada estampada da Black Widow com uma mão e segurava Captain com a outra e o antebraço.

“Não importa o quanto eu tente esquecer, Captain, a lembrança daquela noite sempre retorna.” A estudante de arte sussurrou e pôs o filhote sobre a almofada, acariciando o pelo do animal carinhosamente. “De uma forma ou de outra, ela sempre retorna.” A loira suspirou.

Aparentando reconhecer a mescla de nostalgia e melancolia que se apossava da dona, Captain aproximou-se dela e latiu tristemente, afagando sua cabeça nos braços de jovem.

“Hey, Nick!” A voz alegre e conhecida do irmão mais novo retirou Dominique dos seus devaneios e do estado de torpor que passou a envolvê-la quando o filhote de labrador começou a acariciá-la.

“Hey, Louis.” Ela respondeu ao cumprimento sem muita animação e tentou sorrir sinceramente para o irmão, mas a única coisa que conseguiu foi um discreto erguer de lábios.

“Algum problema?” Louis franziu o cenho e alterou seu semblante extrovertido para uma súbita fisionomia preocupada enquanto adentrava no cômodo.

“Não, não.” A estudante negou com a cabeça e buscou passar uma imagem descontraída e sossegada.

“Não tente mentir pra mim, Nick.” O Delacour cerrou os olhos para a irmã e cruzou os braços frente ao peito.

A jovem suspirou.

“Tudo bem, tudo bem.” Ela revirou os olhos. “Talvez, mas  talvez, tenha algo me incomodando.”

Louis arqueou a sobrancelhas.

“Achei que já tinha superado aquela noite. Nick.” Ele retornou a enrugar a testa.

A loira piscou lentamente antes de virar-se para ele com feição surpresa.

“Como você sabe a quê eu me refiro?”

“Eu te conheço, mana.” Disse, rolando os olhos. “E eu te escutei falando com o seu… melhor amigo.”

“Por que você deu ênfase no ‘melhor amigo’?” Dominique franziu o cenho, em um misto de confusão e desconfiança.

“Bom…” Louis começou com um sorriso malicioso. “depois do que aconteceu…” Soltou uma risada. “depois do que aconteceu eu não sei se vocês deveriam ser considerados apenas melhores amigos.”

A estudante de arte abriu a boca e tornou a fechá-la, sem saber ao certo o que responder ao irmão mais novo.

“Mas é claro que somos apenas melhores amigos, Louis!” Ela cerrou os olhos na direção do rapaz de dezessete anos.

“Oh, claro, Nick.” Ele começou sarcasticamente. “Pessoas que se dizem apenas amigos e não possuem amizade colorida entre si se beijam.”

“Como você…”

“Como eu sei que você e James não tem uma amizade colorida?” Louis completou a frase da irmã, balançando a cabeça levemente em seguida. “É só observar vocês, Nick.” Ele disse, olhando-a. “É claro e óbvio, para qualquer um, o respeito mútuo que há entre vocês e o companheirismo que é quase palpável. Vocês não se provocam maliciosamente e as brincadeiras que vocês fazem um com o outro são, digamos assim, hm, saudáveis.”

“Oh.” As maçãs do rosto da Delacour ganharam um sutil tom de vermelho, mesmo que não houvesse muitas razões para isso.

“E Toire me disse que você e James haviam se beijado devido ao jogo da garrafa para o qual ele tinha tido ideia.” Louis respirou fundo e completou: “Ela estava lá, afinal.”

“Como eu poderia esquecer?” Dominique riu. “Ainda éramos todos adolescentes e Vic e Ted finalmente assumiram que estavam namorando.”

“Além da nossa irmã, Alice e Albus tiveram um certo sucesso no relacionamento.” O rapaz balançou a cabeça. “Por Deus, Nick, albice se resolveu, tedtoire se assumiu e jaynique ainda isn’t real!”

A jovem rolou os olhos.

“Idiota.”

“Jaynique não é idiota. Só ainda não se tornou completamente real.” Louis piscou um olho antes de ir em direção à porta.

“Seu besta!” A loira gritou para o irmão e lançou, em sua direção, uma das almofadas que possuía do Iron Man.

“Também te amo, maninha!” Ele desviou-se do objeto arremessado e cruzou a porta, indo, em seguida, para outro cômodo do Shell Cottage. Provavelmente — muito provavelmente — para a cozinha, para desfrutar das habilidades culinárias de Fleur e de suas deliciosas panquecas com melado feitas há não muito tempo.

“Eu também, seu idiota.” Dominique revirou os olhos e murmurou sorrindo, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa.

“Hm…” Nick mordeu o lábio inferior e suspirou, jogando-se de costas na cama em seguida. Mirou o relógio digital no criado-mudo próximo à cama e sussurrou: “Ainda não são nove e quarenta… Acho que dá tempo de rever ‘Captain America: The Winter Soldier’ e surtar um pouco por romanogers…”

×××

“Ei!” A voz comumente meiga de Alice sobressaiu-se em meio aos demais ruídos presentes no Three Broomsticks e fez-se presente em um tom irritado. “Por Athena, garota!” A morena bateu a palma da mão direita na mesa na qual estavam, fazendo as canecas rústicas chacoalharem de modo quase imperceptível. “Eu ‘tô tentando fazer você prestar atenção no que ‘tô dizendo a séculos!” A Longbottom mirou a loira irritada e com os olhos cerrados, acarretando em um rolar de olhos por parte de Dominique e um pensamento contextual de que o drama ainda iria dominar o mundo.

“Ah, por favor, Lice.” A voz descontraída de Rose se fez presente pela primeira vez na conversa — se é que se poderia considerar aquilo um diálogo, já que a única que proferia algo era Alice — e acompanhada de um gesto de descanso com a mão esquerda. “Ninguém aqui ‘tá prestando atenção de verdade no que ‘cê ‘tá falando.” A ruiva concluiu sua fala com um revirar de olhos sutil, antes de levar a caneca de cerveja aos lábios rosados e tomar um gole da bebida.

“Belas amigas eu tenho.” A morena resmungou mal-humorada. “Eu ‘tava propondo um desafio entre nós, mas acho que você não estão interessadas, já que nem deram bola pra uma mísera palavra minha.” A garota suspirou.

“Desculpe…” A Weasley começou, piscando lentamente e deixando a cerveja de lado. “Mas, você disse ‘desafio’?” Um sorriso de canto formou-se no rosto salpicado de sardas de Rose simultaneamente a um erguer de sobrancelha por parte da ruiva. “É isso mesmo, produção? Alice Longbottom está propondo um desafio?” A jovem questionou divertida, inclinando-se para a amiga e fazendo-a rolar os olhos e dar um discreto sorriso.

“Pois é.” A morena olhou para as próprias unhas, distraída, como se a nail art degradê de tons pastel fosse algo verdadeiramente interessante naquele momento e tomou um gole da sua respectiva bebida, ignorando os olhares curiosos que ambas as Weasley’s lhe lançavam.

“Então…?” Nick fez um gesto impaciente com a mão, buscando incentivar Alice a falar-lhes do desafio e sobre ele, fazendo-a dar um notável sorriso de canto.

“Quem fizer mais referências — seja de livros, séries ou filmes — até o final do Coachella, ganha.” A Longbottom disse objetivamente com um olhar desafiador. “Então…” Ela deixou a cerveja de lado e inclinou-se para as amigas. “Topam?”

Rose desviou sua atenção da morena e fitou Dominique, arqueando suas sobrancelhas em um claro ‘A gente aceita?’. A loira desfocou o olhar e mordeu o lábio o inferior levemente, erguendo as orbes azul-claras para a ruiva, em seguida, e respondendo de maneira silenciosa à pergunta da Weasley — ‘Se você topar, eu topo.’

“Sim!” As garotas responderam simultaneamente, com expressões confiantes e parcialmente superiores.

“Esse desafio ‘tá no papo.” Rose debochou. “Sinceramente, achei que fosse algo mais difícil.” Completou, balançando a cabeça e fingindo estar decepcionada.

Alice tentou conter uma risada, mas falhou e revirou os olhos.

“Esperem…” Nick enrugou a testa. “Como iremos saber quem ganhou? Como ‘contaremos’ as referências?”

“Ted, nos deve alguns favores…” A morena ergueu as sobrancelhas, sugestivamente, antes de esticar-se sobre a mesa e pegar um petisco salgado.

“Alguns?” A Delacour questionou divertida e tomando para si alguns aperitivos similares aos que Alice havia pego.

Muitos!” Rose corrigiu enfaticamente. “Por Alicia Clark, quantas vezes ele e sua irmã não fizeram saliências e a gente teve que bancar a Rachel Sexton para manter as informações de interesse mundial no maior e mais puro sigilo?”

Dominique riu pelo uso da palavra ‘saliências’ pela prima para referir-se às perversões que passavam pela mente do casal em questão e eram realizadas pelos mesmos até dar-se conta da referência dupla que a ruiva havia feito, intencionalmente ou não.

“O desafio vale a partir de quando, Lice?” Nick questionou um pouco incomodada pela referência em dose dupla da ruiva, uma delas com relação a algo que amava com todas as suas forças: a obra Ponto de Impacto, da autoria de Dan Brown.

“A partir de amanhã, eu acho.” A morena disse pensativa e após dar de ombros.

“Então...” A Delacour começou com um sorriso imperceptível e satisfeito.

“Então as referências que a Rose fez só são referências e, por hoje, não valem de nada.” Alice riu, sabendo exatamente o que passava pela cabeça da loira. Conhecia a amiga muitíssimo bem para saber o quanto era competitiva, mesmo que elas estivessem ‘apenas’ entre amigas em um dos seus habituais encontros femininos de sábado à noite. Somente anos de experiências pessoais para compreender como a jovem sentia-se sem ela necessitar proferir uma mísera palavra e o que pensava com tamanha precisão.

“Poxa, Lice...” A ruiva disse manhosa e pondo de maneira fofa e engraçada a maçã do rosto esquerda e o peso da face em somente uma mão ao inclinar a cabeça para o lado levemente. “Eu me esforcei tanto...” Continuou, fazendo um biquinho triste e decepcionado.

“Desculpe, querida.” A Longbottom enfatizou o vocábulo ‘querida’ e piscou um olho ao realizar a referência, arrancando risadas das amigas, em seguida.

Dominique balançou a cabeça ainda com um sorriso nos lábios, feliz por estar na companhia de Alice e Rose e dividir grande parte dos momentos da sua vida com as mesmas, e permitiu-se esquecer da ligação que tinha recebido de James e tudo o que ela havia suscitado dias atrás.

×××

“E lembrem-se…” Bill começou sério, mirando ambas as filhas enquanto Fleur rolava os olhos para o marido pela milésima vez somente naquela manhã.

“Bill, querido.” A mulher chamou-lhe a atenção com a fala carregada de sotaque. “Acho, ou melhor, tenho certeza, que você já deu conselhos suficientes para as garotas e elas já têm em mente suas recomendações decoradas.” Ela concluiu com uma expressão dura e confiante para o esposo, fazendo-o vacilar um pouco e sua feição suavizar-se levemente.

“Bom… er…” O Weasley suspirou. “Tudo bem.” Sussurrou sentindo-se derrotado. “Só tenham cuidado, ok?” Bill disse voltando-se para as filhas outra vez e beijando-lhe as testas com carinho.

“Nós sabemos, papai.” Victoire falou, com um sorriso sutil e educado na direção do genitor, embora, por dentro, ela estivesse demasiadamente aliviada por Fleur tê-lo impedido de continuar com seus conselhos.

O sol ainda não fazia-se presente àquela hora da manhã, já que era bastante cedo, e, pela falta do calor acolhedor do astro, Nick sentia-se sonolenta. Apesar de mal poder esperar para chegar a Indio, cidade na qual o festival aconteceria, e estar acostumada a acordar ao alvorecer, para aproveitar bem e o máximo possível o dia, a Delacour não podia deixar de desejar alguns míseros minutos a mais em sua aconchegante cama.

“A gente sabe, pai.” Dominique disse com o sono dominando-a cada vez mais e a voz não saindo de um suave murmúrio.

“Onde estão os caras?” Louis perguntou, aparecendo repentinamente. “Achei que James e Teddy já estivessem aqui pra ir com vocês.”

“Sabemos que você quer se livrar da gente o mais rápido possível e ter casa ‘só’ pra você logo, maninho, mas um pouco mais de paciência, eles já ‘tão chegando.” Nick falou com uma pontada de sarcasmo, fazendo o irmão revirar os olhos.

“Eu nunca disse isso.” Ele respondeu com os olhos cerrados e os braços cruzados em frente ao corpo, embora esperasse intimamente que seus pais saíssem à tarde e ele possuísse a casa somente para si e pudesse aproveitar o tempo no qual estava longe da supervisão dos pais para realizar determinadas tarefas.

“E não precisa.” Nick ergueu as sobrancelhas e riu. Conhecia o irmão muito bem para saber o que fazia e seria ou não capaz de realizar.

Toire segurou a gargalhada e tentou não mirar as expressões dos pais, os quais estavam confusos com o rumo da conversa e sentiam discretas segundas intenções e informações não-proferidas no âmago do diálogo entre os filhos mais novos.

Antes que qualquer um dos genitores se pronunciasse de alguma maneira, um ruído de um automóvel cruzando a estrada de cascalho que conduzia ao Shell Cottage fez-se presente sonoramente.

Teddy conduzia seu Toyota Hatch com cuidado e habilidade notáveis enquanto ria de algo que fora dito por James, que estava sentado no banco de trás do Lupin e acompanhava o rapaz de cabelos azuis nas gargalhadas.

O automóvel parou a alguns metros da casa, provocando a dispersão de poeira que havia por perto e com um certo estilo.

“Até que enfim.” Dominique resmungou com um sorriso de canto e indo em direção ao carro. “Azul também, Teddy?” Ela debochou tocando a lataria do Toyota com os dedos de leve. “Por que eu não estou surpresa?” Arqueou as sobrancelhas ao mesmo tempo que o cunhado baixava o vidro e mirava-a, sorrindo.

“Ah, por favor.” Vitoire fez um gesto de descaso abrindo a porta do automóvel e adentrando-o após desperdir-se rapidamente dos pais e do irmão com um suave aceno. “Quem se importa com a cor do carro? Contanto que ele nos leve até Indio, ele pode ser até invisível.”

James ergueu as sobrancelhas, divertido, para a irmã da melhor amiga.

“Mas assim não nos veriam chegar, Toire.”

“Ah, é, mana.” Nick abriu a porta do carro e acenou para os pais antes de adentrá-lo e sentar-se ao lado do Potter no banco de couro preto. “Discrição não é o forte deles.”

“Que bom sabe disso, Delacour.” O rapaz de vinte e dois anos disse com uma certa malícia e piscando um olho.

“É claro que eu sei, Potter.” Dominique disse de modo debochado enquanto tirava a mochila repleta de bottons da Marvel das costas e a colocava próxima a si. “Sou a cunhada e a futura madrinha de casamento do Teddy, além de sua melhor amiga, esqueceu?”

“Não esqueci, não, Nick.” James olhou-a carinhosamente e com um leve sorriso antes de passar um dos seus braços pelos ombros da jovem, fazendo-a sorrir e corar de forma imperceptível.

“Bom…” Teddy começou após olhar para a namorada e trocar um olhar sugestivo com a mesma. “Aí vamos nós, Indio.” Ele falou antes de dar a partida no carro e retirar-se das proximidades do Shell Cottage, dirigindo em direção à estrada que os levaria ao local onde ocorreria o Coachella.

Involuntariamente, a estudante de arte sentiu uma sutil pontada no peito ao proferir que era a melhor amiga do Potter. Não que ela não gostasse, mas ela provavelmente não passaria disso.

Um suspiro um tanto exausto foi a última coisa que escapou dos lábios de Dominique antes da mesma fechar os olhos e permitir-se descansar por algum tempo, não somente fisicamente, como também emocionalmente.

×××

“Hey, Teddy.” Nick disse assim que pôs os pés na cozinha da casa a qual sempre alugavam para passar os finais de semana do Coachella, puxando uma cadeira para sentar-se e cruzando os braços sobre a mesa, em seguida. “Cortou o cabelo? Gostei, ‘tá bonito. Bem mais legal do que antes.” Ela sorriu para o rapaz de cabelos azuis que a mirou desconfiado e com os olhos cerrados.

“O que você apostou com a Alice e a Rose agora, Nick?” Ele questionou acostumado com as apostas que elas realizavam entre si e balançou a cabeça de modo quase imperceptível. “E por que precisa da minha ajuda?”

“Como você sabe que eu preciso da sua ajuda e que apostei com as garotas?” A loira enrugou a testa, dispensando o plano de abordá-lo alegre, elogiando-o, perguntar sua opinião sobre o primeiro dia do festival e o que ele esperava para aquele segundo dia e, enfim, solicitar seu auxílio, acrescentando, obviamente, que pretendia fazê-lo participar da aposta de modo indireto.

“‘Tá na sua cara.” Teddy soltou uma risada pelo nariz. “Ah, qual é, Nick, você não viria até mim toda educada, como veio, antes de pedir um favor. Você diria algo como ‘E aí, cunhado, em qual canto escuro você e Toire vão se meter hoje, enquanto eu estiver no show da Lady Gaga e o James no do Nicolas Jaar?’. E aí afirmaria algo próximo de ‘Quero um favor seu e você vai me ajudar’.”

Dominique riu e balançou a cabeça levemente.

“É, você tem razão. Ser educada com você sem querer algo em troca não é a minha praia.”

“Definitivamente, não.” O Lupin sorriu. “Mas, então, qual foi a aposta da vez?”

“Alice desafiou a mim e a Rose…” A jovem parou de falar e soltou uma risada nasal da expressão surpresa do cunhado. “É, eu sei. Lice não costuma sugerir apostas.”

“Não mesmo.” Ele balançou a cabeça. “É, no mínimo, incomum.” Completou.

“Eu sei. Rose e eu também achamos, mas a ideia da Alice é genial.” A Delacour disse animada. “Ela nos desafiou a fazer mais referências durante o período de Coachella.”

“E, obviamente, quem fizer mais, ganha.” Teddy continuou a linha de raciocínio da loira. “Vocês precisam de alguém que esteja presente no festival e veja vocês constantemente pra identificar e calcular as referências, não é?” Ele arqueou a sobrancelha.

“É.” Nick sorriu e deu de ombros.

O Lupin ficou em silêncio por alguns segundos antes de suspirar sob o olhar atento e um tanto preocupado da loira — que estava começando a imaginar que ele iria negar, achando tudo aquilo uma enorme perda de tempo — e dizer, erguendo seus lábios sutilmente:

“Conte comigo, Nick.”

×××

“Aonde vamos primeiro?” Albus perguntou após entrelaçar seus dedos aos de Alice e cumprimentar os demais com um leve sorriso, achando uma certa graça do fato de Scorpius estar tentando chamar a atenção de Rose das mais diversas formas e a ruiva apenas o ignorar, rolando os olhos mediante às tentativas fracassadas do loiro e arrancando gargalhadas de Nick e James, que esperavam Vic e Teddy conferirem se eles não haviam esquecido nada na casa a qual tinham alugado.

“Acho melhor nos separarmos.” O primogênito dos Potter disse após recuperar-se das risadas. “Assim cada um vai para onde quiser ir e se diverte como bem entender. Aí, depois, a gente se encontra perto de algum lugar, tipo, o palco principal.”

“Concordo.” Rose revirou os olhos com uma expressão que mesclava-se entre irritação e um certo cansaço ao mirar Scorpius que continuava tentando chamar sua atenção.

“Ah, vamos colocar um sorriso nesse rosto.” Lice falou segurando o riso e olhando de relance para Teddy que aproximava-se deles com Victoire, esperando que ele tivesse escutado a referência. “Estamos no Coachella, afinal.” Ela concluiu com um sorriso de canto.

A ruiva cerrou os olhos para a Longbottom e cruzou os braços em frente ao corpo, irritada pela referência a um dos seus filmes preferidos.

“E que os jogos comecem.” Dominique rolou os olhos e disse debochada.

“Estão disputando referências?” James perguntou à loira próximo a seu ouvido e fazendo com que um pequeno arrepio passasse pelo corpo da Delacour.

“Talvez.” Ela mordeu o lábio inferior e o olhou com uma feição falsamente inocente, fazendo-o soltar uma leve risada pelo nariz.

“Uhum.” Ele concordou, enrugando a testa. “Talvez.” Fez aspas com os dedos ao repetir a fala da melhor amiga.

Nick riu.

“Você me conhece muito bem.”

“Conheço. E aposto que você vai ganhar essa aposta.” James disse fazendo-a olhá-lo com as sobrancelhas arqueadas. “Eu sei que foi uma aposta. Você não costuma fazer nada em vão.”

“Você definitivamente me conhece bem.” Ela falou com um sorriso um tanto bobo ameaçando tomar conta do seu rosto.

“Sim.” Ele concordou. “E não é algo ruim.”

“Hey, casal.” A voz sarcástica de Albus fez-se presente de repente e fazendo Nick e James afastarem-se de maneira brusca.

“Não somos um casal.” A loira disse repreendendo o Potter mais novo com o olhar.

“Mas você bem que queria.” Scorpius passou um dos braços pelos ombros de Rose e piscou um olho com um sorriso de canto.

“Discrição não é o seu forte não é, Malfoy?” A ruiva rolou os olhos e tirou o braço dele dos seus ombros sem muita gentileza.

“Delicada como uma flor.” Ele disse com a voz carregada de sarcasmo.

“Eu sou uma flor, mas toda rosa tem espinhos.” Ela retrucou com superioridade, erguendo uma das sobrancelhas e arrancando assobios dos demais.

“Toma essa, Malfoy!” James gargalhou.

“Rá, rá, rá.” Scorpius revirou os olhos. “Muito engraçado.”

“Realmente foi hilário.” A Delacour debochou.

“Que orgulho da nossa garotinha, não é, Nick?” Alice perguntou mirando a amiga com uma sobrancelha arqueada.

“Sem dúvida alguma.” A loira concordou com um discreto aceno de cabeça e um sorriso um tanto maldoso nos lábios.

“Ah, qual é!” Scorpius abriu os braços, inconformado. “Até vocês duas? Tudo bem, eu vivo implicando e tirando sarro de vocês, mas, fala sério, ninguém vai me dar apoio?”

“Não.” Albus sorriu para o melhor amigo e puxou Lice contra si cuidadosamente, beijando-lhe a testa com carinho, em seguida.

“Valeu, aí, Albus.” O loiro disse sarcástico em meio a um rolar de olhos.

“Sempre que precisar.” O Potter mais novo piscou-lhe um olho. “Então… Vamos continuar discutindo e bancando os cupidos, ou vamos aproveitar esse festival?”

“Aproveitar o Coachella.” Alice riu. “Podemos unir nossos otp’s depois, Albus.” Ela beijou-lhe suavemente, fazendo-o sorrir, e o puxou em direção ao evento, afastando-os dos demais.

“Sensata.” Victoire comentou vendo-os se distanciar. “Bom, é o seguinte: eu vou falar as mesmas coisas que eu sempre falo somente por hábito, ok?”

“E pra cumprir as ordens de todos os nossos responsáveis.” Dominique sorriu com um certo deboche.

“Ah, agora ela cumpre ordens?” Rose questionou arqueando as sobrancelhas. “Achei que ela fosse especialista em quebrá-las, e não em transmiti-las.”

“Caham.” Teddy fingiu uma tosse e mirou as garotas com um ar de repreensão, mas era notável um rastro de divertimento no olhar do rapaz.

“Foi mal aí, francesa e cara do Texas.” Rose revirou os olhos.

“Você realmente não desapega desses apelidos não é?” Toire inclinou a cabeça levemente para o lado.

“De jeito nenhum.” A ruiva sorriu e deu de ombros.

“Ok.” A Delacour mais velha suspirou. “Vou ser sucinta quanto às ‘regras’:” Ela fez aspas com os dedos. “aproveitem o festival mas não causem muitos problemas.” A loira repensou o que disse antes de completar rapidamente. “Ou melhor, não causem nenhum problema. De forma alguma.”

“Você que manda.” James e Scorpius falaram ao mesmo tempo.

“Ah, não digam isso.” Nick balançou a cabeça, simulando decepção. “Ela vai ficar mais mandona do que o normal.”

“É possível?” O Malfoy arregalou os olhos com um sorriso discreto.

“Acreditem.” A ruiva arqueou as sobrancelhas de maneira dramática e acenou em concordância. “É possível.”

“Também amo vocês.” Victoire rolou os olhos e entrelaçou seus dedos aos de Teddy, puxando-o delicadamente em direção ao evento, segura de que não haviam esquecido nada útil.

Aproveitem o dia! Façam suas vidas serem extraordinárias!” O Lupin gritou por cima do ombro, divertido, e arrancando gargalhadas descontraídas pela referência.

×××

“Não sabia que franceses tinham interesse por tatuagens.” James comentou parando ao lado de Dominique, que observava o estúdio através do vidro que separava-os enquanto mordia o canto do lábio inferior, mergulhada em seus próprios pensamentos. “Nick?” Ele franziu o cenho e inclinou a cabeça um pouco para frente para entrar no campo de visão da loira e despertá-la.

“Oi.” Ela balançou a cabeça levemente. “Desculpe, eu só...”

“Estava imaginando a reação do seu pai quando ele descobrisse que a filhinha dele fez uma tatuagem.” O Potter riu fazendo com que os milk-shake’s que ele carregava se chacoalhassem de modo quase imperceptível. “Quer dizer, que está prestes a fazer.”

“Eu não diria ‘prestes a fazer’.” A jovem suspirou. “Eu não sei se...” Ela parou momentaneamente e tornou a morder o lábio antes de encarar o melhor amigo. “Não sei se devo. E se eu me arrepender?” Outro suspiro escapou dos seus lábios. “Papai iria me matar.”

“Nick.” James disse e ela o viu pôr as bebidas num banquinho simples que havia por perto antes de retornar a falar. “Olhe pra mim.” Ele disse com suavidade fazendo-a olhá-lo e o rapaz identificar uma batalha interna na qual ele não poderia fazer muito somente ao mirar diretamente nas orbes azuis da Delacour. “Você já é responsável por si mesma, apesar de ainda morar com seus pais por eles serem muito protetores pra deixarem a garotinha deles ir morar sozinha e aceitar que ela já pode cuidar muito bem do próprio nariz,” Ele tocou o nariz da melhor amiga com o indicador ao mencionar a parte do rosto e a fez dar um pequeno sorriso. “e, até onde eu sei, e você tem conhecimento que eu sei de muita coisa,” James piscou um olho fazendo a loira revirar as orbes e aproximou-se dela. “você tem muita certeza do que quer. Você quer fazer uma tatuagem a anos, Nick. Eu sei que quer. Não deixe seu pai te impedir de fazer o que almeja porque seu desejo não o agrada por completo. Ele te deu a vida, mas é você que deve aproveitá-la.”

Dominique ficou em silêncio por algum tempo, absorvendo as palavras do melhor amigo, e mordeu o lábio inferior levemente, sem saber ao certo o que dizer. Ela desviou o olhar de James e ele suspirou, aproximadando-se mais da loira e colocando seu rosto entre as mãos, fazendo-a encará-lo e prender a respiração pela proximidade.

O Potter fitou-a diretamente nos olhos e ela sentiu sua respiração ficar mais pesada. As batidas cardíacas de Nick tornaram-se mais audíveis para a mesma e ela teve a impressão de possuir pequenas e agitadas borboletas em seu estômago.

James acariciou a maçã do rosto da Delacour com o polegar esquerdo e afastou uma mecha do cabelo da jovem com os dedos da mão direita, pondo a mão nas costas da loira e colando seus corpos, em seguida.

Dominique fechou os olhos e respirou rapidamente, inclinando a cabeça de modo quase involuntário, antes de sentir um sutil aperto em sua cintura e as respirações de ambos se misturarem. Os lábios de James roçaram levemente nos seus e ela suspirou ao ter o toque quente e macio da boca do moreno.

O som de uma bebida sendo derramada ao mesmo tempo que entrava em contato com o solo os fez se distanciarem, assustados pelo barulho repentino, e darem-se conta do toque íntimo que começaram a ter. Nick fechou os olhos, com o rosto ruborizado, e murmurou algo incompreensível até para ela mesma antes de dar as costas ao melhor amigo e afastar-se dele.

James suspirou, passando a mão pelo cabelo em um gesto claro de nervosismo, e olhou para o local onde os milk-shake’s haviam caído devido à uma ação descuidada de alguém que tinha esbarrado no banco de madeira simples.

×××

De bruços, Dominique espalhou suavemente as fotografias polaroid tiradas durante o primeiro final de semana do Coachella com as pontas dos dedos pela cama do seu quarto e inclinou a cabeça que repousava sobre a palma da mão direita para o lado, mirando a janela embaçada pela chuva que caía desde o início da tarde e deixando algumas mechas do cabelo loiro cair pela colcha.

Um suspiro escapou dos seus lábios e ela fechou os olhos. Apesar de haver apenas ela e Victoire em casa — já que seus pais e Louis tinham saído para o boliche habitual das quintas-feiras, permitindo que um certo silêncio se instaurasse no Shell Cottage — e o som das gotículas de água chocando-se contra a janela de vidro do cômodo a agradasse, a paz externa que a rodeava contrastava com o caos interior que a loira sentia.

Ela não estava confusa sobre o que sentia por James — pois já sabia que possuía sentimentos diferentes por ele desde o momento em que viraram realmente amigos e que havia apaixonado-se pelo primo por completo após beijá-lo — mas sim, com o que ele sentia.

Ela pegou uma fotografia polaroid qualquer e a manipulou entre os dedos esquerdos de modo quase involuntário, tentando distrair-se por alguns míseros instantes.

A loira sorriu levemente ao mirar a foto que possuía entre o polegar e o indicador e recordar-se do momento exato em que ela havia sido tirada.

Nela, estava retratada Alice com o braço direito sobre os ombros da Delacour mais nova e Dominique segurando um copo de milk-shake com a mão esquerda enquanto possuía o canudo do mesmo nos lábios. A morena tinha o outro braço erguido, em uma espécie de comemoração por estarem no show da Lady Gaga, e um enorme sorriso no rosto, enquanto a loira sorria discretamente e tinha um dos olhos fechados por ter piscado para a câmera no momento em que Teddy havia batido a foto.

“Nick?” Toire chamou-lhe com a voz suave e o cenho franzido, tirando-a dos seus devaneios e adentrando no quarto a passadas leves, utilizando um coque despojado preso por um lápis negro de desenho e que deixava alguns fios loiros caírem de cada lado do seu rosto, emoldurando-o. “Qual é o problema, petite soeur?” Ela sentou-se perto da irmã e deslizou seus dedos por algumas mechas do cabelo da mais nova com carinho. “Eu imaginei que você fosse aproveitar esse friozinho gostoso que tanto ama para tirar um cochilo ou fazer algo que gosta, e não que estivesse acordada e com essa expressão melancólica.”

Dominique entreabriu os lábios mas os fechou rapidamente, sem saber ao certo o que responder, e limitou-se a apenas balançar a cabeça, tentando transmitir à irmã a ideia de que não havia razão alguma para a sua notável preocupação e de que não tinha nenhum motivo em especial para sua aparente tristeza.

“Eu gosto de olhar fotografias.” A mais nova respondeu por fim, dando de ombros, e tornou a ter em mãos outra foto aleatória. “Principalmente as do Coachella.” Ela sorriu olhando para a fotografia na qual Rose estava de costas e metros à frente da roda-gigante do festival, fingindo segurá-la enquanto o vento balançava seus fios ruivos, dando um ar mais belo e espontâneo à foto.

“Eu sei.” Victoire respondeu com simplicidade.

Um silêncio carregado de expectativas pairou sobre as jovens por alguns minutos antes da mais velha decidir quebrá-lo, parando de morder o lábio inferior levemente e o carinho nos fios da irmã.

“Eu… vou ser direta, ok?” Toire questionou, cuidadosa, e retornando a ter a fisionomia preocupada de antes.

“Vá em frente.” Nick suspirou e sentou-se na cama, encostando a testa no vidro frio da janela e pondo uma almofada estampada de lírios brancos sobre as pernas cruzadas.

“James fez algo pra te deixar mal assim?” As maçãs do rosto da loira ganharam uma coloração avermelhada e ela cerrou os olhos para a irmã, em uma mescla de preocupação e irritação.

“Não, não.” Dominique negou com a cabeça, balançando-a sutilmente sem desgrudar a testa do vidro. “James…” Ela parou, mordeu o lábio inferior com os fechados e, por fim, suspirou. “James quase me beijou no sábado e, bem, eu fiquei um pouco confusa.” Nick deu de ombros. “Na verdade, eu ainda estou.” Ela franziu o cenho e abriu os olhos, encarando a irmã. “Não com o que eu sinto, mas com o que ele sente, sabe?”

“Oh.” Victoire arregalou os olhos e os piscou lentamente antes de enrugar a testa, confusa. “Por que você está preocupada com isso, sendo que o James sente o mesmo que você?”

“Sente?” Dominique entreabriu os lábios, sem saber o que responder. “Como você sabe disso? Ou melhor, como você tem tanta certeza assim?”

Toire tomou as mãos da irmã entre as suas e as apertou suavemente, sorrindo.

“É só observar como vocês agem um com o outro e tudo o que vocês sentem se torna claro para qualquer um.”

“É tão óbvio assim?” Nick uniu as sobrancelhas e inclinou a cabeça levemente para o lado.

“É. Na verdade, já devia ser claro até para vocês mesmos.” Victoire retrucou com sinceridade antes de apertar as mãos da mais nova entre as suas outra vez, com um sorriso discreto e confiante, e beijar sua testa, levantando-se da cama, em seguida, e deixando-a sozinha novamente.

×××

Olá…” Rose aproximou-se dos amigos onde haviam combinado de se encontrar ao final do segundo dia de Coachella com um sorriso de canto e após sair de uma das barracas de entretenimento espalhadas pelo local do festival, colocando o antebraço direito sobre o ombro esquerdo do melhor amigo, Albus, e olhando de esguelha para Teddy, que conversava animadamente com James e envolvia Toire em um abraço lateral, em seguida. “Eu quero jogar um jogo.” Ela declarou com certo deboche e piscou um dos olhos para Alice e Dominique que haviam parado de dialogar entre si ao reconhecer a referência aos filmes Jogos Mortais.

“Que tipo de jogo, Weasley?” Scorpius perguntou com o cenho franzido e uma das sobrancelhas arqueadas, fazendo a ruiva arregalar os olhos e o sorriso discreto que havia em seus lábios desaparecer.

“O quê?” Ela questionou, surpresa, e tirou o antebraço do ombro do melhor amigo.

“Ué, você propôs um jogo.” Ele respondeu como se fosse óbvio e com uma expressão que mesclava-se entre confusão e irritação. “Eu ‘tô perguntando que tipo.”

“Hm…” Rose buscou auxílio com o olhar aos demais e bufou exasperada ao notar que ninguém lhe ajudaria, já que estavam ocupados demais tentando não gargalhar das circunstâncias. “Você não entendeu a referência, Malfoy?” Ela foi direta para escapar da situação levemente constrangedora.

“Entendi.” Scorpius replicou com simplicidade. “Mas ainda estou interessado no jogo.” Um rastro de malícia passou pelo seu olhar e ele viu Albus se afastar discretamente pelo canto do olho enquanto ele aproximava-se aos poucos da ruiva.

“Hm…” Ela mordeu o lábio inferior e desviou seu olhar para Alice, buscando novamente algum tipo de auxílio da morena, mas fez uma careta um tanto infantil de nojo ao vê-la ocupada beijando o Potter mais novo, como se ela mesma nunca houvesse beijado ninguém. “Er…” Ela inclinou a cabeça para o lado esquerdo e tentou ter Nick em seu campo de visão, em uma última tentativa de pedir ajuda — pois sabia muitíssimo bem que James, Teddy e Victoire não a auxiliariam, já que estariam bastante ocupados acompanhando o desenrolar da cena à sua frente e tentando não gargalhar —, mas o loiro imitou seu movimento e bloqueou sua visão, fazendo-a encará-lo irritada e ele sorrir em resposta.

“Perdeu a fala, Weasley?” Scorpius sussurrou inclinando-se para Rose e tocando o nariz salpicado de sardas dela com o seu nariz fino e aristocrático.

“É claro que não, Malfoy.” Ela respirou fundo e buscou olhá-lo de forma superior e imperturbável.

“Por quanto tempo mais você vai fingir que me odeia por causa das empresas concorrentes dos nossos pais sendo que você gosta de mim?” O loiro questionou e suspirou frustado, deixando a jovem sem palavras.

Ela piscou lentamente, encarando-o surpresa, e balançou a cabeça, depois de algum tempo, ainda ser saber o que dizer.

“Eu…” Rose mordeu o lábio inferior. “Eu não sei o que dizer quanto isso.” Confessou.

“Não precisa dizer nada.” Scorpius inclinou-se mais e tocou seus lábios suavemente sobre os da ruiva. “Só confirme que gosta tanto de mim quanto eu gosto de você.” Completou, mordendo o lábio inferior da jovem com delicadeza.

“Está tão na cara assim?” Ela suspirou e enlaçou seu pescoço, aproximando-os.

“Sim.” Ele riu pelo nariz. “Nossas provocações nada sutis, nossos joguinhos ocasionais, nossa atenção um com o outro, nosso carinho mútuo…” Malfoy disse, sorrindo, e acariciou o rosto alvo da jovem com o polegar enquanto segurava sua nuca com carinho com os outros dedos e deslizava seu nariz pelo ponte do nariz dela.

“Nós somos tão óbvios.” Rose murmurou com os olhos fechados, aproveitando o carinho, e riu levemente, em seguida.

“É.” Scorpius concordou. “Não somos muito, ou melhor, não somos nada, discretos.” Ele falou antes acabar com a distância que seus lábios ainda possuíam e colou os seus aos da ruiva, sem se importar nenhum um pouco com a platéia que havia formado-se ao redor deles e que os assistia aos assobios, fazendo a Weasley corar furiosamente e ele sorrir em meio ao beijo, mas nem por isso interrompê-lo.

×××

“Tem certeza de que é uma boa ideia, Albus?” Alice mordeu o canto do lábio inferior e franziu o cenho com os braços cruzados em frente ao corpo, remexendo-se inquieta e encostando-se melhor na parede colorida de uma das estruturas arquitetônicas do local do festival enquanto mirava o namorado um tanto apreensiva. “É que, bem, você não é um bom cupido e não tem habilidade pra elaborar planos relacionados a unir pessoas.” Ela disse sincera e arqueou as sobrancelhas, dando ênfase em sua fala.

“Eu não sou um bom cupido e não bolo planos muito bons pra formar casais, eu sei.” O Potter revirou os olhos e sorriu para a morena. “Mas tem alguém aqui que não é assim.” Ele ergueu uma das sobrancelhas e inclinou a cabeça sutilmente na direção da Longbottom.

“Eu?” Ela o olhou, confusa. “Eu não sou uma boa cupido.” Balançou a cabeça. “Rose e Scorpius estão juntos por atitude dele e falta de resistência dela.”

“Não diga isso.” Albus enrugou a testa e falou num tom repreensível, mas sem realmente censurá-la ou criticá-la pelo o que disse. “Eles não estão juntos somente por causa deles. Você foi e é responsável por bastante coisa que os uniu.”

“É…” Alice desviou o olhar, levemente ruborizada, e tornou a mirá-lo preocupada. “Mas você tem certeza que isso, esse seu plano, insano, diga-se de passagem,” Ela ergueu o indicador na altura do rosto e apontou para o namorado. “vai dar certo? Quer dizer, nós praticamente estamos obrigando Nick e James a ficarem juntos!”

“Fazê-los entrar na roda-gigante não é forçá-los a ficar juntos, como você ‘tá dizendo.” Ele rolou os olhos e aproximou-se mais da morena, fazendo seus corpos colaram-se. “Eles vão pra roda-gigante justamente pra não terem tanta pressão quanto teriam se estivessem no solo e ao alcance dos nossos olhos.” O Potter acariciou o rosto da namorada com o polegar direito e beijou o canto dos seus lábios. “Relaxa.” Ele prolongou a segunda sílaba e deslizou o nariz pelo pescoço da Longbottom.

“Tudo bem.” Alice suspirou, apreciando o carinho, e inclinou a cabeça para o lado, permitindo mais espaço para o toque. “Mas pare de me distrair.” Ela o repreendeu com um discreto sorriso, voltando a encará-lo, como se não gostasse do afeto.

“Não prometo nada.” Albus disse com um sorriso de canto antes de selar seus lábios aos da morena com avidez e apertar a cintura dela contra si, unindo seus corpos ainda mais.

×××

“Eu vou matar a Alice.” Dominique murmurou para si mesma após sentar-se ao lado de James e realizar todas as medidas de segurança necessárias para embarcar e manter-se na roda-gigante. “Maldito acordo de ela não fazer mais referências por hoje e eu poder me beneficiar disso.” A loira suspirou, começando a se arrepender de ter aceitado a proposta da amiga.

“Já decidiu qual tatuagem fazer, Nick?” James questionou, virando-se para ela e deixando de observar o festival embaixo deles que se distanciava cada vez mais devido à altitude que ganhavam. Como em um acordo silencioso, eles haviam decidido não tocar no assunto que tanto os perturbava intimamente: o quase beijo que tiveram.

“Bom…” Ela começou, grata por possuírem assunto para conversarem por algum tempo e eles não terem que lidar com um silêncio quase mórbido e constrangedor. “Eu estive pensando em fazer uma borboleta no pulso esquerdo. Ela ‘taria com as asas abertas e os traços do desenho seriam finos e bem detalhados.” A Delacour respirou fundo antes de continuar e sorriu, mais leve e animada, para o melhor amigo. “O corpo da borboleta teria um sombreado e seria mais escuro do que o restante da tatuagem.”

“Wow.” Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso, e sorriu, contente pela felicidade da melhor amiga e aliviado por a relação deles não ter mudado muito. “Alguém esteve pensando bastante no que vai fazer, hein?”

“É claro.” Dominique rolou os olhos e retrucou com um sorriso de canto. “Eu sou uma pessoa sensata e que pensa antes de agir, então, obviamente, eu tinha que saber muito bem qual tatuagem fazer.”

James riu.

“Se você está dizendo, Delacour.” Ele provocou, erguendo uma sobrancelha e fazendo-a revirar os olhos.

“Você já teve respostas melhores, Potter.” Ela debochou e o encarou com uma expressão superior.

“Tive?” James perguntou, aproximando-se e colocando o braço esquerdo sobre os ombros de Dominique. “Me relembre esses momentos, Delacour.” Ele deu um sorriso de canto.

“Eu não posso fazer nada, Potter.” Ela sorriu, desafiadora. Seus batimentos cardíacos estavam acelerados pela proximidade, mas James não precisava saber disso. “Se vira.”

“Língua afiada.” Ele apontou.

“Sempre.”

“‘Tô vendo.” James aproximou seu rosto do de Nick e sussurrou, encarando-a. “Mas preciso tirar a prova antes de afirmar sem dúvida alguma.” Ele completou antes de acabar com a distância que havia entre seus lábios e os da loira e a beijar avidamente, sendo correspondido com a mesma intensidade.

Dominique inclinou a cabeça para o lado a fim de explorar a boca do moreno o máximo possível e remexeu-se desconfortável pela posição não muito agradável para beijos.

Notando o incômodo da Delacour, James passou o braço pela cintura dela, aproximando-a de si e fazendo-a ficar de joelhos sobre o assento, e afagou suas costas com uma das mãos, enquanto a outra acariciava seu rosto com o polegar.

Nick passou os antebraços sobre os ombros do Potter e enroscou os fios negros em seus dedos, puxando-os levemente. Ela diminuiu o ritmo do beijo e mordiscou o lábio inferior de James, que, em resposta, deslizou a mão que estava nas costas da loira para sua cintura, apertando-a e deixando um rastro de calor pelo local.

Um sutil tremor na cabine, indicando que a mesma havia parado, fez com que Dominique e James se separassem, ofegantes. Eles se encararam por alguns segundos, sem saberem ao certo o que dizer, até que o rubor se espalhou pelas maçãs do rosto da Delacour e a risada rouca do Potter cortou o ar, quebrando o silêncio que havia se instaurado.

“Hm…” A loira entreabriu os lábios e desviou o olhar do rapaz, sentindo seu rosto de aquecer e ganhar uma coloração mais intensa de vermelho. “Eu…” Ela arriscou olhá-lo e deu de cara com uma expressão de pura diversão, que a fez rolar os olhos e socar-lhe o peito.

“Porra, Nick.” Ele reclamou, massageando o local com uma das mãos. “Não precisa me bater só porque a gente se beijou. Eu não quero levar um soco toda vez que fizer isso.”

“Em primeiro lugar, eu não te bati forte.” Ela ouviu um resmungo de discordância, mas o ignorou prontamente. “Em segundo lugar, você não levou um soco por ter me beijado, e sim, porque não ‘tava me ajudando rindo por dentro enquanto eu ‘tava corada e tentando falar. E, em terceiro lugar, o que você quer dizer com isso de ‘toda vez que fizer isso’, além do óbvio?”

“Primeiramente, seus socos são fortes sim.” Ele retrucou, fazendo-a rolar os olhos. “Em segundo lugar, você não ‘tava corada, você ainda ‘tá.” James desviou de um tapa e segurou as mãos de Dominique, rindo, colocando-as atrás do corpo da Delacour e a aproximando de si. “Você fica linda ruborizada, Nick.” Ele murmurou e beijou o canto dos lábios dela, deixando-a sem reação por alguns instantes. “E, por último, mas não menos importante, eu sou completamente apaixonado por você, e pelo que essas circunstâncias e outras situações indicam, você também é apaixonada por mim.” James respirou fundo antes de continuar e sorriu ao ver a expressão atônita da loira. “Então, eu acho que é justo a gente se beijar.” Ele deu de ombros. “Só se você quiser, claro.” Completou, rápido.

“Isso… é uma espécie de pedido de namoro?” Ela perguntou, divertida, e mordeu o lábio inferior, buscando não gargalhar da leve vermelhidão que se espalhou pelo topo das maçãs do rosto do Potter. “Porque se for, minha resposta é sim.”

×××

“Wow.” Teddy disse com as sobrancelhas arqueadas e um leve sorriso ao ver James e Dominique se aproximarem do ponto de encontro que eles haviam determinado horas antes com os dedos entrelaçados. “Deixamos vocês sozinhos por alguns minutos e isso já acontece?” Ele perguntou com o tom de voz divertido e cruzou os braços em frente ao corpo.

“Pra você ver, Teddy.” Toire olhou para o namorado com uma das sobrancelhas erguidas antes de mirar a irmã mais nova e piscar, sorrindo para ela. “Eu sabia que deixar vocês sozinhos por algum tempo era uma boa ideia.”

“Ótima ideia.” Albus corrigiu apontando o indicador levemente inclinado para Victoire. “Alice é genial.” Complementou.

“Eu não fiz nada demais.” A Longbottom falou com o rosto corado. “O casal que deu trabalho mesmo foi scorose.” Ela riu, olhando de relance para Rose e Scorpius, que conversavam entre si, mais afastados, e sorriam um para o outro ocasionalmente.

“A gente imagina.” Nick comentou, rindo.

“Imagina nada.” Alice debochou, fazendo a loira arquear as sobrancelhas. “Te fazer entrar naquela roda-gigante foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz.”

“Não exagera.” Dominique retrucou, revirando os olhos.

“Não é exagero. Você tem noção do quão foi doloroso ter que prometer não fazer mais referências por hoje só pra você embarcar no brinquedo?”

“Na verdade, não.” A Delacour mais nova riu, ocasionando em um rolar de olhos de Alice e gargalhadas dos demais.

“Espera.” James franziu o cenho. “Você foi forçada?” Ele ergueu as sobrancelhas.

“Mais ou menos. No fundo eu queria ir mesmo.” Nick deu de ombros e escutou assobios ao seu redor, fazendo-a lembrar-se de que eles não estavam sozinhos. “Oh, Deus.” Ela suspirou, balançando a cabeça, e sorriu discretamente.

“Então, não foi muito diferente do que aconteceu com nós dois pra sairmos da roda-gigante.” O Potter a encarou com um sorriso divertido e malicioso, erguendo a sobrancelha direita.

“Não, não foi.” Ela concordou, rindo.

“Com licença.” Rose acenou, aproximando-se com Scorpius dos amigos, e encarou James e Dominique com um sorriso leve e uma expressão curiosa. “Tem pessoas que não sabem do que vocês estão falando mas que gostariam de o fazer.”

“Bom, talvez, mas só talvez, eu e James tenhamos nos beijado na roda-gigante, ficado por lá por um tempo adicional, recebido uma pequena bronca por isso e, em seguida, sido praticamente expulsos do brinquedo.” A Delacour respirou fundo, tentando manter a feição focada que utilizava. “Mas só talvez.”

“Caralho.” Scorpius deixou escapar e balançou a cabeça, surpreso. “E vocês ficaram o quê? Meia hora sozinhos?”

“Contando o tempo que levamos pra eu fazer a tatuagem que queria há tempos ou não?” Nick questionou com falsa curiosidade e deixou o pulso tatuado à mostra, arqueando uma das sobrancelhas e deixando a maioria dos amigos com expressões perplexas.

“Papai vai te matar.” Toire comentou, sorrindo levemente para a irmã e quebrando o silêncio, enquanto mordia o canto do lábio para não gargalhar das fisionomias desconcertadas dos demais. “Mas, hey, quem se importa?” Ela deu de ombros, fazendo todos olharem para ela, mais boquiabertos do que antes. “Ah, qual é.” Victoire revirou os olhos. “É só uma tatuagem. E apesar do nosso pai ser superprotetor, ele tem consciência de que não vai poder proteger a Nick pra sempre. Sem falar que nada a impede de fazer o que quer.”

“Nós sabemos que nada a impede.” Alice disse e olhou para o pulso de Dominique. “Sabemos ainda mais, agora.” Ela riu, batendo com delicadeza o ombro no peito do namorado, fazendo-o recuperar-se da notícia repentina e balançar a cabeça, sorrindo discretamente.

“Vai fazer o quê, agora?” Scorpius questionou, com um sorriso de lado. “Pintar o cabelo de roxo?”

“Nah.” Nick fez um gesto de descaso com mão antes de dar de ombros e piscar para o Malfoy. “Azul é melhor.”

“Obrigado.” Teddy passou a mão esquerda pelo cabelo, bagunçando-o, e, em seguida, pôs a outra mão no peito, dramaticamente agradecido, arrancando risadas dos que estavam ao redor.

“Não tem de quê.” Dominique piscou um dos olhos para o cunhado e sentiu James a abraçar pela cintura, aproximando-a dele enquanto inclinava-se para ela e sussurrava com os lábios erguidos, fazendo-a encará-lo: “Plug into you.”

Ao reconhecer um dos trechos da sua música favorita, ela sorriu e complementou, com um tom melódico, deslizando a ponta do seu nariz pela ponte do nariz do Potter:

“Boy, you’re my favorite song.”

 


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Notas finais do capítulo

» os trechos “Plug into you.” e “Boy, you’re my favorite song.”, cantados por James e Nick, são da música “Melodies”, da Madison Beer.

» referências feitas ao longo do capítulo:

• Captain » Captain America » Capitão América - Marvel;

• Black Widow » Viúva Negra - Marvel;

• Athena » deusa, na mitologia grega, da civilização, da sabedoria, da estratégia em batalha, das artes, da justiça e da habilidade;

• Alicia Clark » uma das personagens sobreviventes do apocalipse zumbi da série “Fear the Walking Dead”;

• Rachel Sexton » analista do NRO [Escritório Nacional de Reconhecimento] e uma das personagens principais da obra “Ponto de Impacto”, de Dan Brown;

• Querida » “apelido” dado por Maxon Schreave a America Singer, ambos, obviamente, de The Selection, quando Meri sentiu-se sufocada no castelo e ele a perguntou: “Está tudo bem, querida?”, obtendo como resposta um: “Eu não sou sua querida.”;

• “vamos colocar um sorriso nesse rosto” » frase do filme “Batman, o Cavaleiro das Trevas”;

• “Que os jogos comecem” » citação do filme “Jogos Mortais”;

• “Aproveitem o dia! Façam suas vidas serem extraordinárias!” » frase levemente modificada do filme “Sociedade dos Poetas Mortos”;

• “Olá… Eu quero jogar um jogo.” » fala de Jigsaw nos filmes Jogos Mortais.

•••

Eu espero muito que vocês tenham gostado, porque essa one deu um fucking trabalho hahahaha

Aguardo o feedback (maravilhoso, como sempre, e que eu amo) de vocês ♥

Até a próxima, meus amores! ♥

xoxo, @itgirlily ♥



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