“Não precisamos de amor para viver”. Diz você, numa milimétrica poesia, deixada ao canto da bandeja de café da manhã que você sempre traz a minha cama, junto aos primeiros indícios do novo dia.

Embora eu reclame, sento e sorrio lhe buscando pelo quarto. É incrível como seu olhar carismático recarrega minha energia. Mesmo quando utiliza suas irritantes charadas, você consegue dissimular meu mau humor. E foi assim, sem pedir permissão, você adentrou a minha Antártica solidão, tornando-se a minha constante fonte de calor. 

Por isto, durante todo o dia, você é meu suporte, meu Norte. Cada vez que segura minha mão e me fita com tanta confiança... Sei não... Acho que estou confundindo alguma emoção, já que você foi a primeira pessoa a me creditar tanta esperança.

Quando estou dentre a multidão, meus olhos anseiam te encontrar. Sorrindo contido, eu agradeço pela sorte, nossos caminhos, intercruzar. E, hoje, ainda que por um postigo... Eu sei, é errado, mas mereço castigo...?  Aos poucos, estou começando a te ver como mais do que um amigo.

Ao fim do dia, eu te abraço apertado, não quero que você vá. Temo dormir, pois se isto for um sonho, eu não quero despertar. Apertando sua camisa, soa vagamente possessivo, contudo não admito que algo venha nos separar.

Confortando-me, você deita comigo e garante que tudo ficará bem. Eu não posso ser tão dependente, mas deste sentimento, sinto-me feliz por ser cada vez mais refém.

E assim, repousando a cabeça em seu peito, num sôfrego sussurro, eu confirmo sua hipótese que “amor é somente para os fracos”. E enquanto adormeço, em minha mente, ressoa um enigma que não pode ser solucionado: “Se é assim, por que me sinto tão forte ao seu lado?” .