A lenda escrita por InsaneBoo


Capítulo 2
O pedido


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAH A emoção de clicar no "concluído" a primeira vez é incrível!
Muito obrigada a todo mundo que chegou até aqui e deu um voto confiança pra história. ♥
Espero que gostem, boa leitura e nos vemos numa próxima! o/



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“Luz que banha a noite

E faz o sol adormecer

Mostra como eu amo você”

E mais uma vez, recaiu o tal silêncio. Porém como felizmente eram a maioria dos silêncios daqueles dois, era um silêncio faceiro, onde residia alegria e a plenitude de quem não precisava de muito para dizer tudo.

Não precisava de muito além de Lee, na posse de um sorriso enorme e brilhante, como se quisesse competir com a Lua, que parecia estar trabalhando especialmente aquela noite, para deixar cada dos traços dos dois mais relevante e bonito aos olhos um do outro, exaltando a intensidade de cada sentimento que lhes perpassavam, eles tentando disfarçar ou não. 

Não precisava de muito além do beijo que iniciaram, tão atraídos, que era praticamente impossível dizer de quem foi a iniciativa.

Mesmo que algo no fundo de sua mente tentasse lhe repreender com um “não foi isso o que você se prometeu que faria”, Gaara olhava para ele tão resplandecente e caloroso sob si, sentia seu gosto e seu toque o reclamarem por inteiro de forma tão assertiva, que desistia a passos largos de resistir, antes mesmo de começar a tentar.

Simplesmente se deixou arrepiar e soltar um sutil gemido contido, quando finalizado o beijo, as mãos do outro se emaranharam em seu cabelo e o puxaram habilmente pra trás, deixando o pescoço exposto para ser explorado. 

Já Lee, pensava enquanto agia, no quão contente estava de ter encontrado na frase dele, a deixa perfeita que queria esse tempo todo.

Respirou fundo quando se afastou, permitindo que ambos recuperassem o fôlego. Perderam a noção de quanto tempo passaram naquela troca de contato, deixando que suas mãos passeassem explorando o outro com saudade, ainda que não tenham se excedido muito. Nenhum dos dois tinha experiência em passar desse limite e nunca pareciam ter tempo ou uma situação decente para explorar isso.

Começou a tentar espantar o nervosismo e evocar ainda mais sua coragem, antes de disparar na frase que Gaara recebeu quase que como um tapa inesperado.

— Também acho que fazemos um ótimo trabalho em conjunto. E é por isso que eu queria te perguntar... Quer casar comigo?   

Foi instantâneo e automático sentir uma espécie de breve dor sufocada, algo como um aperto no peito. Passou a se apoiar nas próprias mãos, se desenlaçando do rapaz que começava a quebrar seu entusiasmo, julgando como negativa sua reação. 

Até que Gaara se permitiu rir um pouco, um nítido riso nervoso, que mais parecia um lamento. Tentou evitar tanto chegar perto "desse assunto" e Lee o surpreendia justamente com essa pergunta. 

E bom, agora o pupilo da Besta Verde de Konoha, estava confuso. 

Aquilo era tão Rock Lee... Por isso Gaara acabou não resistindo ao riso, porque se pegou admitindo que se não fosse ele mesmo, o tipo de pessoa que admirava e se emocionava com esse tipo espontâneo e puro de agir, apesar de ser visto, talvez até erroneamente, como alguém muito fechado e sério, não estariam ali naquela situação. 

Por mais que Lee sempre lhe impulsionasse uma vontade de relaxar de todos os pesos que carregava e simplesmente acompanhá-lo, não importando o quão louco fosse a rota que escolhera, dessa vez ainda que contrariado e preocupado por magoar o companheiro, Gaara achou que devia se explicar, justificando o que lhe perturbava. 

Isso era mais ou menos o que pretendia dizer inicialmente, antes de se encontrarem ali, então se podia dizer que agora era a sua deixa. 

— Não me entenda mal, por favor. Não é como se eu não te amasse. O problema é que eu já sou casado. A noiva de um Kage sempre será sua aldeia... – Desabafou sincera e até um pouco tristemente, terminando por parafrasear o que ouviu dos anciões no dia de sua posse. 

"Se a lenda dessa paixão

Faz sorrir ou faz chorar

O coração é quem sabe

Se a lua toca no mar

Ela pode nos tocar

Pra dizer que o amor não se acabe"

E com essa pequena frase, resumiu todos os empecilhos que se colocariam a frente deles, caso quisessem avançar, sem precisar se estender. 

Achou que fosse ver Lee ficar chateado, atingido, até mesmo chorar como é muito típico de sua intensidade. 

Porém, eles definitivamente não estavam priorizando as mesmas partes do discurso. Gaara percebeu isso quando o rapaz pela segunda vez naquela noite tomou seu rosto entre as mãos, obrigando-o a notar que estava mais radiante do que nunca. Não deu nem tempo de questionar “como assim?” e Lee já indagou:

— Pode repetir o que disse? 

"Ah, sim...", pensou enfim compreendendo o que lhe despertou tanta atenção, a ponto de fazê-lo ignorar todo o resto. 

— De tudo o que eu me questionei, perguntei e estudei a respeito, cheguei à conclusão de que mesmo que sejamos muito novos ou tenhamos começado a nos relacionar desse jeito há pouco tempo... – E por "pouco tempo" ele quis dizer que não tinham nem um terço, de todos os anos que as pessoas para quem perguntou a respeito, disseram que era preciso para decretar esse sentimento. Ouviu uns conselhos muito estranhos na verdade. Por mais incrível que pareça, os melhores até ali, foram os de seu irmão. – Eu me sinto seguro em dizer isso. Eu acho que realmente entendi o que é, então sim, eu amo você. E é por isso também que eu acho que devo te afastar... 

Lee guardou pra si mesmo, porém achou muito engraçado, imaginar Gaara questionando as pessoas ao redor sobre isso. E achou uma honra também, ser alvo de tal desprendimento. Só não revirou os olhos pelo que ouvia, porque não era de seu feitio. Já conhecia muito bem toda a ladainha que Gaara se punha a rezar, tanto que até parou de escutar. Ele mesmo se torturou muito tempo com isso e com certeza encheu os ouvidos de Tenten e do Gai-Sensei a respeito. Conhecia os fantasmas pessoais dele, assim como seu entorno. Mas por fim, o conselho dos seus, lavou todos os medos e receios.

Não deviam desperdiçar sua juventude, se haviam encontrado o amor. Isso não é o tipo de coisa em que se tropeça facilmente por aí. E se há um motivo nobre para se determinar em superar qualquer dificuldade, com certeza é esse. Quando se ama algo ou alguém, se enfrenta tudo o que estiver incluído.

Por fim concluiu que a única coisa que podia destruí-los, era o querer do próprio Gaara.

E ele havia acabado de dizer que o amava.

Então Lee não via mais nada a altura de assustá-lo a sua frente.

Só via o homem cuja recíproca era verdadeira.

E por mais que sonhasse com isso, Lee jamais imaginou que o ouviria verbalizar. Sentiu como se seu coração parasse ao longo de todo aquele instante, sentindo o impacto. Chegou a segurar a respiração e parecia que algo tinha afundado em seu estômago.

Inclinou-se para voltar a beijá-lo, forçando-o a se calar da forma mais gentil possível, porque não imaginou que algo pudesse expressar seu contentamento e reciprocidade melhor do que isso.

E assim como antes, Gaara falhou em tentar não corresponder. Era inegável o quanto apreciava receber todas as manifestações de sentimentos vindas dele. Achava engraçado, que podia olhar para quem fosse, porém jamais veria da mesma forma ou se imaginaria tão permissivo e entregue a esse tipo de contato, com alguém que não fosse o jovem que agora acabara acima de si, quase deixando suas pernas dormentes, mas não que esse detalhe importasse.

Dessa vez o beijo foi um pouco mais intenso e ainda mais longo. Lee estava realmente feliz. Tanto que agora sim, estavam prestes a passar dos limites. Por isso Gaara parou e Lee obviamente respeitou seu amado.

Porém não o deixou recomeçar a falar, se adiantando.

— Eu não sei quem foi que te disse isso, mas não acho que um Kage seja como um marido. Sei que também não é assim que o Naruto vê... – E nesse momento Gaara não pôde se impedir de calcular, o quão inteligente foi a estratégia de usar justamente o amigo que tinha como referência, de exemplo. Tinha que se reconhecer o quanto ele estava empenhado em quebrar seus argumentos. – Eu acho que é mais como um pai. E sabe, por mim tudo bem... Eu assumo seus filhos.

Não havia a menor possibilidade de conseguir ficar sério diante disso, mesmo sendo quem era. Quando deu por si, Gaara estava mais uma vez deitado de costas pra areia, quase chorando e perdendo o ar de rir.

Lee se deu por vencido e espalmou as mãos em seu peito, desfrutando da vitória.

Aquela foi apenas à primeira vez que falaram abertamente sobre as dificuldades que os envolvia e sobre evoluir o que tinham para algo mais do que um envolvimento esporádico à distância. Criar um compromisso, nomear um relacionamento de fato. Ainda que mesmo antes disso, já agissem de acordo. No entanto, como só reconheceram isso poucos dias antes desse momento, ali estavam.

— Sabe que só é fácil dizer isso agora, porque ainda não passamos por nenhum problema, não é? E sobre essa história de casamento... Como acha que... – Gaara aproveitou o momento em que ele ficou calado para voltar a tentar argumentar, porém a cabeça de Lee estava funcionando num mundo a parte, que fazia questão de vibrar oposto a si.

O que era bom. Era por isso que se completavam.

— Por que a gente não deixa pra pensar nas crises quando elas chegarem? Vamos reunir força até lá! Está me lembrando o Neji falando assim... Achei que também tivesse aprendido com o Naruto. O poder de fazer as coisas darem certo não é das circunstâncias, é nosso. – O Kazekage engoliu em seco e no jeito com que seus olhos marejaram, Lee percebeu que ao menos por hora, ele havia desistido de vez de tentar se privar do que oferecia.

Amor sempre seria uma boa chave para desarmá-lo.

Certamente as crises que Gaara previa, mesmo sem saber exatamente quais naquela altura, viriam. Mas deixaram tudo isso para depois como Lee sugerira.

Puseram-se apenas a aproveitar a beleza e a doçura do momento, o paradisíaco do lugar

Gaara achou que era a vez de Lee sentir um pouco da areia nos cabelos e inverteu suas posições. Tomou a iniciativa do novo beijo e Lee se viu admirando o contraste entre eles. Gaara que no geral parecia muito contido e até inocente, tanto na postura quanto na personalidade, não era mais assim quando o puxava pra si. Suas mãos eram muito seguras do trabalho que faziam, em cada ponto que tocava. E ele que era sempre tão enérgico e agitado, sempre que ia tocar o ruivo baixinho, que agora lhe forçava a fechar os olhos e conter seus suspiros, se tornava o ser mais paciente e cuidadoso da face da Terra.

Estava a um passo de ter seu colete arrancado de si, quando Gaara parou subitamente.

Ia perguntar o que houve, mas ele lhe fez um sinal de silêncio e prestou toda a sua atenção num ponto aleatório ao longe. E então sorriu sacudindo a cabeça numa negativa divertida. Afastou-se de Lee que se sentiu um tanto quanto abandonado, pela súbita falta de seu calor, que o vento gelado da praia naquele horário o obrigava a notar.

— Se ajeita. – Gaara pediu fazendo o mesmo que sugeriu.

— Hã? O que? – Lee questionou enquanto obedecia no automático, ainda estava um pouco desconcertado.

— Só aja naturalmente. – Mal terminou de dizer e a voz do irmão ecoou irritada se aproximando dos dois, que começaram a se levantar.

— Eu quero matar vocês dois! Eu quero colocar a cabeça de vocês para enfeitar a entrada da vila! E essa nem é a minha casa! – Kankuro primeiro se virou para Lee, achando melhor começar pelo que julgou ser o menor dos problemas. Tão furioso, que sequer notou a maneira como o dono daquelas grossas sobrancelhas, estava nervoso. Mesmo sabendo que era loucura se arriscar a agredir um mestre em taijutsu quando isso era claramente o seu ponto fraco, saiu lhe dando um empurrão a cada frase que dizia. – Eu confio em você... Te peço pra trazer um Kage de volta... E você some junto... E eu tive que dar conta, dos dois, para um monte de político esquisito!

— Kankuro, porque está fazendo esse drama? Eu falei com você assim que ele chegou aqui. – Gaara se pronunciou com uma calma totalmente oposta ao irmão. Braços cruzados e a expressão de quem acha algo como estúpido.

A intenção de atrair a atenção dele funcionou muito bem.

— Ótimo, vamos falar de você... Olha bem pra lá, o que você vê? – O mais velho falava numa simulada voz paternal, como se quisesse passar uma lição.

— Sua marionete de captura. A Formiga Negra. – Podia estar parecendo o ser humano mais impassível de todos por fora, mas na verdade Gaara estava se contendo para não rir.

— E por acaso o Kazekage faz alguma ideia, do porque eu precisei usá-la? – Agora foi à vez de Kankuro cruzar os braços, imitando a postura do irmão.

— Sinto muito, eu queria ter avisado... Mas você não ia conseguir ser tão discreto se soubesse antes. – O ruivo respondeu se justificando e Kankuro quase deixou suas mãos tentarem circular seu pescoço enquanto repetia suas palavras em tom de deboche, porém, Lee estendeu o braço entre eles intervindo.

— O que aconteceu?

— O que aconteceu, foi que eu perguntei o caminho inteiro se tinha alguma ameaça nos seguindo e o irresponsável do seu namorado, jurou que não. Gaara, quem é esse cara e porque ele quer te matar? Saiu da festa de propósito? – Kankuro começou respondendo Lee, mas terminou se voltando novamente ao irmão.  

— Como? – Lee estava quase pálido de tão chocado. Como Gaara podia estar tão calmo mediante a isso?

— Parem com esse exagero. – O Kazekage começava a retomar sua postura. – Até parece que tentativas de assassinato são novidade pra mim. – Isso soou com um pouco de mágoa, então Lee tomou a liberdade de tocar seu ombro, num gesto de conforto. Kankuro fingiu que não percebeu e engoliu o sorriso que quase formou. Primeiro ia terminar de brigar com seu irmão, depois ia perturbá-los por isso. – Tudo bem... – Gaara se dirigiu a Lee tranquilizando-o, antes de seguir suas explicações. – Estamos numa era de paz, mas Sunagakure ainda não se reergueu completamente dos prejuízos pós guerra, ainda somos a mais pobre das cinco nações, creio que mesmo com muito esforço isso vá custar a mudar. Sempre vai haver alguém revoltado com isso, que precisa de um alvo pra jogar a culpa. E não Kankuro, eu não saí da festa por causa da ameaça, saí porque me cansei de esperar que ela aparecesse, imaginei que ele não se arriscaria no meio de tantos shinobis de elite. 

— Você bateu a cabeça ou tirou o dia pra sentir a adrenalina de ser imprudente? Não interessa que tenha uma defesa absoluta, não interessa que...

Por fim, Lee já estava rindo, achando memorável ver como se misturavam as funções de irmãos e as de Kazekage e guarda costas.

— Kankuro seja razoável, o que podia acontecer comigo numa praia? O que mais tem aqui é areia... – Gaara ponderava.

Conhecendo a teimosia do irmão, Kankuro soube que não adiantava insistir além daquilo. Olhou para trás e viu a marionete balançando, indicando que o homem dentro dela devia estar acordado.

— Chega, pelo menos está vivo e bem. Até demais pelo visto... – Finalmente pode alfinetar, lançando o olhar mais sugestivo possível, fazendo Lee corar dos pés a cabeça. Gaara se fez de indiferente. - Vamos voltar logo, antes que tudo isso piore. Temos que dar um jeito nesse cara.

Gaara já estava andando, seguindo o irmão, quando os dois se surpreenderam de ver Lee se colocando a frente de Kankuro e fazendo um sinal com as mãos para que parassem.

— Só um minuto... Kankuro-Sama, eu preciso te pedir uma coisa.

— “Sama”? Está me chamando assim do lado do Kazekage? Ah, isso vai ser interessante... – Olhou de soslaio para o ruivo que agora batia a mão na testa e balançava a cabeça, contrariado. – Três minutos e eu sou todo ouvidos, sobrancelhudo. – Resolveu utilizar o apelido que via Naruto chamá-lo.

— Lee... Por tudo o que é mais sagrado. Não faz isso não... – Gaara jamais imaginou que fosse se ver implorando aquilo. Tampouco Kankuro achou que algum dia veria o irmão implorar qualquer coisa, na verdade. Estava sem conseguir controlar a própria animação.

Aquilo ia ser memorável, sem dúvida.

Kankuro achava isso divertido, Gaara achava isso péssimo.

— Desculpa, mas é o certo. E não tem outra pessoa pra pedir, seu pai está morto... – Lee argumentava como se fosse o ato mais lógico possível.

— Sorte a sua que meu pai está morto Lee, sorte a sua... – Gaara rebatia já se conformando com a tragédia eminente.

Ignorando a resistência dele, Lee simplesmente ajeitou a postura e disparou rápido, antes que perdesse a coragem:

— Posso ter sua benção pra casar com o seu irmão?

— Como é que é? – Essa foi a primeira reação automática de Kankuro, assim que conseguiu evitar de quase engasgar com a própria saliva, na tentativa de engolir uma gargalhada inteira. Lee ia repetir e ele interveio. – É retórico, eu entendi, calma.

Usou todo o seu esforço e habilidade de atuação possível para se fingir de sério. Apreciando cada segundo do nervoso que via Lee sentir nitidamente, chegando a suar, mesmo um clima quase gelado quanto o que estava no momento.

— E você por acaso já pediu ao interessado? – Lee fez que sim com a cabeça, então se dirigiu a Gaara, mesmo que sem se virar para olhá-lo. – E o que você respondeu?

— Eu tentei explicar que...

Julgou o suficiente e perguntou por cima:

— Você não disse que não e provavelmente disse que sim de “alguma outra forma”... Não foi? – Isso foi bem direto. Lee ruborizou inteiro e Gaara apenas suspirou com uma chateação rendida. – Bom, isso é um sim na sua linguagem... – O mais velho constatou. Lee comemorou internamente ter acertado seu julgamento. Mas antes que pudesse externar isso, Kankuro deixou uma das mãos recair pesada sobre seu ombro, voltando a tomar a palavra. – Olha... Eu apoio vocês, desde aquela viagem a Konoha em que vocês passaram todas as madrugadas juntas e ficou bem claro o que estavam desenvolvendo... Mas casar?

Gaara mal podia acreditar que estava ouvindo Kankuro ser tão sensato e ponderado. Porém percebeu que comemorou um pouco cedo demais, quando ao invés de ouvi-lo continuar, explicando porque isso provavelmente não era possível, ouviu isso:

— Casar é algo muito sério... Não acha que está pulando a fase do namoro? Por mais que não desconfie de você, não posso sair te cedendo à mão do meu irmãozinho assim... Entende? – Gaara estava quase catando o maxilar do chão, vendo que Lee sacudia a cabeça achando aquilo tudo muito coerente, enquanto que Kankuro só estava aproveitando a oportunidade pra se divertir as custas dela. – E vocês são muito novos... Vamos fazer o seguinte, daqui há uns cinco anos você me repete essa pergunta. Até lá você tem todo esse tempo pra me convencer. Fechado? – Rejeitou o aperto de mão que o pretenso cunhado ofereceu e lhe puxou para um abraço de lado, daqueles que estapeiam um pedaço das costas umas três vezes.

— Kankuro... – Gaara começou entre os dentes. – Vai na frente um pouco...

— Tá, mas não briguem e não demorem. – Assentiu e saiu trocando um olhar cúmplice com o irmão, que claramente queria dizer: “Vou te atazanar com isso até o fim dos tempos, agora eu tenho o poder”.          

E quando Kankuro se ocultou da vista deles, Gaara se preparou para começar um sermão ou qualquer outro tipo de repreensão do gênero.

— Me da pelo menos um bom motivo, pra não te afogar nesse oceano agora...

— Você disse que me ama, então isso ia te deixar muito triste... – E por mais incrível que pareça ele respondeu sério, depois de ter parado uns minutos pra pensar.

Gaara por fim não resistiu e relaxou, se permitindo sorrir, espelhando o gesto do homem de cabelos negros tão brilhantes a sua frente.

E se achavam tão bonitos e irresistíveis quando externavam alegria, que antes que percebessem, esqueceram quase tudo e se beijaram. Já haviam perdido as contas, de quantas vezes se puxaram pra si, só naquelas breves horas.

Foram trazidos de volta a realidade pela voz de Kankuro, tornando a se aproximar.

— Vocês estão de brincadeira comigo, não é? Trabalho primeiro Gaara, depois a diversão. E vamos criar uma regra aqui, tudo bem? Funcionou com a Temari e o Shikamaru, tem que funcionar com vocês também. Eu dou a minha benção e até a minha ajuda, se eu não precisar ver nada, principalmente porque você é o caçula Gaara. Estamos entendidos?

Gaara engoliu em seco e revirou os olhos, limpando o canto da boca. Não tinha muito o que dizer, num momento muito raro, não achava que podia se defender, então apenas permaneceu em silêncio.

Já Lee, assentiu como quem acena para o Hokage, cheio de seu habitual entusiasmo. Quase chorou agradecendo a tal da benção. E é claro, que Kankuro se aproveitou mais um pouco disso.

— Posso te pedir pra carregar a marionete?

— Isso é um teste ou é uma honra? – Gaara até ficou espantado de vê-lo se preocupar em perguntar, ao invés de só sair correndo e fazer.

Kankuro também tinha que admitir que se orgulhou da perspicácia. Ele evoluiu bastante afinal, desde aquele menino que conheceram no exame chunnin.

— Os dois. Muito mais uma honra do que um teste na verdade. – Respondeu sincero. Quando se falava em suas marionetes, era quase como falar de seus filhos. 

Ambos os irmãos quase mudaram de ideia sobre seu último pensamento a respeito de Lee, vendo-o se iluminar e correr quase como uma criança rumo ao objetivo.

Acharam graça e assumiram suas posturas habituais, Gaara puxou a cabaça para suas mãos com o advento do magnetismo e começou a ajeitá-la na cintura, enquanto caminhavam calmamente, muito opostos a Lee, que a essa altura, era quase um borrão verde iluminado e distante.

— Você está feliz, não é? – O Kazekage se surpreendeu ao ouvir o irmão perguntar.

Acabou não respondendo nada. Sabia que não tinha conseguido evitar de corar, o que já era uma confirmação.   

— Pare de se preocupar tanto, se permite. Acho que nem se estourar a Quinta Guerra Ninja, esse cara desiste de você. Por Kami, ele te pediu em casamento, pra mim! Tem como ser mais brega do que isso? E acredita, apesar de estranho, gente brega são as melhores pessoas de se ter por perto.

Continuou sem responder, porque ainda não precisava. Kankuro sabia que seu conselho tinha sido bem guardado, na maneira que seu irmão tinha o olhar perdido, no “flash” verde correndo o horizonte.

Ainda tinham muito pela frente.

“Se cada um faz a sua história

A nossa pode ser feliz também

Se um coração diz que sim à paixão

Como pode o outro dizer não?”


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Notas finais do capítulo

Links dos organizadores do desafio;
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Beijos de luz amores! o/



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