Para Sempre - A Escolha escrita por AlanRod1830


Capítulo 7
O reencontro


Notas iniciais do capítulo

Um antigo amor ressurge na vida de Adrian. Como ele irá reagir?



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Quando enfim o relógio marca sete horas, o sinal do início das aulas soa e todos os 457 alunos – 458, comigo – se dirigem simultaneamente para suas respectivas salas. Miguel diz que estamos no 1º D e que nossa sala é a de Nº 18, no fundo do corredor à direita. E lá vamos nós!

A sala de aula é ampla, bem iluminada, toda pintada de branco, com laje alta e vários vitrôs. Observo cada detalhe enquanto entro, desde o piso em madeira-de-lei ao perfeito acabamento em gesso no alto das paredes; as bancas bem projetadas e acopladas a carteiras confortáveis, voltadas para a parede lateral, na qual está fixada uma grande lousa. As pessoas à minha frente param junto à porta para pendurar seus casacos em uma longa fileira de ganchos. Imito-as. Em seguida, me sento.

Cinco minutos depois do toque do sinal, um homem barbado, usando um terno preto e óculos de aros redondos, entra na sala, segurando uma mochila bege. O sujeito é alto e esguio, de ombros retos e quadris estreitos. Usa uma camisa branca engomada e gravata-borboleta preta. O cabelo é bem curto e os olhos são negros como uma noite sem lua.

— Bom dia à todos – começa. Tem um sotaque diferente, aparentemente estrangeiro. Desconfio que ele deva ser descendente de italiano. – Meu nome é Ricardo Álvaro, mas quem quiser sinta-se à vontade para me chamar de Rick. Sou o professor de Física e Álgebra dos segundos anos e ensino Filosofia nos primeiros anos. Bem... há quem diga que jamais irá encontrar uma prática mais entediante e cansativa do que a Filosofia. Mas podem ter certeza de que, comigo, as aulas serão... como vocês dizem mesmo? Ah... maneiras!

— Sei – murmura Alex para o irmão. – Me engana que eu gosto.

— Com licença, professor – diz uma voz fina e calma vindo da porta.

Essa voz. Não pode ser, diz uma voz na minha cabeça. Será que estou imaginando coisas?

Olho para a porta. Há uma garota parada lá. Tem cabelos negros, longos e lisos, um rosto levemente pálido e olhos azuis. Seus traços são lindíssimos. Foco meu olhar em seu rosto infantil e deixo escapar um suspiro.

É ela. É Hannah.

— Pois não, senhorita? – responde o professor. – É desta classe?

— Sim. Meu nome é Hannah Anderson. Desculpe o atraso. Minha mãe está doente.

— Não precisa se desculpar, Srta. Anderson. Por favor, entre e sente-se.

— Muito obrigada, professor.

Com o olhar, acompanho seus passos até ela se sentar na terceira cadeira da primeira fila. Enquanto todos olham para o professor, continuo a observá-la, sentindo o coração acelerar e as mãos suarem como nunca.

— Seja bem-vinda, Srta. Anderson – continua o professor – Sou Ricardo Álvaro, seu professor de Filosofia.

— Prazer em conhecê-lo, professor – responde ela, revelando os dentes brancos, perfeitos.

Olho para Miguel, que também está de olho na recém-chegada.

— É ela. É Hannah.

— É mesmo. Nossa, como ela está mudada, né? Parece até outra pessoa.

— Alguém, uma vez, me disse que ela estava morando em Campinas. É verdade?

— Acho que sim. Mas parece que a mãe dela ficou doente. Câncer, eu acho. Por isso vieram para cá.

— Igual ao meu pai. Que deus o tenha.

Quando o professor termina de dar as boas-vindas à recém-chegada, continua com seu discurso.

***

A garota que eu amo está de volta à minha vida. Logo constato que minhas tentativas de esquecê-la se frustraram. Não posso fazer nada além de admitir que errei feio ao pensar que poderia esquecê-la. Agora tenho certeza absoluta de que ela é o único ser que conseguiu atingir profundamente o meu coração, a tal ponto que não sei mais o quão profundo ela chegou.

Estou sozinho no quarto, mergulhado num turbilhão de pensamentos que parece querer me enlouquecer. De braços cruzados, olho para o chão, pensando nela. As coisas estão caminhando para sair do controle. Preciso sair. Necessito de ar. A porta se abre e dou de cara com meus amigos justo quando estou a um passo da saída.

— Então é aqui que você está – diz Miguel, surpreso em me ver. – Procuramos você por toda parte.

— O que vocês querem?

— Como é que é? – pergunta Pablo. – "O que vocês querem"? Que jeito é esse de falar com a sua galera?

"Ops... uma pisada de bola", penso. "Tenho que lembrar de controlar essa minha língua nesses momentos de tormenta."

— Foi mal. É que... não estou num dos meus melhores dias.

— Por quê? – pergunta Miguel. – Se é que posso saber.

Solto um suspiro. Obviamente, esta não será a primeira conversa sobre garotas que terei com meus melhores amigos. Mas nunca ousei falar com eles sobre minha paixão secreta por Hannah. Sei que cedo ou tarde eles vão acabar descobrindo, por isso decido me abrir. Espero que saibam o que dizer.

— Desculpe se não contei antes – digo, voltando para a cama. – É que eu não sabia como falar. Aliás, nunca tentei me expressar com ninguém. Não por timidez. Mas por medo. Medo de expressar meus sentimentos. Medo de não ser correspondido. Embora em algumas ocasiões eu pense que deveria trazer todos esses sentimentos à tona, me falta coragem para fazê-lo. Isso me deixa sem escolha. Não sei mais o que fazer com esse amor que sinto. Acho que vou acabar ficando louco.

Miguel senta-se ao meu lado.

— Eu já desconfiava. Isso é mais uma prova de que o conheço como ninguém mais.

Às vezes esqueço que nada passa despercebido pelos olhos do meu melhor amigo. De fato, Miguel sabe coisas sobre mim que ninguém mais na face do planeta sabe. Talvez eu tenha dito a ele o que sinto por Hannah, mesmo sem abrir a boca.

— Não vai me dizer que sabia o tempo todo?

— Não foi nada difícil descobrir. Aliás, com toda franqueza, eu sempre soube que você tinha uma quedinha pela Hannah.

— Pela... Hannah?

— Não é por ela que você está apaixonado?

— Como descobriu?

— Ah, por favor, quem não conhece os famosos sintomas da paixão? Olhos brilhando. Joelhos trêmulos. Falta de atenção nas aulas... Pensa que eu não vi que você ficou o tempo todo olhando para ela, em vez de prestar atenção no que o professor dizia? Sorte sua ele não ter notado. Ouvi dizer que os professores daqui não perdoam falhas.

— Eu sempre considerei você um cara sortudo – Pablo esboça um sorriso com o canto da boca. – Mas nunca pensei que fosse tanto.

— O que quer dizer com isso?

— O que eu quero dizer com isso? Primeiro, eu sempre soube que você gostava da Hannah. Essa sua "paixão secreta" nunca foi um segredo para mim.

— Nem para mim – diz Henrique.

— Espere um pouco. Quer dizer que todos vocês já sabiam?

Os quatro assentem em concordância ao mesmo tempo, deixando-me ainda mais surpreso.

— Mas a sorte o favorece, meu caro. Sabe por que? Porque, mesmo que você nunca tenha notado, a Hannah sempre te correspondeu.

— O quê? Isso não pode ser!

Pablo me encara como se quisesse dizer: "Como é que você pode ser tão burro, tão cego, tão ingênuo"? Mas não preciso escutar nada disso para perceber que eu disse uma coisa idiota.

— Acredite quando digo que Hannah é loucamente apaixonada por você. Que nem você por ela.

— O que o faz pensar que ela tem interesse em mim?

Pelo modo como Pablo me encara desta vez, imagino que se ele estivesse com alguma coisa na mão, tipo um taco de beisebol ou um vaso de porcelana, não hesitaria em me dar uma bela cassetada na cabeça.

— Sabe o que é mais incrível nisso tudo, cara? Ela sempre demonstrou isso da forma mais clara. Lembra que todos os dias ela ficava te esperando na porta do colégio, e só entrava quando você chegava?

— E lembra que ela sempre dividia o lanche com você no recreio?

Fico pensativo por alguns segundos.

— Se isso não é estar apaixonado por alguém, então eu não sei o que é.

— Por que você não vai falar com ela?

— Para quê? Para eu correr o risco de perder a cabeça e me jogar debaixo de um ônibus caso ela diga não? E outra, o que eu poderia dizer? "Oi"? "Olá"? Ou então: "Estou muito a fim de você e quero que a gente namore"?

— Não esquenta com isso, parceiro – diz Alex, como sempre tentando bancar o esperto. – Afinal de contas, você não é nem o primeiro nem o último cara a levar um fora de uma menina. Isso faz parte da vida.

Agora eu adoraria ter aquele taco de beisebol ou aquele vaso de porcelana nas mãos. Conhecendo Alex como eu conheço, ele seria o último cara a quem eu pediria algum conselho. Acho que ninguém que o conheça seria tão idiota.

— Cala essa boca, imbecil! – diz Henrique, dando-lhe um tabefe na parte de trás da cabeça. – É desse jeito que você quer ajudar?

— Ai, cara! Não faz isso!

— Se é um conselho que você quer, amigo, aqui vai um: corre e conta para ela de uma vez por todas tudo o que sente.

— Eu já disse, Miguel. Me falta coragem. Não sei como agir.

— Você, Adrian, melhor do que ninguém, deveria saber que não existe fórmula mágica para isso. Anda, engole esse medo. Vai atrás dela. Declare seu amor. Busque a sua felicidade.


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Notas finais do capítulo

Não percam os próximos capítulos de Para Sempre - A Escolha. Obrigado por lerem e continuem ligados!



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