Para Sempre - A Escolha escrita por AlanRod1830


Capítulo 12
Cheiro de encrenca


Notas iniciais do capítulo

O inesperado reencontro deixa Larissa entusiasmada, e ao mesmo tempo reabre velhas feridas e traz antigos fantasmas à tona. Certa de que sua chegada mexeu com Adrian, ela decide falar com ele. O que pensa Adrian de sua transformação? Será que as coisas entre eles finalmente irão mudar?



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Abril de 2013

 

Quase nove meses depois da fantástica transformação, estou de volta ao meu antigo internato, para onde Viviane, minha melhor amiga, me aconselhou a voltar. Para dizer a verdade, não sei dizer ao certo como me sinto. Estou feliz, entusiasmada, mas ao mesmo tempo uma infinidade de pensamentos preocupantes ronda a minha cabeça.

Enquanto cruzo o enorme corredor em direção ao Salão Principal, não evito sorrir largamente ao perceber que todo mundo está me observando, e fico bastante surpresa quando percebo Adrian Martins Lindenberg metido no meio da pequena multidão de curiosos que se comprime bem atrás de mim. Quando, involuntariamente, nossos olhos se encontram, algo dentro de mim se agita. Enquanto nos encaramos, meu coração dá um grito, angustiado. Estou certa de que o destino o pôs de novo em meu caminho. Mas, desta vez, tudo será diferente. Não será como antes, em que todos – incluindo ele – pisavam em mim e eu deixava. Aconteça o que acontecer, jamais demonstrarei fraqueza novamente.

No Salão Principal, alunos sobem e descem a escadaria como se estivessem numa maratona de longos intervalos. Vozes soam em sincronia por todo lado, as palavras indistinguíveis. Sapatos batem descompassadamente no chão de mármore, e de vez em quando ouço pigarros e resmungos. É disso que eu mais sentia falta. Da tagarelice familiar, do barulho da escola. Eu vivia em um mundo de silêncio, do qual finalmente consegui me libertar. O destino me levou para longe, mas agora estou de volta. Voltar a fazer parte deste mundo é quase um privilégio.

Decido aproveitar o tempo livre que me resta para dar uma volta pelo prédio. Começando pelo jardim, meu lugar favorito. Ignorando os olhares surpresos que continuam a me encarar, sigo em direção à saída. E eis que me deparo com quem eu menos quero: Adrian. Ele vem com tanta pressa que nossos narizes quase colidem.

— Você não olha por onde anda? – pergunta ele com a arrogância de sempre.

— Adrian... Quanto tempo! – É tudo o que me ocorre dizer. – Ainda lembra de mim?

— Infelizmente, sim. Sua cara é inconfundível.

Por que ainda me sinto incomodada com sua forma arrogante e mal educada de se dirigir a mim?, me pergunto. Eu não deveria dar a mínima importância.

— Isso, sim, é que é uma grande surpresa – recomeça ele. – Ou talvez deva dizer que é um milagre. O que aconteceu com você?

— Eu simplesmente mudei.

— Simplesmente? Olhe para você, garota. Está irreconhecível.

— Posso encarar isso como um elogio?

Adrian solta um suspiro de impaciência.

— Olhe, encare como quiser. Só não se esqueça de uma coisa. Isso não a torna melhor do que ninguém. Se o que pretende é buscar popularidade, lamento dizer, querida, que veio ao lugar errado. Deve se lembrar de como as pessoas daqui tratavam você, de como elas te humilhavam e te insultavam por ser a... como era mesmo o seu apelido? Ah, lembrei. A 'Garota Estranha que Ninguém Suportava'. Francamente, não entendo como ainda tem coragem de voltar a aparecer neste lugar.

Estou me segurando para não voar em cima dele e arrancar seus olhos. Parece inacreditável que, mesmo depois de tudo que fiz para mudar a aparência e meu jeito de ser, ele continue a me tratar feito lixo. Quem ele pensa que é?

— Em primeiro lugar, tudo isso faz parte do passado. Eu aprendi a me amar. Aprendi a confiar em mim mesma. Era disso que eu precisava. Você, pelo contrário, não mudou nada. Continua sendo aquele mesmo sujeito arrogante e frio que conheci na sétima série.

— Quem é você para falar de arrogância? Olhe para você. Está se achando a última bolacha do pacote. Anda desfilando por aí como se fosse a celebridade do momento. No que você se transformou, hein, garota? E por que voltou? Aqui não é o seu lugar.

— Quem decide isso sou eu! Há muito tempo deixei de me importar com o que as pessoas pensam. Se eu voltei é porque aqui, sim, é o meu lugar. Voltei para terminar o que eu havia começado, o que fui obrigada a interromper graças à pessoas preconceituosas como você e seus amiguinhos nojentos. Mas isso eu não vou permitir nunca mais, entendeu? Ninguém vai voltar a pisar em mim. Nunca mais!

— Bravo! – diz ele, batendo palmas. – Garota, você me impressionou. De verdade, me deixou muito surpreso. Agora, quer saber o que eu acho disso?

— Diz. Estou bastante curiosa.

— Por mim você pode fazer o que te der vontade. Eu não me importo. Vai em frente. Se acha que vai se dar bem por aqui, ótimo. Só vou te dar um conselho, querida. Use a cabeça. Não dê uma de Penélope Charmosa para cima de ninguém, que isso não vai colar. Qualquer deslize, por menor que seja, pode custar caro. Muito caro.

Solto um suspiro.

— Some da minha vista! Desaparece daqui!

— Com o maior prazer.

Dito isso, ele sai, seguindo o caminho por onde veio. Com um suspiro, engulo o nó que se formou em minha garganta. De novo, minha vida parece totalmente fora de equilíbrio.

— Você vai se arrepender disso, Adrian! – murmuro para mim mesma. – Um dia, você vai implorar para que eu sinta algo por você. Nem que seja pena!

***

Assim que o sinal toca, vou para o meu quarto para tentar aliviar a tensão eufórica que estou sentindo depois da conversa desagradável com Adrian. No fundo, eu sei que não devo me deixar abater por causa disso, pois meu objetivo não é impressioná-lo ou conquistá-lo. E, ainda que eu queira tentar algo com Adrian, está mais do que claro que eu não terei a menor chance.

Me deito e tento dormir um pouco para relaxar. De repente, ouço meu celular tocar. Olho para o relógio e sorrio para mim mesma. Lembro que Viviane prometeu ligar para mim por volta do meio-dia, e faz quase uma semana, desde a sua viagem para Nova York, que não nos falamos.

— Alô! – digo, sorridente.

— Hello, my dear! Tudo bem? Pensei que nunca mais voltaria a ouvir sua voz.

— Estava pensando a mesma coisa, querida.

— Mas e aí? O que me conta de novo?

— Você não tem noção de como minha vida virou uma correria desde que voltei para o colégio. Não tenho tempo para mais nada. Só deveres e mais deveres.

— Sei bem como é. Mas não esquenta. Depois melhora. Ah, eu tenho uma novidade. Daqui a três dias eu volto para o Brasil.

— Jura? Ai, amiga, que legal! Enfim vou te ver de novo!

— Caramba, menina! – exclama Viviane, um toque de surpresa na voz. – Não sabia que você gostava tanto assim de mim.

— E como não iria gostar? Você é um anjo que caiu do céu. Nunca vou esquecer o que fez por mim enquanto estudava aqui.

— Fico feliz em ouvi-la dizer isso. Mas, espere... você disse "aqui"? Não me diga que...?

— Sim! Decidi seguir seu conselho e voltei para o meu antigo internato.

— Sério? Me conta! Como está sendo?

— Você estava certa, Vivi. Meu retorno pegou todo mundo de surpresa. As pessoas ficaram boquiabertas quando me viram chegando. Pareciam um bando de zumbis.

— Nossa! Aposto que por essa eles não esperavam. Mas você fez bem em voltar para o internato. Assim você demonstra que é uma pessoa diferente e que não guarda nenhum rancor.

— Isso não, Viviane! – De repente meu sorriso se desfaz e fico séria. – A verdade é que eu ainda sinto um ódio profundo dessas pessoas. Sinto nojo quando olho na cara delas. Sempre que cruzo com alguma delas eu me lembro do que fui obrigada a passar na primeira vez que vim para cá.

— Amiga, eu te aconselho a repensar no que está dizendo. Se eu fosse você, deixava para lá. Já passou. Bola para a frente, amiga. Foca no seu futuro. Tenta ser feliz agora que as coisas mudaram.

— Tudo bem. Vou tentar. Mas não prometo nada... Ah, deixa eu te contar o que aconteceu hoje. Eu reencontrei uma pessoa que não via há meses. Um garoto chamado Adrian. Acho que já lhe falei dele uma vez.

— Já. Foi para ele que você enviou aquela carta, não foi?

— Nem me lembre dessa maldita carta! Foi a ideia mais absurda que eu já tive. Achar que ele iria gostar de mim quando soubesse o que eu sentia por ele... Aposto que deve tê-la rasgado, ou queimado, assim que recebeu.

— Me diz uma coisa: você ainda gosta dele, não é?

Fico muda por alguns segundos.

— Me diz a verdade.

— Eu...

Estou prestes a falar quando ouço o barulho da porta sendo arrombada. Uma garota de cabelos negros e olhos azuis entra e avança em minha direção, com cara de quem está pronta para descer o braço em qualquer um.

— Escuta aqui... – Está gritando na minha cara, com o dedo em riste, o nariz a cinco centímetros do meu.

— Quem é você e com que direito entra assim no meu quarto? Sai daqui agora mesmo!

A mão da morena agarra o meu braço, apertando-o com força.

— Eu não vou sair daqui enquanto não falar com você!


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Notas finais do capítulo

E aí, friends, o que acharam do capítulo? Curtiram? Deixe sua opinião nos comentários e não esqueça de favoritar a história para perder nenhuma atualização, beleza?

Até a próxima, pessoal!



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