Para Sempre - A Escolha escrita por AlanRod1830


Capítulo 10
Ela chega!


Notas iniciais do capítulo

Hello again!! À você que está lendo, que está acompanhando e que favoritou a minha história, meu mais sincero obrigado.

Bem, é isso! Fiquem agora com o capítulo 11. Boa leitura! ♥



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Boa parte de mim deseja saber por quanto tempo mais vou poder suportar tudo isso. Na semana passada, fui arremetido pelo desprezo dos meus melhores amigos. Tentei argumentar com eles, me explicar, mas a mágoa que causei neles era demais para que eles enxergassem com clareza minhas reais intenções. E quando o fim de semana chegou, eu já não sabia mais o que fazer.

"Eu fui um tremendo imbecil. Um imbecil que cometeu um erro e está tentando remediar as coisas, mas ainda assim um imbecil". Apesar de saber que, no fundo, eu mereço ser desprezado, está ficando cada vez mais difícil lidar com isso.

— As palavras possuem uma força que vai além da nossa imaginação – dizia meu pai, quando eu ainda dispunha de seus conselhos. – Magoar é fácil porque estamos tão condicionados a agir sem pensar que as vezes machucamos os outros sem ao menos querermos.

"Mas, se é tão fácil magoar alguém, por que é tão difícil pedir perdão?"

— Porque muitas pessoas não sabem o que significa a palavra "perdão" – dizia ele, como se tivesse lido meus pensamentos. – Ou, se sabem, não estão dispostos ou preparados para perdoar verdadeiramente.

"O perdão não é só pedir desculpas. Fazendo assim, você está admitindo o problema, mas não sua responsabilidade. Perdoar não é arquivar os erros. Não é fingir que não houve nada de errado. É muito comum a pessoa continuar vivendo como se não houvesse problema algum. Se é assim que você está lidando com a situação, não se surpreenda se o problema voltar a persegui-lo.

"Perdoar não é tolerar um ato mau ou prejudicial. Tolerar significa que a pessoa declara que na verdade o ato não foi errado ou mau. Quando há perdão, uma pessoa admite que o ato foi errado ou mau, mas escolhe perdoar apesar disso."

Desperto de meus devaneios quando sinto uma mão pousar de leve no meu ombro e apertá-lo.

— O que aconteceu, Adrian? – pergunta Érica. – Por que parece tão distante? Algo errado?

Balanço a cabeça e falo que está tudo bem, tentando fingir naturalidade na voz.

— Se não quiser me contar, tudo bem. – Ela não está zangada. Uma das coisas que eu mais gosto em Érica é que, quando ela percebe que não estou pronto para iniciar uma conversa ou falar dos meus problemas, ela me dá um tempo para pensar, certa de que cedo ou tarde eu irei procurá-la para pedir conselhos. – Quando estiver pronto para desabafar, sabe onde me encontrar. Mas não demore muito para pensar, ok?

Uma euforia repentina brota em mim. É uma coisa que eu não consigo evitar. Érica tem esse efeito sobre mim. Por essa e outras razões eu adoro estar com ela. Se existe alguém na terra disposta a tudo para colocar um sorriso em meu rosto, mesmo quando há motivos indiscutíveis para chorar, esse alguém é ela.

Quando chego ao internato na segunda-feira, estou preocupado com a ideia de não conseguir falar com Miguel antes das aulas começarem. Sei exatamente onde encontrá-lo. No dormitório.

A porta do quarto está entreaberta, e ao ouvir os acordes de violão vindo de dentro, suponho que não apenas Miguel, mas todos estão aqui. É o momento perfeito. Empurro a porta com o pulso acelerado, sem saber ao certo o que vai acontecer. De fato, todos estão presentes, mas apenas um deles levanta o rosto quando percebe que estou entrando. É Miguel. Ele me encara por um segundo, depois baixa a cabeça. Quanto tempo pode durar o rancor de uma pessoa?

— Bom dia... – digo finalmente. – Tudo bem com vocês?

Todos permanecem calados. Olho para cada um deles. Eles continuam cabisbaixos enquanto procuro as palavras exatas.

— Eu vou direto ao ponto, galera. Quero pedir desculpas pelo que eu fiz naquela noite. Estou envergonhado pela baixaria que protagonizei, mas tenho coragem de pedir a vocês que me perdoem, porque vocês sabem muito bem que eu não sou assim. Nem eu mesmo, revendo aquela cena na memória, posso me reconhecer naquele papel. Eu sei que meras desculpas não vão resolver os danos causados por minha atitude grosseira. Também não quero justificar o injustificável, pois, sei muito bem, minha atitude foi terrível, e sei que acabei falando bobagem.

— Falou e disse – murmura Henrique.

— Mas, mesmo assim, quero que aceitem minhas desculpas. Por favor, me perdoem. Estou arrependido. Juro que não tive a intenção de ferir ninguém.

— Mas acabou ferindo – Miguel se levanta e vai para a porta. – Cometi um erro ao pensar que você confiava em mim.

— Por favor, Miguel...

Coloco a mão no ombro dele. Miguel me empurra primeiro, mas depois cede.

— Eu confio em você, Miguel. Você é meu melhor amigo. Nada mudou.

— Tem certeza de que nada mudou? – pergunta Miguel, os olhos dele voltando a se encher de lágrimas. – Tudo está bem?

— Pelo menos é o que eu quero. – Me aproximo um pouco mais, olhando fixamente nos olhos dele. – Quero que saiba que eu confio plenamente em você. E se um dia eu cheguei a duvidar de você, por favor, vamos esquecer. – Olho para os demais, e percebo que também estão chorando. Isso me enche de alegria. – Eu sinto falta dos meus melhores amigos. Nunca fiquei tão mal por estar longe deles.

Olho, em seguida, para Miguel, estendendo a mão para ele. Não tenho certeza se minhas palavras foram suficientes para reverter a situação, e em meio a tantos pensamentos, imagino que os danos causados por minha atitude hostil são de fato irremediáveis.

Mas o que acontece em seguida muda totalmente o rumo desta história. Me abraçando fortemente, Miguel diz as palavras que eu tanto quis ouvir:

— Está perdoado!

Por fim, damos um abraço coletivo e prometemos nunca mais tocar nesse assunto. Miguel me dá um soco de leve no ombro e fala sorrindo:

— Nunca mais apronte uma dessas.

***

— Vou comprar um pedaço de pizza. Está a fim? – pergunta Miguel, abrindo a carteira e puxando uma nota de vinte.

— Claro. Vou adorar. Ultimamente não tenho me alimentado bem.

— Me desculpe. Acho que tenho um pouco de culpa nisso.

— Tudo bem. Isso já passou. Não vamos mais falar disso.

— Tem razão. – Miguel finge fechar a boca com um zíper. – Assunto encerrado.

Faltam vinte minutos para a aula começar. Meu estômago está roncando alto, implorando por comida. Aproveito o convite que Miguel me fez e vou com ele à lanchonete.

Já estamos em mais da metade do caminho para o fim do corredor quando uma voz grita:

— Meninos! Esperem!

Nos viramos ao mesmo tempo. Roberta vinha correndo em nossa direção, seus cabelos ruivos esvoaçando para lá e para cá, ofegando como se tivesse corrido uma maratona.

— O que foi desta vez, Roberta? – pergunta Miguel.

— Deixa eu adivinhar. Você tem uma fofoca para contar.

— Não.

— Estamos indo a lanchonete comprar uma fatia de pizza. Quer vir junto?

— Não, obrigada. Mas vocês não podem sair agora.

— Por que não?

— Sabem que dia é hoje?

— Claro. Segunda-feira.

— Sim. Mas não é uma segunda-feira qualquer.

Enrugo a testa, cada vez mais confuso.

— Você pode, por favor, ser mais clara? De que diabos está falando?

— Hoje é o dia que ninguém desta escola vai apagar da memória. O dia da chegada dela.

— Dela? Dela quem?

— Da Larissa Oliveira.

Isso é para me provocar. Só pode ser! Desde a semana anterior, ninguém, absolutamente ninguém, fala de outra coisa senão a volta de Larissa ao internato Crossfield. Isso, consequentemente, me faz lembrar das coisas que Miguel me disse naquela noite, e dos motivos que me levaram a perder totalmente o controle. Para o meu azar, as coisas estão saindo do jeito que eu não planejei. Agora, de nada adianta tentar eliminar esse pedaço do meu passado da memória, pois a partir de agora ele fará parte do meu presente.

— E daí? – pergunto. – O que isso tem de especial? É só uma garota. Não é nenhuma celebridade. De qualquer modo, do jeito que as coisas andam por aqui, não vai demorar para que a expulsem daqui novamente.

— É o que você pensa.

— É o que eu sei. – Meu semblante muda de repente. – Quer saber de uma coisa, Roberta? Escuta bem o que eu vou te falar. Disse isso a Bianca e vou repetir para você. Eu só acredito no que eu vejo.

Roberta me encara em silêncio. Depois de um instante ela desvia o olhar, espiando algo por cima do meu ombro. Um sorriso se forma em seus lábios e então volta a me encarar.

— Não olha agora, mas... ela está vindo aí.

Sem dar a menor importância, olho para Miguel, que está meio boquiaberto, olhando para frente com os olhos arregalados, sem dizer nada, ainda que seja possível ver palavras querendo se formar na ponta da língua.

— Miguel?

Olho na direção que Miguel está olhando e sinto as pernas bambearem no mesmo instante. Larissa está vindo em minha direção. Mas essa não é a Larissa Oliveira que eu conheço! É outra, totalmente diferente. Está mudada, maravilhosamente linda. Não usa óculos e já não está tão magra. Seus cabelos platinados caem em ondas pelos ombros, balançando suavemente no ritmo dos seus passos. Os olhos azuis vivazes fazem uma combinação perfeita com a pele clara e o rosto angelical de traços delicados e divinamente perfeitos. Olho para ela fixamente como se estivesse em transe.

Por um momento nossos olhares se cruzam, e posso ver um certo brilho surgir em seus lindos olhos azuis. Mas depois ela vira o rosto e continua seguindo em frente. O homem de terno preto que está com ela – suponho que seja o motorista particular – a conduz ao longo do corredor até desaparecerem de vista. Mesmo assim, continuo parado, olhando na direção que a garota tomou.

Sinto a mão de Miguel no meu ombro e o ouço sussurrar:

— Cara... Agora você está ferrado! 


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Notas finais do capítulo

Larissa Oliveira enfim chega ao internato. Mas, afinal de contas, quem é essa garota? Descubra no próximo capítulo!



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