Lovestoned escrita por Ducta


Capítulo 5
O dia que eu me lembrarei de esquecer




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/75071/chapter/5

POV Justin

-Alethia que bicho te mordeu? – eu perguntei enquanto estamos indo pra escola. – você está há vinte minutos sem falar nada!

-Só porque eu não quero falar significa que algum bicho me mordeu? – ela rebateu secamente ainda encarando a mochila rosa em seu colo.

-Claro que sim, você não cala a boca nunca. Me diz o que aconteceu Ale!

-Não! Eu não quero falar Justin!

Achei melhor não insistir. Ela deve estar de TPM.

Mal eu parei o carro, Alethia já saiu do carro sem dizer nada. Eu vi quando suas amigas se aproximaram eufóricas.

-Ale, nós já pensamos em umas coisas pra fazer no show de talentos! – a Diana disse.

-Não, agora não Di, eu tenho outras preocupações no momento. – Alethia cortou a amiga.

Ela puxou Diana e Kimberly pelos braços ela entraram na escola e sumiram da minha vista.

 

POV Alethia

 

-Alethia, que está acontecendo? – Diana perguntou confusa quando eu tranqueia porta do vestiário feminino.

-É o seguinte, semana que vem vai chegar uma aluna nova, eu já vi a menina, ela é uma vagabunda! Nós precisamos deter os quinze minutos de fama dela. – Eu disse indo direto ao ponto.

Eu descrevi a Bonnie e toda a cena ontem à noite no mercado; pude ver o cenho de Kimberly se franzindo.

-Que foi Kimmy? – eu disse logo em seguida.

-Ela é do tipo que vai dar trabalho então.

-Difícil, mas não impossível. – Diana disse com um sorriso. – Qual é gente, o povo daqui se joga aos nossos pés desde a quinta série! E mesmo que a gente não impeça os quinze minutos de fama da garota, são só quinze minutos, novidade perde a graça rápido.

-É, mas novidade nunca é demais. – Eu disse.

-Relaaaaaaaaaxa Ale. Você tem poder suficiente pra desbancar essa garota sem se esforçar – Diana insistiu.

-Estou contando com isso. – Eu disse sorrindo.

Isso era verdade, eu sou a rainha daquela escola – sim, meu ego é muito grande – e rainha que é rainha nunca perde a majestade!

Eu comi umas balinhas de goma que eu tinha na bolsa – açúcar pra adoçar a vida – e saí do vestiário sorrindo como nunca, pronta pra esbanjar meu charme pra escola toda, pronta pra garantir o meu posto.

Seis dias depois

POV Justin

-Você vai continuar me evitando só porque não quer me dizer o que você está tramando? – Eu perguntei enquanto entrávamos na escola.

A semana toda a Alethia mal conversou comigo e jogou charminho pra todo mundo. Eu não gosto de ficar sem saber que ela está planejando, principalmente quando eu estou fora do plano.

-Fica tranqüilo Justin, hoje é o dia do show. – Ela disse me olhar e acelerou o passo balançando a saia preta do uniforme de líder de torcida enquanto ia pra junto das amigas.

-Que show? Alethia, eu to falando com você! Alethia! – Ela nem me deu atenção.

Eu me peguei olhando – melhor dizendo, admirando – Alethia andar. Ela ficava especialmente linda com aquele uniforme. Short-saia preto de pregas com uma faixa amarela na barra, blusa de manga comprida preta com detalhes em amarelo e a fênix com o símbolo da escola na frente, meias acima dos joelhos com listras pretas e amarelas. Os cabelos loiros caindo pelas costas, balançados pelo vento provocavam fracas ondulações nas postas. Era bonito de se ver. Muito bonito... Justin, que isso cara? – disse uma voz na minha cabeça. – Ela é sua prima, sua irmãzinha!

Eu sacudi a cabeça pra afastar aqueles pensamentos e entrei na escola.

-Bom dia senhora Phines.

-Bom dia di Ângelo.

Sra. Phines é a inspetora de alunos, ela é muito legal, mas muito rígida com as regras da escola. Por isso ninguém se atrevia a vir sem uniforme.

Quando eu cheguei ao meu armário, eu me lembrei da Bonnie. Hoje seria seu primeiro dia de aula e ela já estava atrasada; eu constatei conferindo o relógio no meu pulso. Eu queria ficar ali pra ajudá-la a achar o caminho, mas o professor de inglês não era muito paciente, então eu me pus a andar me perguntando onde estaria Peter e Dean. Eu ia entrar na sala, mas fui impedido de abrir a porta.

-Justin, corre cara, vem ver a gata que é a aluna nova! – Dean disse enquanto me arrastava pelo corredor de volta ao hall da escola.

Lá estava ela, Bonnie, parada ao lado da senhora Phines, calça jeans e uma regata decotada vermelha, addidas preto e os cabelos ruivos presos em um rabo-de-cavalo.

-Eu não acredito que ela deu a desculpa do “ainda não tenho uniforme”. – eu ouvi Diana comentar com Alethia, ambas na minha frente.

-Não seja por isso! – Alethia gritou puxando alguma coisa da mão de Kimberly.

Alethia foi até Bonnie e a senhora Phines e eu me movi mais pro lado pra poder ver o perfil das duas.

-Olá, meu nome é Alethia Jackson, sou a líder do time de animadoras de torcida da escola, campeã das olimpíadas interescolares de inverno por quatro anos consecutivos, rainha do baile de primavera há seis anos, presidente de turma e representante da escola em eventos sociais. Eu sei que a gente já se conhece, mas eu tenho que me apresentar formalmente sabe? – Alethia disse com um sorriso presunçoso estendendo a mão pra Bonnie que a apertou mantendo o mesmo sorriso.

-OK então. Prazer, Bonnie Carter.

-Hm, então hoje eu vou passar o dia com o uniforme das cheerleades, pode ficar com a minha camiseta do uniforme até chegar a sua. – Alethia disse oferecendo a camiseta em sua mão. 

-ah, que gentileza, Alethia.

-Pode contar sempre. – Alethia disse ainda sorrindo – Bom, agora com licença, eu já estou atrasada pra aula.

 

POV Alethia

 

Eu disse que ia pra aula, mas não fui. Fiquei observando atrás de uma viga no hall enquanto ela colocava a camiseta da Kimberly com uma expressão muito frustrada.

Depois que a multidão se afastou da ruiva, apenas um ficou lá. Adivinha quem era? Sim, o Justin. Eu tive que me segurar pra não ir lá tirar ele de perto dela, mas eu tive que correr antes que eles me vissem ali escondida.

Depois do almoço eu, Kimberly, Diana, Carlie, Stephane, Jeniffer, Hayley, Lauren, Micaelly e Nichole fomos dispensadas das aulas por causa do treino das cheerleaders, mas pra minha enorme surpresa, o ginásio não estava vazio como deveria estar.

Lá estava a Bonnie sentada no primeiro banco da arquibancada olhando distraída pra algum lugar além dos outros bancos da arquibancada.

-Vocês estão seis minutos atrasadas. – Ela comentou voltando sua atenção pra gente.

-Que você quer aqui? – Carlie perguntou secamente.

Carlie é uma nipo-descendente, é muito legal, mas não tem um pingo de paciência.

- Se você não viu na porta, deixa que eu te falo: o ginásio está reservado pros ensaios da cheerleaders – Hayley disse tranquilamente.

-Eu vi, é por isso que eu to aqui. – Bonnie rebateu.

-Começa a falar então.  –Eu disse.

-Eu quero fazer parte das cheerleaders.

Diana começou a rir com estridência e foi acompanhada pelas outras meninas, com exceção de mim e da Hayley.

-Meu bem, nessa escola tem mais de 300 meninas e só 10 são cheerleaders. – Diana disse se recuperando do seu ataque – Você tá achando que é só chegar e pedir é?

-Eu sei que não é, mas eu tenho capacidade pra isso.

-Todas acham que tem– Micaelly disse.

-Então me testem – Bonnie insistiu.

 Admito, ela era persistente.

-Nós até testaríamos, mas todas as vagas já foram preenchidas na equipe. – Nichole disse estourando a bolinha de chiclete em sua boca.

-OK, então. Já vi que vou ter que dar um jeito nisso sozinha. – Bonnie disse e nos deu as costas.

--------------------

-Que será que ela tá pensando em fazer? – Stephane perguntou quando começamos o alongamento.

-Se ela estiver pensando em expulsar alguma de nós pra ela entrar, ela vai se ver comigo – Diana ameaçou.

-Mesmo que ela peça pra expulsar alguém, ela só seria aceita se o resto do grupo votasse em unanimidade. – Eu disse – E ninguém aqui faria isso. Fariam?

-Claro que não! – Carlie exclamou – Eu espancaria se uma só se atrevesse a aceitar ela aqui!

-Já disse que eu te amo Carlie? – Eu disse rindo.

-Ah, ela tá pensando que é quem, pra jogar aquela cantada ridícula no Justin e depois vim achar que vai usar decote onde nem eu posso usar? –Carlie disse fazendo eu e as outras meninas rirem com mais gosto.

Essa é uma das coisas que eu mais gosto nelas, nós somos um grupo, se mexe com uma mexe com todas.

Quando eu cheguei ao estacionamento duas horas depois, Justin estava conversando com a Bonnie, ambos sorrindo e muito entretidos. Aquilo me incomodava intensamente. Não posso acreditar que aquela menina faz o Justin ficar tão bem, faz ele sorrir com tanta freqüência quanto eu faço. Argh!

Eu decidi ir pra casa sozinha, tentei passar o mais distante possível deles, mas Justin me viu.

-Alethia aonde você vai? – Ele gritou.

-Pra casa, oras!

-A pé?

-Andar faz bem. –Eu disse sem parar pra dar atenção.

-Não depois de duas horas de ensaio. Alethia vem aqui!

Mas eu não parei, continuei andando sem olhar pra trás. Eu sabia que Justin viria atrás de mim, então eu virei a esquerda numa viela onde carros não passariam nem que pudessem numa tentativa de me livrar da futura e certa perseguição. Não foi a melhor idéia que eu tive.

A viela era escura, escura demais pra apenas três horas da tarde, e era longa. Três passos depois da entrada eu já estava em pânico. E o pânico só aumentou quando alguém puxou meu cabelo e começou a me arrastar até eu cair no chão.

Eu comecei a gritar, mas estava certa que ninguém me ouviria então decidi calar a boca. Eu fui arrastada até a metade da viela até que o desgraçado que puxou meu cabelo decidiu ficar de frente pra mim. O rosto do Miguel Corner estava bem perto do meu, ele tinha aquela expressão estranha no rosto, algo como Bartô Crounty Júnior de Harry Potter e o cálice de fogo.

-Me solta Miguel! – eu pedi já chorosa.

-Eu falei que nós nos veríamos no domingo, esqueceu?

-Não esqueci.

-Então porque não apareceu? Eu fiquei te esperando lá naquela esquina até mais de meia noite.

-Eu.. eu, eu... – eu comecei a gaguejar. Naquele domingo, Justin tinha visto o carro de Miguel na esquina e não me deixou sair de casa, depois que ele foi embora, eu fiquei aliviada achando que ele havia desistido de mim já que ele não fora me chamar nem nada.

Ele puxou meu cabelo com mais força e me fez deitar no chão.

-Me solta! – Eu gritei, mas ele não disse nada, apenas começou a desabotoar a calça.

-NÃO! NÃO! - Eu comecei a gritar desesperada.

Eu levantei rapidamente, mas antes que eu pudesse correr ele havia me puxado pela blusa e logo já estava segurando meus braços.

Eu comecei a me debater furiosamente enquanto tentava lembrar apenas um dos milhares de golpes pra imobilizar que minha mãe havia me ensinado, mas como era típico dessas situações, nenhum me veio a cabeça. Então eu comecei a socá-lo, chutá-lo e continuei a me debater enquanto Miguel se esforçava pra me deitar no chão de novo.

-ME LARGA SEU NOJENTO!

-CALA A BOCA!

-NÃO! SEU ASQUEROSO, FILHO DE UMA PUTA!

Foi nesse momento que ele me deu um tapa no rosto. Doeu horrores, mas eu não parei de me debater, não deixaria aquele nojento me estuprar. Nunca!

-Se você não calar essa boca, eu vou te dar um soco! – ele ameaçou.

-Foda-se você! Se quiser me espanca, mas você não vai me estuprar!

-Paga pra ver? – ele disse com um sorriso brincando nos lábios.

-Não ouse encostar essas suas mãos nojentas em mim! – eu disse aumentando o tom até estar gritando de novo.

Miguel estava tentando tirar minha blusa, mas cada vez que ele a subia e abaixava e ao mesmo tempo tentava bater nele, até que um pedaço da minha blusa tinha sido rasgado.

Finalmente um dos golpes havia vindo a minha mente. Eu deixei Miguel subir minha blusa até a linha do meu busto, só pra ele se distrair e soltar minha mão. Então eu dei um soco no rosto dele, levantei, mas ele me puxou pelas pernas e eu caí pra trás em cima dele que passou os braços em volta de mim me prendendo. De novo, eu comecei a me debater. Quando ele me colocou no chão de novo eu chutei seu peito e ele ficou momentaneamente sem ar, essa foi minha oportunidade.

Eu levantei e comecei a correr o mais rápido que pude, deixando minha mochila, meu celular, um pedaço do meu uniforme e um dos meus Nike pra trás.

Não demorou muito e Miguel já estava em meus calcanhares. Mas eu já podia ver o fim da viela. Decidi não voltar pra escola, lá estaria vazio.

Quando eu cheguei ao fim da viela eu corri em desabalada carreira pela rua – que pro meu azar não estava muito movimentada – e quase fui atropelada pro uma BMW preta, carro que por sinal, eu já conhecia muito bem.

-Abre a porta! – Eu gritei e, graças aos deuses, meu pedido foi atendido rapidamente.

Enquanto eu me joguei dentro do carro e bati a porta, Justin saiu. Quando eu olhei pra fora ele e Miguel já estavam presos em uma briga. Justin estava levando uns bons socos, mas estava dando uns bem fortes também. Eu me virei pra frente e comecei a procurar pro alguma coisa pesada dentro do carro, minhas mãos ainda tremendo muito. Não achei nada, até que eu lembrei de um ferrinho que tinha no carro que segurava o capô. Eu desliguei o carro e saí em direção ao capô enquanto meu primo ainda brigava com o maníaco. Eu desencaixei o bendito ferrinho que eu não sabia o nome e fui até a briga. Sem nem pensar eu comecei a golpear Miguel, de olhos fechados, ou seja, não fazia idéia de onde o ferrinho estava indo só estava torcendo pra não pegar no Justin.

-Alethia chega, você vai matar ele!

Então eu parei de golpear Miguel e abri os olhos. Felizmente, eu só acertei suas costas, foi o que eu pensei até que vi o sangue do ferimento em sua cabeça.

-Me diz que eu não matei ele. – Eu pedi quase chorando enquanto o sangue corria e Justin se levantava.

-Com sorte você não matou, agora vamos sair daqui! – Justin disse arrancando o ferro da minha mão.

Ele estava com o nariz e a boca sangrando e seu olho esquerdo estava começando a inchar. Eu entrei no carro de novo enquanto ele colocava o ferrinho no lugar.

-Obrigado. – Eu murmurei enquanto Justin arrancava da cena do, que eu não espero que seja, crime.

-A qualquer custo. – Ele murmurou ofegante lambendo o sangue que escorria por seus lábios. – Você tá bem? Ele não fez nada com você?

-Tá tudo bem. – eu disse baixinho. Justin assentiu.

-Na próxima, faz o favor de entrar na porra do carro e ir embora comigo como sempre e não saia se enfiando em vielas escuras! – Ele disse calmamente me fazendo sentir muito culpada.

-OK.

-Como a gente vai entrar em casa agora?

-Não sei. – Eu disse imaginando o estado deplorável em que nós estávamos.

Nossas mães provavelmente teriam um ataque epilético se nos vissem assim e descobrissem o motivo.

-Como “não sei”? A neta de Atena aqui é você! Não quero ter meus pais e meus tios presos por assassinato, Alethia.

-Me passa seu celular. E volta pra viela, pelo lado da escola, pelo amor de Zeus! – Eu disse enquanto discava o número do celular da minha mãe.

Eu pedi pra minha mãe comprar pão de queijo pra mim, isso a tiraria de casa por bem uns quinze minutos. Nós voltamos na viela, recuperamos minha mochila, meu celular e meu tênis e fomos pra minha casa.

Como aquela era uma situação de urgência, eu e Justin tomamos medidas drásticas. Trancamos-nos no meu quarto e enquanto eu tomava banho – com três toalhas de praia cobrindo o vidro do Box -, Justin se lavava na pia.

Minha mãe ficou surpresa ao ver Justin em casa e com o olho roxo, ela não acreditou, mas não disse nada quando ele disse que havia levado uma bolada no treino de futebol. Eu ainda estava tremendo e minhas pernas se cruzavam automaticamente em um modo de defesa toda vez que eu pensava “e se ele tivesse conseguido?”

Naquela noite eu decidi: não iria pra escola até minhas pernas pararem de tremer, é.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês acharam que o Miguel ia esquecer assim tão fácil? ;O Falando nisso ele morreu? ;O