Lovestoned escrita por Ducta


Capítulo 12
Reviravolta, tentativa de assassinato, culpa.


Notas iniciais do capítulo

realmente uma reviravolta ;O



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POV Alethia

 

O dia do baile. Finalmente? Acho que sim. Meu estômago estava embrulhado desde as cinco da manhã, passei a metade do dia vomitando saliva, que era a única coisa que chegava até meu estômago.

-Ah vida maldita! – eu disse me olhando no espelho do banheiro, tinha acabado de vomitar de novo. – Pra quê tanta ansiedade Alethia? – eu me perguntei com raiva de mim mesma.

Aquela tarde minha mãe me deu mais uma dose do remédio para enjôo e eu fui tomar banho, logo eu estaria saindo pro baile.

Eu havia comprado um vestido para ir ao baile, ele era preto de mangas compridas,  ficava como um corpete no tronco e a saia era de pregas e batia pouco acima do joelho, sem brilho nem nada tão especial, mas era bonito. Mas aquela altura do campeonato eu já estava indecisa entre o vestido com scarpim e o jeans com tênis e moletom. Optei pela primeira opção, era um baile afinal de contas. Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo e deixei a franja caindo sobre meus olhos. Marquei bem os olhos com lápis de olho e delineador, usei um gloss incolor pra terminar o look e coloquei minha jaqueta jeans por cima. Me olhei no espelho, gostei do que vi, mas eu havia me esquecido de uma coisa: estava nevando, eu congelaria se saísse com as pernas de fora. Tirei o scarpim e coloquei uma meia calça que acabou estragando o visual que eu havia criado. Tirei tudo. Coloquei uma jeans skinny, botas de couro que iam até o joelho de salto fino, uma blusa de algodão de mangas compridas e uma jaqueta de couro preta por cima. Soltei meus cabelos e ajeitei a franja pra que ela caísse sobre meus olhos. Me olhei no espelho de novo, respirei fundo e desci as escadas colocando o celular no bolso da calça. Já tinha combinado de pegar o Mercedez Benz preto do meu pai. Por dois motivos: eu tinha mais controle naquele carro e ele era discreto, apesar de ser um Mercedez. Me despedi dos meus pais e eles me desejaram boa sorte.

-Ligue se acontecer alguma coisa ok? – minha mãe disse pregando um beijo na minha testa enquanto mantinha suas mãos em meu rosto.

Eu sorri em resposta e saí.

Enquanto eu tirava o carro da garagem, meu coração subia várias batidas fazendo minhas mãos suarem frias.

“Sem pânico” – eu disse repetidamente a mim mesma e liguei o rádio. Tinha um CD lá, eu dei play e “Ironic” da Alanis Morissette começou a tocar. Eu gostava daquela música e nem ao menos me lembrava. Aumentei o volume e comecei a cantar a plenos pulmões enquanto ficava cada esquina mais próxima da escola. Eu estava testando a teoria de “quem canta seus males espanta”, funcionou até a hora que a música acabou. Tirei o CD e procurei pelo CD que eu havia deixado lá alguns meses atrás.

Coloquei o CD no rádio e comecei a cantar “I hate myself for loving you” da Joan Jett aos gritos também. Me senti melhor, mas antes de chegar à escola eu mudei pra “Dance In the Dark” da Lady Gaga, queria me lembrar daquela noite com o Christopher e o Afonso, eu me sentia confiante, bonita, impossível. Não consegui chegar minimante perto de me sentir assim. Estava me sentindo confusa, meu coração a cada segundo mais apertado chegava a doer, me causando mal estar de novo. Queria volta pra casa.

-Termine o que você começou! – eu ordenei a mim mesma quando entrei no estacionamento da escola. Desliguei o rádio e agradeci mentalmente pelo carro ter os vidros fumês.

Me olhei pelo retrovisor e arrumei minha franja, não saí do carro. Esperei o estacionamento esvaziar, só então desci. Caminhei lentamente até chegar às portas do ginásio. La dentro tocava um remix que eu não conhecia, eu parei junto às portas e lá fiquei tentando achar Justin no meio da multidão. Pretendia ser rápida, não queria ter tempo pra chamar atenção; caminharia diretamente até Justin, o puxaria pra fora de lá e então conversaríamos. Esse era meu plano. Achei Justin junto com a Bonnie bem no meio da pista de dança, reconheci os cabelos dela balançando loucamente ao ritmo da música. Eu me enchi de uma raiva que eu nem sabia de onde vinha, raiva de mim mesma. Aquele era meu baile, meus amigos, minha vida. Porque eu fui abandonar por causa da Bonnie? Mas que diabos havia acontecido comigo? Uma paixãozinha, um pouquinho de ciúmes e isso foi o suficiente pra mim abandonar toda a minha vida? Puta que pariu!

Eu saí da porta do ginásio e corri pro banheiro. Vi minha expressão raivosa e ao mesmo tempo confusa no espelho. Respirei fundo e busquei confiança dentro de mim, aquele era o meu mundo e eu era a rainha daquilo ali! Voltei ao carro do meu pai e procurei no porta-luvas o quite de maquiagem que minha mãe deixava ali, passei o batom vermelho sangue, reforcei o lápis de olho e o delineador, soltei os cabelos e voltei pro ginásio muito confiante. Estava decidida a acabar com a alegria da Bonnie e com a sanidade mental do Justin. Mudança total de planos, é. Eu fui disfarçadamente até o DJ e entreguei meu celular pra ele.

-Cherry bomb é a terceira música da playlist. Ajusta pra mim? – eu disse e ele assentiu. Eu peguei um dos microfones que estavam conectados e fui até as arquibancadas, poucas pessoa tinham notado meus movimentos, mas ninguém parou pra observá-los.

Eu fui até o último degrau da arquibancada e quando a música começou, eu soltei a voz atraindo todos os olhares daquele lugar.

- Can't stay at home, can't stay at school

Não consigo ficar em casa, não consigo ficar na escola

Old folks say, ya poor little fool

As pessoas dizem que eu sou só mais uma tola.

Down the street I'm the girl next door

Na rua, sou uma garota normal

I'm the fox you've been waiting for!

Eu sou a pessoa por quem vocês esperavam!

 

Hello Daddy, hello Mom

Oi papai, oi mamãe,

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

Hello world I'm your wild girl

Oi mundo, eu sou sua garota selvagem

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

 

“Eu vi todas as expressões ficarem pasmas ao me ver, vi o Justin engasgar com o refrigerante que ele estava tomando, vi a Bonnie quase virar o pé com o salto, vi a Diana segurando a Kimberly que dava pulos e gritos estridentes, vi os meninos que gostavam de mim esquecer as garotas ao seu lado, vi olhares fulminantes, apaixonados, saudosos, entre outros se misturando as expressões surpresas.”

 

Stone age love and strange sounds too

Amor da idade da pedra soa estranho também

Come on baby let me get to you

Vamos lá, baby, deixe aproximar-me de você

Bad nights cause'n teenage blues

Más noites por causa de adolescentes depressivos

Get down ladies you've got nothing to lose

Levantem-se garotas, vocês não têm nada a perder

 

Hello Daddy, hello Mom

Oi papai, oi mamãe,

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

Hello world I'm your wild girl

Oi mundo, eu sou sua garota selvagem

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

 

“Enquanto cantava fui me deslocando pela arquibancada rasgando as faixas que a Bonnie havia escolhido pra enfeitar o baile. Verde e prata não combinavam com o preto e amarelo tradicional da escola, brilho demais, cadeiras demais, falsidade demais, tudo estava exagerado ali. Nem sequer me importei com os xingos e gritos histéricos que a Bonnie dava.”

 

Hey street boy whats your style

Ei, garoto, qual é o seu estilo

Your dead end dreams don't make you smile

Seus sonhos impossíveis não farão você sorrir

I'll give ya something to live for

Darei algo pra você viver

Have ya, grab ya til your sore

Ter você, agarrar você até você ter certeza.

 

Hello Daddy, hello Mom

Oi papai, oi mamãe,

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

Hello world I'm your wild girl

Oi mundo, eu sou sua garota selvagem

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Eu sou sua cereja explosiva!

 

Eu finalizei a música dando um puxão na faixa principal, que caiu em cima da mesa de bebidas jogando latas de refrigerante pra todos os lados, assustando várias pessoas próximas a mesa. Eu desci as arquibancadas com calma e um sorriso satisfeito no rosto. Fui abraçada por meus amigos, rodopiadas, jogada pro alto e tudo o que você possa imaginar. Justin era o próximo a se aproximar pra me abraçar. Eu não deixei apesar de querer muito aquilo.

-Não, não, não! – eu disse esticando meu braço a minha frente, impedindo que ele desse um passo a mais. – nem pense em se aproximar de mim.

-Por quê? – Ele perguntou.

As pessoas formaram uma espécie de circulo a nossa volta.

-Você nem sequer sentiu minha falta, porque se importaria com um abraço? – eu disse, vendo a dor perpassar seus olhos. Foi doloroso pra mim, mas eu me mantive firme.

-Engano seu. Você não faz idéia do quanto eu senti sua falta, não faz idéia o quanto eu me importo com esse abraço que você está negando! Você me conhece, você sabe que eu não vivo sem você!

-Eu pensei que conhecia! Já cheguei a acreditar que eu sabia de tudo o que se passava na sua cabeça, mas eu estava errada! – eu rebati com a voz baixa e acusadora.

-Você vive querendo colocar barreiras aonde não tem Alethia!

-Não diga meu nome. Não peça desculpas. Não se aproxime. Não pense em mim. Isso deve ser fácil pra você. – eu disse tirando meu braço do nosso caminho.

Encaramos-nos por vários segundos, em total silencio. Todos em volta pareciam esperar que nós começássemos a nos beijar ou nos bater. Não fizemos nenhum dos dois. Não fizemos nada. Depois de uns minutos ele se deu por vencido e saiu da minha frente, as mãos nos bolsos, dor em seus olhos que eu tanto amava, mas a cabeça erguida.

Ele sobreviveria, eu sobreviveria. Tudo ficaria bem.

 

POV Diana

 

Aquela foi a cena mais tensa que eu já vi. Ninguém nunca podia imaginar a Alethia tão dura com o Justin. Ninguém sequer podia imaginar que um dia eles viriam a brigar. Parecia impossível, parecia um pesadelo. Alethia soltou um suspiro pesado e foi em direção ás portas, eu corri atrás dela, antes que alguém pudesse fazer algum movimento.

-Ale... – eu comecei.

-Di, está tudo bem. Eu vou sair, ele vai vir atrás de mim, nós vamos conversar. É isso que eu quero. – ela disse sem me olhar.

- Don't surrender, don't surrender

Não se renda, não se renda

Cause the fight inside your hearts

Porque essa briga dentro do seu coração 

Your best defender. Don't surrender

É sua melhor defesa. Não se renda.

Don't give up when ya know you right

Não desista quando você sabe que está certa.   

When you're feelin all alone just remember    

Quando você se sentir sozinha, apenas se lembre:

Don't surrender

Não desista. – eu cantei, eu sabia que ela gostava daquela música. Ela sempre cantava aquele refrão quando eu ou as meninas não conseguíamos fazer algum movimento durante os ensaios das cheerleaders.

Eu não vi, mas tenho certeza que ela sorriu antes de ir. Eu voltei pra junto das meninas a tempo de ver o Justin correr porta a fora deixando uma Bonnie puta da vida pra trás.

-A gente devia ir atrás. – Kimberly disse.

-Não, ela não quer ninguém atrás. Parece que ela já tem tudo planejado. – eu disse.

-Ela sempre tem um plano. – Lauren disse voltando sua atenção à coca-cola em sua mão.

Quinze minutos depois a Kimberly puxou a saia do meu vestido, pra chamar minha atenção, as meninas já estavam na pista de dança de novo.

-Pra onde o Miguel Corner vai? – ela perguntou ainda olhando a porta.

-Banheiro, fumar, pegar alguém, inúmeras possibilidades. – eu disse sem realmente me importar com o que ele ia fazer.

-Não gosto dele. – ela disse provocando um arrepio em mim.

Nós ficamos em um silêncio tenso após o comentário dela. Seis ou sete minutos depois veio o grito que fez o sangue de todo mundo dentro do ginásio gelar.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – era a Alethia.

Seu grito foi seguido por outro.

-ASSASSINA! ASSASSINA! SOCORRO! – era o Miguel.

Todos ainda estavam em choque com o grito, eu comecei a correr e fui seguida pelo ginásio todo. A cena a seguir fez meu coração baixar duas ou três palpitadas.

A Alethia estava parada perto de uma parede, coberta de sangue, com uma adaga ensangüentada na mão, uma expressão de pânico. Miguel mais ao lado, sujo de sangue também e matinha uma expressão apenas surpresa. Justin estava caído no chão, um buraco em sua barriga que jorrava sangue, dali eu podia ver sua respiração lenta, pesada e ruidosa. Ele não agüentaria muito tempo. Os olhos fechados.

-Não. NÃO! ASSASSINA! QUE VOCÊ FEZ COM ELE?! – Bonnie gritava ao se aproximar do corpo de Justin, os olhos já cheios de lágrimas, em pânico ela começou a chamar o nome do namorado enquanto o sacudia, sempre virando pra chamar Alethia – que ainda estava estática – de assassina.

Após o choque inicial momentâneo, reinou o caos. Vários celulares foram erguidos, gritos em pânico, choro, acusações voltadas a Alethia, professores tentando manter a ordem. Todos esse ruídos se misturaram, o mais forte eram os gritos da Bonnie chamando a Alethia de assassina, pouco depois, Bonnie teve o reforço de outros alunos.

-NÃO! NÃO FUI EU! NÃO FUI EU! – Alethia gritou chorando, enquanto escorregava pela parede sem largar a adaga.

Ela colocou as mãos nos ouvidos, chorando compulsivamente em desespero, a lâmina bem perto do seu rosto. Ela começou a bagunçar os cabelos, espalhando sangue pelo rosto, o misturando com suas lágrimas enquanto ainda sussurrava que não havia sido ela. Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas. Era perturbador ver a Alethia tão fora de controle. Ela era sempre tão calma, ela não podia ter feito isso.

-CALEM JÁ A BOCA! – eu gritei enquanto ia até a Alethia.

Alethia se assustou com meu grito e cortou sua bochecha. Isso fez com que ela largasse a adaga. Ela nem se importou com o corte, apenas continuou chorando, murmurando que a culpa não era sua. Eu decidi não me aproximar mais.

A ambulância chegou minutos depois e levou Justin, o treinador foi junto, dizendo a diretora que ligaria para os pais de Justin no caminho. Eu conhecia a mãe de Justin, ela provavelmente enfartaria quando soubesse o que aconteceu ao filho. E se ele morresse?

Quando a polícia chegou, todos os presentes foram interrogados rapidamente e mandados embora. Eu fui uma das últimas, faltavam apenas o Miguel e a Alethia. Eu pedi pra ficar ao lado dela, eles deixaram.

Eu me aproximei com cautela, chamei seu nome baixinho, ela ergueu a cabeça. Me senti mal em ver Alethia daquele jeito.

-Di não fui eu, eu juro! Não fui eu! – ela disse ainda chorando compulsivamente.

-Tudo bem, eu sei que não foi você, eu sei que não – eu disse e ela me abraçou. Eu afaguei seus cabelos e voltei minha atenção pro depoimento que o Miguel estava dando próximo a nós.

-Ela fez um showzinho lá no ginásio e depois saiu com o Justin atrás, pouco tempo depois eu saí pra fumar, aí eu vi eles discutindo aqui, quando eu me aproximei pra tentar apartar a briga, ela tirou a adaga de dentro da jaqueta e afundou no fígado do Justin! – ele disse ainda com aquela expressão surpresa.

-NÃO! – Alethia gritou se desviando do meu abraço. – EU NÃO FIZ ISSO! NÃO FUI EU!

-CLARO QUE FOI, SUA ASSASSINA! –Miguel rebateu fazendo Alethia se encolher de novo. Fazendo-a chorar mais ainda.

-Já chega, rapaz, está dispensado. – o policial disse.

Eu juro que vi um sorriso se abrir no rosto do Miguel antes dele dar as costas.

Enquanto eu ainda ouvia os gritos e o choro desesperados da Alethia, eu me sentia assustada. Se mais alguém acusasse Alethia de assassina, ela teria outro colapso. Eu conhecia minha amiga.

Antes que o policial perguntasse qualquer coisa, eu já fui dizendo o quanto o Justin e a Alethia eram apegados, eu tinha certeza de que ela nunca faria aquilo com ele, expliquei tudo o que tinha acontecido com eles e fui dispensada.

Encontrei os pais de Annabeth na porta enquanto saia. Percy e Annabeth correram pra dentro gritando pela filha. Eu ouvi um último grito da minha amiga:

-Mãe, pai, não fui eu, eu juro! Não fui eu!

 

Duas semanas depois.

POV Alethia

 

Eu só pude ir ao hospital ver o Justin depois de ir á polícia várias vezes prestar depoimento ou pelo menos tentar, já que eu não conseguia dizer uma só palavra. Eu começo a chorar e soluçar só em pensar naquela noite. E depois de passar por um rápido tratamento psiquiátrico, uma psicóloga foi posta pra cuidar de mim. Sim, a policia estava tirando uma comigo, querendo dizer que eu era uma psicopata. Ninguém me chamou de assassina de novo, mas eu sabia que a culpa iria cair em cima de mim. Eu fui pega com a arma do crime na mão, eu estava na posição certa pra ter atingido o Justin. Chega! Não quero mais pensar nisso.

Minha tia Angie teve queda brusca de pressão quando o treinador disse que Justin estava no hospital por conta de uma facada. Tinha recebido alta no dia seguinte. Ela e meu tio disseram pra eu não pensar nisso, a culpa não era minha e eles tinham certeza disso.

-Tem certeza de que está pronta? – Andréia, a psicóloga que era mais esquizofrênica que eu perguntou colocando as mãos nos meus ombros.

-Tá achando que eu vou desligar os aparelhos pra terminar o serviço? – eu perguntei cinicamente. Posso dizer que já estou acostumada com ela me acusando por debaixo dos panos.

-Isso é uma confissão?

-Cala essa boca, mulher! Ela não tem nada pra confessar porque El não fez nada! – Meu pai disse antes que minha mãe pudesse descer umas porradas na mulher.

Antes que eu perdesse a coragem, eu abri a porta do quarto do Justin e fechei às minhas costas. Ele estava em coma induzido, segundo os médicos, ele bateu a cabeça com força quando caiu, o fígado estava comprometido. Ele já passara por algumas cirurgias pra reconstruir as paredes danificadas, mas ainda tinha muito a se fazer. Estava sendo difícil me manter parada ali, olhando pro Justin deitado, imóvel, cheio de tubos pelo corpo, aparelhos que o ajudavam a se alimentar, a respirar. Era impossível de acreditar que aquele garoto que raramente pegava uma gripe estava deitado ali, cheio de aparelhos o ajudando a viver. Diana me disse que no dia a respiração dele estava fraca, que ele não resistiria muito tempo. Algumas noites atrás eu ouvi meu pai dizer a minha mãe que os médicos disseram que ela realmente um milagre ele ainda estar vivo, porque ele perdeu muito sangue em muito pouco tempo. Esse foi um dos motivos pelo qual ele foi induzido ao coma. Seu organismo tinha que se recuperar e se ele estivesse acordado, esforçaria muito o corpo e isso atrasaria a recuperação. Segundo o tio Nico, Justin tinha uma ajuda de Hades, que o mandou de volta quando ele teve uma parada cardiorrespiratória.

Eu sentei na cadeira ao lado de sua cama e segurei sua mão.

-Você não vai me deixar não é? Você não pode fazer isso. Você sabe o quanto eu preciso de você. Não sei se você pode me ouvir, mas se puder, por favor, eu te imploro pra que não me deixe. – uma pausa longa. – Eu te amo.

Me levantei e dei um beijo em sua testa. Sem olhar pra trás, eu corri pra fora do quarto, me jogando nos braços da minha mãe. Sentindo minha alma afundar em dor e pesar de novo.


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Notas finais do capítulo

Meus conhecimentos medicinais são baseados em "Grey's Anatomy" bls?
Ah, deuses, chorei balds e bacias e vocês?



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