Best Match escrita por Suryia Tsukiyono


Capítulo 1
Capítulo Único




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[Instituto Touto de assuntos físicos avançados, 5 de setembro de 2017, 11:00 a.m]

Gentoku chegou ao laboratório atraído pelas vozes exaltadas. Um dos cientistas responsáveis por uma importante pesquisa do Instituto gritava e gesticulava para Utsumi que apenas se mantinha imóvel. Ele custou a entender que o homem estava esbravejando por algum suposto erro que Utsumi havia cometido, e o insultava de todas as formas possíveis. Ao vê-lo chegando Utsumi apenas baixou a cabeça ajeitando os próprios óculos.

Ele estava irritado, não sabia ao certo se pela gritaria ou pela forma extremamente rude com que o cientista tratava o seu assistente. Rosnou meia dúzia de palavras para o homem e com uma ameaça velada de expulsá-lo da pesquisa, ele o deixou falando sozinho, apenas fazendo um sinal para que Utsumi o seguisse, sendo imediatamente obedecido.

“Eu sinto muito pelo transtorno”, desculpou-se o jovem se curvando.

“Você não devia se envolver com esse tipo de gente”, disse Gentoku meio debochado.

“Sim, senhor”, ele concordou sem encará-lo, “Eu sinto muito… Alguém da sua posição não devia ter que intervir em um incidente dessa natureza. Não era necessário que o senhor fizesse isso…”.

“Eu fiz isso porque você é meu!!”, disse Gentoku muito enérgico, mas completando logo em seguida, “Meu assistente”.

Utsumi ergueu os olhos, o encarando com surpresa.

“Quem aquele homem pensa que é falando daquele jeito com o que é meu?”, insistiu aborrecido.

Embora Utsumi se mantivesse impassível, em seu interior ele não conseguia conter as emoções. Era no mínimo estranho vê-lo falar daquele jeito sobre ele, mas era de certa forma agradável também. Ele havia passado muito tempo ao lado de Gentoku, seguindo todas as suas ordens, mesmo que na maioria das vezes fosse tratado com indiferença. A única coisa que sabia era que admirava aquele homem muito mais do se podia imaginar. Na verdade, ele já não sabia onde essa admiração terminava dando lugar a outro sentimento que ele não conseguia nomear. E se ver ganhando de repente algum tipo de importância para Gentoku, por menor que fosse, era algo recompensador.

“Isso não vai mais acontecer. Fui consultar os dados daquela pesquisa porque o senhor me ordenou”, esclareceu Utsumi, “Estava apenas cumprindo suas ordens, senhor”.

“Você sempre cumpre minhas ordens, não é?”, retrucou vaidoso. “Então, tire o dia de folga”.

“O que, senhor?”, ele não conseguiu evitar de demonstrar sua surpresa.

“Soube que é seu aniversário hoje. Você tem sido um bom assistente, então talvez você devesse aproveitar esse dia”, disse Gentoku, observando o leve sorriso que se formou no rosto do assistente logo ser substituído por uma expressão pesarosa.

“Eu agradeço, mas… eu não tenho para onde ir, nem com quem comemorar. Então… eu prefiro ficar, se o senhor me permitir…”, ele respondeu cabisbaixo.

“Ah, eu imaginava. Então... talvez você queira comemorar comigo, em minha cama, esta noite”, sussurrou diminuindo o espaço entre ele e o assistente.

“Será… será um prazer, senhor”, Utsumi gaguejou e sorriu.

“Eu tenho certeza que será!”, Gentoku disse com seu jeito arrogante e presunçoso.

Utsumi voltou a sua fria expressão de sempre assim que Gentoku se afastou. Aquela situação o havia pego de surpresa, no entanto, ele não sentia necessidade de entender o que parecia estar acontecendo.

*********

[Café Nascita, 5 de setembro de 2017, 11:00 p.m]

Sento havia finalmente chegado, estranhando o local todo escuro. Logo que abriu a porta percebeu uma silhueta em meio à penumbra, encontrando Banjo sentado no balcão assim que acendera a luz.

“Onde estão os outros?”, perguntou Sento.

“O proprietário precisou sair e Misora está dormindo lá embaixo, ela estava exausta”, Banjou respondeu de imediato.

Quando se aproximou, Sento pode notar o bolo de aniversário sobre o balcão.

“Feliz aniversário, Sento”, disse Ryuga com um sorriso enquanto o outro lhe devolvia um olhar curioso, “Eu… queria me desculpar... Você nem me conhecia e… esse tempo todo você sempre acreditou e confiou em mim. Enquanto eu… bem eu… só causei problemas”.

Sento podia ver a sinceridade nos olhos de Ryuga. A forma como ele se mantinha, a postura com os ombros caídos demonstrando arrependimento.

“E então você me preparou um bolo de aniversário?”, questionou Sento um pouco confuso.

“Claro que não! Eu o comprei. Misora me indicou o que comprar, na verdade”, ele respondeu meio encabulado.

“Eu agradeço, mas… não é meu aniversário. Na verdade eu não sei quando faço aniversário. A data… eu...não consigo lembrar”, respondeu Sento entristecido, sentando-se frente a Ryuga.

“Eu já sabia que não lembrava, mas o proprietário me disse que hoje é o dia em que ele o encontrou sem memória e o trouxe para cá”, explicou o ex-boxeador. Ele não conseguia esquecer tudo o que Misora havia dito. Até mesmo a conversa que tivera com Souichi um tempo atrás, sobre Sento estar sempre sorrindo, mas carregar uma solidão que ninguém era capaz de imaginar. Tudo isso não saía de sua cabeça. “Então... é o dia do seu renascimento. Achei que era uma boa ideia comemorarmos”.

“Renascimento? Talvez isso até faça algum sentido...”, conjecturou Sento pensativo.

“É claro que faz sentido. Então vamos comemorar a sua nova vida”, Banjou sabia que não era muito bom com palavras, mas estava tentando ser o mais sincero possível, “Eu quero ajudá-lo a descobrir sobre o seu passado, mas…. neste momento não me importa mais quem você foi, me importa apenas quem você se tornou. Você é a pessoa mais honesta, verdadeira e gentil… que já conheci”.

“Baka… está tentando me fazer chorar?”, sussurrou Sento emocionado, virando o rosto meio sem jeito.

Ryuga segurou suavemente o queixo de Sento, virando-o em sua direção. Ele contemplou com carinho os olhos lacrimosos do cientista, puxando-o repentinamente contra o peito e o envolvendo em um abraço terno.

“Feliz aniversário”, ele sussurrou nos ouvidos de Sento, que correspondeu tornando o abraço um pouco mais apertado.

Sento não sabia o que aconteceria dali em diante, nem mesmo se conseguiria revelar toda a verdade e recuperar sua memória. Talvez apenas ser o Build e seguir a vida ajudando as pessoas fosse o suficiente para satisfazê-lo, mas ele não queria pensar sobre isso agora. Naquele momento, ele estava feliz apenas por estar ali.

Do lado de fora, no céu de Touto, um nevoeiro obscuro encobria a brilhante lua que pairava sobre a cidade.

FIM?

 

 Suryia Tsukiyono

novembro/2017


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Notas finais do capítulo

— Como na série eles mencionam que tem cerca de 1 ano da morte do Katsuragi e tal, estou deduzindo que não havia se passado exatamente 1 ano, então ainda não era o dia 5 de setembro. Resolvi escrever como seria quando esse dia chegasse... Considerem isso como liberdade criativa XD

— Eu quase não tinha informações sobre o Utsumi (Pelo menos até o episódio 11), então eu achei que não haveria problema imaginar que o aniversário dele é em 5 de setembro.

— Esta fic é um presente para a querida BiPinkBunny, do grupo TokuBL que eu tive o prazer de tirar nesse amigo secreto. (Bi, eu espero que tenha ficado do seu agrado, eu coloquei todo o meu carinho enquanto fazia isso.)



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