Era noite de natal, e todos estavam reunidos no DenLiner. Até mesmo Ryotaro havia dado um jeito de estar com eles naquela noite. Todos pareciam animados quando Naomi trouxera o bolo, todos menos Momotaros que continuava bufando sem parar.

 “O que está te aborrecendo, Momotaros?”, perguntou Ryotaro.

 “Por que um bolo de natal? Eu queria pudim!!”, resmungou o Imagin vermelho meio sem paciência.

 “Porque é noite de natal, seu idiota! Então temos um bolo de natal!”, retrucou Hana chutando a canela do Imagin que choramingou de dor.

Ninguém percebeu quando Urataros fez um sinal chamando Momotaros para o outro vagão.

 “O que você quer??”, indagou Momotaros com má vontade, cruzando os braços em seguida.

 “Aqui está, senpai”, disse o Imagim azul entregando-lhe uma sacola. Momotaros vasculhou com surpresa o conteúdo e toda a sua má vontade se transformou em uma alegria quase infantil.

 “Pudim??? Obrigado, Kameko!! Você leu meus pensamentos??”, Momotaros sacudiu levemente o pote enquanto salivava em antecipação. Ele sabia bem que aquele pudim tinha vindo de uma loja de doces finos e certamente estaria delicioso. “Como conseguiu isso?”

 “Eu tenho os meus meios...”, respondeu Urataros com seu jeito convencido.

 Momotaros deu de ombros, ele não estava mesmo muito interessado em saber sobre aquilo. Mas de repente uma coisa lhe ocorreu, “Ei! Por que você está me dando isso?”, perguntou desconfiado.

 “É um presente de natal, senpai”.

 “E com qual interesse você está me dando um presente de natal?”, Momotaros insistiu. Aquilo parecia muito suspeito.

 “Nenhum interesse! Por que você está tão desconfiado?”, respondeu Urataros fingindo indignação.

 “Porque você é uma tartaruga interesseira. Não acho que você me daria algo sem esperar nada em troca”, conclui o Imagin vermelho.

 “Digamos que talvez o meu interesse seja... não passar a noite de natal sozinho”, ele respondeu com seu característico jeito conquistador.

“Como é que você pode passar a noite sozinho com tanta gente no outro vagão? Que estupidez...”, replicou Momotaros.

Urataros apenas cobriu o rosto com uma das mãos e balançou a cabeça em frustração, ele não devia mesmo esperar que Momotaros entendesse qualquer coisa. E então ele olhou pela janela.

 “Veja, senpai! Está nevando!!”.

 “Onde?? Cadê??”, Momotaros foi até a janela, colocando as mãos no vidro.

“É bonito, não é?”, Urataros se aproximou, aproveitando para passar um braço em volta de Momotaros, deixando a mão repousar suavemente em seu ombro.

 “É apenas neve…”, disse Momotaros.

 “Ah senpai!! Não seja tão insensível”.

 “Tudo bem, tudo bem. É bonito”, ele finalmente concordou.

 Momotaros sabia que pela força do hábito ele já teria empurrado o outro Imagin para longe, mas naquele momento ele não teve vontade de fazer isso. Talvez fosse o que diziam ser o espírito natalino. Talvez porque ele poderia se acostumar a ser paparicado daquela forma. Ou porque apenas aquela noite ele não se importava em ser fisgado... Era melhor não querer entender.

 “Feliz Natal, senpai...”, desejou Urataros enquanto contemplavam juntos a beleza dos alvos flocos de neve contrastando com a imensa escuridão do firmamento.

FIM

Suryia Tsukiyono

dezembro/2017