As felicitações pra 2017 chegaram bem antes dele, e vocês acham mesmo que eu ia perder a oportunidade de falar com a Gabriela? Não. Aproveitei e fiz uma grande merda em cutucar a ferida antiga que eu tinha feito. Foi sem querer, eu juro! Na verdade eu só queria ser legal, mas ela ficou irritadíssima comigo. Que menina linda é aquela, ein?! Af. Parece que quanto mais brava, melhor. E eu me peguei olhando aquele rostinho lindo inúmeras vezes durante a noite e era impossível não rir da cara que ela ficava quando percebia meu olhar sob ela. As horas se passavam e eu ficava imaginando como e quando ia pedir desculpas e não tenho nem palavras para agradecer a brilhante ideia da Lari de irmos lá pro mirante. Eu que puxei a tropa dos meninos e ficamos esperando ela e Lari lá em cima.

Gustavo: Essa amiga de Lari é um docinho, né? – Gustavo se jogou no colchão e não precisava chegar muito perto pra perceber que ele tinha bebido mais do que o costume.

Gustavo: Ai! Acho que vou vomitar.

Heitor: Mano, sai daqui! – Eles ficaram brigando e foram os primeiros a dormir no meio da conversa quando as meninas já estavam aqui em cima. Eu encarava o teto e não participava tanto da conversa delas, na verdade eu nem estava prestando atenção. Eu queria pensar em algum jeito de pedir desculpas e eu achei! Não sei se foi acaso ou destino, mas a galera inteira dormir e nos deixar ‘sozinhos’ ali foi uma boa situação para que eu pudesse me desculpar. Eu ainda tentava entender toda essa reviravolta que o mundo tinha dado e juntado nossas vidas de novo quando peguei no sono.

Só cochilei, né? Acordei atordoado sonhando que tava caindo e só vi Heitor dormindo na outra ponta do colchão. Af. Eram 07h: 22min e eu não consegui dormir de novo. Levantei, passei no meu quarto pra ir ao banheiro e só depois desci, já escutando a conversa do povo na cozinha. Dava pra ver que minha tia Esther dominava a casa e o cheiro do café que tia Heloísa tinha feito tinha tomado conta do lugar.

Eduardo: Ê... Já sai um cafezinho aí?!

Tia Duda: Bom dia, Eduardo! – tia Duda, tia Esther, Lari e Gabi estavam na mesa. O resto do pessoal estava na piscina, inclusive as crianças.

Eduardo: Bom dia! – Tia Heloísa riu, levando um copo de suco e um pratinho com um sanduíche pra Júlia. E aí tia Esther saiu logo depois com mais sanduíches e a jarra de suco lá pra mesa do quiosque.

Lari: Heitor ainda tá dormindo?

Eduardo: Aham. Deixei lá. Por quê? – Peguei um biscoito do pote.

Lari: Nada... Você não viu a hora que Gustavo levantou correndo? Passando mal?

Eduardo: Eu? Isso foi que horas?

Lari: Sei lá!

Gabi: Acho que foi umas 05h: 30min. Eu acordei com as ânsias de vômito dele. – Gabi mexia no celular.

Eduardo: Aaaaf. Ainda bem que nem vi a hora. Ele vomitou lá em cima?

Lari: Não. Ele desceu as escadas correndo, só que não aguentou chegar ao banheiro. Vomitou no quarto. – Puta que pariu. Eu passei muito por isso quando comecei a beber. MUITOOOOOO! Hoje eu não sinto nada não... Nós mudamos o assunto, né? Ninguém merece comer em meio a um papo desses...

Eduardo: E aí? Vocês vão fazer o que agora? Bora pra praia.

Lari: Bora! Quer que eu fale com tia Ju pra ela atrasar um pouco?

Gabi: Ô Lari... O problema não é nem eu ter falado com ela pra vim me pegar...

Eduardo: Você já vai?!

Gabi: É que eu não trouxe nada pra cá. – Ela continuou.

Lari: Ô piriguete, eu te empresto minhas coisas! Isso não é problema. – Lari deu de ombros enquanto tomava mais um gole do suco.

Eduardo: Ah não, Gabi! Como assim você não vai ficar pro meu aniversário?

Gabi: Eu não trouxe nada pra cá, gente... – Ela riu.

Lari: Tia Ju já tá vindo? Deixa-me falar com ela? Aí ela traz umas coisas pra você.

Gabi: Já era. Na última mensagem dela, ela já estava passando pela academia de mulheres daqui. – Gabi deu de ombros.

Lari: Poxaaaaa!

Eduardo: Se você quiser, eu vou lá contigo buscar as coisas.

Gabi: Não gente, sério... Eu não quero incomodar e minha mãe disse que Luca não para de perguntar por mim.

Lari: AH! Diz que ele tá vindo também, diz!

Gabi: Eu não sei não, mas daqui a pouco ela tá chegando. – Não conversamos nem 10min ali que o celular dela começou a tocar: já era a mãe dela. Gabi acenou pra quem tava olhando lá no quiosque mandando beijo e só assentiu quando perguntaram se ela já ia embora. O celular ainda tava tocando meio que a apressando e elas saíram a passos largos à minha frente. Não demorei muito para acompanhar as duas lá no portão.

Lari: Feliz aniversário de novo, xuxu! Você volta né? Eu nem te dei meu presente!

Gabi: Ai! Tô muito preocupada com isso. – Gabi revirou os olhos demonstrando pouca importância nesse lance de presente. Eu não conhecia a mãe dela, mas a cara não negava a genética forte. Elas eram muito parecidas! Os cabelos pretos e longos beiravam a igualdade. O da Gabi estava preso em um coque. Estava. Foi que eu puxei bem na base desfazendo o penteado.

Gabi: Vai à merda, Eduardo! – Ri, encostando-me ao portão e cruzando os braços.

Eduardo: Se você não voltar, eu vou te buscar. – Ela revirou os olhos.

Gabi: Eu vou pensar. Tá? – Gabi riu fechando a porta do carro e a mãe dela só buzinou enquanto saía dali. Ainda pude cuidar dela com os olhos refazendo o coque que eu tinha acabado de desfazer.

Lari: Você não cansa de encher o saco dos outros, né?

Eduardo: Eu? Você tem certeza? – Me fiz de desentendido fechando o portão atrás de mim.

Lari: Não. Vovó. – Lari me mostrou o maior dedo da mão dela e saiu na frente. Ela entrou pela cozinha e eu já fui pelo quiosque atrás do povo: as crianças ainda estavam na piscina e alguns dos pais também. Joca tinha acabado de sair da água e tava no colo do pai, João, mas eu tomei assim que sentei do lado dele na mesa.

Eduardo: Parece o que o café da manhã de certas pessoas não tem cafeína, né? – Ele riu, virando o copo Chopp na boca. 

João Miguel: Eu tenho alergia à cafeína! Me empolo todo.

Eduardo: Ah, tá...

João Miguel: É sério! Meu médico que recomendou aumentar as ingestões de cevada e é por isso que eu tomo toda hora que posso. Eu, o Gustavo...