Hey, Cathy - Oneshot escrita por Letícia R Menezes


Capítulo 1
A carta de despedida.


Notas iniciais do capítulo

Hey gente!
A ideia para escrever essa One veio de forma aleatoria, durante a ceia de natal. Tem um valor sentimental muito grande para mim pois a quantidade de pessoas que passam pelo o que a One aborda cresce cada dia mais.
Espero que aproveitem a leitura. Muito obrigada por lerem ♥



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Hey Cathy.

Não sei quando você estará lendo essa carta, se vai ser daqui a 10 ou 15 anos, se vai ser em abril, julho ou agosto, mas eu estou escrevendo ela exatamente a meia noite do dia 25 de dezembro, então primeiramente feliz natal. Desculpa se o natal não foi mais o mesmo para você depois que eu saí de cena.

Ou talvez eu esteja sendo muito narcisista e você nem esteja sentindo minha falta. Sei lá.

Antes de tudo quero que entenda que nada disso foi previamente planejado. Eu não planejei mentir ao dizer a todos que compareceria a festa de natal e depois sumir sem dar justificativa, eu não planejei me sentir tão vazia justamente hoje, quando eu deveria me sentir completa. E principalmente, eu não planejava escrever uma carta. Quem me conhece sabe que eu odeio seguir tendências, então eu nunca imaginei que seria a suicida que deixa uma carta pros familiares.

Mas achei injusto não deixar um ultimo adeus pra pessoa que eu mais amo, a pessoa que mais importa pra mim. Você. Minha irmãzinha.

Meu amor, imagino que você deva ter tantas perguntas. Por que eu me matei? O que fez com que eu me matasse? E meus amigos? E minha família? Tentarei responder todas elas nessa carta.

Eu me matei pois estava com depressão. E não do tipo de depressão que bate quando acabamos de ver um filme triste ou quando nosso celular quebra. A depressão que eu sentia veio como uma gripe, um vírus que se alastrou pelo meu corpo de forma silenciosa, de uma forma que só eu sentisse e ninguém mais notasse.

Começa como uma tosse, um pensamento fúnebre se apossa de sua cabeça por instantes e você tenta apenas ignorá-lo. Logo essa tosse começa a se tornar constante, tão constante que fica quase impossível conviver com ela. Ela te acorda no meio da noite e tira todo seu sono. Ela drena suas energias durante o dia. Ela faz com que atividades que você ama pareçam totalmente ridículas e desnecessárias.

Tudo começou na faculdade. Ah, a faculdade! Tão controvérsia! Alguns a amam, outros a odeiam. Estar na faculdade é como pisar em um chão cheio de folhas secas no meio de uma biblioteca. Um passo em falso e então todos os olhares estão sobre você. Você querendo ou não. Meu passo em falso foi ter confiado muito no meu auto controle e no meu domínio em mim mesma. Me deixei levar pela vaga ideia que todos nós sempre costumamos acreditar, a ideia de que nada vai acontecer com a gente.

A receita para o meu desastre foi uma festa 5 doses de vodca, 2 garotos extramente bêbados e babacas e um celular na mão. Você já deve ter sido alertada sobre garotas que bebem demais em festas e acabam sendo abusadas. Sim. Sua irmã foi uma delas.

Não demorou para o vídeo da "Puta" a "falsa santa" da Christine estar espalhada por todas as mídias sociais. Não demorou muito para que todos os meus "amigos" tivessem vergonha de andar comigo.

O pesadelo não acabava nunca. Dias se passaram, semanas, meses. O vídeo continuava ali, as mensagens cruéis continuavam ali, não me deixando ter uma noite de paz.

Quanto mais eu me afastava do mundo, mas eu me afastava também de você e da nossa família. Mas ninguém percebeu. Para todos, a Chris estava apenas "ocupada demais estudando".

Em resumo: eu estava sozinha, completamente sozinha. Não conseguia me olhar no espelho e não sentir desgosto pela imagem refletida. Não conseguia dormir. Não conseguia comer. Não conseguia sair de casa.

Mas principalmente, não conseguia imaginar a decepção que eu te causaria quando você ficasse madura o suficiente para entender o que aconteceu comigo. Eu deveria ser sua inspiração, Catherine. Eu queria que você olhasse pra mim e sentisse orgulho. Mas eu só trouxe vergonha. Eu só trouxe amargura.

Não conseguiria viver com isso. Simplesmente não conseguiria.

Catherine, nessa noite de natal eu só tenho um presente para te pedir. Não espero que você me perdoe ou continue me amando depois da minha escolha egoísta. Mas te peço por favor, se um dia você sentir essa tristeza, essa solidão, esse vírus se apossando de você, por mais idiota que pareça ser o motivo, busque ajuda. Não deixe que seja tarde demais. Quero que você aproveite sua vida da maneira mais plena possível. Quero que você ria tudo que eu não ri, quero que você chore tudo que eu não chorei e quero que você viva tudo que eu não vivi.

E quero que saiba que independente de onde eu esteja, eu sigo te amando, e sigo caminhando contigo, pois você é e sempre será minha pequena Cathy.

Com amor, Christine.


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Notas finais do capítulo

Novamente, muito obrigada por terem lido e dado uma chance para a minha oneshot. Se você gostou ou não, deixe um comentário dizendo o que achou, eu vou amar saber sua opinião. ♥



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