Across The Frontline escrita por overexposedxx


Capítulo 6
Capítulo 6 - Questionável


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! Como estão?
Espero que gostem desse capítulo; como sempre, foi feito com muito carinho.
Boa leitura!



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A notícia havia caído como um grande choque elétrico sobre Rosalie Hale: ardente, instantâneo e algumas vezes mais doloroso depois de completo. 

Enquanto o corpo frágil debruçava-se outra vez contra o peito do ex-soldado, desmanchando-se em prantos e soluços  irregulares, ela soube, entre milhões de coisas que acenderam-se em confirmação em sua mente, que aquele seria um novo fardo em sua vida - e dessa vez, seria centenas de vezes mais difícil de sustentar do que qualquer outro. No momento em que afundou o rosto corado nas vestes caras daquele que amparava seu corpo trêmulo, porém, deixou-se esquecer de todos os pensamentos perturbadores que pairavam em sua mente, deixando-se notar apenas o óbvio: teria de ser forte para enfrentar aquela situação.

—A queda da escada foi muito brusca e levo-o a um traumatismo crânio-encefálico. Nos primeiros segundos tratava-se ainda de um desmaio, mas como esperávamos, não foi possível evitar o coma. - a voz masculina mais calma explicava com tranquilidade, embora sua expressão ainda fosse de angústia. 

—Então ele teria chances de livrar-se do coma caso a ambulância tivesse chegado mais cedo? - a loira notou a voz grave soando abafada aos seus ouvidos, já que um desses estava recostado muito proximamente do peito do ex-soldado. 

—Teoricamente, sim. - deu de ombros, agora aproximando-se da esposa ainda um tanto surpresa - A questão é que, originalmente, sobretudo num caso como esse, essa teoria não se aplica. A grande justificativa para isso é: segundos, na maior parte das vezes, são milhares de vezes menores na medicina. Quando dizemos que temos um acidente - que é algo cem por cento inesperado, acontece numa situação desprovida de prevenção -, contando com uma queda brusca e um paciente não muito saudável, que apenas poderia ser salvo por brevíssimos segundos, já é um quadro perdido. - o mais velho fez uma pausa, agora encarando as costas da filha, que ainda soluçava envolta pelos braços fortes e cuidadosos de Emmett - A contusão que gerou o trauma, os antecedentes alcoólicos, a adrenalina que agitou o coração, a situação totalmente acidental, tudo contribuiu para que a consequência fosse o coma. -  concluiu, tomando o ar para os pulmões de forma profunda antes de retirar-se outra vez.

(...)

Já havia se passado aproximadamente uma hora desde a última vez que parte da família Cullen estivera reunida na sala de espera. Nos minutos seguintes à notícia, Rosalie e Emmett dirigiram-se até o quarto onde Royce estava internado, no segundo andar do grande prédio branco, enquanto Carlisle e Esme monitoravam meticulosamente o trabalho dos policiais na mansão da filha.

—Eu posso deixar vocês a sós, se preferir. - a voz aveludada ecoou pelo quarto de hospital, dirigindo-se à mulher tão inconfundível do outro lado da maca.

—Talvez seja melhor. Você sabe, eu preciso de um tempo por aqui. - a loira encarou-o de relance, voltando os olhos para o homem relativamente imóvel deitado na maca coberta de branco. 

Com um maneio de cabeça positivo e um sorriso compreensivo, o ex-soldado retirou-se do cômodo, colocando-se sentado em uma das cadeiras no corredor em frente à porta. Do lado de dentro, como se colasse o corpo à beira do leito, Rosalie chegava o mais perto que podia dos ouvidos de King. Conforme aproximava-se, pensou nas palavras proferidas pelo pai mais cedo, alertando-a de que mesmo em coma ele ainda poderia ouvir o que ela dizia e reagir a isso de determinadas formas, com reflexos fisiológicos. 

—Sinto muito. - foram as primeiras palavras que conseguiu dizer ao colocar os olhos em um dos curativos que cobria parte da cabeça dele - Eu nunca quis te machucar, Royce. Sabe disso, não sabe? - fitou brevemente o aparelho cardíaco no outro lado da cama, certificando-se de que as batidas estavam regulares - Sabe, você quem sempre me machucou, desde o primeiro momento; no entanto, eu quem estou aqui me lamentando, te pedindo desculpas. - no minuto em que proferiu a última letra, como se não acreditasse nas próprias palavras, maneou a cabeça negativamente, afastando-se apressadamente do corpo do marido.

Quando caminhava até a porta, enxugando as lágrimas que faziam seus olhos tornarem-se marejados, foi surpreendida pelo abrir da mesma. Do outro lado, onde esperava ver Emmett ou algum familiar, avistou a senhora de baixa estatura, cabelos castanhos e olhos também azuis, mas cintilantes. A expressão dura, conjuntamente com os olhos avermelhados pelo choro passado, fez Rosalie tremer internamente, dos pés à cabeça. 

—Senhora King, eu... - tentou expressar-se com sinceridade, mesmo sabendo que aquela à sua frente nunca amoleceria com facilidade.

—O que você fez com o meu filho?! - as lágrimas rolaram pelo rosto aparentemente implacável, com o corpo de passos duros irrompendo a passagem. 

—Ele estava bêbado. - disse simplesmente, esperando que isso simplificasse o raciocínio da outra. 

—O meu Royce? - a mulher mais velha riu sarcasticamente, lembrando o filho de forma inegável - Menina, não tente enganar uma mãe. Uma mãe conhece seu filho. - aproximou-se de Rosalie, com o tom cada vez mais embargado - O meu Royce nunca teve vícios, sempre foi um garoto tão bom... - disse, acariciando os cabelos do filho imóvel. 

Sem acreditar, recordando-se da forma como a tal senhora costumava defender o filho, acreditando conhecê-lo da forma como há muito o mesmo já não era, passou uma das mãos por entre os cabelos antes de virar-se na direção da porta. 

—O que ela fez com você, meu garotinho? - a senhora elegante com leves traços da idade marcando seu rosto, inclinou-se na direção do filho, chorando lágrimas angustiadas ao pé de seu ouvido direito. 

—O que ele fez comigo, senhora King. Essa é a pergunta que deve fazer. - enfatizou o primeiro "ele", deixando o tom de rispidez e angústia escapar-lhe pelos lábios antes de sair pela porta que antecedia o corredor largo, onde um outro homem, totalmente diferente daquele que lhe havia marcado o pescoço, a esperava pacientemente.

Sem uma só palavra, Emmett levantou-se ao notar a presença de Rosalie. Ela, por sua vez, sorriu brevemente, piscando diversas vezes os olhos marejados, tentando afastar a neblina que se formava em sua visão. Ao cair das lágrimas, colocou-se a andar apressadamente na direção da escadaria que levava ao andar de baixo, com o moreno silenciosamente ao seu encalço.

Com tanto silêncio e tanto caos soando ao mesmo tempo nos ouvidos dos dois Cullens, os pensamentos pareciam se enroscar por um fio imaginário entre os dois corpos internamente turbulentos. Na cabeça do ex-soldado, todo o ocorrido desde o famigerado almoço acontecia novamente numa linha turva e desorganizada. Entre as confusões geradas pelo acidente e suas consequências, estava o abraço que havia polemizado questões em sua mente. Essas eram tão polêmicas quanto qualquer uma socialmente dita, já que automaticamente, assim como acontecia na fragilmente estruturada sociedade, os neurônios corrompidos por traumas antigos evitavam tal memória. Encarando a loira discretamente por diversas vezes desde o fim do breve momento naquela manhã, Emmett se perguntava se "tudo" aquilo significaria algo em comum entre os dois.

Enquanto isso, caminhando a passos lentos já no andar térreo do estabelecimento, Rosalie concentrava-se em não pensar em qualquer coisa que pudesse embaçar sua vista e bloquear os pensamentos concretos que, com sorte, mantinha em sua mente até então. Com o som dos próprios passos ecoando insistentemente ao seu redor, como se todas as vozes presentes tivessem sido silenciadas num átimo, as memórias indesejadas voltavam a martelar decididas a ficar por ali. Fazendo o coração agitado acelerar-se vulneravelmente outra vez, uma linha do tempo que começava com o convite para o almoço na casa dos pais formou-se até o presente momento; os sentimentos que negava relutantemente agora evidenciavam-se de forma inegável - já que, juntamente com as lembranças daquela manhã turbulenta, que voltavam com força à mente conturbada, veio o momento marcante do qual o homem que andava no seu encalço havia participado ativamente -. As lágrimas que agora rolavam pelo rosto frio, refletiam toda a desorientação que pairava de forma quase definitiva pelo cérebro incansável. Era estranho que estivesse outra vez perguntando-se sobre aquilo - porque ultimamente tal situação vinha sendo mais frequente do que gostaria -, mas ainda esperava que pudesse responder a si mesma por qual motivo perigosamente importante aquela questão agora tomava tanto conta do seu tempo e do espaço cada vez mais escasso em sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

E então, reviews? Já disse o quanto me deixam radiante com eles, né? Me contem o que acharam e o que estão esperando dos próximos capítulos! Gosto de estar pertinho de vocês ♥.
Beijões,
Angel ♥.



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