Across The Frontline escrita por overexposedxx


Capítulo 2
Capítulo 2 - Máscaras e Agonia


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Aqui estou eu novamente, espero que gostem desse capítulo, foi feito com muito amor.
Lembrando que a aparência do Royce segue a descrição do livro, dada pela Stephenie Meyer: cabelos loiros, olhos azuis e cerca de um metro e oitenta de altura. É bem diferente do filme!
Enfim, boa leitura! ♥



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Ao passo que seus pensamentos se esmaeciam gradativamente em sua cabeça, o elevador diminuía a velocidade, preparando-se para a parada final no piso térreo. Agora, tanto Emmett quando Edward pareciam menos pensativos: seus semblantes mais serenos, sem qualquer tipo de preocupação aparente e a postura menos tensa. Em alguns segundos, porém, o abrir das portas fez ambos irromperem a passagem livre com passos firmes e apressados, atraindo olhares de algumas das pessoas que ocupavam os corredores e o hall de entrada do grande edifício. Tais olhares, no entanto, não incomodavam a nenhum dos dois: Edward estava acostumado a ser encarado ali dentro, fosse por seu cargo alto, ou, consequentemente, por ser herdeiro direto de Carlisle. Emmett, por sua vez, já havia sido encarado demais por toda sua vida para importar-se com isso: a mesma farda impecável que chamava a atenção nas ruas nos tempos de serviço militar, já havia atraído para o ex-soldado olhares de desdém e nojo, quando essa estava em seu pior estado: suja, ensanguentada e pertencente à um alguém sem lar, jogado às ruas como trapos velhos que já não servem mais.

Com os passos rápidos finalmente atingindo a calçada, Emmett despediu-se de Edward brevemente com um "até logo" entusiasmado, para então dirigir-se à vaga que seu carro ocupava do outro lado da rua - este, um Jeep 1947, havia sido um presente de boas-vindas dado por Carlisle e Esme no ano em que chegara à família -. Ao atravessar a rua, enquanto aproximava-se do veículo, alcançou as chaves do mesmo com uma das mãos, no bolso direito da calça de grife. Ansiosamente - como sempre mantinha-se ao fazer menção de tomar a direção do carro -, adentrou o veículo, deixando a maleta do trabalho sobre o banco do passageiro, à uma posição que pudesse fitar rapidamente, por segurança. Finalmente, colocou a chave na ignição e deu a partida, apressando-se em sair do pequeno espaço que havia servido como uma vaga anteriormente, para sentir a brisa tão desejada acariciar-lhe o rosto e libertar-lhe os nervos rígidos e a alma sobrecarregada.

(...)

Em poucos minutos, o rugir do motor do Jeep acalmava-se, conforme adentrava a espaçosa garagem da mansão Cullen. O alívio de chegar em casa era quase tão grande quanto o mistério na vinda para a mesma: apesar da certeza de Edward de que era apenas uma reunião familiar de lazer, Emmett ainda tinha suas dúvidas sobre o assunto.

Sem pensar muito, retirou a chave da ignição e trouxe a pasta do trabalho consigo, na mão direita. As chaves da casa agora estavam na mão livre, com aquela que abriria a porta da frente entre os dedos indicador e polegar. Enquanto girava a chave na fechadura, fazendo menção de finalmente abrir a porta, observou pela grande janela à sua esquerda a presença de mais pessoas do que o usual, no lado de dentro da grande casa. Pensou que, quem sabe, Edward teria chegado antes dele, ou Jasper e Alice estariam fazendo companhia para Esme e Carlisle, consolando-os pela demora dos outros - e ele se incluía nessa última palavra -. De qualquer forma, não havia como saber com exatidão antes de adentrar a casa, conforme concluiu consigo mesmo.

Com a ajuda do braço mais forte, empurrou a porta, ao passo que tirava a chave da fechadura. Ao entrar, fechou a porta atrás de si, ainda ouvindo atentamente às vozes que ecoavam pelo ambiente espaçoso. Havia alguma voz ali, em alguma parte, que ele reconheceria em qualquer lugar. Por mais curtas, ardentes e memoráveis que tivessem sido suas palavras quando se dirigiu à ele todas as outras vezes, não podia evitar: amava o doce som da sua voz, combinado ao seu rosto simetricamente angelical e até mesmo o cenho franzido numa expressão dura, quando a mais suave deixava seu rosto num ímpeto. Todo o seu corpo parecia reagir à mera possibilidade de dividir o mesmo espaço que ela: o coração palpitava, descompassado, as mãos gelavam de repente e os músculos enrijeciam, quase impedindo que se movesse corretamente. Não sabia dizer que reação era aquela. Se estivesse apaixonado, que fosse. Só não saberia explicar como havia se apaixonado por alguém que sequer o olhava nos olhos por mais de cinco segundos.

Na esperança de constatar a presença da qual ainda duvidava, varreu o ambiente com os olhos por breves segundos. Enquanto o fazia, imaginou se deveria mesmo desejar que ela estivesse ali; pensou que, talvez, estaria sendo tolo por isso, mais uma vez, já que a todo encontro ela era tão receptiva quanto um "inocente" jardim de cactos. Com os pensamentos ainda à flor da pele, como se embaçassem sua visão, não viu mais do que algumas figuras conhecidas reunidas no conjunto de sofás próximos à lareira. À menção do primeiro passo, atraiu olhares de Esme e Carlisle, que antes conversavam com o outro casal sentado no sofá seguinte.

"O outro casal". Quando se deu conta, hesitou. A mulher de cabelos loiros, ao lado do homem de cabelos do mesmo tom, chamou sua atenção ao movimento vacilante com a cabeça. Ela olharia na direção da porta, curiosa para saber a quem estavam sendo direcionados os olhares dos pais; no entanto, no momento seguinte, oscilou: a interrupção do movimento devido à visão que tivera de canto de olho, não passou despercebida por ele. E nem a razão da perplexidade no rosto dela depois de tal.

Constatando consigo mesmo que não havia outra escolha, o ex-soldado suspirou com pesar e deu os passos seguintes em direção aos "convidados". Procurou manter a mente isenta de qualquer pensamento, mesmo que soubesse em seu íntimo que aquela era uma tarefa árdua e vã: assim que atingisse a maior proximidade possível dela, uma enxurrada de pensamentos ensurdecedores atingiria-lhe o cérebro, como um todo. Ao menos, ela lhe daria a facilidade de não aturar-lhe olhos nos olhos por mais do que alguns segundos... Ou seria essa uma dificuldade?"Foi o que pensei", concluiu, ao fim do raciocínio breve.

—Boa tarde. - sorriu, tentando parecer convincente ao dirigir-se educadamente à todos os ali presentes.

—Que bom que pôde vir, querido! - Esme, a mulher madura de aparência jovial, amorosa como toda boa mãe, foi a primeira a reagir à presença do então filho, que recebia com graça o seu beijo no rosto.

—Não negaria nem se pudesse. - Emmett brincou, arrancando sorrisos da mãe e de Carlisle, o homem que salvara sua vida, que se encontrava ainda sentado no mesmo sofá. Enquanto se colocava de pé, observou o filho beijar com carinho a mão da esposa, que derretia-se a cada gesto de amor do mesmo.

—Essa é apenas uma dentre as muitas vantagens de ter uma família unida. - Carlisle comentou, gabando-se com gentileza do traço que descrevia a família Cullen. Ou, ao menos, uma grande parte dela, com a exata exceção de uma pessoa.

—Está certo. - Emmett concordou, com um sorriso de covinhas no rosto, enquanto abraçava o pai sorridente, depois do breve e usual cumprimento de mãos.

Sem querer prolongar a agonia que começava a instalar-se em seu peito, Emmett apressou-se mentalmente em ir até o sofá seguinte e cumprimentar os então "convidados". Para ele, eram como tais, já que Rosalie provavelmente nunca o trataria como alguém da família e Royce nunca seria um Cullen - e esta última era uma verdade universal e absoluta que carregava consigo para aliviar o fardo de ter que conviver com King.

—Ora, ora! - Royce levantou-se com o clássico sorriso debochado nos lábios, enquanto levantava a mão direita para um cumprimento - Que surpresa, soldado. - outro sorriso formava-se levemente na curva de sua boca, enquanto Emmett o cumprimentava com o formal aperto de mãos, sustentando com pesar o fato de que King faria sim tudo ser mais cansativo do que já era.

—Eu quem estou surpreso com a presença de vocês. - respondeu sinceramente, embora tentasse soar ameno. Quando, após breves segundos, soltou da mão do homem de cabelos loiros, fazendo menção de finalmente dirigir-se à mulher ao seu lado, foi brevemente impedido por um toque em seu braço direito. Olhou nos olhos azuis enevoados e dissimulados, encobertos por fingimento, desejando afastar aquele homem de perto de si da maneira menos gentil possível. Entretanto, é claro que contentou-se apenas com o imaginário da cena. Emmett não era uma pessoa agressiva e descontrolada como aquele que estava á sua frente - e sabia disso.

—Bem, mas tenho que admitir que estou feliz com sua presença. - fez uma breve pausa e Emmett ofereceu um sorriso sem expressão - Afinal de contas, me sinto centenas de vezes mais seguro com um soldado por perto. - debochou, com seu humor psicótico e irritável, colocando-se a gargalhar sozinho, de olhos fechados. A risada estrondosa ecoou pelo ambiente e silenciou-se gradativamente, em alguns segundos. Carlisle e Esme entreolharam-se desconfortáveis, enquanto Emmett encaminhava-se para a frente de Rosalie, que rolava os olhos, com a postura ereta um tanto indisposta.

Pelo canto do olho direito, McCarty assistiu Royce afundar-se outra vez no sofá e dispor uma das mãos na cintura da esposa, que ainda estava de pé esperando por seu cumprimento. Outra vez, sentiu repulsa - e junto com ela, a incansável vontade de afastar tal homem repugnante de sua vista -. Dessa vez, desejou com mais ímpeto, e talvez isso se devesse ao fato de que não suportava ver qualquer homem tocar indevidamente àquela mulher - a mulher que, sem saber por quê, amava de alguma forma -. Sobretudo aquele homem, que tinha a certeza de que não a fazia feliz - e nunca faria. 

(...)

Os momentos passados desde a entrada de Emmett pela porta principal já haviam sido suficientemente esgotantes para Rosalie, por enquanto. Enquanto ele subia a escadaria em direção ao quarto - o que já fazia alguns minutos -, ela imaginava por que tudo deveria ser tão insistentemente cansativo quando se tratava dele - e dela também , é claro. 

A loira permanecia estática - exceto pelo toque breve de seus dedos no copo refinado, em uma das mãos -, agora no batente da porta da cozinha. No copo, já não havia mais nada, mas ela o agarrava seguramente, como se ele lhe desse alguma distração. Ela estava acompanhando a mãe, que se encarregava de ajudar Catherine - uma das senhoras contratadas para cuidar da cozinha e da arrumação da casa - a arrumar a mesa para o almoço, mas na realidade sua mente não estava ali. Estava em alguém no andar de cima, como nos últimos dias, quando não podia evitar. 

Era estranho pensar como se estivesse no lugar dele: não queria considerar que podia estar machucando-o tanto com suas atitudes auto-protetoras, ao ponto de querer desistir, de uma forma ou de outra. Ela não queria machucá-lo. Mas também não queria machucar a si mesma. Não outra vez. Não queria desviar os olhos dos dele e parecer tão incomodada quanto no breve cumprimento há minutos atrás. Queria olhar nos olhos dele, sorrir-lhe e oferecer a mão de uma maneira mais gentil, mas sabia que não conseguiria se desvencilhar depois. Royce já havia sido o bastante em sua vida, por agora. Se apaixonar sempre seria tentador, para qualquer um, e era por isso que era perigoso, conforme ela acreditava. Com ela, havia sido a pior tentação à qual já havia se rendido. Era tão ilusória quanto a felicidade que os amigos distantes contavam sobre ela e Royce. 

Os pensamentos se enroscaram e voltaram ao início, aos poucos. Ela se pegou pensando outra vez que, de alguma forma, era muito ruim pensar que Emmett muito provavelmente achava que ela o odiava. Ela nunca o odiaria, certamente; não tinha motivos para isso. Sua tentativa cada vez mais falha de auto-proteção era mascarada pelo ódio que sequer sentia. Ela queria dizer a ele, queria que pudesse compreendê-la. Queria que entendesse que ela estava tentando proteger-se de outra possibilidade de machucar-se mais do que suportaria. Royce já havia sido uma grande ilusão, trazendo grandes feridas e um veneno para qualquer chance de ser feliz. Seria demais se acontecesse outra vez. 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero de todo o coração que tenham gostado tanto quanto eu! Deixem comentários pra eu saber!
Beijões,
Angel ♥.



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