Causalidade escrita por Pale Moon


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Não betada (por motivos de: Eu não sei betar minhas próprias histórias, só sei ver erros nas escritas alheias, as minhas sempre passam despercebidas, haha)

Boa leitura! s2



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"Todo fato tem uma causa, e as mesmas causas produzem, nas mesmas condições, os mesmos efeitos."

[...]

— Eu senti muita raiva de você naquele dia. – falei sem pensar no efeito que as palavras poderiam causar.

Eu estava de costas para Shikamaru. A chuva torrencial lá fora meio que nos obrigou a parar nessa pousada simples, onde, juntando nosso dinheiro, só poderíamos nos dar ao luxo de alugar um quarto de solteiro (Obviamente eu ficaria com a cama!).

Aparentemente, Shikamaru já havia arrumado um canto para dormir, com algumas cobertas e um travesseiro pelo chão. O preguiçoso é especialista nisso, em encontrar um local para fechar os olhos. Tsc...

— Do que está falando, problemática? – A voz típica de quem vive com sono indagou.

Eu não sei o porquê de eu estar tão melancólica hoje. Ficar de frente para uma janela, observando uma chuva forte cair, não fazia muito meu estilo. Talvez porque, lá em Suna, o clima era completamente diferente. Não sei. Só sei que... Que isso vem me atormentando durante muito tempo. As vezes chego à conclusão de que é realmente por causa daquela maldita luta que ele não me sai da cabeça. Eu tenho que me convencer disso. É obvio que é isso! Maldita tempestade! Tanto tempo com tempestades apenas dentro de mim, que quando finalmente me deparo com uma de verdade lá fora, sinto vontade de manda-la para longe com rajadas de vento, das mais violentas possíveis.

— Eu... – Ponderei sobre o que deveria dizer. Na verdade, nem eu mesma sabia. Mas detesto deixar assuntos incompletos. Agora que já comecei, resta-me concluir o raciocínio. Ou a falta dele. – Eu ainda tenho muita raiva daquele dia. Daquela maldita luta. – Me virei e notei que ele estava sentado sobre os lençóis, parecendo fazer um grande esforço para me ouvir. O que é bem incomum, já que ele não faz questão de desperdiçar uma chance para tirar um cochilo.

Ao notar que Shikamaru continuava com aquela maldita expressão de perdido no rosto, senti vontade de soca-lo como nunca. Por que esse bebê chorão tem tanta influência sobre meu humor?!

— No exame Chunin... – Revirei os olhos e deixei meu corpo se apoiar no encosto da janela de vidro, que estava completamente embaçada.  

O ouvi suspirar pesado antes de um trovão se fazer presente no breve silêncio entre nós.

— Não é como se tivesse sido algo importante. – Ele respondeu.

— Claro que é! – Revirei os olhos e fechei mais a expressão. – Às vezes eu penso em como foi irritante vê-lo desistir de uma luta que não estava ganha para mim. – Resmunguei, não conseguindo esconder a frustração; e nem fazendo questão – Eu não consigo esquecer a sua cara quando desistiu daquela luta!

— Não é como se você precisasse pensar em mim todo dia, Temari... – Coçou a nuca enquanto falava com a maldita voz sonolenta.

— E-eu não penso em você todo dia! Quer dizer... – Senti o rosto ficar quente. Minhas bochechas deveriam estar vermelhas, droga! – Não desse jeito! Não falei nessa...nesse...Nesse sentido!

Eu não sei qual o grau de vermelhidão que estava o meu rosto, mas o vi se levantar, meio que sem jeito diante da situação também. Virei de costas e voltei a encarar o ambiente lá fora pela visão turva do vidro molhado. Por que eu tinha que soltar essa? Que droga, Temari!

— Eu não... Bem, não quis dizer dessa forma, claro. – Ele tentou se corrigir. Senti a mão do Nara tocar meu ombro e, por um momento, ponderei sobre virar ou não.

Não sei o porquê de eu ter me virado. Meu corpo estava ansioso, mais do que nunca. Nem em batalhas eu me vejo nessa situação. Os nossos olhares meio que permaneceram fixos um no outro por mais tempo do que eu lembro já ter ficado. E é neste momento em que eu me deparo com uma coisa: toda a casualidade que já construímos juntos. Quer dizer... Meio que somos amigos (apesar de ele me irritar quase sempre, e de eu acha-lo um bebê chorão), e esse tipo de situação, onde ficamos sozinhos, é algo comum quando eu venho á Konoha e vice-versa. Também não é a primeira missão que eu faço a sós com ele. De alguma forma, já tínhamos um vínculo como aliados. E... Amigos. Tínhamos uma casualidade.

Será que é por causa disso que eu não paro de pensar nele?

— E-enfim, tanto faz. Agora que já sabe... Boa noite, Bebê chorão. – Falei na pretensão de me sair do toque dele e encerrar de vez aquela conversa desnecessária por ali.

Mas... O toque continuou no meu ombro. Parei novamente e, mais uma vez, fiquei de frente para o shinobi de Konoha. O silêncio novamente ficou entre nós, deixando apenas a melodia da chuva ser a música ambiente. Eu nunca tinha ficado diante de uma situação assim com ele. Com ninguém. E, não sei bem ao certo, mas creio que eu não era a única. Ele também parecia desconcertado com a situação. Menos mal.

— Eu penso em você. Sempre.

Não sei de onde Shikamaru tirou aquela coragem toda, sinceramente. Será que ele pensou naquilo que estava falando? Será que ele pensou nas mais de 200 possibilidades do que poderia acontecer após dizer aquilo? Eu não sabia... Eu detestava não saber de nada. E, diante dele, eu não sabia de muitas coisas. Dentre elas, a pior era a causa daquele alvoroço no peito.

— ... Pensa? – Verbalizei o pensamento.

Ele apenas afirmou com a cabeça e assim se seguiu o momento. A melodia da chuva contra o vidro da janela foi o som ambiente da nossa troca de olhares silenciosa. Fui a primeira a quebrar o contato quando notei a mão dele em meu ombro subindo um pouco mais, onde tentei acompanhar com os olhos o caminho que ela fez até aminha nuca. Aquele toque me deixou arrepiada. A ponta dos dedos frios e longos me deixaram sem reação.

Por um momento, pensei que ele ia falar alguma coisa. Eu também queria falar algo, mas meu corpo apenas se moveu para ficar cada vez mais próximo a ele. Estávamos à uma distância onde eu já podia sentir sua respiração quente, em contraste com o clima. E, em algum momento em meio à dúvida e ao silêncio, nossos lábios se encostaram e assim permaneceram até ele tomar a iniciativa de começar um beijo lento, suave, porém intenso. Sua boca parecia sentir sede à minha, e eu tentava corresponder à altura aquela necessidade que à muito havia em mim, mas que eu sempre disfarçava com brigas, discussões e a desculpa da nossa primeira luta. E pensar que foi ali onde nasceu toda essa vontade... Talvez.

Minhas mãos ligeiramente trêmulas pousaram sobre seus ombros, e senti sua mão abarcar minha cintura e colar nossos corpos. Eu não esperava por aquilo, definitivamente. Durante esses anos, construímos uma parceria e fomos completamente capazes de sustentar uma casualidade incomum. Mas, a partir daquele momento, eu soube: Não era uma simples convivência. Não mais.

Droga, eu estava completamente entregue àquele preguiçoso. E eu sabia que, a partir de agora, o casual seria isto: Admitir para mim mesma o que realmente existe em meu âmago. Será que ainda posso culpar a causalidade?

~ FIM ~


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Notas finais do capítulo

ESSA FIC FOI UM GRANDE DESAFIO PARA MIM POR DOIS MOTIVOS:
1- Nunca tinha escrito algo hétero(que não fosse com personagens originais, por isso creio que ficou muito ooc, desculpa).
2- Minha amiga secreta pediu algo sobre cotidiano e casualidade, algo que sou PÉSSIMA em escrever, haha! Geralmente escrevo sobre situações cômicas ou impensáveis.
Mas foi muito divertido! E por isso te agradeço, Jheo! Você me lançou um desafio muito bacana. Espero que tenha gostado, apesar da simplicidade!

Boas festas!
Beijos e queijos ~
Pale Moon.



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