O garoto da Casa ao lado escrita por Almofadinhas


Capítulo 9
O jogo de quadribol




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Depois de dois dias, Samantha decidiu tirar seu gorro e mostrar o cabelo, agora na altura dos ombros. Tinha que concordar que o cabelo comprido era mais bonito, mas Samantha Campbell conseguia dar um jeito de ficar bem de qualquer maneira. Pelo menos ela tinha parado de encher o saco das outras garotas - devia estar preocupada com a possibilidade de ser atingida por mais cola. 

Já era Janeiro e do lado de fora do castelo ainda fazia um frio congelante, embora não nevasse mais. No sábado era o jogo da Lufa-Lufa contra a Grifinória, Hannah quase não estava se aguentando de nervosismo.

— Calma Hannah - eu ou Jane dizíamos - Vai dar tudo certo.

Quando sábado finalmente chegou, eu fui acordada com uma coruja impaciente do lado de fora da janela do dormitório, que ficava bem ao lado da minha cama. Abri a janela e um vento geladíssimo entrou, assim como a coruja. Reconheci o pássaro, era Margot, a coruja de Hannah. Dei graças a Deus dela não ter acordado mais ninguém no dormitório.

Olhei para o relógio. Ainda eram 06:02. O jogo de quadribol seria só às 08:00. Abri o bilhete que e a Margot trazia.

Oi, Chloe.

Eu não consigo mais dormir, estou nervosa pelo jogo de hoje... mais especificamente pelo o que é para acontecer depois.

Você está acordada? Pode me encontrar? Ou chame Jane para mim. Estou surtando, preciso de uma de vocês duas.

Ass: Hannah.

Se eu estava acordada... agora sim. Impossível dormir após ela mandar sua coruja ficar piando em minha janela. Virei o bilhete e escrevi rapidamente com uma pena que eu deixava ao lado da cama:

Vou me trocar e te encontro no Salão Principal. Será que já serviram o café?

Prendi o bilhete de novo na coruja e falei:

— Leve isto à Hannah, ok? Obrigada.

Abri a janela (dessa vez enrolada na coberta) e deixei Margot voltar à dona com minha resposta.

Vesti uma calça jeans, um casaco, seguido de um sobretudo e um cachecol, coloquei um sapato e saí do dormitório. As luzes ainda estavam todas apagadas e ninguém estava na sala comunal quando desci. Ainda saía uma fumaça fraca da lareira.

Deixei a Torre da Corvinal e fui descendo até chegar ao saguão de entrada da escola. Hannah já estava lá, andando de um lado para o outro.

— Chloe! - ela disse quando me viu e veio correndo me abraçar - Eu estou tão nervosa e nada nem aconteceu ainda! 

— Você precisa se acalmar, Hannah.

— Eu já escovei os dentes umas 300 vezes, até me dar conta de que eu nem tinha comido ainda! Escovei os dentes a toa.

— Pelo menos você é higiênica - falei.

— Fala sério, Chloe. Eu estou pirando aqui. 

Nós duas fomos ao Salão Principal. Estava praticamente vazio, exceto pelo time da Lufa-Lufa, que estava comendo e discutindo táticas. Olhei para meu relógio. Eram 06:43 ainda.

— Vamos comer, pelo menos.

Fiz Hannah sentar comigo na mesa da Corvinal, ainda vazia. Nós estávamos na metade da refeição quando o time da Grifinória entrou.

— Por Merlin, eles estão vindo. Disfarça - Hannah disse nervosa.

— Hannah - eu fiz uma pausa - Eles estão indo para a mesa da sua Casa, comer. Inclusive a mesa é do lado da minha. Relaxa um pouco.

Mas eu estava enganada. Eles vieram cumprimentar a gente.

— E aí? - eles disseram nos dando oi.

— Vão ver o jogo de hoje? - Travis perguntou.

Eu vi Hannah ficar com a cara vermelha e respondi no lugar dela.

— Sim - falei - É bom vocês ganharem. Estou torcendo por vocês.

— Você sabe que se a gente ganhar, nós vamos jogar contra a Corvinal, não sabe? - Arthur falou.

— Sei, por isso mesmo que eu quero que vocês ganhem hoje. Estou ansiosa para ver a Corvinal deixar vocês no chinelo. 

Eles riram.

— Nos vemos depois, então.

Os sete foram sentar logo atrás da gente, nas minhas costas, de modo que Hannah (que estava de frente para mim) os enxergava. Eu vi ela dando risinhos e  trocando olhares com alguém na mesa.

— Travis? - perguntei a ela sem emitir som, para saber se era com ele que ela estava de risinhos.

Ela confirmou discretamente.

Sinceramente, não entendia porquê ela estava tão nervosa se sabia que ele gostava dela e vivia de sorrisinhos com o garoto. 

Quando estava próximo do horário do jogo, mais da metade da escola foi rumo às arquibancadas do campo. Agora, Jane e Henry tinham se juntado à nós. Nós 4 nos misturamos a torcida da Grifinória, encontrando um ótimo lugar para sentar.

Os 14 jogadores entraram em campo. Os capitães se cumprimentaram e então Madame Hooch apitou para eles subirem. Travis deu um tchauzinho de cima da vassoura para Hannah.

— Sua sortuda - Jane falou - Até eu queria um homem desses.

— Ei - Henry, o namorado dela disse.

Nós rimos e Jane o beijou, fazendo-o ficar quieto.

Eu não pude deixar de reparar o quanto Arthur ficava bonito quando estava jogando. Era como se as roupas de quadribol e sua concentração no jogo o deixasse mais bonito. E ele sorria quando o time fazia mais pontos... 

— MAIS 10 PONTOS! - Hannah vibrou do meu lado.

— O quê? - perguntei me assustando - Tá quanto?

— Oitenta à quarenta. No que você está tão focada, hein Chloe, que não prestou atenção?

— Nada - falei voltando a olhar o jogo.

O jogo terminou quando Kevin apanhou o pomo de ouro, dando a vitória à Grifinória. Entretanto, no momento em que ele capturou o pomo, um dos balaços voou e acertou a perna de um dos artilheiros do time.

Levei alguns segundos até perceber que a perna lesionada pertencia a Arthur Harris.

Auch, deve ter doído - disse Jane.

Ele conseguiu voar até o chão, onde desceu da vassoura com uma cara de dor.

— Agora eu não vou conseguir falar com Travis. Ah, Deus. Coitado do Arthur - falou Hannah, vendo os jogadores acompanharem o artilheiro até a enfermaria.

— Vai sim - eu falei - Uma hora eles vão voltar para a sala comunal e vocês vão comemorar a vitória. Não perca sua chance, Hannah. 

Jane e Henry saíram de perto da gente - muito provável que tenham ido se beijar. Eu e Hannah ficamos esperando (escondidas) o time da Grifinória sair da enfermaria.

— Eles tão saindo - falei - Vá para a sala comunal, Hannah! 

Dito isso, ela saiu correndo escadaria acima. Ela deveria estar lá quando Travis chegasse com o resto do time. Eu subi mais um lance de escadas, até o sexto andar e entrei na sala comunal da Corvinal. Fui até meu dormitório e encontrei um sapinho de chocolate, que enfiei dentro das vestes. Peguei meu distintivo de monitora e coloquei no meu sobretudo.

Desci de volta ao quinto andar e fui até a ala hospitalar.

— Eu preciso ver uma pessoa - informei à Madame Pomfrey.

— Agora?

— Por favor - pedi - Eu sou uma monitora tão exemplar. Nunca dei problema.

Ela me encarou séria por alguns segundos, me avaliando. Achei que fosse me expulsar, mas então ela disse:

— Tudo bem, mas só por uns 10 minutos.

— Obrigada - eu disse dando um abraço nela.

A ala hospitalar tinha uns poucos alunos com gripe, ou então com alguma outra coisa. Não demorei para encontrar quem eu procurava.

— Oi - falei me aproximando da cama.

Arthur estava com a perna enfaixada do joelho para baixo.

— Oi Chloe. Não sabia que podia entrar gente aqui essas horas.

— Digamos que eu tenha os meus privilégios. Tá doendo? - perguntei apontando para a perna. 

— Não tanto como antes. Ela já arrumou meus ossos. Acho que isso é mais por precaução - ele respondeu - Senta aí.

Ele deu um espaço na cama e eu sentei, próximo aos seus pés. 

— Trouxe uma coisa para você. Me ajudou quando eu quebrei o braço.

Ele passou a mão nos cabelos loiros, arqueando a sobrancelha.

— O que é?

Tirei o sapo de chocolate das vestes.

— E é permitido comer chocolate antes do almoço?

— Desde que a Madame Pomfrey não veja - respondi, dando de ombros. 

Ele riu.

— Como que você quebrou o braço?

— Eu caí da vassoura uma vez, quando eu tinha 6 anos. Meus pais não estavam vendo quando eu peguei uma das vassouras para testar.

— Que danadinha - ele disse sorrindo.

— É, eu não fui uma criança muito quieta. E aí, quem você tirou? - perguntei quando ele abriu o sapo.

— Harry Potter.

— Grande bruxo - falei.

— Certeza que os filhos dele vão ser da Grifinória. É uma ótima Casa, sabe?

— Pare de se exibir, Arthur.

A gente riu silenciosamente.

— Você vai ter que me ajudar agora, sabe? - ele começou a falar - Como eu estou acidentado, você vai ter que me ajudar com os trabalhos escolares e tal. 

— Ainda bem que você bateu a perna, não o cérebro. Consegue pensar sozinho.

— Muito engraçadinha você, Wood.

— Pessoas da Corvinal também têm senso de humor, não sabia? 

Depois do que pareceu cinco segundos, Madame Pomfrey surgiu, informando que já havia passado os 10 minutos que eu podia ficar. Arthur escondeu a embalagem de chocolate embaixo do travesseiro.

— A gente se vê por aí - falei e saí da ala hospitalar.

— Até - Arthur gritou de volta, recebendo um olhar de desaprovação da bruxa.


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