O garoto da Casa ao lado escrita por Almofadinhas
— Eu não acredito que você agarrou o pomo! - Arthur Harris disse quando os 14 jogadores pousaram no chão - Tem noção de que você nos deu a vitória?!
— Que vacilo, Kevin. Perdeu o pomo para uma garota que nem joga no time da casa - Brice Cooper falou rindo.
— Não dê ideia para ela, cabeção— Travis disse fingindo preocupação - Já imaginou se ela resolve ir jogar no time da Corvinal? Não podemos nos dar o luxo de perder os jogos.
Nós rimos.
— Podem ficar tranquilos - afirmei - Não vou jogar no time da minha casa. Foi sorte de principiante, aposto.
— Mas que você joga bem é um fato - Kevin disse.
— Obrigada. Meu pai me ensinou quando era menor - respondi.
— Seu pai joga quadribol?
— Jogava. Ele era um dos sete da Lufa-Lufa.
— E você foi parar na Corvinal? - Travis perguntou interessado.
— Minha mãe - falei - Ela e toda família são da Corvinal.
— Ah, legal - ele disse.
— Vamos mais uma partida? - George propôs.
Entretanto ninguém mais quis. Os jogadores das outras casas voltaram para o castelo, assim como a gente.
— Você vai ficar na Torre da Corvinal? - perguntou Hannah quando chegamos ao sexto andar da escola.
Os jogadores da Grifinória pararam também, esperando minha resposta.
— Acho que sim - falei.
— Já sei - Travis disse - Vamos para sala comunal da Grifinóra - ele olhou para mim -Até você, Chloe. Não tem ninguém lá mesmo. Nós podemos jogar alguma coisa.
Hesitei, mas acabei concordando. Assim, nós fomos todos para a Torre da Grifinória. Eu já tinha estado lá antes. Era uma sala muito confortável e aconchegante, embora eu estivesse bem mais acostumada com a sala circular e azul da Corvinal.
Nós jogamos várias coisas. Primeiro jogamos Gringoly (uma espécie de Banco Imobiliário bruxo), depois jogamos Mago (um jogo de perguntas e respostas), uma partida de Snap Explosivo, e por fim Veritaserum ou Felicis, o jogo mais perigoso do dia, pois era um Verdade ou Desafio do mundo bruxo.
Assim como o dos trouxas, uma garrafa era girada e para quem o gargalo apontasse era necessário escolher entre verdade ou desafio. Quando a pessoa falava a verdade, o líquido da garrafa ficava dourado, caso ela mentisse, ficava preto e a pessoa era obrigada a pagar um desafio.
Não demorou muito tempo para os jogadores da Grifinória começarem a extrair informações um do outro.
— É verdade, Arthur - Kevin disse - que você deu graças a Deus quando Alicia terminou com você porque descobriu que gostava de outro cara?
O garoto tentou disfarçar, mas então riu.
— Não foi bem assim - ele disse - Nosso namoro já estava desgastado e nada do que a gente fizesse estava melhorando as coisas. Quando ela terminou comigo, eu fiquei aliviado sim. Alicia já estava me deixando louco.
Essa história era novidade para mim e parecia ser para Hannah também, que me olhou como quem acaba de descobrir uma fofoca. Assim o jogo continuou.
— É verdade que você gostou de fulana?
— É verdade que você fez tal coisa?
E assim foi indo.
A única pessoa da sala que podia fazer perguntas mais constrangedoras para mim, era Hannah, e ela sabia que se me ferrasse, eu iria ferrá-la de volta. Mas então a garrafa caiu em mim e em George.
— Hmm - George disse - Certo, nós não sabemos quase nada sobre você. Verdade ou desafio?
— Verdade - falei nervosa e olhei para Hannah.
Ele pensou um pouco na pergunta que iria fazer.
— Ok, aqui vai uma coisa básica. Você beijaria alguém dessa sala?
— Não! - falei depressa.
Para meu alívio a garrafa continuou dourada.
— Nossa Chloe - Brice disse, rindo - Você despreza meninos da Grifinória?
— Não - falei - Podemos voltar ao jogo?
Eles riram.
Então foi a vez da garrafa cair em Travis. Os amigos dele riram e se olharam quando o garoto pediu "verdade".
— É verdade, Travis, que você... hmm... gosta da..
Então Travis interrompeu Arthur.
— Cale a boca - ele disse corando.
Eu olhei para Hannah, que estava prendendo a respiração, louca para saber de quem eles iriam falar, mas então Arthur decidiu mudar de pergunta.
— É verdade que você, até os 12 anos, dormia com um bichinho de pelúcia?
Travis olhou para Arthur com vontade de matá-lo.
— Em minha defesa... - ele fez uma pausa - Não tem defesa. Eu te odeio, cara.
— Que fofo, Travis.
Os companheiros de quadribol riram e o menino ficou corado.
Nós perdemos a hora totalmente, e quando demos conta, já estava na hora do jantar. Descemos apressados a escadaria de mármore do colégio e chegamos ao Salão Principal esbaforidos. Os professores e os outros alunos já estavam comendo.
A diretora McGonagall deu uma breve olhada para nós e se limitou a dizer:
— Sentem-se.
Depois do jantar, me despedi dos garotos e fui com Hannah para a Torre da Corvinal.
— De quem será que Travis gosta? - ela me perguntou, parecendo preocupada e sentando na cama em frente a minha.
Eu estava mexendo nas minhas coisas, procurando uma roupa para colocar depois de tomar banho.
— Não faço ideia. Você que é da Grifinória tem condições de descobrir, Hannah! - falei - Mas você viu como ele ficou vermelho? Parecia que queria sumir de tanta vergonha.
— Eu não sei se quero descobrir quem é ela - Hannah disse com raiva.
— Não se preocupe, você é infinitamente melhor do que qualquer garota que ele possa estar afim.
Ela sorriu, agradecida.
Eu peguei minhas coisas e saí do dormitório.
— Então eu te vejo depois - falei à Hannah quando saímos da Torre da Corvinal.
— Até depois - ela disse e foi em direção às escadas, para voltar à sala comunal da Grifinória.
Enquanto eu estava tomando banho, eu olhei o shampoo e então tive uma ideia. Eu precisava contar aquilo à Jane e Hannah.
Voltei correndo à Torre da Corvinal e esperei Hannah voltar para lá também. Nós tínhamos combinado anteriormente de nos encontrarmos ali em frente às 21 horas.
— MEU DEUS DO CÉU, CHLOE - ela disse eufórica - Vamos entrar. Eu preciso te contar uma coisa. Urgente!
Ela estava tão agitada que eu fiquei nervosa com o que poderia ser. Após eu dizer a resposta da charada, nós pudemos entrar na sala comunal. Hannah se largou numa das poltronas se abanando.
— Que foi, mulher? - perguntei sentando na frente dela.
Ela riu de nervoso.
— Eu estava voltando para Torre da Grifinória, certo? Logo depois de sair daqui. Então eu passei pelo buraco do retrato e ouvi vozes.
— Certo - falei - Continue.
— Era Travis, Brice e Arthur.
— E aí?
— ELE FALOU QUE GOSTA DE MIM! - ela berrou.
— Quem? - perguntei - Hannah vai com calma e me explica.
Ela se arrumou na poltrona, com um sorriso no rosto.
— Eles estavam no fundo da sala comunal. Travis estava falando com Arthur algo como "você é louco, cara? Falar que eu gosto dela bem na frente dela!" e então Arthur respondeu "ela precisa saber. Você sempre chegou nas garotas... por que com ela você fica igual um idiota?"
Hannah deu uma pausa.
— E então ele falou que essa garota era diferente, que ela era especial e que um dia Arthur ia saber do que ele tava falando. Então ele disse "ela nem sabe que eu existo" e foi aí que Brice, ai meu Deus, Brice falou "claro que Hannah sabe que você existe! Você viu como ela te olhava hoje?".
Eu dei um gritinho de felicidade.
— Hannah, você precisa falar com Travis! - eu disse.
— Eu não sei. Será que é uma boa?
— Por um acaso você ficou maluca? O cara já gosta de você, pra que dificultar as coisas? Fale com ele!
Ela me encarou, ainda sorrindo.
— Se a Grifinória ganhar o jogo contra a Lufa-Lufa - ela falou - eu vou dar os parabéns para ele... e então, talvez, eu conte.
— E se a Lufa-Lufa ganhar?
Hannah pensou.
— Ah, daí eu vou consolar ele. Quem sabe um beijinho não o deixe mais feliz?
Eu ri.
— Parece um bom plano - respondi, mesmo sabendo que ela nunca faria as coisas desse jeito.
Depois que discutimos durante muito tempo sobre Travis Baker, eu me lembrei do shampoo.
— Tem uma coisa que eu pensei em fazer - disse à Hannah - mas vou precisar da sua ajuda e de Jane.
— O que foi?
Então eu contei todo o plano.
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