O garoto da Casa ao lado escrita por Almofadinhas


Capítulo 14
Dia das Bruxas




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Nos dias que se passaram, eu e Arthur nos ignoramos completamente. Eu passava reto pelos corredores e ele também. Nas aulas que ele fazia comigo, a gente sequer se olhava.

Não demorou uma semana para Hannah e Jane perceberem o que estava acontecendo e me encurralarem na biblioteca para fazerem perguntas.

— O que aconteceu entre vocês dois?

— Nada - falei.

— Desembucha, Chloe. Você acha que eu e Jane não reparamos que você e Arthur nem se olham mais?

— E pior - Jane completou - Vocês dois se gostavam. Nem venha me dizer que não porque estava escrito na sua cara.

O pior é que não havia nenhum motivo concreto para nós dois termos parado de nos falar e começarmos a nos ignorar. O que a gente teve na biblioteca no primeiro dia de aula nem chegou a ser uma discussão, mas foi o suficiente para deixar um clima estranho.

— Você devia ir falar com ele - Hannah disse, após eu contar tudo o que havia acontecido.

— Façam as pazes ou sei lá, se beijem logo. Não sei.

— Eu não tenho o que falar com ele - argumentei - Eu não fiz nada de errado. Se ele quiser, que venha falar comigo. Não tinha como eu adivinhar que ele queria receber cartas minhas nas férias, eu não faço aula de adivinhação.

Jane revirou os olhos.

— Um dia esse seu orgulho vai acabar te prejudicando, Chloe.

Eu disse a mim mesma que quando visse ele no corredor, iria ao menos sorrir para ele, como forma de cumprimento, mas toda vez que ele passava ou que eu o via na aula, eu travava. E depois eu ficava pensando que deveria ter falado com ele.

Na correria das aulas, milhares de trabalhos e monitoria, eu nem vi outubro chegar.

— Eu vou para o dormitório- disse Henry, uma noite, na sala comunal - Amanhã temos jogo contra a Grifinória. O primeiro da temporada. Boa noite pra vocês duas.

E dando um último beijo em Jane, ele pegou sua mochila e subiu as escadas que levavam ao dormitório masculino.

— Você vai no jogo né?  - Jane perguntou.

— Claro. Quadribol ainda é meu esporte favorito.

— Vai saber. Você anda tão lotada de afazeres que achei que nem iria mais assistir aos jogos de quadribol.

— É óbvio que eu vou, Jane.

— Bom mesmo.

O que ela estava dizendo era totalmente verdade, eu tinha que admitir. Eu havia me enchido com milhares de coisas para fazer, na esperança de que meu cérebro não ocupasse o tempo vago com coisas desnecessárias. 

— Vou dar uma última volta pelo castelo e depois vou me deitar - falei - Não precisa me esperar, se não quiser.

— Okay - Jane disse - Eu vou continuar aqui terminando esse imenso trabalho de Aritmância.

Vesti minha capa e saí da sala comunal. Já estava na hora do toque de recolher e, como monitora, eu tinha que conferir se não havia ninguém fora de suas salas comunais ou dormitórios a essa hora.

Pode parecer solitário passear pelo castelo à noite, mas era uma das coisas que eu mais gostava de fazer. As paredes e corredores de Hogwarts pareciam ter outra energia quando estavam vazias.

Passei em frente a enfermaria e lembrei do sapo de chocolate que levei para Arthur no semestre passado. Droga, eu tinha que parar de ficar relembrando momentos que já passaram. Não dá pra voltar no tempo e reviver os fatos (exceto se você tiver um vira tempo, talvez), o passado precisa ser deixado para trás.

Quando eu passei em frente a uma das salas de aula, lembrei de quando ele ficava empurrando minha cadeira. Era tão irritante! Me surpreendi com o pensamento de que queria estar lá de novo.

— Pare de ser boba e ficar pensando nisso, Chloe - disse a mim mesma, decidida - Você precisa deixar para lá.

Então percebi que tinha alguém atrás de mim. Era outro monitor vendo por que tinha alguém conversando sozinho no corredor na hora de dormir.

O monitor era Arthur.

Eu me virei rapidamente no intuito de andar o mais rápido possível para longe dali, mas então percebi que esse era o momento ideal para conversar com ele e fazer as pazes. Entretanto, quando eu me virei de volta, ele já havia sumido.

O melhor a fazer era voltar para o dormitório e dormir, na esperança de esquecer tudo isso.

>>>

O jogo Corvinal/Grifinória era às 15:00h. Depois do almoço, eu, Jane e Hannah ficamos nos jardins da escola, conversando durante um tempão. Quando faltava 20 minutos para o início do jogo, nós seguimos para o campo.

Hannah se despediu da gente e foi sentar na imensidão vermelha da torcida da Grifinória, enquanto eu e Jane fomos para a parte azul da torcida, a torcida da nossa casa.

Achamos um lugar bom para sentar e aguardamos o início do jogo.

Madame Hooch fez os dois capitães apertarem as mãos. Quando o apito soou, 14 jogadores subiram ao céu.

— E THOMAS TEM A GOLES... ELE PASSA PARA PARA FRED... TRAVIS DEFENDE OS AROS DA GRIFINÓRIA.

Em uns 5 minutos, Henry fez o primeiro ponto da Corvinal. A nossa torcida vibrou.

— JULIE ATIRA A GOLES... E MAIS UM PONTO PARA CORVINAL! 20X0.

A Grifinória não parecia estar em um bom dia. O placar estava em 70X50 quando Iris, a apanhadora da Corvinal, agarrou o pomo de ouro.

Eu e Jane nos abraçamos felizes. A torcida inteira da Corvinal vibrava. Nós pulamos para o campo, indo atrás dos jogadores.

Henry agarrou Jane e a girou no ar, dando um beijão nela.

— Parabéns gente - eu disse aos jogadores.

 Mais atrás do time da Corvinal, eu vi os jogadores do outro time indo ao vestiário com a cara abaixada, tristes com a derrota.

Hannah ia ao lado de Travis, muito provável consolando-o.

Eu queria ir falar com Arthur. Era a estreia dele como capitão e seu primeiro jogo tinha sido uma derrota, entretanto, achei melhor ir direto para a sala comunal. Talvez outro dia eu conversasse com ele.

>>>

No dia das bruxas, os monitores tiveram que ajudar Hagrid e os outros professores com a decoração.

Vários morcegos de verdade estavam inclusos na decoração (inclusive eu conjurei um deles!), abóboras gigantes estavam no Salão Principal... tudo estava lindo para o jantar de Halloween.

Fui para o banheiro dos monitores tomar um banho e me preparar para o jantar.

— Eu. Não. Consigo. Achar. Meu. Chapéu. ARRGH - disse Jane irritada.

— Calma, deve estar por aí. Tenta um Accio.

Geralmente comemorações no castelo exigiam o uso do chapéu preto pontudo.

— Achei!

— Onde estava?

— Enfiado no fundo do meu malão.

De fato o chapéu estava todo amassado.

— Você vai com ele nesse estado, Jane?

Ela deu de ombros.

— Fazer o que?

— Calma aí.

Peguei o chapéu e com um aceno de varinha fiz ele desamassar.

— Bem melhor.

Nós descemos juntas para o jantar. O Salão estava, de fato, muito bonito.

— Nunca entendi por que comemoramos o dia das bruxas se nós somos bruxas - comentou uma menina do segundo ano para a amiga.

— Sei lá. Tem dia dos trouxas?

— Acho que não.

Eu e Jane rimos e fomos sentar na mesa da Corvinal. Henry já estava lá conversando com uns amigos.

O banquete de dia das bruxas estava divino.

— Lembra do nosso primeiro ano? - perguntei a Jane - Que eu falei que iria para a Torre da Corvinal rolando?

— Claro que lembro.

— Hoje eu acho que vou ter que fazer a mesma coisa.

— Eu também - ela concordou - 5 anos depois e nós continuamos a mesma coisa.

— Sempre - falei.

Quando todos já deveriam estar em suas salas comunais, fui com a monitora do quinto ano dar uma volta pelo castelo em busca de corvinos fora da Torre.

— E os N.O.M.s são muito difíceis? - ela perguntou enquanto passeávamos.

— Depende - falei.

Expliquei como funcionou os meus N.O.M.s quando um barulho no corredor do quarto andar fez nós duas irmos atrás da origem. Quando eu cheguei lá, sentada na janela estava uma menina e, de frente para ela, um menino. 

Não demorei um minuto para reconhecer quem era o garoto. Era Arthur Harris.

— Vamos voltar para Torre - falei à Olívia, a monitora que estava comigo.

— Eles não deveriam voltar para sala comunal deles?

— Ele é monitor da Grifinória - comentei.

Puxei Olívia pelo braço e passei decidida na frente dos dois. A raiva não cabia mais dentro de mim. Eu só queria sair dali.

— Ai meu Deus - disse Olívia dando uma última olhada para trás - Eles estão se beijando!


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