Keep Holding On escrita por Naokii


Capítulo 15
Where's Your Boyfriend?




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PARA JUVIA, NADAR era como voar. Ela acreditava que, na criação do mundo, quando foi decidido que o homem não poderia voar, Deus havia sentido pena e permitido que houvesse uma forma do homem se sentir com asas. Lockser acreditava essa maneira seria nadando. Era relaxante, purificante, gratificante, acalmante. O líquido incolor batendo contra a pele da garota, a forma como ele lhe conduzia, tudo isso era no mínimo excitante. Parar para respirar era a pior parte, mas, além disso, Juvia tinha outra preocupação: olhar para o cronômetro. 

— Droga. 13 segundos e meio. Nesse ritmo nunca vou conseguir vencer amanhã. – comentou emburrada. Lucy foi rápida e lhe ofereceu uma garrafa de água.

— Vem cá, senta aqui, você precisa descansar um pouco. A competição só será de tarde, você tem tempo pra relaxar. – lhe fez vestir o roupão. Não que Lockser quisesse, afinal, estava acostumada com a água gelada devido as diversas madrugadas que passara nadando no riacho perto de sua casa.

— Eu sei... – balançou a cabeça afastando os pensamentos tristes. – Estou bem, eu só estou tentando acelerar meu tempo na água. Me sinto um pouco enferrujada. 

Heartphillia reconheceu o tom de voz da amiga e percebeu que a mesma só estava tentando mudar de assunto. A conhecia tempo suficiente para saber do que se tratava todo seu nervosismo e a pressão que a azulada carregava pra si, mas também sabia que forçá-la a lhe contar algo seria pior ainda. Juvia iria se abrir quando se sentisse à vontade, o que não era o caso agora. – Voltando o assunto do Natsu, o que vai fazer agora que ele ganhou a partida de ontem? Você prometeu um beijo pra ele. 

— N-Não prometi nada! Na verdade, eu até queria mas não sei se posso. Você me entende? Esse rolê todo de aceitar a mim mesma, o meu ex super abusivo... não posso entrar de cabeça num novo relacionamento, entende? Eu não quero que ele crie esperanças falsas e nem quero me iludir novamente. 

— Eu concordo com você, mas tome cuidado pra não se privar de certas coisas por causa de gente escrota.

— Eu sei, Blue. Pode deixar. – riu. – E falando nisso, eu vi um dorama tão horrível esses dias que quero enfiar areia nos meus olhos. Eu não entendi nada.

— Você tem um dedo-podre até pra escolher doramas? – gargalhou alto a azulada.
                                                                                              (* ̄(エ) ̄*)

Gray estava na sala de estar de casa, conversando com Erza e Jellal, que estavam num clima meio estranho, quando surge Silver, silencioso como sempre. A estranhice entre o Jelly e a Ruiva só aumentou, eles até soltaram as mãos.

— Ei, jovens! E essa força para amanhã?

— 0%. – Gray limitou-se a responder, voltando a ler seu livro. 

— Mesmo sabendo que amanhã sua crush vai participar da principal competição?

O moreno mais novo tossiu alto, antes de responder seu pai.

— Hã? C-Crush? Eu? 

— Todo mundo já percebeu que você gosta de Juvia Lockser.

— Bolas, todo mundo sabe da minha vida.

— Sim, mas o que eu sei e você não sabe é que já são quase 21:00h e a escola vai fechar em breve, mas sua namoradinha não quis sair do ginásio pra ficar treinando. Tentei de tudo, mas ela não quis sair. Pensei que poderia ser uma chance de você ir lá convencê-la, não acha?

Gray olhou pra seu celular na mesa. Eram 20:15h. Chegaria no colégio em menos de 5 minutos de carro. Sem ao menos dirigir alguma palavra aos presentes no ambiente, o líder dos F4 saiu correndo pra chegar à tempo.

                                                                                   (* ̄(エ) ̄*)

— Ela está sozinha. – disse uma voz fina, porém cheia de perversidade e rancor que parecia a voz de uma pessoa mais velha. – Eu quero que vocês idiotas acabem com ela de uma vez por todas. Não importa o que isso vai me custar, tudo o que eu quero é vê-los sofrer, por isso não esqueçam de seguir totalmente o plano. – começou a gargalhar e logo a voz, antes sozinha, foi acompanhada pelas risadas daqueles que pareciam ser seus subordinados.
                                                                                               (* ̄(エ) ̄*)

Assim que pisou no colégio, sentiu vergonha. Quer dizer, o que diabos iria dizer pra ela como desculpa pra estar lá? Não havia nada plausível. Não podia dizer que estava caminhando casualmente, afinal, quem caminhava casualmente pela escola à noite? Mesmo que a escola fosse de sua família, ainda parecia estranho. Respirou fundo. Teria que arranjar algo pra dizer, mas não havia muito tempo, já tinha entrado no ginásio.

Assim que adentrou o local, pôde ouvir um som vindo do vestiário. Talvez ela estivesse tomando um banho antes de ir para casa. Resolveu esperar e se sentar em alguma cadeira próxima, mas antes que pudesse concluir seus pensamentos, todas as luzes se apagaram.

— Hã? Juvia, é vo... – sentiu uma pancada forte nas costas seguido de um chute nas suas pernas. Ele foi empurrado e então caiu dentro da piscina. Sentiu algo caindo em cima de si, como uma rede. Entrou em pânico. Ouviu o barulho da porta se batendo mas não conseguia prestar atenção em mais nada. Se debatia, tentando não afundar. O horror já tinha lhe consumido por completo. As memórias daqueles dias lhe surgiam como um soco na boca do estômago. A dor, o frio, o medo. Enquanto se debatia, sentia a rede lhe puxando pra baixo. Era o fim de sua vida patética? Tinha sido covarde com todos. Na escola, em casa, até mesmo com a garota que gostava e nunca conseguiu lhe falar. Quase todo o ar havia se esvaído de seus pulmões quando sentiu seu corpo ser abraçado por alguém e ser puxado pra cima. Estava tão alheio que não percebera que a rede fora tirada de si. Quando foi levado à superfície, viu que Juvia tinha lhe salvado. Ele gostaria de agradecê-la adequadamente mas tudo o que conseguia fazer era chorar. Não conseguia respirar, suas mãos tremiam, mas não era de frio. Podia escutar seu próprio coração acelerado. Juvia lhe dizia alguma coisa mas ele não conseguia entender. Estava tonto parecia que ia desmaiar ou morrer a qualquer momento. 

— GRAY! CONSEGUE ME OUVIR? CONSEGUE ME ENTENDER? – assim que conseguiu ouvir o que a garota gritava, o moreno se virou para o lado e vomitou. Sentiu suas mãos serem envolvidas pelas mãos da garota à sua frente. – Consegue me entender? – ainda com dificuldades pra respirar e sem parar a crise de choro, o moreno assentiu. – Ok, ok. Olhe pros meus olhos. – abriu um sorriso. – Quero que me responda a primeira coisa que vem na sua cabeça quando eu perguntar sobre algo, tudo bem? Onde você está? 

— No... no ginásio. – dizia com a voz embargada.

— O que você está ouvindo agora? O que você consegue ouvir?

— A sua voz. – O moreno fechou os olhos pra tentar se concentrar. Ele conseguia ouvir... – Meu coração, o vento, o som das árvores lá fora... 

— Muito bem, muito bem! – percebeu que o moreno estava retornando à realidade. 

— Qual o primeiro cheiro que você consegue sentir?

— Marshmallow e... morango? 

A azulada levantou uma sobrancelha.

— De onde vem esse cheiro? Você gosta dele?

— De você. Eu acho que eu amo.

Foi como se algo tivesse se quebrado no ambiente. Juvia paralizou sem saber o que dizer por alguns instantes, mas Gray conseguiu voltar a respirar normalmente, e a parar de chorar. Ela o abraçou. Logo enxugou as lágrimas dele.

— Se sente melhor? 

— Me desculpe por isso. – ele disse, se afastando.

— Está tudo bem, Gray. Você teve um ataque de pânico, não foi culpa sua. Mas o que aconteceu? Ouvi um barulho e lhe encontrei se afogando...

— Alguém me jogou ali. – demorou alguns minutos antes que voltasse a falar algo. – Eu só... entrei em pânico, sabe? Eu sou tão covarde.

— Não, você não é. – Juvia sorriu pra ele e segurou sua mão. – Me contaram que você tinha trauma de água, mas não sabia que era tão grave.

— Sim. Isso aconteceu há alguns anos...

— Não precisa me contar se você não quiser. – falou.

— Não. Eu preciso contar pra você. – seu olhar parecia aério. – Eu tinha uns 5 anos quando todos da minha casa haviam saído. Erza foi dormir na casa de nossa vó, papai e mamãe estavam no trabalho. Eu só tinha a companhia de Ur, que é como uma mãe pra mim. Quando estávamos assistindo a um desenho, dezenas de homens armados nos cercaram. Me sequestraram em troca de dinheiro. – parecia que cada palavra que saía de sua boca doía. Juvia apertou mais a mão do garoto. – Passei cerca de 5 dias sendo espancado e vítima da crueldade daquelas pessoas. A maior diversão deles era me jogar na água amarrado. Me jogavam lá e competiam pra ver quando tempo eu iria aguentar acordado. Às vezes eles só enfiavam minha cabeça num balde, sabe?

— O que aconteceu com eles? 

— Os políciais chegaram e os prenderam. Eu fui levado de volta pra casa mas mesmo depois de ir pra tantos psicólogos, eu não consigo esquecer disso. – soltou ar pela boca. – Eu sou um idiota fraco.

— Eu não quero mais ouvir você falando assim de si mesmo, Gray Fullbuster. – a garota advertiu, passando a mão nos cabelos do moreno. – Eu achava que você era só um menininho mimado quando te conheci, mas percebi que isso é fachada. Você é um amigo muito especial pra mim. Você é o incrível líder dos F4, oras. 

— Não posso evitar me chamar de fraco, é a verdade. Além disso, eu nunca vou ser forte como você, Juvia Lockser. – deu um sorriso triste.

Ela se aproximou dele e depositou um beijo na bochecha do rapaz.

— Eu não sou tão forte assim. Olhe pra cá, olha que horas são! Eu estou aqui desde manhã tentando nadar direito, tentando sair dos míseros 12 segundos, mas não consigo. E sabe por quê? Sabe o porquê de eu não estar conseguindo dar meu máximo? Meu pai morreu pouco antes de um campeonato que eu iria participar. Ele... se suicidou dias antes.

— Eu sinto muito. – o moreno disse.

— Eu achei que tinha superado isso já que faz tantos anos, mas agora eu percebi que eu não consigo, sabe? Eu não sou tão forte assim.

Um silêncio se alastrou entre os dois por alguns minutos.

— Sabe, você é a garota mais incrível que eu já conheci na minha vida. – Gray começou a dizer e a azulada levantou sua cabeça para o olhar. – Você é corajosa, é engraçada, é gentil, prestativa, linda e mais um milhão de coisas. Você salvou minha vida, poxa. É por isso que eu...

— Hum? – a menina esperou ele terminar. 

— É por isso que eu acho incrível te ter como amiga. – desconversou.

— Obrigada, Gray. Obrigada por vir aqui hoje, apesar de que eu não sei por quê.

— Ah, eu... – depois de pensar tantas desculpas, acabou optando por contar-lhe a verdade. – Meu pai me contou que você não queria sair daqui mais, para treinar. Eu vim tentar te convencer a ir embora.

— Ah, entendi. 

— Então, vamos? Eu posso te deixar em casa, podemos comer alguma coisa, que tal?

— Bom, eu... – antes de terminar a frase, a barriga da mesma roncou. – Acho que não tenho muita escolha. – riu. – Vamos.
                                                                                               (* ̄(エ) ̄*)

Era o grande dia! A família de Juvia carregava um cartaz improvisado com o nome da garota, e pulavam de alegria, até a vovó. 

— Cadê seu namorado, o Lyon? – a senhora perguntou pra Gray. 

— Ele não é meu namorado, senhora. 

Juvia e Lucy tiveram um crise de risos junto com Natsu. 

— Eu sempre achei que eles faziam um bom casal! – o rosado sugeriu. 

— Eu não estava falando com você, seu besta. – deu um tapa no garoto de cabelos negros. – Estou falando com a minha netinha. 

— Ele também não é meu namorado, vó.

— Então quem é? É esse mequetrefe aí? É BOM VOCÊ RESPEITAR MINHA NETA, SEU MOLEQUE! – bateu na cabeça do garoto, que estava totalmente corado.

— Vó, ele também não...

— Apesar de que ele me lembra meu antigo namorado, o Georgio Kluune, ele era estrangeiro e rico, fazia alguns filmes. Cada toque dele no meu corpo era alucinante e...

— Boa sorte, minha filha. – Sra Lockser deu um abraço na filha.

— Acaba com todas, nee-chan! – Mizu pulava de euforia.

— Obrigada, de coração, a todos vocês. Vou fazer isso por todos! 

— Mana, tu já ganhou, flor! – Lucy registrava tudo em seu celular.

— Obrigada por me darem forças! 

— Juvia, está na hora. – Silver avisou.

— Tudo bem, já estou indo. Até daqui a pouco, pessoal! – Disse indo pra área de preparação. Gray foi com ela.

— Eu queria esperar todos saírem pra eu te agradecer novamente por ontem. – o moreno sorria tímido. 

— Aquilo não foi nada, Gray.

— Eu trouxe uma coisa pra te dar sorte. – ele tirou do bolso uma caixinha com um colar de uma lua. – Você é tão doce e poderosa que eu sinto às vezes que você é inalcançável pra mim. O seu sorriso é como uma lua cheia, sabe? Ele preenche meu coração. Eu mandei fazer pra você há um tempo atrás e só tomei coragem de lhe entregar hoje. 

— Eu não sei o que dizer. Não sei se posso aceitar. 

— Por favor, eu insisto. 

— Tudo bem. – abriu um sorriso. – Pode colocar no meu pescoço? – ela tirou o roupão que lhe cobria e ficou apenas de maiô. O rosto do líder do F4 queimou de vergonha enquanto colocava o acessório na Pow Blue Girl. – Muito obrigada! – o abraçou.

— Com licença. – Sherry interrompeu os dois, sorrindo estranhamente. 

— Oi, Sherry! – Juvia sorriu. 

— Eu queria desejar boa sorte pra você! – a abraçou com força. Tanta força que Juvia sentiu algo espetando suas costas. – Oh, minha nossa! Me desculpe! Minhas unhas devem ter te machucado! Me perdoe!

— Tudo bem, amiga! 

Todos se calaram ao ouvir a voz do apresentador avisando que a partida começaria agora.

A partida era contra Brandish, da escola Spriggan Twelve. As duas se posicionaram na frente da piscina, esperando a largada ser dada. 

A cabeça da azulada estava à mil. Tentava relaxar, pensar na família, em seu pai, até mesmo em Gray, por algum motivo. Os segundos dentro d'água foram os mais lentos de toda a vida de Lockser. Sentia-se no céu, como sempre, mas era como se uma voz lhe chamasse. Quando abriu os olhos, viu seu pai, de braços abertos para si. Ela sorriu e correu em direção dele. No meio do abraço, podia ouvir a voz de seu pai lhe dizendo que lhe admirava. "Você é forte, você é corajosa. Você sempre vai ser meu pequeno anjo.". 

Quando deu por si, já estava segurando a mão de Gray, que estava a ajudando a sair da água. Todos gritavam alucinados, podia ver Lucy pulando junto a Natsu, Erza e Jellal. Sua mãe chorava junto com Mizu e Vovó Lockser. O salão todo estava em festa. 

— O que aconteceu?

— Você ganhou, sua boba! Em oito segundos. – o moreno disse. 

— O quê?!

Ele riu, e logo percebeu que atrás do maiô da garota estava rasgado no meio das costas. Bem onde Sherry a havia machucado. Franziu o cenho, antes de colocar o seu próprio casaco por cima da garota e deixar um beijo no meio da testa dela.

O recebimento do prêmio foi regado à lágrimas, pois a azulada chorou ao lembrar de seu pai. Metade do salão estava com vontade de chorar pela história dela e outra metade só conseguia fofocar sobre o modo que Gray a tratou, e sobre ela estar vestindo uma roupa dele.
No final, todos os amigos estavam saindo do ginásio, quando Lyon chegou pra abraçar a amiga.

— Lyon! Você veio me ver?

— Sim, você foi incrível, eu estava vendo no telão aqui fora. – beijou a bochecha da amiga. Ela sorriu, e Gray não pôde deixar de sentir um pouco de ciúmes, mas passou assim que ouviu o que o amigo tinha a dizer. – Vim aqui hoje pra me despedir. Meu vôo sai em uma hora. 
 


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