Era Uma Vez Num Sonho

GRAY DESCEU AS escadas correndo ouvindo a campainha sendo desesperadamente tocada por alguém. Metade dele estava irritada e outra metade preocupada. Afinal, quem diabos teria coragem de sair na rua numa tempestade daquelas? 

Apesar disso, seu coração se sentia aquecido por seu ato de horas atrás. Se sentiu muito feliz por ter comprado algumas mochilas para Mizu. Ele mesmo escolheu-as pessoalmente. Para falar a verdade, ele ficou indeciso em qual seria a melhor para a garota, então resolveu comprar todas. Ele surpreendentemente gostava muito da menina, apesar de que no início apenas queria ajuda para conquistar a irmã dela. O moreno nunca havia contado para ninguém, mas seu sonho de infância era ter um irmão mais novo (tinha o azar de ser o caçula da família), e com Mizu tinha a sensação de ser um irmão mais velho, era legal.

Ignorou esses pensamentos e finalmente abriu a porta, surpreendendo-se com o que viu a seguir. Era Juvia completamente encharcada. Sua primeira reação foi arregalar os olhos, direcionando, inevitavelmente, o olhar dos lábios avermelhados da menina para o decote que estava usando, desviando em seguida, sacudindo a cabeça.

— Juvia?

Os olhos da azulada lacrimejavam. Ela parecia querer dizer alguma coisa mas não conseguia.

— G-Gray... eu...

O Fullbuster perdeu-se observando os fios molhados escorrendo. Mordeu os próprios lábios. Parecia que a água fazia parte dela. Juvia era tão perfeita. Balançou a cabeça ao se dar conta de que 1) estava esse tempo todo calado olhando pro rosto da garota. 2) ela deveria estar com frio.
— Hã... p-pode entrar. –  disse abrindo a porta, dando espaço para ela entrar. –  Eu vou buscar alguma toalha para você se aquecer devidamente, e algum chá, alguma coisa. Tem algo que você queir-

Foi interrompido com os lábios da garota contra os seus. O moreno arregalou os olhos com a situação. Juvia se afastou. 

— Eu quero você.

— O-O quê? –  foi a única coisa que pôde dizer antes de ter seus lábios serem selados novamente. Não se aguentou. Puxou o corpo da garota contra o seu. Não sabia o que estava acontecendo, mas devia aproveitar, certo? Isso significava que ela já havia se apaixonado por ele? Estava tão empolgado. Ele sorriu em meio ao beijo. Sentiu que a garota sorriu em seguida. Ela colocou a mão na nuca do garoto fazendo carinho. 

Gray resolveu guardar aquele momento para sempre. Queria sentir para sempre a sensação de estar encostando seus lábios na sua amada. Juvia era tão macia, tão fofa quanto um travesseiro. Espera,travesseiro?

— HAAHAHAAHAHAHAAHAHA – Erza estava caída no chão de tanta risada. Jellal estava gravando tudo. Mas que diabos... – NÃO ACREDITO NISSO! HAHAHHAAHAHAHAHAHA!

O moreno se deu conta do que estava acontecendo: havia sido tudo um sonho. Estava completamente babado e agarrado num travesseiro. Erza havia chego com seu namorado e viu tudo que se passava. Que droga. Jogou a droga do babasseiro (baba + travesseiro) em sua irmã. 

— MAS QUE DROGA, ERZA, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO NO MEU QUARTO? 

— Olha a hora aí, seu beijoqueiro.

O moreno tentou revirar os olhos (quase não conseguiu porque estavam cheios de remelas) e percebeu que tanto Jellal quanto a ruiva da sua irmã estavam usando o uniforme da escola.

— São... 07:20? O QUÊ? Merda! – jogou o lençol na própria cara, sentindo seu rosto enrubescer lembrando do seu maldito sonho. – Que saco.

(*￣(ｴ)￣*)
Lyon observava calmamente a tela de seu celular. Via uma foto antiga. Ele parecia feliz ao lado de seu avô e sua namoradinha na época. O pequeno Lyon de 7 anos parecia feliz carregando seu pequeno violino. Lembranças tristes vieram em seguida. Memórias de seu pai, uma arma, o medo, o sangue. Seu corpo inteiro se arrepiou. Se sentia imponente.

— Você não pode se culpar desse jeito. – ouviu uma voz familiar.

— Meredy. 

— Oi. – sorriu, pousando uma mão no ombro dele. 

— Eu não posso evitar. Tudo é culpa minha. É culpa da música. Eu sou muito egoísta em querer continuar.

— Você não é egoísta e você não tem que ser como seus pais queriam. Você é Lyon. É um cara incrível. E eu adoraria que você passasse no meu estúdio essa semana. Tenho uma proposta para você. 

— Mas...

— É irrecusável, ok? – se levantou indo embora.

O albino suspirou alto, pensativo.

— Aquela era quem eu acho que era? – Juvia estava pasma. – M3r3dy?

— Sim.

A azulada fez um "o" com a boca. M3r3dy era sua youtuber de jogos e música preferida. 

— Você viu o Gray?

— Vi. Ele chegou aqui na escola parecendo um mendigo assustado. Ele está assombrado com alguma coisa.

— Espero que não seja com sua conta bancária.

— Por que diz isso?

— Bom... – apontou para as caixas empilhadas atrás dela, em cima de um carrinho de puxar. – Ele comprou 86 mochilas para minha irmãzinha por puro capricho. Espero que isso não tenha falido ele, tenho que devolver logo.

— Acho que esse não é o problema dele. – riu, avistando seu amigo corado dos pés à cabeça. 

— Hey, Gray. – a azulada cumprimentou. – Podemos conversar?

A cabeça do moreno girou lembrando do sonho.

— C-Claro, sobre o que você quer falar? – disse quando foram para um lugar afastado.

— Obrigada pela intenção, mas eu disse não. Eu não preciso que você use seu dinheiro para comprar o que é obrigação da minha família. – fez reverência. – Eu estou devolvendo tudo.

— O quê? Mas é meu presente para Mizu! – falou com um biquinho.

— Não acho justo que você gaste seu dinheiro na nossa família.

— Mas se é pra Mizu, ela que deveria decidir, não acha? Por favor, aceite pelo menos uma, eu realmente gosto dela. – pediu, segurando as mãos da garota, mas rapidamente as soltou, envergonhado. – Mizu-chan é como uma irmã mais nova para mim. 

— E eu sou uma irmã pra você também? – sorriu brincalhona. 

— Sim! Quer dizer, não, você é... é... enfim, pode aceitar apenas como um presente para ela? 

— Eu não sei...

— Por favor. – fez carinha de cachorro.

— Tudo bem, eu aceito se você me deixar te pagar depois. Certo?

— Fechado. – disse enquanto cruzava os dedos. – Prometa que ela escolherá qual ela quer. 

— Eu prometo. Hã... Gray. Obrigado. O que você fez para a Mizu foi muito legal da sua parte. – sorriu.

— Eu gosto bastante dela, fico feliz de poder presenteá-la. – de repente lembrou-se de seu sonho. – Não é como se eu esperasse um beijo ou um abraço seu eu só...

— Eu entendi. – a azulada sorriu, dando um abraço no garoto. 
(*￣(ｴ)￣*)

— São 10:00 da manhã e você já está na minha secretaria mais uma vez, Natsu Dragneel.

— Eu tô ligado que a senhora me ama também, tia.

— Eu não vou aturar essas suas piadas outra vez, então cale-se. Suas notas estão cada vez mais piores. Trouxe seu pai aqui para termos uma séria conversa. 

— O quê? – o rosado direcionou seu olhar para seu pai.

— Nós decidimos te colocar em aulas de reforço da matéria que você precisa.

— Não é mais fácil pagarmos para eu passar? Pai, eu sou um artista, não um matemático! Pra que preciso de matemática na minha vida?

— Para poder se formar, eu creio. E você não tocará em nenhum só centavo até melhorar essas notas vermelhas. 

— Hã? Mas que droga! E quem diabos vai me ensinar? Eu nunca vou entender a droga dessa matéria. Nem se Jesus Cristo descer na terra para me ensinar pessoalmente.

— Minha sobrinha é a primeira da sala dela. – Aquarius interferiu. – Creio que ela possa ajudar.