A Magia do Natal escrita por Chris Dewan


Capítulo 1
Capítulo 1




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Kara caminha pelo corredor. O caminho está iluminado por luzinhas brilhantes e ela sorri. Ela gosta de luzinhas brilhantes, é uma das principais razões de ela gostar tanto do natal.

Colocando as sacolas no chão, ela enfia a mão no bolso do casaco, procurando pelas chaves de seu apartamento, mas não as encontra. Ela então checa o outro bolso e as chaves estão ali. Ela destranca a porta, mas não entra, parando momentaneamente para ouvir uma música de natal provinda do apartamento ao lado, a mesma que J’onn quis repetir quase o tempo inteiro durante a ceia no apartamento de Alex. Winn, James, Lena, Sam, Ruby, J'onn, o pai de J'onn, Vasquez, Alex, Eliza e ela haviam se reunido no apartamento da morena dessa vez para comemorarem a data já que as comemorações eram sempre feitas no apartamento de Kara. Tudo havia sido tão lindo, alegre e aconchegante tanto quanto qualquer natal tradicional de família podia ser. Eles também haviam revelado o amigo secreto que fizeram e Kara havia vibrado de emoção ao ganhar um  relógio e um perfume (seu preferido) de Alex, que a havia tirado no amigo secreto.

Porém, apesar da alegria de estar com a família e amigos, ela sente que ainda falta algo; ela estava agradecida por tudo e tal, mas ela havia pedido apenas uma coisa ao papai Noel, porque para ela nada mais importava, somente aquilo, mas o velhinho de barbas brancas devia mesmo ser apenas uma lenda por mais que ela quisesse acreditar que a magia do Natal fosse real. Com um suspiro e um pouco atrapalhada ao pegar as sacolas, ela abre a porta de seu apartamento já esperando a escuridão saudá-la e a brisa fria soprar pela janela da sala que sempre ficava um pouco aberta, mas para sua total surpresa seu apartamento está brilhando. Literalmente brilhando. Boquiaberta, ela olha para as paredes iluminadas com dezenas de luzinhas, tantas que apenas elas são o suficiente para iluminar o ambiente de uma maneira aconchegante, sem precisar acender as luzes. Ela coloca as sacolas sobre a mesa e caminha lentamente até a sala, observando a linda árvore de natal que está ali, toda enfeitada e brilhante, com algumas caixas de presentes embaixo dela.

— Como? – ela pergunta a si mesma, olhando em volta espantada. Será que ela estava tendo uma alucinação? Porque que ela se lembre esse ano ela não teve muito tempo (e nem ânimo na verdade) para montar sua árvore de natal, que havia ficado no canto da sala desmontada junto com as luzinhas enroladas com os enfeites natalinos.

— Oh. Já estava na hora. Já vou dizendo que não vou arriscar cair dessa escada para colocar a estrela no topo, então se não se importa...

Kara leva um susto tão grande que ela cambaleia para trás até se apoiar na mesa da cozinha, com os olhos arregalados em choque. Agora ela tem certeza de que sua mente não está bem.

— Eu sei que é Natal, mas não significa que eu também vou flutuar na magia de neve como as renas do velho capitalista se eu despencar dali de cima. – continua Cat Grant com um tom de tédio, descendo da pequena escada atrás da árvore de natal e caminhando descalça até seus saltos, ao lado da árvore. Ela olha para Kara, que continua paralisada olhando para ela em silêncio e rola os olhos.

— Kiera, você está tão pálida que qualquer um te confundiria com um boneco de neve gigante, principalmente por causa dessa coisa bege de botões que você está vestindo que eu poderia, mas não vou evitar dizer: não destaca nenhum pouco seu tom de pele.

Sem dizer nada, Kara se aproxima de Cat lentamente. O espanto ainda está estampado por todo seu rosto. Ela estende a mão para tocar o rosto de Cat, mas hesita, temendo que ela desapareça, que ela não seja real.

Engolindo em seco porém, ela chega mais perto e estica a mão, tocando a ponta dos dedos na bochecha da magnata. A pele é macia e quente e no mesmo momento Kara sente seu coração bater mais forte.

— É você... – ela sussurra e com o tom suave e de genuína emoção na voz de Kara, Cat sorri.

Kara continua a olhar para a mulher mais velha como se ela fosse um quadro renascentista.

— Sim Kara, sou eu. – responde Cat e Kara não resiste o impulso de abraçá-la. O abraço é longo e apertado. De olhos fechados, Kara promete nunca mais duvidar de que o bondoso velhinho existe em algum lugar desse mundo mágico.

— Co-como conseguiu, quando chegou, como...uau,  foi você que fez isso? – Kara mal consegue segurar a emoção, tantos pensamentos correm por sua mente que ela se sente transbordar de surpresa, de perguntas, de felicidade, de tudo ao mesmo tempo.

— Sem perguntas Kara, pegue duas taças e venha. E se lembre de respirar pelo amor de Deus, senão vai ter um ataque antes de o natal terminar. – diz Cat, caminhando até a geladeira de Kara, tirando uma garrafa de lá de dentro.

— Certo. – concorda Kara, ainda um pouco afobada, pegando duas taças das melhores que guardava para ocasiões especiais e seguindo atrás de Cat. A magnata coloca a garrafa sobre a mesinha de centro na sala, pega uma almofada e a coloca no chão ao lado da mesa, ajoelhando-se na almofada. Kara coloca as taças sobre a mesinha, uma almofada no chão e faz o mesmo.

— Ah, espera. – diz Kara, se levantando e tirando o casaco que estava vestindo. Ela então se ajoelha e olha para Cat.

— Que bom que tirou, não iria aguentar olhar para aquela coisa mais nenhum minuto.

Kara apenas sorri.

Cat coloca o vinho nas taças e Kara se lembra de algo.

— Espera!

Kara se levanta e corre até a cozinha e quando volta, ela traz um pequeno embrulho nas mãos.

— Minha irmã me deu isso, ela já tinha ganhado três. – diz Kara, abrindo o lindo panetone trufado sobre a mesa. Ela olha para Cat e suas bochechas coram porque a magnata está olhando para ela e seus olhos parecem cintilar com as luzinhas de natal, e Kara não sabe se é a magia do natal envolvendo o ambiente ou o que, mas ela se sente corajosa o suficiente para devolver o olhar e sorrir para a rainha da mídia enquanto corta o panetone.

— Você vai acabar cortando o dedo. – diz Cat.

Kara desvia o olhar para baixo rapidamente, não notando o sorriso que se forma no canto dos lábios da mulher.

— Precisa pegar mais alguma coisa, ou podemos prosseguir? – pergunta Cat.

— Podemos prosseguir. – responde Kara, esfregando as mãos juntas. Cat pega a taça e a levanta, Kara faz o mesmo.

— Feliz Natal, Kara. – diz Cat, e Kara sorri, sentindo suas bochechas corarem e um sentimento aconchegante em seu peito. Aquilo era tão surreal.

— Feliz Natal, Sra Grant. – diz ela, mas Cat continua com sua taça imóvel e levanta uma sobrancelha.

— Feliz Natal, Cat. – diz Kara novamente e dessa vez elas brindam.

Kara observa enquanto Cat toma um gole do vinho. Ela sorri e então faz o mesmo. Elas comem o panetone e em um certo momento Kara fica com um pouco de chocolate no cantinho da boca.

— Rs, você tem um pouco de chocolate... aqui. – diz a magnata, apontando para o canto da boca de Kara.

— Aqui?

— Não, mais para cima.

— Aqui?

— Isso, não, espera, oh. Agora você sujou mais ainda. – diz Cat.

Kara ri e então Cat pega um pequeno guardanapo de papel, esticando a mão e passando no cantinho dos lábios dela. Kara sente borboletas em seu estômago quando o guardanapo toca o canto de seus lábios. Ela olha para Cat e pode sentir suas bochechas esquentarem.

— Obrigada. – diz Kara, se referindo ao fato de Cat ter limpado o canto de seus lábios. Cat olha para ela e seu olhar parece dizer tudo o que Kara sempre quis ouvir. Kara se sente derreter por dentro. Será que ela estava sonhando?

— Eu te comprei um presente. – diz Cat, olhando para onde a árvore de natal está.

Kara olha para a árvore de natal e então para ela.

— É aquele, de embrulho prateado e fita vermelha.

Kara sabe que já é uma adulta e que deveria se portar como uma, mas nesse momento tudo o que acontece é uma adrenalina correr em seu sangue em ansiedade. Um presente de natal? Pra ela? De Cat Grant? Isso estava mesmo acontecendo? Ela não sabe se deve pegar já ou deixar pra depois e então faz uma cara de filhotinho esperando permissão para algo.

— O que está esperando? – pergunta a magnata, e no mesmo momento Kara se levanta animada, pegando o embrulho.

Quando abre o presente, ela se encanta. É um globo de água de natal com uma casinha, um Papai Noel passando com as Renas e Supergirl logo atrás ajudando a segurar o saco de presentes que havia caído da carruagem.

— Aww... – diz Kara olhando para o presente encantada, emocionada demais para dizer qualquer outra coisa.

— Eu sabia da sua obsessão com a garota de aço e achei que fosse gostar. – diz Cat.

— Eu amei... obrigado... – diz Kara com um sorriso. – Eu, eu não comprei nada pra você...

— Você não sabia que eu viria e aliás eu já estou velha demais pra ganhar presentes. – diz Cat.

— Ah, espera! – diz Kara, se levantando animada e correndo para a cozinha.

— E agora? O que mais que você vai inventar... – diz Cat, tomando um gole de vinho.

Kara se aproxima com uma sacola nas mãos e bochechas corando.

— Aqui. – diz ela, estendendo a sacola para Cat. A mulher levanta uma sobrancelha e quando abre a sacola, ela tira de dentro um suéter de natal. Cat ri e Kara ri também.

— Eu não vou vestir isso, Kara. – diz Cat e Kara faz cara feia, indo para o seu quarto. - O que?? Você vai se recusar a vestir esse lindo suéter de Natal no dia de natal? Mas que ultraje, Cat Grant! – Kara então reaparece, vestindo uma calça moletom e um suéter idêntico ao que deu a Cat.

— Se você se recusar a vestir, vai ter 7 anos de azar. – diz Kara, e Cat rola os olhos.

— Você acabou de inventar isso.

— Será? – diz Kara com a voz sombria se aproximando.

Kara insiste e faz uma cara de filhotinho e Cat acaba rendida.

— Onde você arruma essas coisas? – pergunta a magnata – e de que lado se veste isso?

Kara se aproxima, ajudando-a a colocar a peça.

— O Winn que me deu. Ele costuma-

— Claro, claro que foi o Winslow, ele tem uma coleção de suéteres maior que a sua, eu deveria saber.

Cat tira os cabelos de dentro da peça, ajeitando o suéter em seu corpo e quando solta os braços, as mangas compridas encobrem suas mãos e Kara sorri enquanto olha para a magnata em adoração, ela parecia tão menos intimidante com um suéter de natal (mas não menos linda).

— Olha. – diz Cat, pegando uma estrela no sofá e dando para Kara. A garota pega a estrela, subindo a pequena escada ao lado e coloca a estrela no topo da árvore de natal.

— Não!! – diz então Kara, quando Cat vai acender as luzes – Se acender acaba a magia do natal!!

Cat rola os olhos.

— São 3h da manhã, a tal magia do natal já acabou faz tempo. – responde Cat, mas não acende as luzes.

— Claro que não, ela começou meia noite e vai durar até meia noite de amanhã. Só se não acender as luzes.

— Quantos anos você tem, sete? – pergunta Cat.

— Espera, 3h da manhã? Ia passar uma cantata de natal na Tv. – Kara liga a Tv e um quinteto de jovens cantam o início de “Mary Did You Know”.

— Eu adoro esse grupo. - diz Kara.

Ela os observa cantar por alguns momentos e então sente uma mão deslizar em seu braço por trás. Quando se vira, Cat está bem perto dela. Kara olha naqueles olhos enquanto a música continua e Cat sorri quando a música diz “When you kiss your little baby, you've kissed the face of God...” (Quando você beija seu pequeno bebê, você beijou a face de Deus”)

Pelo efeito da música, ou por causa da magia do natal, ou por causa das luzinhas, talvez tudo junto, os sentimentos se tornam tão intensos e quase insuportáveis e Kara se inclina, fechando os olhos e pressionando seus lábios nos de Cat. De repente tudo parece mágico. Como em câmera lenta, ela sente seus lábios deslizarem em outros lábios macios e quentes quando Cat suspira, se aproximando mais e apoiando as mãos em seus ombros, Kara sente um calor em seu corpo que aumenta a cada instante. Ela traz Cat para mais perto e logo o beijo se intensifica mais. A música termina e "That’s Christmas to me" começa a tocar, mas Kara nem nota; nenhuma delas nota. Cat a puxa para mais perto e em um certo momento acaba tropeçando em seus próprios saltos, mas Kara tem suas mãos envolvidas firmemente ao redor dela.

Quando finalmente quebram o beijo, Kara pode ver as pupilas de Cat dilatadas, suas bochechas e lábios rosados e tudo o que ela quer é beijá-la mais uma vez. A magnata sorri, limpando o canto dos lábios.

— Foi pra isso que eu vim. – ela diz, e Kara fica olhando para ela mal acreditando em tudo.

— Feliz natal, Supergirl... – diz Cat, com as mãos ao redor do pescoço dela e Kara olha para ela por alguns momentos antes de sorrir, com as bochechas corando.

— Eu não sou... - Kara pausa. Ela suspira e olha nos olhos da mulher em sua frente - Feliz Natal, Cat. 

A magnata sorri.

Kara se deita no sofá, envolvendo os braços ao redor da rainha da mídia, que se deita na frente dela enquanto assistem o resto da apresentação de natal. Na hora que a apresentação termina, Kara nota que Cat está dormindo em seus braços.

Ela havia pedido uma coisa ao Papai Noel. Só uma coisa o ano inteiro. E o que ela havia pedido estava dormindo tranquilamente em seus braços. Ela desliga a Tv com o controle remoto, com cuidado para não acordar Cat e pode ver uma estrela cadente cortar o céu através da janela. Ela sorri, fechando os olhos e jurando jamais ousar duvidar da Magia do Natal novamente.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal!!! ♥ *---*



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