Caitlin tentou manter suas emoções sobre controle enquanto via Barry correr na esteira. Sua velocidade era lenta demais até para uma pessoa normal e ela podia sentir o quão nervosos ele estava com aquilo tudo. Ela queria muito poder socar a cara do idiota que havia feito aquilo com ele.

—Você acha que eu vou usá-lo novamente? - Barry estava parado à frente do manequim, ele olhava para seu traje como uma melancolia profunda.

—Espero que sim. – falou torcendo para que tivesse dito a coisa certa. Ele suspirou pesadamente, ela então se colocou ao seu lado. Havia tanta coisa acontecendo entre eles ultimamente que Caitlin já não sabia mais o que fazer quando estavam juntos.

Seu relacionamento com Barry deveria ser estritamente profissional, mas toda aquela doçura e sensibilidade da parte dele acabou fragilizando aquele muro que ela havia construído para proteger seus sentimentos. Seu coração batia mais rápido quando estava ao lado dele e até se sentia uma boba quando ele elogiava sua inteligência, parecia que havia voltado ao escola, a sensação era a mesma que havia tido ao se "apaixonar" pelo capitão do time de futebol. Um misto de sentimentos que a deixavam confusa e até um pouco irritada consigo mesma.

—Eu não tive a minha velocidade por muito tempo, mas agora que ela se foi, sinto como se parte de mim tivesse ido também. – ele disse se afastando dela, a preocupação brilhava em seus olhos, assim como o anseio e o medo.

Caitlin umedeceu os lábios. Não podia se sentir mais confusa do que naquele momento. Nunca havia visto Barry tão amedrontado e quebrado. Ele sempre havia sido aquele que dizia que tudo ficaria bem, mas parecia que ele havia perdido sua fé.

—Com ou sem sua velocidade, você ainda é você, Barry. - asseguro. Reprimiu a vontade de abraçá-lo e acalentá-lo até que ele se acalmasse. Odiava ver nele aquela expressão de medo.

—Não sou. Não sou a melhor versão de mim. Eu amo ser o Flash. – ele falou com uma animação que rapidamente se esvaiu, ela sorriu com carinho. – Eu amo tudo nele: a sensação de correr a centenas de quilômetros por hora, o vento e a energia correndo pelo meu rosto, ser capaz de ajudar as pessoas. – cada palavra dele soava com a mais pura convicção, ela amava o fato dele colocar o amor em tudo o que fazia, era isso que o tornava tão ele. – Não tenho certeza se posso viver sem ele, Caitlin.

Ela deu um passo à frente seguindo seus instintos, sem fazer a menor ideia do que iria se seguir, sua mente estava em branco assim como uma tela de pintura. Barry pareceu perceber o que ela iria fazer, pois logo se aproximou também. Caitlin levou a mão até o rosto dele acariciando-o com carinho, então erguendo o corpo com a ponta dos pés e deixou seus lábios encostarem nos dele.

Ela não conseguia dizer qual era realmente a sensação de beijá-lo. De uma maneira poética poderia dizer que era como uma colisão de mil estrelas, ou um encaixe perfeito de duas almas despedaçadas. Mas estranhamente Caitlin não sentiu algo extraordinário ao beijá-lo, não foi algo que abalou seu mundo.

A sensação era como chegar em casa depois de um dia cansativo e se deitar no sofá para assistir algum filme antigo. Calmo, familiar e aconchegante. Algo que faz você sorrir sem precisar procurar algo para achar graça. Se sentia bem e feliz como não havia se sentido nos últimos meses, seu coração não batia rápido, seu corpo não tremia, sua mente não estava mais em branco. Tudo parecia em ordem e isso era a melhor parte.

Se afastou dele depois que o ar faltou em seus pulmões, abriu lentamente os olhos contestando que Barry ainda mantinha os seus fechados.

—Farooq Gibran. – Cisco falou entrando no córtex, Caitlin rapidamente se afastou de Barry sentindo todo o corpo tremer com a adrenalina do que havia acontecido nos últimos minutos. Sua mente borbulhava e a única coisa que ela conseguia pensar era "O que diabo eu fiz?".

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—Posso falar com você? - Barry indagou, Caitlin assentiu com uma certa hesitação. Só restavam eles dois no córtex, Cisco e o dr. Wells já haviam ido embora depois do dia estressante, ela tinha a mesma intenção que eles, de ir para casa e descansar, mas parecia que Barry tinha outros planos para ela.

—Algum problema? Não está se sentindo bem? - questionou mantendo o tom profissional.

—Não se preocupe, eu estou bem. Apenas queria conversar sobre o que aconteceu hoje...Sobre aquilo. - Barry disse em um tom baixo, embora houvesse apenas os dois ali, parecia um tanto errado falar sobre aquilo em voz alta.

—Me desculpe. Sinto muito... eu não devia ter feito aquilo. - ela disse nervosa. - Foi coisa de momento.

—Eu sei. Eu também sinto muito. - Barry balbuciou sem saber ao certo o que fala. - A gente se deixou levar.

—Sim. Sim. - afirmou balançando a cabeça meio desconcertada.

—Mas de qualquer jeito ajudou a me acalmar. Então, obrigado.

—De nada. - Caitlin mordeu o lábio receosa, não tinha a menor ideia do porquê havia beijado ele, mas estranhamente não se arrependia. Talvez se pudesse faria novamente. - Você quer ir comer algo?

—Eu adoro. - Barry afirmou sem conter o sorriso. - Você já ouviu falar daquele novo restaurante que abriu?

—Sim. Disseram que a comida é incrível.

—E o melhor é que não tem fila. Então não teremos que nos embebedar com os drinks do bar. - Caitlin riu assentindo com o comentário. - Então… isso seria um encontro?

Ela rapidamente abriu a boca para negar, porém parou parecendo se perder em suas palavras.

—Me dá um segundo. Não saia daqui. Eu já voltou. - Caitlin se apressou até a saída e seguiu até o banheiro. Ela sabia que Barry provavelmente estaria achando que ela estava louca, mas Caitlin precisava apenas de alguns segundos. Ela abriu a porta do banheiro e respirou fundo. - Eu não sei o que fazer agora e sendo bem sincera, eu não tenho a menor ideia do que estava fazendo durante todo esse dia. Eu acho que gosto dele, Barry é tão doce e gentil, ele me faz rir. - ela sussurrou se apoiando na porta de olhos fechados. - Mas eu sinto que isso é errado. Isso é errado, Ronnie? - Caitlin apertou os lábios sentindo sentindo sufocada. - Você iria querer que eu seguisse em frente com a minha vida. E isso é seguir em frente, não é? - ela suspirou relaxando o corpo e então abriu os olhos. Estranhamente não estava mais nervosa com a situação e até a pergunta de Barry agora soava boba. Caitlin sorriu minimamente ao sair do banheiro.

Barry ainda a esperava no córtex, embora as mãos nos bolsos lhe desse um ar relaxado, Caitlin sabia pelos seus olhos inquietos que ele também estava nervoso.

—Está tudo bem? - ele indagou, Caitlin lhe seu sorriso mais doce.

—Claro. Agora vamos ao nosso encontro?