Apocalipse Cor de Rosa escrita por TopsyKreets


Capítulo 2
Cecilia e Evangeline




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Apocalipse Cor de Rosa

 

A princesa notara o terror que Marco expressara quando revelara a verdade.

Não estava brincando.

— Eu.... Vou ter uma filha.... E ela vai morrer?!

— É – Ele respondeu.

Mas podemos mudar isso. Ainda temos tempo.

— Como ela morre?! O que acontece no futuro?!?!?

— Vai por mim, não vai querer saber.

 

Por um minuto, ela ficou dividida.

Queria que fosse mentira.

No entanto, sentia no fundo de seu ser que Marco dizia a verdade.

 

De qualquer forma, ela já estava pensando em fugir para ajudar Evangeline.

Aquilo só aceleraria as coisas.

Full Moon ficou encantada e parcialmente horrorizada com a notícia.

 

Um dia, seria mãe. E sua filha morreria antes dela.

Era algo monstruoso de se imaginar.

 

....

 

Num impulso, o rapaz fechou os olhos quando a princesa utilizou a espada em cima dele.

Quando abriu, não tinha nenhum arranhão. A lâmina apenas cortara as cordas.

 

Estava livre.

 

— Digamos que eu acredite em você – Disse Moon.

Qual seria o plano?

— Bom, primeiro você manda a gente para onde quer que a sua amiga esteja escondida.

A adolescente coçou o queixo, pensativa.

— Vamos ter que ir a cavalo. Estou sem a varinha.

Tô de castigo.

— Você está brincando.

 

Ela deu de ombros.

— Pior que não. Um mês, sem chocolate, magia ou unicórnios.

— O que você fez?!

— Ahn.... Queimei umas coisas, dei umas voltas no submundo.

Nada de mais.

 

Marco abriu a boca para perguntar “Por que caralhos passear no submundo?”, mas ela respondeu antecipadamente:

— Por que é um lugar melancólico, lúgubre e caótico.

Eu amo. É um espaço ótimo para criar filhos.

Tão acolhedor.

 

Ele tentou se segurar, mas teve que rir.

Moon e Star não eram tão diferentes, no fim das contas.

Em resposta, ela ficou vermelha – o que não era difícil pois tinha uma pele pálida como a de uma boneca de porcelana.

Acabou que, no fim, ela mesmo riu da situação.

 

....

 

Através de uma das passagens do castelo, os dois saíram o mais discreto que conseguiram.

Como Marco não aprendera a cavalgar, iam ambos no mesmo cavalo, só que o rapaz na garupa.

Moon comandava o animal com classe.

 

Mas isso não o surpreendera. Ele sabia das habilidades da princesa e futura rainha de comandar, lutar, cozinhar e matar coisas.

A única coisa que o deixava desconfortável era ter que se segurar na cintura de sua sogra, ali representada como uma meiga e poderosa princesa de dezesseis anos.

— O que vamos enfrentar?

— Há alguns dias – Começou Marco – um feiticeiro usou açúcar, tempero e tudo que há de bom para criar uma menininha perfeita....

— Porquê? – Interrompeu Moon.

— Porque ele era um pedófilo.

De qualquer forma, não deu certo. Ele se matou e invocou um mal vindo do submundo.

Se não fizermos nada, esse mal vai alcançar a Evangeline, essa noite.

— Demônios? Coelhos vampiros? Canadenses?

— Ursinhos de pelúcia.

 

....

 

— Acho que não ouvi bem.

— Ursinhos de pelúcia. Bebem sangue humano e sangram algodão doce.

Foram invocados por um feiticeiro pedófilo, é autoexplicativo.

— Muito justo. Chegamos.

 

....

 

Montanha Cecilia

Área de banimento para monstros

Região Norte – Terra de ninguém

 

Descendo do cavalo, teriam que trilhar o resto do caminho a pé.

Eram uma escada sinuosa moldada na rocha, que levava direto ao topo da estrutura.

Contudo não chegariam a tanto.

 

A grávida cujo bebê salvaria a humanidade estava apenas a meio caminho do pico.

Chegando na entrada da caverna, os dois notaram que o lugar estava muito iluminado.

Decorado, inclusive.

Almofadas, mesinha de centro, poltronas.

Cortinas absurdamente cor de rosa.

Alguém convertera o lugar em um pequeno apartamento.

 

....

 

Mais ao fundo do local, um urro colossal estremeceu toda a caverna.

A iluminação chegou a falhar por um instante. Moon e Marco apoiaram-se um no outro para não cair.

Quanto mais próximo chegavam da origem do som, mais forte este se tornava.

 

Evangeline não estava mais se contendo de dor, mas tudo melhorou quando ela avistou Full Moon.

A dragão devia ter mais de dez metros.

 

Estava deitada e tendo contrações, e mesmo assim fez questão de abraçar a melhor amiga.

— Ah, Eve, senti tanto sua falta! – Bradou a princesa, se entregando em lágrimas.

— Eu também, meu amor! – Disse Evangeline.

 

Mesmo sabendo que dragões nasciam de parto normal (e não ovos, isso era um estereótipo), Marco se impressionara com o relacionamento entre as duas.

Pelo que a rainha Full Moon lhe contara, antes da viagem no tempo, Eve serviu como guarda-costas da princesa durante anos, até que engravidou do primeiro filhote.

Infelizmente, como dragões não possuíam licença-maternidade, esta teve que partir.

Contudo, Full Moon fazia questão de acompanhar o progresso da gestação.

 

Talvez até mais que o pai do bebê.

 

Só que dessa vez, o bebê não morreria vítima de ursinhos felpudos fugitivos do inferno.

O rapaz trocaria sua vida pela da criança.

Mas isso era só um mero detalhe.

 

— Não se preocupe, Eve. Estou aqui por você.

Vai dar tudo certo.

— Eu sei. Confio em você.... Mas posso sentir. Está quase na hora.

Só queria que o meu marido chegasse a tempo.

— Ele vai chegar – Respondeu a princesa – Tenho certeza.

 

Do lado de fora da caverna, algo estava acontecendo.

Uma explosão nas rochas fora mais devastadora do que qualquer lamúria da mamãe Dragão.

— Merda – Disse Marco – Começou.

São eles.

Estão vindo.

 

....

 

A dupla correu para fora, bem a tempo.

Do chão, uma enorme abertura surgiu.

E em seguida, as pequenas criaturas começaram a aparecer.

Pequenos leões, cães, girafas, doninhas e qualquer tipo de criatura que você possa imaginar.

Só que de pelúcia. E babando sangue., com fogo saindo pelos olhos.

 

Milhares.

 

— Marco, espero que você tenha algum plano – Indagou Moon.

— Vou manda-los de volta para o submundo. Mas preciso que você atrase os ursinhos carinhosos para que eu possa fazer o feitiço.

 

Ela olhou ao redor.

As criaturas iam de encontro a eles. Sem chances de mover Evangeline prestes a dar a luz. Mesmo com a varinha (o que ela não tinha), não seria possível detê-los.

Seria impossível dar conta de todos.

— Dou conta de todos – A princesa respondeu – Mas vou precisar de ajuda.

Já sei quem vou chamar.

— Quem?

 

Ela piscou com confiança para seu futuro genro.

— Um exército feroz e destemido.

Nascidos para ação.

Feitos de bravura e beleza.

Guerreiros natos de sangue puro.

Lutadores de....

— Você vai chamar o exército do rei Cabeça-Pônei, né?

— É, vou.

Na verdade, já chamei.

 


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