Flores de uma esquecida estação escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 7
Remorso e alguma coisa ocorreu


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Como falei esse capítulo terá uma passagem de tempo. Espero que gostem. Abraços e nos vemos nos comentários. ♥ ♥



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Mark

—Mark, agora estamos iguais.-disse com a voz fraca Caleb para seu amigo.

—O que você fez com o seu rosto? - perguntou Mark desesperado colocando o casaco que tinha acabado de tirar no rosto do amigo para parar o sangramento,  onde sangrava mais- Temos que lhe levar para um hospital rápido!

—Não precisa. Vou ficar bem... Agora acho que podemos ser amigos novamente.- disse com a voz meio arrastada e um sorriso fraco. Havia caído de joelhos e era sustentado pelo amigo.- A culpa virou cinzas. Você devia ter visto.

—Eu nunca lhe culpei, cara. Essa cicatriz não me incomoda e não ligue para as brincadeiras do seu irmão . Nada daquilo foi sua culpa- Mark falava enquanto segurava o casaco no rosto do amigo. Lembrava de como o irmão dele, ou melhor meio-irmão, tinha uma certa parcela de culpa na culpa que o amigo sentia.  Ele ainda falava quando notou Summer- Quem é você? Você fez isso com ele? Responda!

—Não. Nunca o machucaria. Você não lembra de mim? Isso não importa agora! Tem que o ajudar. - disse a menina desesperada ao ver que Caleb perdia a consciência e que os lábios dele ficavam pálidos. Mark no desespero havia largado o casaco de lã já muito sujo de sangue no chão, ao lado do amigo, o sangramento no rosto havia parado, mas os problemas não. Tentava apoiar o amigo até o carro. Summer o ajudou nessa tarefa, esquecendo no desespero do momento o que acontecia se ficasse muito tempo em contato com eles. Quando Caleb voltou a sangrar pelo corte e  desmaiou, no movimento para o aparar, foram parar os três rapidamente no mundo de onde veio Summer.

 

Seis meses depois...

 

Karl

Os alunos estavam dispersos. Era um lugar tão lindo, mas eles não pareciam interessados. Nem o lindo campo de rosas os interessava. Tudo culpa dos celulares. Os garotos viviam com os aparelhos na mão sem notar a natureza. Os aparelhos trouxeram uma certa lembrança dolorosa que estava tentando evitar. O professor teve uma certa ideia . Contaria uma história que talvez os ajudasse a entender a beleza e mistérios do local. Mas mais que isso o ajudaria também. Chamou os alunos para perto e começou:

—Vocês querem ouvir uma história? Dizem que ela ocorreu nesse local.- disse e notou que conseguiu a atenção deles. Crianças sempre amam histórias.

—Certa vez, dois diretores vieram filmar aqui. Nesse lugar mesmo que estamos agora.

—Era filme de super herói?-perguntou um garotinho de óculos de aro fino e voz baixinha. Em seu moletom tinha uma estampa de herói.

—Não sei, sinceramente não sei. -respondeu se sentindo mal por não lembrar o nome do filme ou do que tratava, mas havia ocorrido tanta coisa... Nunca foi muito próximo do irmão. - Mas isso não é relevante. Nossa história começa depois deles terem encerrado as filmagens. No caminho de volta na verdade.- um vento frio soprou. Era começo de outono, mas já estava frio. O menino com o moletom de super herói não era o único que ainda usava as roupas da estação que logo viria.- Era o começo do inverno e a estrada era mais perigosa, os dois sofreram um acidente. Ambos estavam desacordados quando o socorro chegou e na batida...

Estava tão envolvido com a história que só então notou que talvez fosse melhor omitir alguns pequenos detalhes, seus alunos tinham entre onze e doze anos, não precisavam saber que um dos diretores estava usando o celular ao dirigir ou mais detalhes de quando o socorro chegou. Notou algumas carinhas tristes, queriam um final feliz. Não poderia dá para eles exatamente o que pediam, mas chegaria logo na parte principal e mais interessante.

— Não fiquem tristes, os dois receberam uma pequena ajudinha de uma menina que morava aqui e cuidava das flores, por isso elas são tão bonitas. Sabiam que essa menina guardava as flores para que ninguém mexesse nelas? Essa menina não podia ser vista, ela vinha de outro... reino e tinha algumas habilidades especiais. -pareceu um pouco nostálgico por algum motivo, estava tentando se iludir e espantar o remorso. Foi para isso que veio até aquele lugar, para tentar se iludir. Teve a ideia após encontrar o caderno com as anotações do seu irmão sobre o lugar com as rosas mágicas e mais detalhes da garota e acidente. Ao falar dela sentia o irmão perto. Tentou tocar em uma rosa, mas mudou de ideia rapidamente. Continuou meio distante- Ela doou um pouco da força especial que estava nela para eles e os manteve bem até o socorro chegar. Ela os considerava amigos.

—Essa menina era meio que uma super heroína?

—Não... Talvez. Afinal, ela tinha poderes e ajudava os outros não é? Sim, podemos a considerar uma heroína.-disse forçando um sorriso.  O passeio com os alunos foi apenas uma desculpa para ir até aquele local.

—Ela ainda está aqui?-perguntou uma garotinha com trancinhas. Procurava ao redor como se procurasse a garota da história.

—Não sei, sinceramente não sei. Talvez esteja.- falou o professor se preparando para encerrar a história e chegar no ponto que queria- Mas o importante é que essa menina guardiã se esforçou muito para manter os dois amigos seguros, da mesma forma que se esforçava para manter as suas  rosas bonitas. O que acham de fazer um trabalho sobre ela? Afinal ela é uma heroína não é? Deixem o celular um pouco de lado e tentem aproveitar o lugar. Sentir a atmosfera. Admirar as rosas dela.

As crianças fizeram isso alegremente. Logo surgiriam vários desenhos de como seria a suposta heroína. Até uma garotinha de rabo de cavalo e de óculos com armação rosa perguntou:

—Eles se reencontraram? Como era o nome dela? Toda heroína precisa de um nome. E como era o nome dos dois?

O professor suspirou. Talvez não tivesse sido uma boa ideia começar aquela história. Trouxe exatamente o que queria evitar. Tinha a atenção deles totalmente após as perguntas. Sabia que eles sossegariam somente quando soubessem as respostas das perguntas. Curiosidade infantil era demais.

—O nome dela eu não sei, mas eles se reencontraram...-"Mas não como vocês imaginam, meus alunos. " pensou, mas não disse, as crianças ainda mereciam sonhar com um final feliz. Por isso não contou o que realmente ocorreu. Até porque após o suposto reencontro ninguém sabe o que exatamente ocorreu com os dois. Nem ele. Apenas lembra das buscas e de encontrarem apenas o carro de Mark abandonado e um casaco que devia ser de Caleb.Faziam seis meses que não havia nenhum sinal dele ou do amigo. Poucas pistas no primeiro dia de buscas. O dito casaco sujo de sangue, o carro de Mark que era a única coisa que provou que ele esteve lá e marcas de passos. O remorso começou como um mosquito que pousou nos ombros dele sem ser convidado na primeira semana sem o irmão. Acreditava que ele voltaria. Achava que ele e Mark deviam ter ido juntos para algum lugar. O desespero começou quando descobriram que o sangue no casaco era realmente do irmão. Todo aquele sangue! E quando buscas mais minuciosas encontram algo a mais...As pistas pintavam um quadro ruim, mas não esclareceram o que ocorreu e era isso que o machucava mais. Não apenas ele... Lembrou da mãe e quase chora na frente das crianças. Encontrar o casaco com o sangue acabou com ela, mas não tanto como a outra coisa que acharam um tempo depois... A tristeza dela foi... Cortou os pensamentos pela metade. Não pensaria em nada disso. Não naquele lugar. Não contaria nada disso. Tentaria iludir a ele mesmo mais do que as crianças. - Foi um encontro feliz. Eles sorriram ao ver a pequena heroína que os salvou.

As crianças pareceram satisfeitas, até que uma ainda insistiu em uma última pergunta, enquanto brincava com um lápis de cor:

—Como era o nome deles?

—O nome de um era Mark e o outro...- "Era o meu irmão Caleb". O remorso bateu forte. Teve que se afastar um pouco das crianças.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? O que será que a investigação achou além do casaco e do carro? Seis meses é muito tempo o que será que ocorreram com eles no mundo de Summer? Como estará a mãe de Caleb? Como o irmão dele vai lidar com o remorso?Aguardem os próximos capítulos para saber. Abraços e até o próximo capítulo. Agradeço a todos que leram.



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