Flores de uma esquecida estação escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 2
Música triste e clima de inverno


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Como prometi esse capítulo está mais longo. Espero que gostem. Abraços e agradeço a todos que lerem. Feliz Natal para vocês e um bom fim de ano♥ Estou aceitando comentários como presente de Natal. Brincadeira rs.



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O inverno havia realmente chegado naquele local. A paisagem estava tomada pela neve que formava um tapete branco que cobria o que antes era grama. As árvores estavam sem folhas e um vento frio parecia anunciar que era melhor ir para casa tomar um chocolate quente e contar histórias perto da lareira quentinha. Parecia que muitas pessoas haviam atendido os conselhos do vento, pois a estrada se encontrava deserta. Dirigir sob essas condições se tornava ainda mais perigoso.

“E assim como a primavera chegou, crescemos

Só que eu nunca pedi para esse destino chegar...”

Havia um tom meio melancólico no carro. Seu amigo Mark estava mexendo no celular, sem dizer uma única palavra há um bom tempo. A música que ele escolheu também ajudou a intensificar o clima. A música tinha um tom de saudade e melancolia. Além de tudo havia o fato da estação. Caleb lembra que ouviu em algum lugar que as pessoas ficam mais deprimidas no inverno. Até os gatos tinham esse comportamento...

“Eu choro novamente”

—Posso mudar a música?-perguntou ao seu amigo e companheiro de trabalho. Ela parecia ficar mais triste a cada verso.

—Não, foi muito difícil encontrar essa música.- disse Mark ainda sem tirar os olhos do celular. Parecia bem entretido. Estranho. Não lembrava do amigo ser tão ligado no aparelho.

—Ela está me deixando deprimido. –confessou

—Você está deprimido porque temos que trabalhar novamente amanhã cedo.-disse Mark em tom de chacota, mas Caleb notou algo diferente em sua risada. Uma tristeza ou outra coisa escondida por baixo do tom divertido. Uma rachadura na falsa descontração deu seu amigo. Entendia bem disso. Lembrou de como a mãe escondia as rachaduras da parede com objetos e as da alma com maquiagem e falsos sorrisos. Lembrou das vezes que a viu tentar esconder as marcas roxas com maquiagem, mas mesmo com toneladas de pó e base ele via a rachadura por trás daquela aparente felicidade, assim como sabia da que tinha na parede da sala e era escondida por um retrato de família feliz.

“Enquanto por trás de um sorriso

Escondi minhas lágrimas”

O segredo são os olhos. Sorrisos não verdadeiros não chegam aos olhos. Ficam somente nos lábios. Sua mãe sorria enquanto sua alma chorava... Lágrimas se formaram em seus olhos. Sentiu saudade dela. Quando tempo fazia que não ligava para ela? Não conseguia lembrar direito... Ligaria ao chegar ao hotel. A saudade pareceu aumentar e teve uma sensação ainda mais estranha. Lembrou de pedaços de uma conversar não terminada com ela.

“Antes de eu notar

Já não podia mais falar”

—Você está bem? Quer que eu troque a música?

—Estou... Lembrei da minha mãe...Lembra que lhe falei daqueles episódios dolorosos no passado...-as palavras travaram na sua garganta. Estranho. Sempre falou sobre tudo com seu melhor amigo.

“Então vermelho, serei eu...”

—Oh... Lembro... Não sei nem o que falar, Caleb. -disse Mark tirando os olhos do aparelho pela primeira vez e lhe olhando. Caleb ao olhar para a tela do aparelho estranhou muito, pois ela estava como se estivesse quebrada de uma forma que não permitia usar o aparelho normalmente. Devia está imaginando coisas ou tinha alguma explicação lógica... Sua cabeça começou a doer.

“Que irá salvar esse futuro

De alguém que muito já sofreu...”

*

Summer seguiu seu plano de os ajudar. Estava no banco de trás do carro. Invisível. As duas idosas pareciam está acompanhando o carro a distancia. As via na beira da estrada como vultos que passavam junto com a paisagem. Sabia que os dois não a enxergavam. Principalmente o motorista que mal via a estrada.

Escutava a música de tom melancólico e por meio das conversas se sentia mais convencida a os ajudar.

—O que faz aqui criança?-disse a idosa gentil aparecendo de repente ao seu lado. Ela tinha uma das mãos fechadas- E as suas flores?

—Vou os proteger...

—Não seja boba, criança. Essa já é a minha missão. Protejo os viajantes da minha irmã. Uma criatura oportunista que tenta roubar a vida deles. Vou tentar salvar seus novos amigos também. Cada um tem sua missão. A sua é cuidar das suas flores.

—Elas estão bem, sei disso.

—Tem certeza, criança?–disse a senhora abrindo lentamente as mãos. Pétalas murchas de rosas se espalharam pelo local- Metade de suas flores murcharam, querida...

*

“Mesmo que seja insegura de mim

Nessa missão irei até o fim...”

—Você lembra da última vez que falei com minha mãe?- perguntou Caleb ignorando a tela do celular do amigo. Aquilo era mais urgente. Sentia isso dentro dele. Antes de ouvir a resposta do amigo ouviu um barulho bem suave de vidro trincando ao longe. O barulho lhe recordou de algo- Lembra-se porque saímos tão depois do resto da equipe?–o vidro trincando um pouco mais perto, a última pergunta saiu para complementar as outras  -Como foram as gravações de hoje?

O barulho de vidro trincando ficou muito mais alto. A música parou, assim como o carro. Até o vento e o tempo pareceram parar para ver o que se seguiria.

—Eu... Eu não lembro de nada...- disse Mark nervoso ao seu lado. Agitado. Caleb viu o medo que ele tentava esconder. - O que está ocorrendo? Como era o nome do nosso filme, série, comercial ou qualquer coisa que estávamos filmando?- seu amigo abriu a porta do carro e desceu, Caleb tentou o impedir, mas falhou, acabou descendo atrás dele. Era uma coisa muito estranha. Na mente dele existiam somente ele, sua mãe, seu amigo e lembranças de uma conversa não acabada...

Os flocos de neve caiam suavemente. Haviam descido do carro no meio do nada, em um frio rigoroso, perto de uma floresta que mais parecia cenário de filme de suspense e não sentiam medo. Era como se estivessem esperando algo. Mas o que seria exatamente?

—Não sei...- disse Caleb segurando sua cabeça que doía um pouco mais.- Realmente não sei. Apenas quero que isso acabe.- sua voz era mais baixa que o vento.

—Caleb?-Mark lhe chamou, estava com o olhar vago. Havia dor na voz dele. Como alguém que está com um machucado que somente ele sabe que existe. Como quem descobre que a verdade pode ser dolorosa e não sabe bem o que sentir... – Caleb?

—Sim?-com medo do que viria a seguir. Lembrou novamente da mãe. Da dor que sentiu ao descobrir a verdade por trás dos hematomas. Tinha medo.- O que foi?

—Lembra quando começou a nevar?-perguntou Mark

O ruído mais alto. Caleb levou as mãos aos ouvidos e caiu de joelhos. Tudo pareceu balançar e a ficar turvo. Fechou os seus olhos esperando melhorar. Sentiu tudo apagar.

Tentou entender o que estava ocorrendo.Meio tonto e com a visão duplicada tentava se levantar. Ao olhar ao redor percebeu algo que o assustou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? O que precisa melhorar? Ansiosos pelo próximo capítulo? Me digam nos comentários.Vou publicar o próximo logo logo. Estou com uma boa parte da história pronta. Abraços e até o próximo capítulo ♥



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