“Eu nunca achei

Que fosse sábio

Desejar muito

Que sonhar alto

Só levaria

A ser esmagado”

Após a queda de Beacon as estações continuaram a passar, e logo toda aquela desgraça começava a ser aos poucos soterrada por neve. O inverno veio mais forte e impiedoso do que nunca, como se julgasse e punisse os acontecimentos desastrosos.

“Pai, Yang... Desculpem-me, mas eu não posso ficar aqui”. Pensou a jovem Ruby Rose ao deixar o calor e conforto de sua casa para partir em viagem ao reino de Mistral.

—Vocês tem certeza de que querem me acompanhar? Indagou a garota da capa vermelha aos seus amigos de time JNPR que a esperavam.

Após, a confirmação o grupo começou a seguir viagem para o continente de Anima, mesmo em meio a fúria do inverno.

Quanto mais próximo do natal, mais opressor se tornava o frio, a ponto de fazer os Grimms parecerem bons, fato que apenas evidenciava toda a decepção da Donzela do Inverno sobre TODAS as injustiças cometidas em Vale, mas especialmente... Sobre a morte da candidata a Donzela do Outono.

—O natal é amanhã. Constatou Nora Valkyrie com falsa empolgação.

Em dias normais, provavelmente ela seria a mais animada dentre todos, mas o último ano deixou cicatrizes em todos os habitantes de Vale, em uns ficaram cicatrizes superficiais, em outros, mais profundas e em um pequeno grupo... Cicatrizes incuráveis.

—É melhor apressarmos o passo se quisermos encontrar vaga na hospedaria do próximo vilarejo. Sugeriu Ren tendo a aprovação de seus amigos.

Já era noite quando conseguiram chegar ao vilarejo, pois um grupo de Grimms havia os atrasado. Por sorte ainda havia um quarto disponível na hospedaria. Os meninos fariam sua cama no chão, mas estavam felizes por não precisarem dormir no meio da neve.

No dia seguinte uma forte tempestade de neve fez o grupo considerar a hipótese de atrasar um dia de viagem, pois se um Grimm aparecesse eles estariam em desvantagem em vários sentidos.

—Waaaah! Ficar parada me deixa deprimida! Dramatizou Nora rolando na cama.

Ruby se esforçava para tentar ler um livro que Blake havia lhe recomendado quando estavam juntas e por coincidência encontrou um exemplar na biblioteca do lugar, mas apesar dos esforços para ler o barulho de Nora atrapalhava, além de seus pensamentos que a impediam de ler uma página inteira sem precisar voltar pelo menos três vezes em cada frase lida.

 -Nora, o que acha de pedirmos para usar a cozinha? Perguntou Ren notando que a amiga ruiva parecia estar incomodando Ruby.

—Você irá fazer panquecas?

—Por que não? Deu de ombros.

—Yaaaaaaaay!

Assim a dupla se retirou, mergulhando o quarto em um silêncio melancólico. Ruby acabou por desistir do livro e se retirou para ir fazer alguns ajustes na sua Crescent Rose, não antes é claro de pensar em chamar o Jaune, mas ao ver o estado do loiro acabou por deixa-lo sozinho.

Ao ouvir Ruby sair do quarto Jaune que até então se encontrava parado observando perdidamente a neve por detrás da janela do quarto, suspirou pesadamente e a abriu sem se importar com o frio, apoiando-se ao parapeito, e sentindo a brisa cortante invadir o cômodo.

—Pyrrha... Sussurrou com a voz carregada de tristeza.

“Então eu conheci você

Você não tinha medo

De nada

Você me ensinou como

Sair do chão

Usar minhas asas”

*Jaune Point of View*

“Simplesmente não consigo me perdoar por todas as escolhas erradas que eu fiz relacionadas a ela”.

Desviei o olhar por alguns instantes do cenário gélido para meu escudo que agora se encontrava fundido com o dela.

“Eu nunca pensei que uma heroína

Iria cruzar o meu caminho”

Lembro-me bem de quando entre em Beacon. Eu estava “apaixonado” pela Weiss, me humilhei tanto por uma garota que nunca me deu bola enquanto ignorava a mulher da minha vida...

Você foi a primeira a me levar a sério, nunca me julgou, sempre foi meu apoio mesmo quando não fui digno dele... Ensinou-me tantas coisas... Mas, nunca fui capaz de te retribuir... Você me deixou antes que eu tivesse a chance...

“Mas mais do que isso

Eu nunca pensei

Que você seria levada

Agora é frio sem você aqui

É como se o inverno durasse o ano todo”

Vivemos muitas coisas juntos. Foi você quem despertou minha Aura, ensinou-me a lutar e até me deu conselhos românticos... Parece que foi ontem que eu prometi usar um vestido caso ninguém te convidasse para o baile e foi o que aconteceu... Naquele baile, após eu dar conselhos amorosos para o Neptune, fui colocar o vestido e não me senti mal com aquela humilhação, pois foi por você... Aquele baile... Naquela noite... Foi quando eu percebi que o que eu sentia pela Weiss nunca foi amor, pois meu coração sempre pertenceu a você... Se eu tivesse percebido isso antes... Será...

“Será que as coisas seriam diferentes?”.

Eu queria ter tido mais tempo com você... Eu queria ter te amado, e mesmo que você fosse aquela mulher forte e extraordinária vindo de uma família impecável, eu faria de tudo... Tudo para ficar ao seu lado... Ser digno...

“Você me mostrou que

Um grande sonho

Pode ser alcançado

Determinação suficiente

Vai conquistar tudo

Se acreditarmos

A luz que você deu para me guiar

Nunca irá desaparecer

Mas seguir em frente nunca pareceu

Tão difícil quanto hoje”

Hoje... É natal... Sabia que eu tinha planos românticos para nós dois? Eu já estava a planejar não só esse natal, mas os próximos... Eu pretendia ficar para sempre ao seu lado...

Sabe qual é o único pensamento que roda a minha mente? O dia em que você foi tirada de mim...

Não consigo esquecer aquele beijo de adeus que você me deu antes de me prender naquela cápsula e correr para a morte certa, eu me senti um lixo impotente... Eu não pude ao menos tentar te proteger, pois você não deixou... Eu implorei aos prantos para que a Weiss e a Ruby te salvassem. Eu rezei para todas as entidades superiores possíveis, para que você voltasse... Mas, foi tudo em vão... Eu te perdi para sempre Pyrrha... Eu me culpo pela sua morte e carregarei esse fardo para sempre. Jamais me permitirei amar outra mulher, pois minha vida é sua e em breve... Muito em breve pretendo me encontrar com você...

“Agora é frio sem você aqui

É como se o inverno durasse o ano todo

Mas a sua estrela ainda está no céu

Então eu não vou dizer adeus

Eu não tenho que dizer adeus”

Liguei meu scroll e abri uma foto da ruiva em que ela sustentava um belíssimo e singelo sorriso durante o festival Vytal... Dias antes de ser assassinada...

As memórias com a ruiva me assombravam de forma dolorosa, a culpa corroía minha alma e a tristeza destruía meu peito. A tristeza começou a transbordar por meus olhos e após fechar a janela deixei-me escorregar até o chão tentando controlar a dor devastadora que tentava rasgar meu coração.

—Pyrrha... Volta para mim...

Fim.... ?

Feliz Natal!