Mirror escrita por seofoy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fanfic do Amigo Secreto da Liga dos Betas.
Bom, eu nunca escrevi um romance gay ever, minha primeira tentativa e não deve estar muito bom ^^''
E também não sei se está bem o que você esperava que fosse. De qualquer maneira, eu tentei. Desculpa se isso não te agradar, mas saiba que foi feita com muito amor e carinho.
PS. Nunca mais participo do AS mano, que trem do demônio é esse.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750308/chapter/1

— De novo. 

As palavras preencheram o quarto de repente, acordando-me no meio da noite. A lua ainda estava alta e iluminava o quarto. Meu olhar foi rapidamente para o garoto que estava sentado no parapeito da janela, consultando um caderno com uma caneta em seus lábios.

Pelo meu olho esquerdo, que não estava tapado no momento, identifiquei-o como um Falsch. A diferença era clara, pelo menos para mim: eles possuíam uma névoa negra ao redor de si. No entanto, só era visível por causa da minha Visão. 

“Visão” que as vezes me deixa mais cego do que me permitir ver algo. Assim, tapei meu olho esquerdo com a mão para poder vê-lo com mais clareza. Sem névoa negra para atrapalhar.

A luz da lua que entrava pela janela iluminava uma blusa de frio branca e um capuz, que não me permitia ver seu rosto direito. Ele levantou a cabeça finalmente olhando para mim. Ele tirou a caneta da boca e umedeceu os lábios com a língua. Quando ele me olhou nos olhos, encontrei olhos azuis claros.

— Nos encontramos de novo, mas você não sabe.

Ele se levantou, descendo do parapeito, e veio na minha direção. Falou em um tom um tanto baixo, sendo as únicas palavras que ouvi antes de apagar novamente.

— Você deveria descansar, grande dia amanhã.

***

Quando abri os olhos e encontrei o teto de meu quarto, as lembranças do que parecia um sonho logo preencheram minha mente. Uma pessoa estranha em meu quarto à noite. No entanto, eu tinha a impressão de que aquilo lá era mais que um sonho.

— Bom dia.

Um rosto apareceu em meu campo de visão repentinamente. Os mesmos olhos azuis, o mesmo capuz. Capuz que dessa vez estava meio abaixado, o que permitia a visão de cabelos azuis escuros.

— Quem é você? — indaguei.

Ele saiu de cima de mim, permitindo que eu me sentasse na cama. Antes eu podia ver seus dois olhos, mas quando ele se sentou, percebi que sua franja sempre cobria seu olho direito.

Olhando-o de modo geral, agora que estava claro, ele era até bonito. Enquanto eu o observava, percebi o mesmo umedecer os lábios, como na noite passada.

— Você não tem uma graduação para ir hoje?

Sua pergunta me fez sair do quase transe em que me encontrei ao reparar mais no garoto em minha frente. E me lembrou de que eu poderia estar me atrasando para algo que mudará completamente minha vida daqui pra frente: a graduação.

Olhei no relógio digital em cima da minha mesa de canto e percebi que, se não me apressasse, chegaria atrasado.

Rapidamente, levantei-me e fui me preparar.

— Não vai me dizer quem é? — perguntei enquanto ajeitava o casaco de uniforme no meu corpo.

— Shi. Mas provavelmente não me conhece. Convivia com a Maihime, mas nunca fui tão conhecido quanto ela.

— E o que está fazendo aqui?

Virei-me para o Falsch. Com o tapa-olho, a névoa que o identificava como Falsch havia desaparecido. Eu o via com o meu olho normal, como qualquer outra pessoa via. Eu me perguntava como outras pessoas poderiam diferenciar um Falsch de um Wahr, sendo que eram basicamente como nós. Agora percebo que o ar ao redor deles ficava pesado o suficiente para dizer a diferença.

Mas mesmo com o tapa-olho, tive uma Visão. O que acontecia algumas vezes, normalmente sobre o futuro, mas geralmente quando eu estou sem o tapa-olho.

Eu vi algo que parecia uma luta entre duas pessoas. Apesar de que uma estava mais na defensiva, a outra atacava com certa ferocidade, com uma aura assassina. Atacava com o objetivo de matar.

Shi deu de ombros, movimento que me trouxe de volta à realidade.

— Estou livre pra ir e vir. Ouvi sobre você, fiquei curioso. — Sorriu, passando a língua entre os lábios novamente, o que percebi ser um hábito frequente. — Qual é a do tapa-olho?

Coloquei a mão sobre o tapa-olho inconscientemente, mas não respondi. Não gostava de admitir minha própria fraqueza, então perguntas sobre o tapa-olho eu desviava. Afinal, ele era a única coisa que me afastava da insanidade.

— Você vem? — perguntei.

Shi balançou a cabeça afirmativamente enquanto conferia um caderno.

— Vai na frente.

Dei de ombros e saí de casa, seguindo meu caminho até o prédio da escola, onde ocorreria a graduação. Graduando da escola e assumindo um posto no exército na luta contra os Wahr. Antes parecia apenas um sonho distante, mas agora finalmente poderia saciar o desejo de fazer alguma coisa e ser definitivamente reconhecido pelas minhas habilidades, e não apenas pela minha Visão.

A grande maioria já estava no pátio, organizados em filas e uns poucos chegavam por último. Eu entre eles. Rapidamente localizei meu lugar nas filas devidamente organizadas por nome e classe. No entanto, não eram muitas pessoas que chegavam ao final inteiros, tanto de mente quanto de físico. A guerra não era pra qualquer um, então alguns acabavam desistindo e indo para dentro. Eles apenas nos preparam para o pior que estava por vir, quando fôssemos selecionados.

Assim, a cerimônia teve seu começo. Em algum momento, durante o discurso dos diretores e representantes, localizei Shi observando-nos junto com outros membros do alto escalão. A cerimônia era privada, permitindo apenas a presença do corpo estudantil e de alguns membros do alto escalão, o que me fez perguntar se ele era alguém importante e veio para fora apenas pela graduação ao invés da possibilidade de ir e vir como quiser, como ele mesmo alegou.

O discurso finalmente chegou ao seu fim e começou a parte interessante: a seleção. Quando cada um de nós, que fomos observados durante os anos em que estivemos estudando, somos selecionados para ocupar algum cargo de acordo com nossas habilidades, poder, potencial e afinidade.

O fato de eu ser o último de uma das filas do meio me deixava ansioso, pois desse modo muitos foram chamados antes de mim. Poucos eram selecionados para lugares mais perigosos, como espionagem ou linha da frente, mas esses poucos eram fortes e talentosos. Percebi que a chance de eu ser mandado para dentro, no QG, ou para um dos flancos laterais era maior do que o posto da linha da frente que eu almejava.

O desânimo me atingiu enquanto começavam a chamar a minha fila do lado. O que me fez levantar a cabeça novamente foram as palavras das pessoas ao redor de mim, na escola. Todos acreditavam que eu iria lutar. Minha Visão era admirada entre os alunos e os professores falavam bem de mim. As chances normalmente seriam poucas, mas eu estava entre os melhores.

— Yon.

O meu nome sendo chamado que me despertou dos meus pensamentos. Fui para frente, no local esperado. O silêncio prosperou por alguns segundos, que pareceram a eternidade graças à ansiedade, antes de anunciarem meu posto.

— Linha da frente.

Suas palavras me fizeram soltar o ar em alívio, ar que segurava sem perceber. A diretora que tinha acabado de anunciar meu posto apontou na direção que eu deveria seguir, onde eu deveria esperar para receber as instruções.

Os poucos que estavam naquela sala escura estavam de cabeça abaixada em uma atmosfera pesada. Eram pessoas que, apesar de talentosas, queriam levar uma vida lá dentro. Segura. Apenas um deles estava encostado e de cabeça levantada. Parecendo pronto para qualquer coisa. Sentei-me num canto quietamente.

— Você deve estar bem feliz.

Olhei para um dos garotos que olhava para o chão. Sua voz parecia embargada. E eu soube que ele iria explodir pelo medo e ansiedade.

— Conseguiu o posto que queria. E todos sabem que você irá se dar bem. Por que… — Sua voz falhou no meio da frase. Ele engoliu em seco. Apesar de não estar falando alto, o lugar era silencioso e sua voz ecoava.

— Ei. — O que parecia confiante à primeira vista não demorou a se manifestar. — Eles sabem o que estão fazendo.

— Sabem? — o garoto indagou com um tom irônico. Então levantou a cabeça e começou a rir. — E você? Do que sabe? Hein? — Ele se levantou e levantou também o tom de voz ao falar: — Sabe do que eu sei? Que todos nós, exceto o tapa-olho arrogante, iremos morrer. E iremos morrer logo, porque nossos poderes não são o suficiente contra uma horda. Eu nem sei dizer quem…!

Sua frase foi interrompida por uma risada diferente, de alguém que não estava naquele lugar antes. Localizei Shi sentado numa mesa do outro lado da sala. Era uma risada de deboche.

— Se não tinha coragem para enfrentar, deveria ter desistido — Shi disse enquanto ainda ria. — Não sabia que hoje em dia alguns covardes iam para a linha da frente. Vão sair correndo quando um Wahr apontar uma arma para vocês? Nós realmente estamos perdidos.

O que resultou em mais risadas.

— Fiz bem em voltar para liderar os graduados da linha da frente. Quem não quiser, que saia dessa sala agora e volte para o conforto de suas casinhas no interior e suas vidas pacatas.

O garoto que estava chorando e discutindo antes foi o primeiro a sair. Uma garota saiu depois de hesitar um pouco. Em seguida um casal. Sobraram 3.

Shi umedeceu os lábios com a língua e então disse: 

— Então, devemos começar?

***

Logo antes da zona de combate, paramos em frente a um prédio que parecia velho e desgastado.

— Se precisarem recuar, é para aqui que vão — Shi disse, entrando no prédio.

Seguimos e ao entrarmos, deparamo-nos com um pequeno hall que parecia limpo e organizado, o que dava indícios de que alguém estava sempre por aqui. Limpo, exceto por algumas gotas de sangue frescas que estavam no chão, guiando para o que parecia ser a sala.

Na sala, encontramos uma pessoa sentada no chão, sangue escorrendo de sua boca, e uma garota fazia os primeiros socorros nele. Uma mulher desceu correndo as escadas e anunciou para a garota:

— Estamos prontos para movê-lo.

A mais nova assentiu e, com a ajuda da mulher, começaram a mover o ferido para tratarem-no em algum andar superior.

— Acontece com frequência. — Shi deu de ombros.

— E agora? — indaguei.

Ele se sentou no sofá e logo já estava olhando seu caderno e anotando algo.

— Esperamos. Elas que irão lhes preparar para a guerra, mas não podem enquanto estão numa situação de emergência. 

— Simples assim? — um dos que vieram conosco indagou. Dei de ombros e me sentei no sofá oposto à Shi.

— Se você quiser ir lutar enquanto nós esperamos para que preparem, só seguir na direção do espelho. Você pode vê-lo já.

Ele suspirou e se sentou na outra ponta do sofá. O terceiro apenas se instalou encostado na parede. O silêncio prevaleceu. E ficamos lá um bom tempo, ocasionalmente ouvindo alguma gritaria em cima, onde estavam tentando salvar alguém. 

A mulher desceu as escadas finalmente e já foi perguntando. Provavelmente ela tinha mais o que fazer além de nos ajudar a nos preparar para ir à linha da frente. 

— São os novos? — Assentimos em resposta. — Vamos acabar logo com isso.

Ela nos chamou para cima. Haviam vários lances de escada, mas paramos logo no primeiro. Passamos pelo que parecia ser uma espécie de enfermaria. O cara de mais cedo estava numa maca que eu pude localizar a partir da porta, e a garota estava observando a situação dele. 

— Tomomi — a mulher chamou. A garota rapidamente levantou o olhar assustada. — Venha me ajudar.

Tomomi assentiu e se levantou, seguindo-nos através do corredor. Entramos numa das últimas portas. Ao observar o cômodo, deparei-me com diversos conjuntos de armaduras e armas.

— Vocês vão usar seus poderes, claro, mas nem sempre eles nos serão úteis — a mulher explicou. — As armaduras foram melhoradas para defender de ataques mágicos e físicos. As armas serão úteis se não puderem usar seus poderes.

— Podem escolher — Tomomi disse. Seu tom de voz era baixo e tímido, diferente da mulher que falava num tom alto e firme.

Shi parou ao meu lado e perguntou — O que você vai querer? Imagino que não goste de armaduras muito pesadas.

Balancei a cabeça negativamente.

— Não consigo lutar com esse tanto de coisa. Só uma espada já está bom.

Fui em direção à mesa onde havia várias espadas. Observei os diferentes modelos, algumas mais longas, outras mais pesadas, alguns tipos de katana… Duas espadas me chamaram atenção. Elas não eram nem muito longas nem muito curtas, mas o alcance só viria a calhar quando eu tivesse de controlar minha Visão. As comparei pegando as duas, mas uma era demasiado leve. A outra era ideal. 

— Tem algo que eu possa cortar? — indaguei. Shi deu de ombros.

Foi Tomomi que se pronunciou. Ela pegou uma bola que estava no chão e começou a se aproximar.

— Fique onde está.

Ela parou. Ela estava praticamente do outro lado do cômodo. Eu iria usar minha Visão.

— Levante a mão com a bola.

Ela o fez, colocando a bola em certa altura.

— O que você está fazendo? — a mulher perguntou, parecendo brava. Temi que ela pudesse me matar ali mesmo caso eu acertasse a garota.

— Agora que é a parte legal. — Shi riu. — Vai fundo.

Fiz rapidamente: levantei o tapa-olho, localizei a bola com meu olho esquerdo e cortei o ar a minha frente. Vendo a bola cortada ao meio com sucesso, arrumei novamente o tapa-olho.

Com o meu experimento feito com sucesso, soube que essa era a ideal. Tomomi suspirou de alívio ao não ter sua cabeça arrancada. E não teria, afinal eu não costumava errar um ataque.

— E armadura? — a mulher indagou. Parecia ainda irritada com o meu feitio, mas não ao ponto de me atacar a qualquer momento.

— Estou bem sem. — Mas minhas palavras acabaram sendo ocultadas pelas de Shi.

— Armadura leve.

Ela assentiu, rapidamente juntou algumas peças e logo me entregou. Era pouca coisa, mas o suficiente para me proteger e não incomodar.

— Por quê?

— Poucas pessoas vão para a linha da frente, quanto menos baixas melhor. Se não pessoas como Maihime terão de vir lutar contra os vermes.

Eu suspirei e arrumei a armadura no corpo. Quer dizer, Shi arrumou. Teoricamente, eu sabia. Mas na prática acabou sendo um desafio. Eu evitava todas as aulas em que tinha de usar armadura e agora estava enfrentando as consequências disso.

Apesar de que a consequência — isto é, Shi me ajudando — não era tão ruim assim.

Balancei a cabeça negativamente para tirar esse pensamento da minha cabeça. Respirei fundo quando Shi se afastou e, quando o garoto deu uma olhada de cima para baixo, senti minhas bochechas esquentarem. Percebi um pequeno sorriso nos lábios dele e me virei rapidamente, embaraçado. Peguei novamente a espada em cima da mesa e coloquei-a na bainha.

— Vocês estão prontos? — Ouvi a voz de Shi preencher novamente o cômodo e tendo como resposta dois murmúrios. Prontos, mas nervosos. — Já estamos de saída.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mirror" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.