O Plano do Presidente escrita por queijo e uvas passas


Capítulo 1
O que está acontecendo?


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste, Bruno. ^^



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No início eram apenas cochichos nervosos, mas após alguns minutos de conversa tornaram-se gritos. O Presidente nunca se exaltava, só podia estar muito zangado para ter ficado desse jeito. Mas o que o deixou tão nervoso? Olhou ao redor, procurando ler as expressões dos colegas de trabalho do Presidente, buscando uma resposta. Contudo só encontrou Ministros de expressões cansadas, embora suas linguagens corporais denunciassem nervosismo; andavam de um lado para o outro, mexendo as mãos e esfregando a cabeça. Às vezes trocavam palavras entre si, coisas como “Devíamos ter pensado melhor nisso” ou “E agora que nossa ideia deu errado, o que será de nós?”.
Era como se estivessem todos num julgamento, apenas esperando a sentença do Presidente. Richard sentia-se deslocado no meio dessa confusão. Não sabia o que estava acontecendo e não saberia tão cedo, pois o achavam “muito inexperiente para assuntos tão importantes”. Ele ouvia essa frase sempre que algo relevante no âmbito político ocorria, porém nunca uma situação pareceu tão séria. Já havia deixado passar muitas ocasiões que faziam o Presidente enlouquecer, sem nunca procurar o que está por trás, mas não dessa vez. Dessa vez, prometeu a si mesmo, descobriria o que estava acontecendo. Só... Como o faria? Não tinha intimidade com nenhum dos Ministros e o Presidente nunca o contaria o ocorrido.

​— Richard, venha cá, vamos embora — chamou o Primeiro Ministro. — Seu pai já está transtornado o suficiente, não precisa de mais preocupações. ​

— Mas... — Não podia sair da sala agora ou nunca descobriria.

​— “Mas” nada! Você nem devia estar aqui! Não é ambiente para crianças. — O Primeiro Ministro estava com a cara fechada; sua testa brilhava de suor, provavelmente devido aos seus receios. Tomou Richard pelo braço e arrastou-o para fora, largando-o no corredor, e fechando a porta na sua cara. ​Richard teve muita vontade de bater naquela porta até derrubá-la, de entrar na sala aos berros e exigir que seu pai, o Presidente, lhe explicasse tudo. Entretanto, se o fizesse, ficaria seis meses de castigo, sem computador, sem celular e sem videogame e nunca saberia o que deixou seu pai assim. Então apenas saiu da frente da porta, caminhando em direção ao quarto dos seus pais, sua mãe provavelmente estaria por lá. Talvez soubesse alguma coisa, talvez lhe contasse o que estava acontecendo. ​

Mesmo após dois anos, nunca havia notado como os corredores da Casa Branca eram sombrios, com suas longas cortinas escuras e pesadas, pinturas estranhas de pessoas importantes, tapeçarias por toda a parte e janelas e portas sempre fechadas parecia até uma casa mal-assombrada de filme de terror dos anos oitenta. E, novamente pela primeira vez, percebeu que o quarto dos pais era claro e arejado, como um refúgio em meio à melancolia do resto da casa. Talvez fosse por isso que a mãe passasse tanto tempo no quarto. Tentou tirar esses pensamentos aleatórios da cabeça e se concertar. Dobrou à esquerda, seguiu reto e bateu de maneira educada na porta.

— Mãe? A senhora está aí? — Ensinarem-lhe que sua mãe não era apenas sua mãe, era também a Primeira Dama.

— Pode entrar, Richard — disse sua mãe de dentro do quarto. Ele entrou no cômodo, botando as mãos atrás das costas, em sinal de respeito. Sua mãe dobrava os lençóis, arrumando a cama. Apesar de ser a Primeira Dama, tinha vindo de origem humilde e gostava de ajudar todos os empregados da Casa. Achava injusto ter que deixar tudo para eles fazerem enquanto ela só bagunçava e aproveitava a boa vida. Richard pigarreou. — Eu ouvi o pai falando sobre uma ideia que os Ministros tiveram... Algo que deu errado... Você sabe do que se trata? —

Sua mãe parou de arrumar a cama e virou-se para ele. Tinha um aspecto preocupado. — Por que quer saber, Richard? — O seu tom de voz, antes calmo e suave, agora estava nervosa. Ele estranhou essa mudança.

— É que o pai está muito estressado. Ele nunca fica assim. Talvez, se eu souber o que o deixou assim, eu consigo ajudá-lo. — Foi uma péssima escolha de palavras. Sua mãe não abrandou a expressão preocupada.

— É assunto do governo. Não posso lhe contar, filho. Sinto muito. —Voltou-se para a pilha de roupas ao lado da cama, pegou uma peça, dobrou-a, botou-a em cima da cama e fez a mesma coisa com a peça seguinte.

— Mãe, eu só...

— Por favor, Richard. Você tem apenas dezessete anos. Não tem maturidade para esses assuntos. — Ela nem sequer olhou para ele enquanto falava. Era um claro convite para se retirar.

 

 


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