O Vermelho do Seu Coração escrita por Moon and Stars


Capítulo 4
Capítulo 4 – Viagem no Tempo (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Sei que demorei um pouquinho, mas estou de volta. Infelizmente, tive alguns problemas técnicos, mas o capítulo saiu. Espero que gostem, um beijo!



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— Tudo pronto, meninos? — Jujuba perguntou, colocando os óculos escuros e ajeitando as alças da mochila sobre os ombros.

Finn e Jake esboçaram um sorrisinho mecânico e ergueram os polegares em sinal positivo. Ela sabia que estaria entregue à sorte, mas confiava na capacidade de seus heróis. Além do mais, Marceline estava com eles. Ela deu uma última olhada para a vampira, que piscou para ela com cumplicidade. Aquele gesto, por mais singelo que fosse, significava muito para Jujuba. Porém, alguma coisa, no fundo, ainda a incomodava – provavelmente era efeito da culpa que ela sentia pela forma como vinha conduzindo as coisas. Culpa era um sentimento que há muito tempo Jujuba aprendera a ignorar, mas de alguma forma Marceline era capaz de despertar nela as coisas mais estranhas... – De qualquer maneira, fazer as pazes com a vampira definitivamente havia tirado um enorme peso de seus ombros. E isso já era o bastante por ora.

Por fim, se preparou para viajar.

Jujuba calçou as luvas e tocou a esfera de cristal, que brilhou sob seus dedos de um jeito frenético. A Princesa se concentrou e, através de um pequeno painel digital na superfície de uma das luvas, configurou as coordenadas exatas de tempo e lugar. Bastou pressionar um botão e...

SPLASH!

Seu corpo praticamente se desintegrou. Cada célula se desfez, deixando para trás apenas milhares de bolhas coloridas, feito espuma de sabão. Jujuba havia cumprido a primeira fase de sua viagem no tempo. Ela ainda estava no laboratório, mas alguns minutos antes, quando o Rei Gelado apareceu (aquele velho maluco!). Viu – de uma perspectiva diferente – o exato momento em que Finn fora acertado por um raio de gelo. Ela se ocultou ainda mais em um canto, para se esconder, pois não queria causar confusão na mente de seus amigos antes do tempo, nem correr o risco de esbarrar com seu outro eu do passado-recente e comprometer sua missão. O último teste estava concluído e a máquina funcionava!

Reajustou novamente as coordenadas, preparando-se para o momento decisivo: avançaria ainda mais no passado. Para ela não era um tempo assim tão longínquo, já que tinha mais de um milênio de idade. Não viajaria para além de um século – na verdade, um pouco menos que isso. O lugar foi um pouco mais desafiador, pois precisava ser seguro. Para isso, contava com um pouco com a sorte. Segurou a esfera entre as mãos enluvadas e pressionou o botão novamente.

Quando abriu os olhos, o sol brilhava forte em seu rosto e estava ao ar livre. Diante dela, estava uma cadeia de montes rochosos e, no chão, uma enorme e imponente espada cravada contra o solo. Apesar de estar bem diferente do que Jujuba se recordava, devido aos efeitos do tempo, ela a reconhecia muito bem, por cada lenda que a envolvia, pois aquela não era uma espada qualquer: era Nothung, a espada do herói Billy! Jujuba se aproximou com cautela e quando estava prestes a tocar o cabo da espada...

— O que estamos fazendo aqui, Princesa?

Alarmada, Jujuba se virou num salto, deparando-se com Finn, Jake e Marceline.

— Ah não, Santo Glob... — murmurou, realmente preocupada. — Como foi que isso aconteceu?

— Nós viemos com você — Marceline explicou, mesmo que fosse bem óbvio. — Na verdade, eu também queria esclarecer isso. Não era pra gente ter ficado no... presente? Futuro? Eu ainda estou confusa com essa coisa de viagem no tempo, esses negócios científicos não são muito meu lance.

— Isso é mau... Muito mau! — Ela cobriu o rosto com as mãos e se aproximou correndo dos amigos.

— Calma, Princesa. Nós vamos ajudar — disse Jake, enquanto coçava o próprio sovaco de um jeito bastante incômodo para ele, como uma coceira insistente.

— Vocês não entendem — falou, tentando ilustrar o tamanho da gravidade da situação. — Viajar no tempo é uma coisa extremamente delicada. Qualquer alteração afeta diretamente o curso das coisas. O fato de eu estar aqui já é um enorme risco. Todos nós juntos pode ser catastrófico!

— Com que tipo de catástrofe estamos lidando, exatamente? — Marceline quis saber, parecendo estar mais curiosa do que realmente preocupada.

— É, Jujuba. Não acha que está exagerando? — Foi Finn quem questionou, cruzando os braços contra o peito.

Ao ouvir a conversa, Jake soltou um risinho e falou:

— Não é como se estivéssemos prestes a extinguir nossa própria existência no futuro ou, pior, alterando as personalidades definitivamente pela falta da influência original que moldaram nossas características individuais...

Todos ficaram em silêncio ao ouvir as palavras de Jake.

— Nossa, cara, isso foi profundo — disse Finn, muito embora ele provavelmente não tivesse compreendido muito do que o irmão canino havia dito.

— Valeu, irmão, eu tenho meus momentos.

Porém, as palavras de Jake faziam total sentido para Jujuba.

— É exatamente isso que pode acontecer, Jake — declarou ela, com seriedade. — E vai disso para pior.

— Então, acho que isso é mau — Jake disse pensativo. — Sabe, nem eu entendi muito bem o que eu falei, eu tenho dessas coisas.

Jujuba suspirou e deixou os ombros caírem com cansaço.

— Ah... E o que pretende fazer agora? — Marceline inquiriu. — Não podemos voltar?

— Não — respondeu ela. — Quer dizer, podemos, mas não enquanto eu não conseguir o que vim buscar. Eu ainda não sei quais serão as consequências dessa missão no futuro e como isso nos impactará. Toda esta viagem foi baseada em uma minuciosa tese, mas ainda é apenas uma tese! Não posso arriscar realizar esta viagem diversas vezes até conseguir o que quero. Não enquanto eu não tiver feito todos os ajustes. Ou seja: a missão precisa ser concluída, para que não precisemos voltar. E para a nossa segurança, teremos que voltar todos juntos.

— Certo — disse Finn. — Então, qual é a missão?

— Prestem muita atenção — a princesa começou a falar. — Eu vim preparada para entrar na caverna do Billy e fazer contato com ele sem ser identificada como alguém do futuro. Com exceção da Marceline, vocês não podem ser vistos, nem devem falar com ninguém!

Finn e Jakese entreolharam durante um instante e então concordaram com um aceno de cabeça. Jujuba se virou para acionar a entrada da caverna, mas parou com a mão a meio caminho de tocar o cabo da espada.

— Ah. Mais uma coisa — falou, voltando-se para os três amigos atrás dela. — Não saiam daqui.

Os três responderam com um largo sorriso brilhante, o que pareceu muito suspeito. Mas ela precisava confiar nisso. Segurando o cabo da espada, Jujuba respirou profundamente e a puxou em sua direção, como uma alavanca. O chão tremeu sob seus pés e ela teve que se equilibrar enquanto uma enorme fenda se abria no chão e seguia em direção às rochas. Em poucos segundos, a fenda se tornou uma passagem e ela seguiu para lá, sozinha.

Dando uma rápida espiada por sobre o ombro antes de adentrar a caverna, a princesa se certificou de que não estava sendo seguida pelos amigos. Os três permaneciam no mesmo lugar e conversavam entre si e pareciam distrair-se enquanto Finn fazia algum tipo de demonstração de suas habilidades com a espada. Com certo alívio, Jujuba finalmente seguiu em frente para dentro da caverna do herói Billy.

O caminho era estreito e tortuoso, mas ela sabia que era seguro, pois era o esconderijo de um herói lendário. Claro que, no tempo em que estava, Billy ainda construía o próprio nome e moldava seus feitos lendários, que perpetuariam ao longo dos anos. Ela sabia que ele era o maior ídolo de Finn e Jake, um modelo o qual os dois irmãos seguiam quase religiosamente, em conjunto com as instruções do livro Enchiridion.

Jujuba avançou mais um pouco e o túnel logo foi ficando mais largo até revelar uma enorme caverna. Havia alguns tesouros aqui e ali, moedas empilhadas em pequenos montinhos, baús com joias, recompensas por cada vitória, espadas e outras armas, artefatos mágicos. Não era um grande tesouro – ainda, pois eventualmente, quando Billy estivesse no auge de sua carreira de herói, todo seu montante seria o triplo de tudo aquilo, no mínimo. Apenas uma coisa faltava... O próprio Billy.

— Ah não... — murmurou consigo mesma, desanimada.

Por um momento, Jujuba cogitou ficar na caverna durante alguns minutos e esperar pelo retorno de Billy, mas descartou a ideia quase imediatamente. Se estivesse sozinha, provavelmente esta seria sua melhor opção, mas não tinha como ignorar o fato de que a presença de Finn, Jake e Marceline naquele tempo apenas tornavam a missão –que devia ser simples e rápida – potencialmente perigosa. Ela não poderia arriscar, seria egoísta demais.

Frustrada, ela deu meia volta e retornou pelo mesmo túnel que entrara. Porém, ao chegar lá fora, para o seu completo desespero, constatou que seus amigos não estavam mais lá.

— Santa gosma flamejante! — esbravejou, irritada.

Olhou de um lado para o outro, mas não viu ninguém. Sentiu no peito uma preocupação latente, misturada a uma irritação que ganhara uma proporção incrível. Mas ela sequer teve tempo de pensar no que fazer para encontrar os amigos, pois uma explosão ecoou não muito longe dali. Juntocom o estrondo, que fez o coração da princesa dar um salto, o chão tremeu sob seus pés, fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse sem o menor jeito.

Apoiada nas mãos e joelhos, Jujuba ergueu os olhos e viu uma nuvem de fumaça saindo de um ponto no alto das cadeias rochosas à sua frente. Mas não era só isso. Pássaros e outras criaturas aladas voaram para longe, como um sinal de alarme. Jujuba viu que algumas árvores tombaram naquele mesmo local. Mais rápido do que seu cérebro foi capaz de prever,pedaços de rochas e pedregulhos rolaram em sua direção. Alarmada, ela rastejou e cambaleou, tentando equilibrar-se e ficar de pé novamente. Correu aos tropeços, embora suas chances fossem poucas. Tudo aconteceu rápido demais!

Jujuba estava certa de que suas pernas não seriam tão velozes, mas seu instinto recusava-se a permitir que ela parasse de correr, por mais irracional que isso pudesse parecer. Ela estava com medo. Já havia passado por situações de perigo muitas vezes antes, mas a adrenalina que corria em seu sistema prevalecia. Seu medo não era exatamente sobre a própria vida, mas pelo fato de que se algo acontecesse a ela, quem cuidaria de seu povo? Quem os manteria seguros e os governaria?

Esse pensamento passou a tragar sua esperança aos poucos conforme ela avançava. Já começava a sentir as lágrimas quentes querendo escapar de seus olhos e suas pernas doíam com o esforço excessivo. Atrás de si, o perigo se aproximava cada vez mais e seu tempo diminuía. Quando ela teve certeza de que não teria chance, em um segundo, não sentia mais o chão sob seus pés. Estava no ar.

Uma mão lhe segurava pela cintura – não, na verdade era uma pata, longa e amarela, que se enroscou ao redor de seu tronco. Olhando para cima, viu Jake com cinco vezes o seu tamanho e com as pernas esticadas a mais de dez metros do chão. Finn estava em suas costas, juntamente com Marceline, que se encolhia sob a sombra de um enorme guarda-sol. O humano sorriu para a princesa e lhe estendeu a mão, puxando-a para cima.

— Obrigada meninos — falou, aliviada. Por pouco não havia sido esmagada por um monte de rochas rolantes. O que lembrava... — A propósito, o que diabos aconteceu? Onde vocês estavam?!

Finn e Marceline se entreolharam.Sentiram a irritação da princesa, e Finn enrubesceu.

— Nós vimos o Billy — respondeu Finn, num fio de voz.

— Vocês O QUE?! — Finn se encolheu, envergonhado, sob o grito da princesa. Ela olhou para Marceline, que parecia simplesmente encurralada na situação. —Marceline, como você permitiu isso? Eu confiei em vocês!

— Esses cabeças-de-ameba surtaram quando viram o Billy! — Marceline gritou de volta, em sua defesa. — Eu não tive o que fazer além de ir atrás dele. Ainda é dia, sabe? Quase fui queimada por isso. Mesmo com meus poderes de cura, ser queimada não é nada legal.

Abrindo a mochila rapidamente, Jujuba calçou as luvas tecnológicas e as configurou para uma nova função que havia desenvolvido. Era a única parte que não havia testado ainda, mas não havia momento para tais cerimônias. Apertou alguns botões e uma pequena tela holográfica surgiu acima da palma de uma das mãos. Aos poucos, uma imagem começou a se formar, ganhando nitidez. Jujuba programou as luvas para que revelassem o tempo real deles, no futuro. Suas suspeitas estavam corretas e ela nunca havia se sentido tão mal por isso.

Naquela nova versãodo futuro, a princesa viu seus heróis, ou uma versão diferente deles, na qual Jake era um criminoso – estava roubando uma loja de vassouras no Reino Doce – e Finn não passava de um “aspirante” a herói, medroso e preguiçoso, como se tivesse perdido completamente sua motivação. Na imagem, ela viu alguém mais com Finn, um garoto de pele esverdeada, cabelos loiros e dentes quebrados. Ela não sabia ao certo quem era...

— Esse é o Tiffany?! — Finn perguntou, espiando por cima do ombro da princesa. — Esse doidão está sempre tentando me matar — disse e riu.

Jake o acompanhou no riso.

— Meninos, isso não é nada engraçado. — Ela se voltou para eles, com um olhar sério. — Esta é a nossa nova realidade se voltarmos agora. Vocês têm noção do quanto isto é sério?

— Ahn... Não — Jake falou, fazendo com que Jujuba e Marceline revirassem os olhos ao mesmo tempo.

— Jake — Jujuba falou com condescendência. — Você seria um criminoso!

— Eu não sabia que era errado!

— Não temos tempo para isso — atalhou, agora com a paciência reduzida. — Estamos presos aqui até conseguirmos desfazer essa bagunça. Afinal, onde está o Billy agora? — inquiriu, tentando manter-se calma. Ela ainda não havia concluído seu propósito ali e não estava disposta a voltar sem chegar ao fim da missão, mas, ao mesmo tempo, precisava lidar com este novo problema.

Finn deu de ombros.

— Nós o perdemos durante a batalha contra o monstro lendário do Reino das Nuvens — foi Jake quem falou.

Jujuba sentiu o sangue gelar.

— Alguém poderia, por favor, me dizer que vocês não fizeram mais nada que eu tenha dito para não fazer?

Todos ficaram em silêncio. A princesa sentiu as têmporas latejarem com o estresse, ela estava começando a passar mal com aquilo.

— Você está bem, Bonnibel? — Marceline fez menção de se aproximar da princesa, mas ao receber o olhar mortal que só Jujuba era capaz de lançar, hesitou e então recuou.

Jujuba duvidava que Marceline se sentisse intimidada com qualquer coisa que ela fizesse, mas depois do clima tenso que pairava entre as duas – e das coisas horríveis que lhe dissera –, sabia que levaria algum tempo até que as coisas voltassem aos eixos.

— Princesa? — Finn perguntou, igualmente hesitante. Ele sim estava intimidado, mas a preocupação teve a vantagem sobre suas emoções.

— Não — respondeu finalmente. — Eu não estou nada bem. Vocês falharam com a única coisa que pedi a vocês e agora estamos todos em perigo.

— Mas Jujuba, nós só—

Com um gesto de mão, ela fez com que Finn se calasse. Não queria mais ouvir qualquer explicação. Não tinha como desfazer a besteira que seus amigos fizeram e seus nervos já estavam fervilhando.

— Não vai adiantar lamentar agora — concluiu ela, encarando os três de um jeito definitivo. — Precisamos de um plano.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal, o que acharam? Não deixem de comentar, críticas e opiniões são sempre bem vindas e é uma satisfação saber o que vocês pensam sobre o enredo e tudo mais, então não fiquem tímidos. Obrigada por terem lido. Vejo vocês no próximo capítulo, até mais! :D



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