O Vermelho do Seu Coração escrita por Moon and Stars


Capítulo 2
Capítulo 2 – A Festa


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o segundo capítulo, agradecimentos especiais à minha beta. Espero que gostem (especialmente você, Deuner ♥ ).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750302/chapter/2

A música era alta e ecoava através da floresta. Embora Jujuba não fosse a maior fã de florestas, ela conhecia aquela e sabia que era uma zona segura. Durante um bom tempo, a Princesa Caroço morou naquelas redondezas, sob a proteção de um singelo acampamento, depois de sair de casa. Teve várias moradias improvisadas ao longo dos anos, recusando-se a voltar para a casa dos pais em seu reino natal, e apesar das dificuldades, ela parecia estar se virando bem. Sua nova casa, conforme indicava o convite que tinha nas mãos, ficava logo após a queda d’água. 

Mesmo através da música alta e do coro de vozes festivas, foi capaz de ouvir o ruído estrondoso da cachoeira. Jujuba inspirou e soltou o ar pesadamente pela boca, claramente nervosa. Não estava no clima para festas, havia pensado muito antes de decidir ir, pois sua mente não saía do projeto no laboratório. Mas sabia que devia sua presença aos amigos... A Marceline. 

Ai Glob... Escondeu o rosto nas mãos, sendo tomada de uma súbita vergonha que fez suas bochechas corarem. Como vou encarar Marceline depois de tudo o que eu disse?  

Passando por cima de suas inseguranças, ela avançou, vencendo o medo a cada passo. A música começou a se tornar ainda mais alta conforme se aproximava, e ela finalmente conseguiu distinguir melhor os sons. Reconheceu a voz de Marceline imediatamente e também a familiaridade do dedilhado no baixo. Não tinha como não reconhecer, especialmente ela.  

“Papai, você comeu minhas batatinhas. Eu que comprei, elas eram minhas!” 

Uma clássica, a mais pedida dos singles que a vampira havia lançado ao longo de sua carreira. Jujuba sorriu quando seus olhos pousaram sobre a garota no palco, a forma como os dedos dançavam sobre as cordas do machado da família Abadeer, como ela entregava tudo de si às suas canções. Essa paixão era um dos principais motivos da admiração que Jujuba nutria sobre ela. Seu sorriso se desfez quando lembrou-se das coisas que havia dito e se sentiu triste de repente. Mas não fugiria agora. 

O lugar era um verdadeiro oásis. Uma piscina natural se formava abaixo da queda d’água, de forma que a festa acontecia no ápice da diversão em terra e também na água. Tochas cercavam o perímetro e a luz refletia na água de um jeito mágico. A Princesa Caroço finalmente havia acertado desta vez!  

Logo que se aproximou da multidão, foi alvo de sorrisos e elogios de seus conhecidos. Ao que parecia, estavam todos ali: Princesa Cachorro-Quente, Princesa Tartaruga, Princesa Músculos, até a Doutora Princesa. Acenou educadamente para todos e tentou se ambientar no meio dos corpos dançantes. 

— Ei, Princesa Jujuba! — Ela se virou rapidamente ao som da voz familiar e amiga. Jake se aproximou, esticando-se até estar com o rosto diante dela enquanto o resto do corpo passava por cima dos outros convidados. — Que surpresa, você veio! Finn vai adorar saber que você chegou. Finn! — Ele acenou para algum ponto que ela não conseguiu ver. — Chega aqui, é a Jujuba! 

Em poucos instantes ela viu o rosto jovial e corado surgir no meio da multidão. Finn empurrou algumas pessoas, desculpando-se em seguida como o bom herói que era. Os olhos azuis cintilavam sob a luz das tochas e se iluminaram quando seu sorriso amplo de dentes brancos os alcançara. 

— Jujuba! — Exclamou, realmente feliz ao vê-la.  

Ele parou diante da princesa, tirou o gorro branco com orelhinhas, deixando os fios loiros caírem pesados sobre os ombros, e curvou-se em uma profunda reverência. Jujuba riu, lisonjeada, mas dispensou a formalidade com um simples aceno. Finn voltou à sua postura normal e tornou a ocultar os cabelos dourados sob o capuz. 

— Oi, meninos, como vão? — inquiriu ela, sorrindo abertamente. Não tinha percebido que também sentia muita falta dos amigos. — Que lugar incrível, a festa está ótima!  

— É, a gente que ajudou a decorar! — Jake gabou-se juntamente com Finn, e os dois se cumprimentaram animadamente com um soquinho. 

— Por onde tem andado? — Finn quis saber. — Você não apareceu a nenhum dos nossos encontros, ficamos preocupados, Princesa.  

Ela encarou os próprios pés durante alguns instantes, sentindo-se tímida. 

— Vocês sabem, eu tenho minhas obrigações com o reino... — explicou, mesmo que não fosse apenas isso. Decidiu que contaria a eles a respeito de seu novo projeto. Teria que fazer isso em algum momento, pois precisaria da ajuda de seus heróis para cumprir uma missão importante, mas não podia revelar todos os detalhes de seu plano. — Vou contar uma coisa a vocês. Mas é super secreto! — Inclinou-se para frente, na direção dos dois. Jake se esticou, de forma que seu corpo criou uma espécie de cobertura em volta dos três, para dá-los privacidade. — Eu recriei a minha máquina do tempo. 

Os olhos dos dois amigos cintilaram com expectativa e excitação. 

— Hm... — Agora Jake tinha uma expressão desconfiada. — Mas é igual a outra, que só “muda as coisas de lugar”? 

Jujuba fez uma careta contrariada.  

— Não, Jake. 

— Ah, sim. Porque da última vez, não foi realmente manipulação do tempo, e eu ainda acho que o Rei Gelado tenha...  

— Eu já entendi, Jake! — interrompeu-o, agora um tanto irritada. Respirou fundo e suavizou sua postura, forçando-se a exibir um sorriso educado. — Ouça, eu pensei muito a respeito das suas observações no dia da apresentação do primeiro protótipo e, primeiramente, gostaria de agradecer por isso. Foram muito precisas.  

— De nada — ele riu com satisfação. 

— Embora eu ache que você seja apenas um ignorante que não dá o devido valor à ciência, que é o que realmente importa, ao contrário dessa baboseira de magia, eu levei em consideração algumas coisas! — Jujuba revirou os olhos ao mencionar a magia, obviamente não deixaria de soltar uma alfinetada a respeito deste assunto. 

A expressão de Jake agora parecia simplesmente confusa, provavelmente por não saber se fora elogiado ou duramente criticado. 

— Em primeiro lugar, eu aprimorei o sistema de programação de moléculas, de forma que não apenas sejam gravadas, mas também manipuladas. Também ajustei alguns detalhes nos cálculos, vinculando esses ajustes às luvas, para realmente trabalhar em contato direto com o espaço-tempo!  

Finn e Jake piscaram. 

— Então... — Finn olhou para os dois lados, por cima do escudo que Jake criou com o próprio corpo, e concluiu com um sussurro — qual é a missão? 

— Não se preocupem, será algo simples. — Os dois heróis pareceram um tanto decepcionados por um instante. — Mas também muito perigoso e delicado. 

— Isso! — Finn riu com empolgação. 

— E para quando viajaremos, Princesa? — Jake perguntou, curioso.  

— Na verdade, apenas eu vou viajar — esclareceu ela, para o desânimo imediato dos dois amigos. — Preciso que vocês fiquem aqui para guardar a esfera em segurança durante a minha ausência. Se algo acontecer à minha máquina do tempo enquanto eu estiver no passado, posso ficar presa lá para sempre e mudar completamente o curso do futuro!  

O tom conspiratório que ela usou serviu para prender a atenção dos dois. Era um pequeno truque ela usava para conseguir o que queria de seus heróis, uma leve manipulação de palavras. Jujuba já governava um reino inteiro há muitos anos – centenas, mais precisamente – e já não mais se sentia mal com esse tipo de coisa.  

— Matemático! — Finn gritou com empolgação. 

— O que é matemático?  

Jake desfez a cobertura, voltando ao seu estado normal, e os três cúmplices voltaram sua atenção para Marceline, que não mais estava no palco, mas de pé diante deles. Ela cruzou os braços com firmeza contra o peito e os encarou com uma sobrancelha erguida.  

Agora que estava próxima, Jujuba aproveitou para observá-la melhor. Usava um vestido vermelho de tecido levemente translúcido, que caía sobre seu corpo em várias camadas, de um jeito esvoaçante e desregular, a cor contrastava com o tom pálido de sua pele, e ela sabia que desapareceria até o fim da noite, quando ela sentisse fome. O longo cabelo negro estava preso em uma trança embutida, que começava bem no topo de sua cabeça com um volume exagerado e rebelde, como um moicano, e descia pelas costas até quase tocar seus pés.  

— Ah... É... — Finn coçou atrás da cabeça e chutou uma pedrinha sem saber o que responder. Sua lealdade era com a Princesa.  

— Minha nova invenção — Jujuba respondeu rapidamente, e a voz soou fria e distante. Ainda se sentia mal pela situação entre elas, mas não tinha muito que fazer naquele momento. 

— Desculpe Marcy — Jake falou. — Não podemos falar sobre isso aqui, é secreto... 

Marceline bufou e revirou os olhos debochadamente.  

— Eu tinha esquecido que vocês manés ainda dão ouvidos pra essa chatice da realeza. — Fez um gesto amplo e desdenhoso na direção da Princesa, arrancando de Jujuba uma careta. — Decepcionante, meninos. Eu realmente achava que vocês sabiam se divertir.  

— Nós sabemos nos divertir! — Jujuba protestou, incluindo-se ao comentário da vampira.  

— Ah é? — a outra provocou, apoiando ambas as mãos aos quadris. — Então por que está tratando de “negócios secretos” e invenções mirabolantes no meio de uma festa? — Marceline encarou a Princesa e viu as palavras lhe fugirem completamente. Sob a falta de resposta, prosseguiu: — A propósito, é uma gentileza enorme que tenha nos concedido a honra de sua presença, alteza

Jujuba corou até as orelhas ao ser chamada assim. Não era o título em si, mas a forma como Marceline falava, de maneira pejorativa e debochada. Mas sua raiva logo se dissipou ao relacionar as palavras da vampira ao convite que recebera na noite anterior.  

— Marceline, eu... — começou a falar, um tanto sem jeito. — Precisamos conversar.  

— Eu não tenho nada para falar com você, Princesa — atalhou, deixando Jujuba atônita.  

Finn e Jake se entreolharam, sentindo a tensão entre elas. Não era a primeira vez que presenciavam essa rispidez entre as duas moças, mas geralmente não passavam de provocações. Agora a coisa parecia séria.  

— Você está sendo injusta! — Jujuba rebateu. 

Marceline estava prestes a responder quando a Princesa Caroço apareceu e segurou a vampira pelo braço.  

— Ai. Meu. Glob! — exclamou. — Aí está você, Marceline. A banda dos Cavaleiros Cachorros-quentes está arruinando a minha festa! Os Ursos Festeiros ainda não chegaram, você precisa voltar para o palco. Já estão começando a vaiar, isso é um desastre! Vão pensar que eu sou uma fracassada! EU NÃO SOU UMA FRACASSADA!  

Todos olharam para ela, sem entender.  

— Ah, olá Princesa Jujuba — Caroço disse em tom mais calmo, mais por educação que por real satisfação em vê-la. — Eu não sabia que você viria. 

— Honestamente, eu também não — Jujuba respondeu, encarando Marceline de soslaio, mas foi totalmente ignorada. Aquela atitude apenas a irritava.  

— Pode deixar, Caroço — Marceline falou. — Eu vou dar um jeito nisso. O que acha de “Sou Seu Problema”? Acho que vai dar um charme especial à noite... 

— Perfeito!  

Jujuba sentiu aquelas palavras a acertarem como um golpe certeiro, mas permaneceu em silêncio, pois as duas já se afastavam e desapareciam no meio da multidão.  

— Está tudo bem, Jujuba? — Finn perguntou, pousando uma mão suavemente sobre seu ombro. 

Ela teve o cuidado de desfazer a expressão fechada em seu rosto e se forçou a esboçar um sorriso para o jovem herói, que a encarava com real preocupação.  

— Sim, claro — mentiu. — Obrigada Finn. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostaram, não deixem de dar um feedback. Obrigada pela leitura, espero que tenham curtido. Até o próximo capítulo :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Vermelho do Seu Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.