Fallout escrita por Queenie Winchester


Capítulo 4
The one who is the fastest


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos na mesma semana? É pra compensar a demora né. Espero que gostem, porque esse me deu muito trabalho para escrever.



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O que leva uma pessoa boa a tomar decisões facilmente questionáveis? O que pode ser tão forte ao ponto de manchar tão profundamente a alma de um bom homem?

Era o que Laurel perguntava a Bartholomew Henry Allen.

Barry sempre foi o clássico estereótipo do bom moço. Excelente aluno, filho perfeito, amigo leal. Era um homem de coração enorme, altruísta, sacrificava o que fosse preciso para fazer a vida daqueles que amava melhor. Sacrificava a sua própria felicidade para ver aqueles ao seu redor felizes.

Durante os vinte e sete anos de sua vida, ele sempre vivera para os outros. Sempre colocou a vontade dos outros antes da dele. Seus pais queriam um médico, ele o seria. Seus professores queriam o primeiro lugar nas feiras e competições de ciências, ele teria.

Mas e o que ele queria? O que era? Como ele poderia ter sem desapontar a ninguém? Ele poderia ter algo que quisesse realmente? Porque ele queria algo, ou melhor queria alguém.

Iris West era o desejo de Barry. A bela moça de pele negra e olhos cor de chocolate rondava a mente do rapaz desde que ele a conheceu. Barry amava Iris, mais do que amava a si mesmo.

Tudo o que ele sempre quis foi tê-la. Queria poder compartilhar com ela cada segundo de sua vida, cada acontecimento importante, cada pequena fresta de felicidade. Contudo isso jamais seria possível. Iris era sua melhor amiga, quase sua irmã. Falavam sobre tudo e às vezes também falavam sobre nada. Ela era sua força, sua motivação.

Se ela sabia o que Barry sentia? Claro, sempre soube. Barry não era exatamente discreto com suas emoções. Se ela retribuia? Bom, ele achava que sim.

Toda a grande desgraça na vida de Barry Allen começou no dia 13 junho de 2013. Era uma tarde qualquer, onde chovia o suficiente para deixá-lo preso na casa da garota. Os dois estavam sentados no sofá, assistindo a um programa qualquer na TV quando Iris o surpreendeu com a pergunta que daria início ao tsunami que o atingiu sem aviso.

— Barry, você já amou alguém?

Barry não respondeu de imediato a pergunta. Se ele já havia amado alguém? É claro que ele amava alguém, ele a amava!

— Eu acho que sim — ele respondeu simplesmente. — Por que pergunta?

— Eu gosto de um rapaz — Iris começou. — Gosto mais do que deveria gostar. Não é uma paixão, já me apaixonei antes. Não foi assim. Eu não sei dizer o que é. Não sei o que sentimos quando amamos alguém.

— Iris, quando você ama alguém, a simples presença dela basta — ele explicou. — Você não precisa estar com a pessoa, basta que ela esteja feliz para que você também esteja. Não importa se ela ama você também, o que importa é que ela esteja bem, feliz, sorrindo. Você se contenta com qualquer gesto dela em relação a você. Seja um sorriso ou algumas poucas palavras. Você…

— Eu amo você, Barry — ela soltou de uma só vez. — Todas essas coisas que você disse, eu sinto por você. Eu sinto tudo isso há algum tempo já.

— Iris, eu… — ele ficou sem reação, nunca imaginou que seria tão fácil ser feliz e ver seus desejos realizados. — Eu amo você.

Era impressionante como três palavras podem mudar a vida de alguém completamente. Se Barry tivesse noção de tudo o que aconteceria em sua vida depois daquele dia, talvez ele nunca tivesse admitido o que sentia.

Os meses ao lado de Iris eram perfeitos. Os encontros, as juras de amor, os beijos, o sexo. Tudo era incrível ao lado daquela mulher. Barry sentia-se em casa, já nem se importava mais em seguir fielmente os desejos dos pais, tinha algo de que realmente gostava por perto, isso lhe bastava para ser feliz.

Contudo, se há algo concreto na vida é que os momentos de felicidade são passageiros. Nada é eternamente certo e alegre. Há muitas formas de se descobrir isso. Barry descobriu da pior delas: a  traição.

Iris poderia ter traído Barry de várias formas: poderia ter se envolvido com outra pessoa, poderia ter mentido para ele sobre qualquer coisa, poderia até mesmo fingir ser outra pessoa. Mas ela escolhera prendê-lo em uma teia de sedução apenas para alcançar objetivos pessoais.

A futilidade nunca atraiu Barry, e esta era uma das principais características de Iris West.

Os dois estavam juntos há quase um ano quando a revelação veio cair nas mãos dele. Iris nunca o tinha amado, ela amava o status que o sobrenome Allen traria. O pai de Barry era um médico reconhecido em toda Central City, a mãe era uma das professoras mais adoradas da cidade. E juntos os dois eram sócios de uma indústria farmacêutica que desenvolvia remédios dos mais variados tipos e para as mais variadas doenças, inclusive aquelas que pareciam não ter cura. Barry tinha um império erguido em seu nome, Iris queria ser a rainha.

Mas isso não era o pior. Não, o pior era que Iris se quer era a pessoa que aparentava ser. Descobrir que sua namorada, o amor da sua vida, estava interessada em seu status era uma coisa amarga, dura. Mas descobrir o porquê de ela ter escolhido ele era muito mais.

Iris queria Barry porque o sócio de seus pais trabalhava além de seu expediente. Enquanto durante o dia ele vendia esperança e melhora de vida com seus remédios quase milagrosos, a noite ele vendia o vício e a decadência. Um fabricante de drogas do mais alto escalão que a muito era visado pela ARGUS, instituição para a qual Iris trabalhava em segredo.

Não era segredo que a morena queria ser uma policial como o pai, mas o homem nunca a apoiou e até a proibiu de certa forma. Então Iris se formou em jornalismo com todas as honras possíveis, trabalhava para o jornal local, tinha acessos a todos os lugares e a qualquer informação, ela tinha o disfarce perfeito.

Barry era apenas um meio que ela arrumou para conseguir uma promoção dentro da agência. Se ela conseguisse, de alguma forma, acesso seguro a companhia certamente iria impressionar os chefes e poderia abandonar de vez a vida de colunista e se dedicar a sua verdadeira identidade.

Mas ela apenas não contava com o fato de que Barry iria descobrir quem ela era antes que ela pudesse concluir sua missão.

— Então, Barry — Laurel encarou os olhos esverdeados do rapaz. — O que houve com a sua noiva? Ouvi dizer que ela morreu em um assalto, mas para mim aquilo parecia mais execução. Ela se meteu com as pessoas erradas? Você resolveu se juntar a HELIX para encontrar os bandidos e acabou gostando da coisa?

— Você julga a HELIX como se nós fizéssemos alguma coisa ruim para o mundo — Barry respondeu calmamente. — Diga-me, Laurel, você com todo o seu belíssimo trabalho como promotora já conseguiu alguma vez fazer voltar o dinheiro desviado pelos grandes nomes da sua cidade?

— Eu faço as perguntas, senhor Allen — ela disse séria.

— Claro, deixe-me então responder — ele sorriu tranquilamente. — Não. Você nunca recuperou nenhum dinheiro dos paraísos fiscais dos seus réus. Mas eu, ou melhor, nós da HELIX fizemos isso e mais. Somos uma espécie de Robin Hood virtuais. Tiramos dos ricos e corruptos e distribuímos aos pobres.

— Claro, vocês são uma organização sem fins lucrativos, movidos apenas pelo desejo de fazer o bem — Laurel debochou. — Vocês são herois. Mas deixe-me lembrá-lo de algo, Barry Allen, herois não se escondem na sombra, bandidos fazem isso. Então você pode começar a me contar o que um CSI da polícia de Central City faz dentro de uma organização criminosa?

— A pergunta é: o que uma pessoa traída e usada faz quando a única chance de fazer justiça por seus pais é morta? — Barry a olhou friamente. — Ela vai atrás de vingança.

— O que disse?

— Iris, minha noiva, ela era uma agente da ARGUS. Ela me usou para tentar pegar um fabricante de drogas, meus pais eram sócios da empresa dele, da parte limpa e bonita, é claro. Eles foram enganados, como muitas outras pessoas que apenas queriam mudar o mundo — ele contou de forma dura. — Mas você acha que a ARGUS se importou com isso? Meu pai estava no lugar certo, na hora errada. Iris disse que o alvo estaria no prédio para uma reunião, mas era mentira. Aquele homem era esperto demais para ela que sequer era uma agente importante. Meu pai foi preso pela ARGUS, teve sua reputação manchada. Minha mãe entrou em depressão depois de sofrer com todos os olhares e julgamentos e acabou tão doente que um dia ela simplesmente não acordou mais. Meu pai se matou em uma cela de segurança máxima quando soube da notícia. E sabe o que é o melhor? Eu sequer pude enterrá-lo.

— Isso deve ter te deixado com raiva — Laurel o olhou analisando a expressão do rapaz. — Seus pais eram inocentes e acabaram mortos por conta de uma pessoa na qual você confiava, uma pessoa que você amava. O que você fez Barry?

— Eu não tive nada a ver com a morte de Iris se é isso que você está me perguntando — Barry respondeu suspirando profundamente. — Quando meus pais morreram eu ainda não sabia quem ela era. Nós ainda estávamos noivos quando eu a vi conversando com um homem ao telefone. Ela dizia que a ARGUS tinha matado dois inocentes, que ela havia dado as informações certas e que eles haviam feito besteira por conta própria. Ela disse que não iria aceitar ser responsabilizada pelo que havia acontecido. Eu disse que iria colocá-la na cadeia, fazê-la pagar pelo que havia feito. Ela e quem quer que fosse a tal ARGUS. Acho que alguém lá dentro ficou com medo de que ela abrisse a boca. Execução ou queima de arquivo, como nós policiais costumamos chamar. Sem Iris, eu precisava de outro meio de acabar com a ARGUS.

— A HELIX — Laurel disse. — Você se juntou a HELIX para vingar a morte de seus pais. Nunca pensou em usar um meio legal para isso?

— Você realmente acha que a polícia tem forças contra a ARGUS? É mais inocente do que eu pensava.

— Eu apenas quero saber como você chegou até eles.

— A HELIX, ao contrário da ARGUS, funciona a base de troca de favores. Eles te ajudam com algo e você oferece algo em troca — Barry explicou. — Depois que ambas as partes ganham o que querem, é sua decisão ficar ou não.

— E você conseguiu o que queria? — Laurel questionou. — A que custo?

— Se Eddie Thawne teve sua carreira como policial destruída depois que descobriram seu envolvimento com o tráfico de armas e está hoje em um dos presídios de segurança máxima não foi graças a competência dos policiais do CCPD — Barry respondeu. — O que isso me custou? Bem, você já ouviu falar a respeito de Killer Frost?

— Ela e seu amiguinho Captain Cold deram trabalho, ele foi pego, mas ela, bem, é difícil prender alguém sem provas físicas e concretas — Laurel admitiu com desgosto.

— Devo admitir que particularmente tenho uma certa afeição por ela — ele riu suavemente sem humor. — Talvez seja uma das poucas coisas que eu recuperei do antigo Barry.

— Você limpou a ficha dela e em troca a HELIX pôs o responsável pela prisão do seu pai na cadeia — Laurel concluiu. — Como membro do CCPD era fácil para você ter acesso aos arquivos. Você é esperto. Foi rápido e silencioso. Apunhalou seus companheiros por conta de uma vingança pessoal.

— Eu não vejo grandes prejuízos nessa história — Barry deu de ombros. — Em vista de todos os casos que eu ajudei a solucionar com rapidez e eficiência durante todos esses anos. Conseguir colocar atrás das grades apenas metade do Ice Couple não é algo que diminua ou manche a minha reputação como melhor CSI da região.

— Pode até ser, mas confessar que manipulou provas e evidências sim.

— Eu disse isso ou você deduziu? — Barry questionou sorrindo de lado. — Como você mesma disse, promotora, é difícil prender alguém sem provas físicas e concretas.

— Eu não me desafiaria se fosse você, Barry Allen.

— Essas são suas palavras, promotora. Não minhas.


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Notas finais do capítulo

Se eu queria um Barry menos amorzinho e mais frio? Sim, eu queria. Se eu consegui? Ai já com vocês. Espero que tenham gostado, eu acho até que o capítulo ficou um pouco confuso, mas a história ainda está no comecinho, as coisas vão ficar mais claras depois que a Laurel interrogar todo mundo. Tenham paciência!



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