Fallout escrita por Queenie Winchester


Capítulo 2
Talking About


Notas iniciais do capítulo

Olás. Bem-vindos de volta. Queria agradecer a todos os que leram, favoritaram e comentaram. Sério, muito obrigada. Espero que gostem do capítulo, tenham uma boa leitura!!!



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Não era possível dizer onde havia mais policiais, se era no departamento de polícia de Starling City ou no hospital da cidade. Amanda Waller e Alena Cochran estavam prestando seus depoimentos na delegacia enquanto seus agentes eram atendidos no hospital.

A sala branca repleta de cadeiras parecia pequena para tanta gente. Os gritos de Donna Smoak foram ouvidos de longe, assim como o soluço de Thea Queen. Ninguém disse uma palavra.

Quando Laurel Lance entrou na sala, ela não vestia sua sempre sorridente face de amiga e irmã. Naquele momento a máscara de promotora estava sendo usada e por mais que o marido, Tommy, tivesse insistido para que ela não a usasse, era tarde demais.

— Tenho aqui um mandado de prisão em nome de Dinah Drake, John Diggle, Leonard Snart, Lyla Michaels, Rene Ramirez, Sara Lance e Oliver Queen — ela entrou na sala a todo vapor. — Levem todos para a delegacia, arrancar segredos de Amanda Waller não foi tão difícil quando o grande escalão do governo apareceu. Algemem — ela disse aos policiais que obedeceram prontamente. — Quanto a vocês — ela se virou para os agentes da HELIX — aproveitem seus últimos segundos de liberdade, ser um agente de uma organização secreta do governo é ruim, mas ser um hacker da organização por trás de vários ataques cibernéticos contra a cidade é ainda pior.

Dizendo isso ela deu meia volta, avisando aos policiais que a saída de qualquer um dos suspeitos era proibida. Fechando a porta atrás de si ela encarou Tommy que a olhava preocupado.

— Diga logo o que tem que dizer Thomas — ela anunciou com clara impaciência.

— Estou preocupado com você — ele afirmou com os braços cruzados recortando-se na parede.

— Eu estou ótima — Laurel não hesitou. — É o meu grande caso, o primeiro realmente grande desde que assumi a promotoria.

— Eu sei — Tommy ponderou. — Mas isso não significa que você não se importe com o fato de que sua irmã vai ser presa, nosso melhor amigo e a noiva dele que por um acaso é sua irmã postiça estão entre a vida e a morte.

— Eu me importo com eles, Tommy — ela deixou seu semblante se entristecer por alguns instantes. — Mas isso não significa que eu deva ignorar o que eles são, o que eles fazem. Às vezes precisamos ser racionais.

Tommy soltou um longo suspiro, a esposa tinha razão, não dava para simplesmente ignorar tudo aquilo. Ele se sentia traído. Oliver era seu melhor amigo, cresceram juntos. Eles e as irmãs Lance eram inseparáveis chegaram até a namorar: ele e Sara, Oliver e Laurel. Mas depois perceberam que não era exatamente aquilo que queriam. Sara e Oliver tiveram um breve romance enquanto ele e Laurel engataram um namoro que terminou em casamento.

Oliver e Sara tinham sido padrinhos. Tommy não queria acreditar que não conhecia as pessoas com ele mais convivia, pessoas que ele tanto amava. Depois de todos esses anos ele não sabia se preferia que Oliver morresse naquele hospital deixando apenas as boas imagens que ele tinha como lembrança ou que vivesse e passasse o resto da vida preso deixando a dúvida do quanto a amizade deles tinha sido real.

— Vou falar com as famílias — Laurel anunciou e se dirigiu ao outro corredor.

Ela não queria enfrentar o pai ou Donna naquele momento, muito menos Moira e Thea. Mas ela faria o que deveria fazer. Era sua obrigação. Seu dever. Por mais que estivesse tão angustiada quanto eles para saber notícias de Oliver e Felicity, ela tinha que cumprir seu trabalho, que naquele momento era convidar os familiares para uma conversa informal.

— Com licença — ela disse num tom calmo, porém firme.

Os olhos das cinco pessoas ali presentes se fincaram nela. Roy Harper havia pedido para ser dispensado pelo resto da noite assim que chegou na ambulância ao lado do cunhado. Ele e Thea estavam noivos e ele sabia que ela e a mãe precisariam de apoio naquele momento.

— Laurel — Quentin disse se aproximando da filha e a abraçando fortemente, deixando-a totalmente confusa.

— Estou aqui como promotora da cidade, responsável pela investigação do caso “Operação Vigilante” — ela disse tentando ao máximo não parecer fria ou insensível. — Gostaria de ter uma conversa informal com vocês três — ela apontou para Donna, Moira e Thea que a olharam sem entender. — É de vital importância para o caso saber quanto vocês estão envolvidas. Além disso precisamos traçar um perfil psicológico dos suspeitos — Laurel notou o desconforto das três quando proferiu tal palavra, mas era o que eles tinham se tornado. — Não me levem a mal, os outros familiares serão intimados e terão que comparecer a delegacia. Estou tentando impedir que passem por isso também.

— Eu não acho que agora seja um bom momento para isso — Moira foi a primeira a se pronunciar. — Por mais que eu entenda seus motivos, ficaria grata se entendesse os meus.

— Eu falo com você, Laurel, querida — Donna disse secando os olhos. — Ficar sentada aqui não vai fazer a cirurgia da minha Felicity andar mais rápido.

Laurel sorriu para a mulher de forma carinhosa e seguiu com ela para uma sala que o hospital havia lhe cedido.

— Mesmo sendo uma conversa informal, eu preciso que seja sincera comigo, Donna — Laurel pediu olhando nos olhos da mulher sentada à sua frente.

— Direi tudo o que sei, querida — Donna respondeu num tom choroso. — Mesmo não sendo muita coisa.

— Agradeço a colaboração — ela sorriu apertando de leve a mão de Donna. — Podemos começar? — Donna apenas balançou a cabeça afirmando. — Donna, você sabia que Felicity estava envolvida com a HELIX?

— Não — a mulher negou veementemente. — Eu nunca sequer desconfiei. Confesso que de alguns tempos para cá ela andava estranha. Mas pensei que era nervosismo por conta do casamento.

— Antes disso — Laurel tentou não seguir para o lado complicado da conversa falando sobre o relacionamento da irmã com Oliver. — Você notou algo diferente nela? Algum sinal de que ela pudesse estar metida em algo comprometedor?

— Bom, o mais estranho foi ela ter me perguntado do pai — Donna afirmou. — Fazia anos que ela não tocava no nome dele, a última vez foi quando ela ainda estava no MIT. Acho que ela nunca aceitou o fato de que o pai era um bandido.

— Um bandido?

— Eu não sabia quem Noah era quando me envolvi com ele — Donna se defendeu. — Eu era jovem, ainda estava em Vegas servindo as mesas dos cassinos. Ele era apenas mais um jogador. Quando eu percebi o jogo que ele vinha jogando ao longo da vida, peguei Felicity e vim para Starling. Noah Kuttler era um ladrão virtual, um hacker, o melhor de todos os tempos como ele disse uma vez quando tentou me convencer a deixá-lo se aproximar de Felicity. Ele nunca seria pego, era o que ele dizia.

— E pelo visto estava certo — Laurel suspirou. — Você acha que ele foi o motivo pelo qual Felicity entrou para a HELIX?

— Eu realmente não sei. Talvez sim, como eu disse, na época do MIT ela parecia muito empenhada em tentar entender o que havia acontecido, em tentar encontrá-lo — Donna comentou. — Talvez ela tenha achado que a HELIX pudesse ser uma forma de achá-lo.

— Você disse que ela perguntou do pai alguns dias antes dessa confusão — Laurel retornou ao assunto. — O que exatamente ela quis saber?

— Se ele realmente era um bandido — Donna suspirou. — Se ele era capaz de fazer mal a alguém. De matar. Ela sabia que o que ele fazia era errado, ilegal. Mas ela queria saber se ele era capaz de matar.

— E por que isso? — Laurel se interessou ainda mais.

— Eu não sei. Infelizmente eu não sei — Donna deixou as lágrimas caírem. — Tudo o que passa em minha cabeça agora é que eu me esforcei tanto para dar a Felicity uma vida digna, uma vida boa para que ela não precisasse ser como o pai. Parece-me que ela é até pior.

— As acusações contra Felicity e o resto do pessoal da HELIX ainda estão sendo montadas — Laurel explicou. — A situação deles é diferente da de Sara e os outros agentes da ARGUS, é mais complicado para nós da polícia eu diria. De qualquer forma o flagrante irá render ao menos algumas acusações.

— Isso se ela sobreviver a cirurgia — Donna soluçou. — O que eu vou fazer se a minha garotinha morrer?

Laurel não saberia responder, nem se quisesse. Apenas se levantou e abraçou a mulher deixando-a chorar à vontade. Não queria que Felicity morresse ou até mesmo fosse presa, apesar de que a última possibilidade não poderia ser descartada tão facilmente. Quando os soluços de Donna cessaram, Laurel saiu com ela pela porta em busca de Thea, ela já sabia o que motivara Felicity a entrar para a HELIX, agora precisava saber o que Oliver fazia na ARGUS. E o mais importante: o porquê de os dois estarem em lados opostos mesmo estando prestes a se casarem.

Quando Thea se sentou diante de Laurel não sabia o que dizer. Sua mãe havia dito para que ela não falasse nada sobre o trabalho de Oliver na ARGUS, mas ele estavas prestes a morrer e se sobrevivesse corria o risco de ser preso e ficar viúvo. Então porque não dizer a verdade? Dizer tudo o que ela sabia? Não era muita coisa mesmo, que diferença poderia fazer?

— Há quanto tempo você sabe que seu irmão trabalha na ARGUS? — Laurel foi direta, ela sabia que Moira estava tentando ocultar alguma coisa e ela iria descobrir o que era.

— Desde sempre — Thea havia feito uma escolha, iria contar tudo o que sabia. Oliver poderia ser o melhor irmão o mundo, mas precisava arcar com a consequências de suas escolhas. — Oliver sempre soube que herdaria o lugar de meu pai, tanto na QC quanto na ARGUS. Meu pai iria treiná-lo, mas em sua última missão ele iria prender um bandido muito perigoso, eles vinham caçando esse homem há anos e quando finalmente havia encontrado o sujeito… — Thea parou por alguns segundos. — Meu pai foi assassinado. Em uma missão. A última missão. Ollie ficou tão devastado, mudou tão profundamente que me assustava. Mas no fundo ainda era o meu irmãozão. Ele entrou para a ARGUS, foi treinado por John, e prometeu que iria colocar o assassino do meu pai na cadeia.

— E quem é esse homem, Thea? — Laurel precisava saber mais daquela história.

— Eu não sei, Ollie nunca disse o nome dele. Era como um assunto proibido. Por anos eu achei que aquela vingança o destruiria aos poucos, então quando ele conheceu Felicity tudo mudou — Thea lembrou com pesar. — Ele sorria de verdade, e eu achei que ele tinha desistido daquela ideia maluca de vingança. Pensei que ele finalmente sairia da ARGUS e seria apenas Oliver Queen, o CEO. Aparentemente eu estava enganada.

— Você acha que Oliver sabia que Felicity estava com a HELIX? — Laurel questionou.

— Duvido muito — Thea respondeu depressa. — Você também não sabia que sua irmã trabalhava na ARGUS, ninguém sabia.

— Oliver sabia — Laurel disse. — Obrigada pelo seu tempo, Thea.

— Você sabe que se eu puder fazer mais alguma coisa para ajudar é só dizer — ela pronunciou antes de se levantar e seguir em direção à porta. — Mas não conte com a mesma boa vontade por parte de Moira Queen.

Laurel suspirou cansada, enquanto a Queen mais nova saia da sala. Tirar o que quer que fosse de Moira Queen exigiria um mandato, e ela iria consegui-lo.

Ouviu baterem na porta. Estranhou a situação, mas pediu que a pessoa entrasse.

— Desculpe incomodá-la, promotora. Eu sou Joe West, detetive de Central City — o homem de pele negra e cabelos um pouco grisalhos, que aparentava ter a idade de seu pai se apresentou.

— É um prazer conhecê-lo, mas não entendo o porquê de o senhor estar aqui — Laurel disse de forma direta.

— Bom, alguns dos seus suspeitos são residentes de Central City — ele começou a explicar. — Leonard Snart, Cisco Ramon, Caitlin Snow e Barry Allen. O último é meu afilhado.

— Devo supor que o senhor está aqui apenas para ajudar a polícia local no caso. — Laurel o olhou com uma sobrancelha erguida. — Ou o senhor irá tentar apelar para o meu lado bondoso por conta da sua ligação com um dos suspeitos? Se esse for o motivo saiba que eu estou disposta a pôr a minha própria irmã na cadeia, então o fato de Barry Allen ser seu afilhado não muda em nada a situação dele.

— Eu esperava que dissesse isso — Joe deu um meio sorriso. — Na verdade a única coisa que eu iria lhe pedir, era para que deixasse os quatro prestar depoimento na delegacia de Central City. O procedimento seria o mesmo realizado aqui, a senhorita teria o mesmo poder sobre o caso, apenas estaria em um lugar diferente.

— Honestamente detetive, eu não vejo porquê fazer isso — ela respondeu duramente. — No entanto, também não vejo motivos para não fazê-lo. Deixaremos o caso se desenrolar, quando for a hora de falar com os seus conterrâneos eu decido o que faremos.

— Agradeço a compreensão, promotora.

— Não há problema algum em manter as boas conexões. Agora se o senhor me permite, eu gostaria de falar com o médico responsável por dois dos meus suspeitos.

Laurel saiu da sala, deixando Joe sozinho com seus próprios pensamentos. A situação do homem era tão difícil quanto a dela, já que aparentemente ele estava tão surpreso pelo fato de seu afilhado ser um criminoso quanto preocupado com a situação dele.

O doutor encontrou-a no meio do corredor. Ele havia acabado de atualizar os familiares de Felicity sobre o estado da loira. E se encaminhava para falar com Moira e Thea sobre Oliver.

— Promotora — o homem de cabelos grisalhos e óculos a cumprimentou.

— Doutor Stein — Laurel respondeu gentilmente. — O que o senhor pode me dizer a respeito de Oliver e Felicity?

— Seus suspeitos tem muita sorte, senhorita. — Martin Stein respondeu soltando o ar. — Veja bem, os primeiros socorros foram essenciais para Oliver. Se o jovem Roy não tivesse tampado os ferimentos de entrada e saída ele não teria nem a chance de dar entrada no hospital. Ele respirava com muita dificuldade, mesmo com os primeiros socorros. Fizemos os exames necessários, mesmo atravessando o peito a bala deixou alguns fragmentos no pulmão. A cirurgia foi demorada, mas todos os estilhaços foram retirados sem grandes complicações. Como eu disse, Oliver teve muita sorte, pois a bala passou a poucos centímetros da artéria coronária, se ela tivesse se desviado um milímetro que fosse ele não teria sobrevivido.

Laurel ouvia atentamente o doutor falar. Por mais que sua aparência fosse neutra, por dentro ela comemorava que seu amigo de infância estivesse bem dentro do que era possível.

— As próximas 48h serão de total importância, como eu disse nosso trabalho foi feito de forma impecável, mas o paciente precisa colaborar. — Martin completou vendo Laurel assentir suavemente. — Já a senhorita Smoak teve mais que sorte eu diria, ela teve inteligência e paciência. Uma facada como a que ela levou não foi feita para sobreviver. Se ela ou alguém presente tivesse tentado remover o objeto ela certamente teria uma hemorragia e morreria antes mesmo de ser posta na ambulância. Felizmente, dentro do hospital, com os materiais necessários nós conseguimos retirar a faca, estancar e suturar o ferimento antes que o pior acontecesse. Como eu disse a senhora Smoak, ela logo poderá ir para casa, sob cuidados rigorosos, é claro, mas estará livre.

Livre. Talvez dos médicos e de todo o clima hospitalar. Mas Laurel sabia que Felicity poderia estar com seus dias de liberdade contados. Agradecendo o doutor, Laurel saiu do hospital sem falar com mais ninguém. Afinal nenhum dos presentes teria mais a lhe oferecer. Agora seu foco estava em conseguir um mandato para os membros da Helix e uma confissão dos agentes da ARGUS. E ela iria consegui-los, não importava o custo.


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Notas finais do capítulo

É isso gente, espero que tenham gostado. Um beijão.



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