Um Feliz Natal no estilo Weasley escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único




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“And I pass on these things my family's given to me
Just love and understanding, positivity”

(E eu transmito essas coisas que minha família me deu
Apenas amor e compreensão, positividade)

            Lá fora o dia está realmente gelado, mal consigo ver pela janela de tanta neve acumulada. Estou encolhida na poltrona do vovô e segurando em minhas mãos a bebida quente preferida do papai. O chocolate quente faz com que um calor cresça dentro de mim cada vez que eu engulo uma boa parte do liquido.

            Consigo escutar o barulho das panelas que vem da cozinha, e também todas as risadas dos andares de cima. A casa está cheia e a lareira permanece acesa praticamente pelo dia todo, quando as cinzas começam a apagar já é hora de reacendê-la.

            Fecho meus olhos e deixo que meu corpo e minha mente absorvam o máximo possível. O cheiro das chamas, da comida, do chocolate em minhas mãos, o perfume da casa, da poltrona. O som das risadas, do ranger dos degraus embaixo dos pés de todos da família, as panelas.

            É Natal e vejo as luzes da casa brilhando conforme a música que toca no rádio, e sinceramente adoro acompanhar as mudanças de cores. Vermelho. Verde. Azul. Amarela. Nós passamos a maior parte do tempo na escola, e a outra parte aproveitando as férias em viagens ou em passeios por livrarias e docerias. Livros para mamãe. Doces para papai.

            Então desde que adquiri consciência memorial passo o Natal inteiro absorvendo o máximo possível da casa dos Weasley. Porque talvez esse seja meu lugar preferido de todo o mundo. Não por passar mais tempo aqui, mas por ser meu melhor tempo. Sempre o tempo que me trás saudade e felicidade ao mesmo tempo.

            ― Temos uma mocinha pensativa aqui?

            Mais uma vez absorvo. A voz do vovô percorre todos meus pontos auditivos e pousa lentamente no meu coração enquanto sua voz permanece intocável dentro de mim.

Eu sorrio.

― Apenas aproveitando cada segundo. – digo terminando meu chocolate quente.

― Seus primos vão chegar logo. Entendo que preferia aproveitar a tranquilidade enquanto ela ainda existe. – Vovô pega a caneca de minhas mãos e parece mais jovem do que realmente é.

― Bem que estranhei a falta de xingamentos e gritos. – Acabo sorrindo. – Vovó está tão concentrada na cozinha.

― Querida, seu pai ainda não chegou também. – Nós acabamos rindo juntos.

Meus primos Alvo e James ainda não vieram para o Natal, tinham que resolver “problemas pessoais”. E são os dois que mais brigam, afinal quase nunca concordam com alguma coisa. E meus pais estão no trabalho finalizando as suas tarefas em busca de um final de ano tranquilo com a família. Papai adora entrar na cozinha de vovó e dar uma de chef de cozinha o que a deixa nervosa e muito propicia a gritos.

― Vovô?

― O que? – Ele parece absorto com as luzes, mas me atende prontamente.

― Faz tempo que não visitamos “A Garagem”. – Digo isso enfaticamente.

Quando éramos pequenos sempre achávamos que vovô era a pessoa mais legal do mundo com aquele monte de objetos. E sempre queríamos ir até “A Garagem” descobri tesouros novos. Passávamos o feriado de natal brincando de descobrir objetos misteriosos.

― Isso é verdade. – Vovô sorri como uma criança.

Ele olha para os lados e verifica se a barra está limpa e me estende a mão.

Nós andamos até lá com um pouco de dificuldade por causa da neve. Até nos esquecemos de usar a varinha para descongelar o caminho. E quando ele abre as portas eu sinto o cheiro de felicidade.

― Acho que isso aumentou. – Digo admirada.

― Talvez um pouco. – Seu rosto parece radiante.

Começo a andar por entre os objetos analisando cada um deles. São tantas coisas. Alguns papéis em línguas que desconheço, porcas e parafusos, copos, panelas, pneus, panos, maquinas esquisitas, computadores antigos. Consigo entender o motivo de ter passado tantos feriados aqui.

― Posso? – Aponto para um armário.

― Claro, querida. Pode pegar o que quiser. – Seu sorriso cresce. – Vou ver se Molly precisa de ajuda, só lembre-se de fechar as portas quando sair.

Aceno afirmativamente.

Quando abro o armário vejo vários brinquedos infantis. Desde bonecas caolhas, a bolas murchas. Pego uma delas e lembro-me do dia em que Hugo conseguiu furar três bolas seguidas porque não tinha mira suficiente para jogar para frente, e suas bolas acabavam em espinhos, pedras, na janela do sótão. Acabo rindo alto.

― Então é aqui que está se escondendo?

Vejo meu pai entrando ainda com uma toca sobre os cabelos laranjas que não herdei. Enquanto anda em minha direção derruba vários objetos me fazendo rir. Ele é sempre tão atrapalhado.

― Tecnicamente não estou me escondendo. – Dou um abraço nele e sinto seu cheiro de perfume e doces. Mamãe tem cheiro de livros e café.

― Escolhendo seus presentes de Natal? – Ele questiona pegando uma das bolas.

― Talvez. – Dou risada de sua careta. – Mamãe também já chegou?

― Hermione está verificando tudo para que nossa ceia seja perfeita. – Papai ri. – E também tentando me manter longe da cozinha da sua avó.

― Pai, não deixe a vovó nervosa. – Falo rindo sabendo que isso é impossível.

― Eu jamais faria isso.

Muita gente tem problemas com os pais, muitas vezes ouvi dizer que ser adolescente é isso. Vejo amigos com problemas familiares, com lembranças de natais horríveis, que preferem ficar na escola ou que são obrigados a ficar. Mas eu nunca consigo imaginar um natal sem minha família. Sou muito ligada ao papai, e às vezes brigo com a mamãe por ela ser sempre tão certinha, e gosto de irritar o Hugo sempre que possível. Mas isso é nossa família. Amor. Compreensão e Positividade.

― Olhe... – Papai se estica para pegar algo no armário. – Você nunca soltava esse ursinho.

Em sua mão um ursinho de pelúcia em forma de hipógrifo.

― Meu Fofinho. – Digo rapidamente o puxando das mãos de meu pai. 

― Acho que encontrou seu presente. – Ele ri e me abraça. – Agora vamos indo que seus primos já chegaram. Alvo estava te procurando, ele trouxe um convidado para o Natal e acho que também é seu amigo.

Meu pai sai andando na minha frente. Depois de alguns passos resolve falar mais alguma coisa.

― Eu estava enganado. Pode ser “amiguinha” dele.

E continua caminhando.

Não entendo muito bem o que ele quer dizer. Mas fecho o armário e tento absorver toda a felicidade guardada naquele lugar. Todas as lembranças, e as risadas. Todas as aventuras.

Corro para alcançar meu pai. Por um momento esqueço a neve e quase caio no gelo, mas como em um clichê adolescente mãos me seguram antes do pior acontecer.

― Cuidado Weasley.

Scorpius Malfoy me ajuda a ficar em pé, e sorri um pouco constrangido.

― O que está fazendo aqui? – Pergunto sem entender.

― Isso é jeito de tratar nosso convidado Rose? – Alvo diz achando graça da situação.

― Seu primo insistiu muito. – Scorpius diz coçando a cabeça.

― Você não ia passar mais um natal no castelo, é deprimente. – Alvo está falando a verdade. – Mesmo a comida sendo ótima nunca é ótima o suficiente.

― Seria apenas mais um Natal. – O loiro parece completamente deslocado. Diferente da figura do resto do ano.

― Malfoy, você terá o melhor natal da sua vida. – Digo sorridente.

― Você acha? – Ele parece não acreditar. Afinal ele não é lá tão popular entre alguns familiares como James e Dominique.

― Cara, ela é nossa sabe tudo, claro que tem certeza. – Alvo diz abraçando o amigo e me puxando também.

Quando ele finalmente resolve nos soltar eu faço o que minha família me ensinou.

― Feliz Natal, Scorpius.

Entrego meu ursinho surrado para ele. O beijo na bochecha. E eu transmito essas coisas que minha família me deu, apenas amor e compreensão, positividade.

Ele sorri e parece feliz com o melhor presente de todos.

Carinho.

Um Feliz Natal no estilo Weasley.

― Feliz Natal, Rose.


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Notas finais do capítulo

Esse ano foi super difícil e cheio de altos e baixos e compromissos, mas olhando agora para tudo que passou até que foi um ano bom, então acho que terminar com um fanfic foi o ponto alto.
Obrigada pela leitura, deixem comentários para eu ficar mais feliz ainda, e aproveitem o Natal e o Ano Novo.

BEIJOS!!!



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