Run, Lily, Run escrita por Nymphadora


Capítulo 1
Run,Lily, Run


Notas iniciais do capítulo

Hi
Estou de volta com uma fic completamente nova... mentira. Estou de férias sem nada para fazer (outra mentira devia estar a acabar de ver Star Wars ou a estudar) e decidi reescrever esta fic e mais algumas que eliminei. Estou de momento a escrever o capítulo 2 desta fic porque sou uma pessoa muito organizada (outra mentira) e irei postá-lo brevemente (provavelmente depois do Natal).
Feliz Natal se não voltar a aparecer por aqui antes do Natal ou Até Breve se voltar aparecer. Quem sabe?
Espero que gostem...
Xx
Nymphadora



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Se perguntassem a Dumbledore o pior momento da guerra ele diria que a guerra na sua totalidade fora o pior. As mortes e os desastres. Os ataques e as casas queimadas, famílias destruídas. Se perguntassem a Remus o pior da guerra fora uma série de momentos que foram a causa e a consequência deles mesmo. Como num ciclo vicioso a causa de algo seria sempre a consequência de outra coisa. Um ataque levaria a uma retaliação que levaria a outra batalha. Mas para Lily o pior momento da guerra foi quando ouviu o baque seco do corpo de James a bater no chão coberto de brinquedos da casa deles. Lily não estava lá para ver mas a mente dela não lhe dava descanso. Ela imaginava a maneira como Voldemort apontava a varinha na direção de James. A maneira como James não tremeu perante a imagem e se mantivera firme ouvindo Lily correr pelas escadas e o choro de Harry. Imaginou-o a fechar os olhos para que a última coisa que visse fosse a imagem da esposa e do filho. Avada Kedrava. E James estava no chão. E James estava no chão e nunca mais se iria levantar. E James estava no chão e ela estava sozinha. E James estava no chão e ela estava sozinha e Voldemort continuava atrás deles.

As últimas palavras de James ainda estavam na mente dela correndo confusas juntamente com o medo que tentava suprimir. “Corre, Lily! É ele!” E ela correu. Tropeçou nas escadas. Bateu contra o corrimão. Apertou Harry contra ela e entrou no quarto. Fechou a porta atrás dela empilhando coisas contra a mesma. Era inútil. E ela sabia-o. Soluçou, abraçando Harry com mais força. Desculpa. Desculpa. Desculpa. Tudo que eles tinham feito para o proteger fora em vão e agora James jazia sem vida no piso abaixo do deles e Lily e Harry estavam prestes a ir pelo mesmo caminho. Pousou Harry cuidadosamente no berço e ajoelhou-se à frente dele. Limpou as lágrimas com a manga da camisola furiosa. Não! Não era suposto ser assim! Não era suposto James morrer. Não era suposto ela morrer. Não era suposto Harry morrer. E o destino podia ir dar uma volta se achava que ela ia cumprir o que ele escreveu. Eles não lutaram durante anos para agora morrerem escondidos. James merecia melhor. Harry merece melhor. Se Lily fosse morrer que morresse de pé e com uma varinha na mão. Se Lily fosse morrer que morresse com uma chance de defender Harry.

Ouviu as escadas ranger e brinquedos a serem pontapeados para fora do caminho. Por favor que seja James! Por favor! Não era. Ela sabia. Suspirou pesarosa e olhou para a janela. Precisavam de sair dali. E rápido. Harry, sentado no berço, mordia um brinquedo pesarosamente, lágrimas ainda a saírem dos olhos raiados de vermelho. Olhou para a janela, um plano a formar-se rapidamente. A varinha de James estava na sala em cima do sofá, demasiado longe para sequer pensar em alcançá-la. Mas a dela? A dela estava tão perto que podia sentir a ponta dos dedos a formigar com o desejo de lhe tocar. Suspirou, os olhos limpos de lágrimas e a mente vazia. Ela tinha um objetivo em mente. Ela podia chorar James quando estivessem a salvo. Era isso que ele iria querer.

Os passos estavam cada vez mais próximos. Olhou nervosa para a porta e pegou em Harry. Por favor que resulte! Correu na direção da janela abrindo-a com um estrondo. As cortinas esvoaçaram com o vento frio de Outubro e se se esforçasse conseguiria ouvir as crianças na rua ignorantes do que se passava a poucos metros delas. Respirou fundo e enrolou Harry no cobertor com mais força apertando-o contra ela. Os passos ecoavam pela casa toda e ela odiou aquele homem mais do que nunca. Passou uma perna pelo parapeito da janela aberta. Harry começou a choramingar e ela embalou-o. Ganhou coragem e sentou-se no parapeito com as pernas a balançar para a rua. Enroscou as pontas do cobertor à volta dela dando um nó forte. A porta foi aberta violentamente e ela dobrou-se para proteger o bebé no seu colo das lascas de madeira que voaram por todo o quarto.

—Sua tola! Pensas que te consegues esconder de mim?

A voz soou atrás dele arrepiando-a. Encarou os olhos de Harry. O verde- esmeralda como o dela mais brilhante do que o normal devido às lágrimas. Nós não vamos morrer, anjo. Não vamos morrer. Não hoje.

Respirou fundo. Agora ou nunca. Inclinou-se e apoiou os pés no pequeno parapeito que acompanhava a parede exterior da casa toda. Bateu-lhe levemente com os pés rezando que aguentasse com eles.

—Dá-me o bebé, sangue de lama. A tua vida será poupada se mo deres.

Engoliu em seco e inclinou-se ainda mais estando quase completamente de pé no parapeito.

—Nunca!- rosnou. Atirou-se agarrando-se com força à parede, prendendo Harry entre ela e a casa. Ouviu Voldemort gritar ensandecido e um feitiço passar rente ao seu ombro. Engoliu em seco e apressou-se a contornar a casa. Precisava de chegar à próxima varanda. Rápido. As mãos doíam-lhe do esforço e Harry continuava a chorar, a resmungar e a gritar com a cara vermelha do esforço. Oh meu deus! Oh meu deus! As lágrimas escorriam quentes pelo rosto perdendo-se no meio do cabelo negro do bebé. Estava a meia dúzia de passos da janela mais próxima. A do quarto dela e de James. Os braços tremiam do esforço que fazia e ela sentia o suor a escorrer-lhe pelas costas.

—Shiu, anjo! Estamos quase… quase lá…

Esticou o braço agarrando-se, com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos, ao parapeito içando-se devagar para cima e empurrando a janela. Deixou-se cair para dentro do quarto respirando freneticamente e consolando Harry deitado no seu peito. Levantou-se e agarrou na varinha que estava onde a deixara aquela manhã. No momento em que lhe tocou a casa estremeceu e ela aparatou.

A única coisa que restava da macabra surpresa do dia 31 de outubro era o corpo ainda quente de James Potter e a fúria de Lord Voldemort.

(...)

—Lily?

Abriu os olhos encarando cegamente a pessoa à sua frente. Harry chorava a plenos pulmões enrolado nela e no cobertor. “Minerva” o sussurro escapou-se-lhe dos lábios gretados e ela deixou-se cair de joelhos no chão. Lily sabia que ela devia passar os portões de Hogwarts. Um último esforço para proteger Harry.  Tu consegues, Lils. a voz rouca de James suspirou aos ouvidos dela. Anda lá, anjo… Pelo Harry. E ela levantou-se. Harry puxava-lhe os cabelos dolorosamente mas ela não sentia. Endireitou-se nos joelhos trêmulos e ultrapassou os portões deixando finalmente a segurança de Hogwarts abraça-la. Passou a língua pelos lábios secos pensando na última vez que beijara James. As palavras de amor que ele lhe dissera quando Harry dormia a dois quartos de distância. Afagou o cabelo de Harry ainda perdida no passado.

Minerva apontou-lhe a varinha ameaçadoramente e Lily encarou-a apática.

—Se és mesmo Lily Potter diz-me qual foi a tua primeira nota a Transfiguração?

Lily, por favor… Aconchegou Harry melhor contra ela.

—Aceitável. - Eu disse, James. Eu disse a nota. Ela sabe que sou eu. Harry está seguro. Posso chorar agora, James? Posso chorar-te agora?

Minerva puxou-a com força contra ela abraçando-a. Tremeu. De frio? De choque? Posso chorar, James? James? McGonagall falava com ela. Os lábios frenéticos, as palavras demasiado rápidas para ela as conseguir captar. James? Estava a puxa-la. Harry mexia-se agitado enquanto corriam em direção ao castelo. James? Num momento estavam na rua, o vento a dançar à volta deles as gotas de chuva a encharcá-los e no o outro estavam sentados em frente de Dumbledore, uma chávena de chá nas mãos geladas e doloridas dela, Harry no colo de Minerva. James?

—Lily?

Piscou os olhos lentamente. James? Mas era Dumbledore que a encarava do outro lado da mesa coberta de pergaminhos. Era Dumbledore que a encarava com pena nos olhos azuis e era Dumbledore que estava aqui com ela de momento e não James. Não James. Nunca mais James. O vapor erguia-se lentamente da chávena delicada nas mãos dela.

—Lily, eu preciso de saber o que se passou.

Levantou o olhar do chá rodopiante e do seu vapor e enfrentou o olhar de Dumbledore outra vez. O que é que aconteceu? A adrenalina que a mantinha em pé começava a desaparecer e ela sentiu-se a fraquejar. O que é que aconteceu?! Pousou a chávena calmamente em cima da secretária à sua frente, os choros de Harry uma sinfonia nos seus ouvidos juntamente com os sussurros de James na sua mente.

—Voldemort atacou-nos - Tu consegues, anjo. Minerva congelou no lugar e o aperto que ela mantinha em Harry pareceu aumentar. James? Dumbledore encarava-a impassível. - James…- engasgou-se se nas palavras ou no ar nunca iria saber. Talvez nos dois. Lily olhou curiosa para as mãos pálidas marcadas por arranhões e marcas vermelhas pousadas no seu colo. Eram dela? James?

A mão trémula de Minerva apertou-lhe o ombro trazendo-a de volta para a realidade. Uma realidade que ela não parecia querer aceitar. Como é que ela podia viver numa realidade onde James não mais existia? Onde James não dormia ao lado dela, respirações fortes e determinadas? Onde James não mais caminhava ao lado dela?

—James morreu...

Como é que era suposto Lily viver numa realidade onde prometera viver e morrer ao lado de James mas James não estava aqui com ela? James?

E o mundo escureceu à sua volta.

Se perguntassem a Lily qual fora o pior momento da guerra ela iria sempre responder Halloween de 1981.


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Notas finais do capítulo

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