Encontro em família. escrita por Takkano


Capítulo 2
Damascos.




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Tsume nem percebeu que já estava próxima de casa. Só notou isso, quando ouviu os latidos vindo em sua direção.

— MÃE! - Kiba veio correndo ao seu encontro, com Akamaru pulando e latindo em seu encalço. – Deixa que eu ajudo a senhora!

Nesse momento Tsume começou se sentir estúpida. Olhou para o filho ali, bem à vontade, vestindo um bermudão largado e todo chamativo, mas não mais que a regata da mesma cor do par de chinelos. Kiba parecia tão feliz assim, bem moleque e sempre na companhia de Akamaru. Se arrependeu de ter cedido à pressão e aceito o maldito convite de Mebuki. O filho tinha todo o direito de ser exatamente como ele queria ser, e andar na companhia de quem queria; mesmo que fosse apenas com seu cachorro bagunceiro.

— Mãe… a senhora está bem? - a nota de preocupação na voz de Kiba, trouxe Tsume de volta.

— Ei, claro que sim! Não conhece a sua mãe?

Kiba continuou a olhar desconfiado para a mulher, até receber um belo de um cascudo no topo da cabeça. Kiba acabou sorrindo, agora sim parecia tudo bem com sua mãe.

Kiba colocou a sacola sobre a mesa e começou a esvaziá-la, eufórico. O que o garoto mais gostava nas sextas-feiras era de esperar pelo sabor doce do…

— DAMASCO! - Tsume veio da sala até a cozinha gritando, assustando um pouco Kiba. – Me perdoe, filho, eu me esqueci dos damascos.

— Oe mãe, tudo bem! Não é como se eu fosse morrer por causa de uns damascos, né! Mãe…? Kiba viu os olhos de Tsume diminuírem e umedecerem rapidamente. – O que a senhora tem?

— Nada! Só estou um pouco triste, porque… porque esqueci os damascos! - Tsume saiu da cozinha e atravessou a sala na velocidade da luz, deixando a casa antes que Kiba pudesse processar o por que daquele comportamento tão estranho.

***

Voltar novamente a feira, deixou Tsume ainda mais pra baixo. Não era bem pelos damascos, mas, porque queria ficar sozinha também. Sim, ela sabia perfeitamente que Kiba podia ficar uma semana sem a sua fruta favorita, mas, nem se lembrava da última vez, ou, se ouve realmente alguma vez em que deixou o filho sem esse mimo. Uniu a necessidade materna de agradar o filhote, à vontade de ficar sozinha para refletir, depois de ter feito a burrada de aceitar aquele convite estúpido. Desde quando ela era tão frágil assim? Por que, de repente, toda aquela velha baboseira sobre família perfeita começou a afetá-la daquele jeito? Não deveria estar feliz ao lado de Kiba, que tinha saúde e um futuro pela frente? Tsume sabia que, lá no fundo, só queria provar a todos que se manteria firme com Kiba ao seu lado, mesmo depois da partida de Hana; o que não estava acontecendo de verdade.

— Tsume-san, isso são horas? - o homem baixinho e rechonchudo, cumprimentou brincalhão, assim que ela se aproximou da sua barraca de frutas.

— Desculpe, tive alguns imprevistos!

— Eu que peço desculpas, Tsume-san, mas, acho que terá mais um! - o homem virou um cesto em direção à Tsume, que soltou os ombros desanimada. – Acabaram os damascos! Aquele jovem levou os últimos. - o homem indicou as costas de um rapaz que virava a esquina mais à frente.

Tsume nem esperou o homem terminar nem nada e saiu rápido atrás do tal meliante obcecado por damascos. Não que fosse uma fruta extremamente rara ou coisa assim, mas, Kiba adorava aqueles damascos e, com certeza, ele os teria; não importava o quanto tivesse que pagar por eles!

Virou a rua e, mesmo ainda bastante tensa, não pode deixar de rir um pouco, quando acabou caindo em uma estranha sensação de já ter passado por aquilo antes.

Bem a sua frente, bloqueando sua passagem, a figura alta de um rapaz remexendo o conteúdo de uma sacola, fez Tsume respirar um pouco mais aliviada. Embora totalmente oculto pelo enorme sobretudo e o largo capuz, Tsume sabia perfeitamente de quem se tratava.

— Quer um, Tsume-san? - antes que pudesse fazer qualquer abordagem, o rapaz se virou oferecendo uma fruta à mulher que sorriu.

— Aburame Shino, o usurpador de damascos! - Shino continuou parado com a fruta estendida em sua direção. Como o rapaz estava com os óculos e o casaco cobrindo pouco mais da metade de seu rosto, Tsume não soube se Shino entendeu bem o que ela disse. – Desculpe rapaz, vou ter que recusar, odeio damascos!

— Sim, eu te entendo! - Shino distribuiu as frutas em porções iguais e estendeu uma das sacolas à Tsume. – Também não gosto deles!

— Sério? - a mulher aceitou sem pestanejar – Então, porque diabos, comprou todo o meu damasco, Shino? Olhou mais uma vez para Shino e descobriu que nem todo aquele monte de roupa e seu fiel par de óculos escuros, conseguiam esconder dela o motivo pelo qual ele se dava ao capricho de comprá-los. – Entendi… - Tsume deu uma pequena piscada para Shino, que corou até as pontas dos dedos. – Oe, que isso Shino, não precisa ficar com vergonha! Eu sei o quanto você gosta do Kiba e isso me deixa muito tranquila e feliz!

Shino não disse nada. Tinha certeza de que a mulher não sabia de verdade o quanto ele gostava de seu filho, caso contrário, tal amizade já estaria ameaçada há muito tempo.

Shino se despediu discretamente da mulher com uma reverência e se afastou. Tsume apenas ficou olhando até o garoto sumir de vista.

***

Quando Tsume voltou para casa, encontrou Kiba inquieto, andando de um lado para o outro, acompanhado por Akamaru.

— Seus damascos! - Tsume estendeu a sacola à Kiba que pegou meio chateado.

— A senhora fez mesmo todo aquele drama só por causa de alguns damascos?

— Oe, moleque mal agradecido! Se não quer, devolva!

— Não disse que não quero! - Kiba abriu a sacola e pegou uma fruta. – Estou sentindo um cheiro tão bom; tão familiar…

— São damascos, ora! Claro que é familiar!

— Não, é que… - Kiba deu de ombros e foi se sentar para comer.

— Kiba…

— Uhmquegue? - Kiba respondeu de boca cheia, fazendo Tsume repensar na ideia de convidar o filho para comer fora.

— Você tem algum compromisso marcado para sábado à noite? Alguma missão ou encontro, coisa assim?

— Não, geralmente só dou uma volta com Akamaru e vou ver uns amigos da academia! Por quê?

— Gostaria de sair com a sua mãe?

— MÃE!! QUE MICO! É CLARO QUE NÃO!

— OH, SEU MOLEQUE INGRATO! Era só pra jantar fora!

— A senhora disse, jantar? Comida?

— Sim, comida à vontade; de graça! - Tsume sorriu vitoriosa ao ver os olhinhos de Kiba brilhando de alegria. – Mas, tem uma coisa, será que poderia arranjar companhia? É que o convite é pra três, então você tem que levar alguém.

— E por que a senhora não leva?

— Porque eu não conheço ninguém! - Tsume pareceu triste de verdade, e se deu conta de que realmente, ela não tinha ninguém pra sair; Kiba também entendeu a dor da mãe. – Pode ser qualquer pessoa, não tem nada de mais é um encontro em família; pode ser uma que você goste da companhia dela. - Tsume balançou as sobrancelhas, com um ar divertido e sugestivo.

— Kiba pegou mais um damasco e ficou olhando pra ele por um tempo. – Tudo bem, tá combinado, eu já sei quem vou levar!

Kiba se levantou rápido pegando o resto dos damascos.

— KIBA! - Tsume gritou antes de perder Kiba de vista. – NÃO É O AKAMARU, É?

— CLARO QUE NÃO NÉ, MÃE! - Kiba riu alto arrancando um enorme sorriso da mãe e um latido triste de Akamaru.


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