Only Thoughts of a Girl On a Bad Day escrita por Marie


Capítulo 3
Cap 3


Notas iniciais do capítulo

Heeeyy pessoinhas, primeiramente, quero desejar a todos um Feliz Ano Novo, que tudo dê certo para vcs, e que continuemos todos com saúde, felicidade e muito amor ao nosso redor!
Esse capítulo está um pouco menos do que os outros, porém foi escrito com muito carinho, assim como os anteriores!
Sem mais, boa leitura!



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Outra coisa que eu também sinto falta é da inocência que eu tinha, quando não estava desenhando e pintando, estava olhando para o céu e imaginando objetos e animais nas formas das nuvens, com a Ellen, minha amiga, se posso assim dizer... Ela foi a minha primeira amiga quando me mudei para cá, a dez anos atrás. Eu ainda consigo me recordar da cena: Eu com uma caixa cheia dos meus bichos de pelúcia que eu colecionava com carinho, e ela curiosa, do outro lado da rua com as suas marias-chiquinhas cor de mel, segurando em suas mãos uma revista sobre cometas, timidamente fui até ela e perguntei qual era o seu nome, e ela se apresentou, puxei assunto sobre a revista e assim conversamos até meu pai me chamar para dentro, depois disso ela sempre vinha me visitar, pouco tempo depois, já éramos melhores amigas, conversávamos sobre os planetas, fazíamos teorias sobre seres extraterrestres e gostávamos de deitar na cama e inventar nossas próprias histórias quando não estávamos nos revezando para ler um livro qualquer, éramos praticamente inseparáveis, ou ao menos eu achava isso.

Sempre estudamos juntas, no colégio perto da rua onde moramos, sempre uma ao lado da outra para fazer trabalhos, conversar e até matar aula para rir das garotas que usavam tanto gloss na boca que os lábios grudavam, recusávamos a entrar nos grupinhos formados pelas crianças da turma, pois nós éramos uma dupla, 'melhores amigos não se misturam!', dizíamos, era mesquinho, mas era o nosso lema. Entretanto quando entramos no sétimo ano e mudamos de colégio, os grupinhos começaram a ter mais influencia, ou você era parte de um, ou não era ninguém, para mim isso era algo bobo e sem noção, mas para Ellen, isso importava, e muito. Logo ela se juntou a um grupo de garotas e pouco tempo depois nem olhava mais para minha cara, simples assim! Não sei se era por vergonha, culpa ou outra coisa mas sempre que fazíamos contato visual, ela desviava o olhar, até que um dia, mais precisamente um ano e meio depois, ela veio falar comigo, pediu desculpas por ter se afastado e disse que eu poderia me juntar a ela e as amigas dela, na cara dura mesmo, e eu que jamais neguei sentir falta de sua amizade, aceitei.

Logo na primeira vez que me sentei com as garotas, me senti estranha, deslocada, elas falavam apenas sobre novelas adolescentes e garotos, não que eu não assistisse a novelas e seriados ou não gostasse de garotos, longe disso, mas eu sempre gostei de conversar coisas que fossem além disso e Ellen também, fiquei o tempo todo olhando para ela, esperando ela falar de algo que não fosse fútil como as outras garotas, porém, para a minha surpresa, ela solta uma risada forçada e dá continuidade ao assunto, e naquele minuto eu percebi que ela não era mais a garota que eu conheci e admirava, minha melhor amiga Ellen havia entrado em coma e dado lugar a uma garota comum, carente por atenção como todas as outras ali presentes, mas ainda assim, tive a esperança de ter a minha melhor amiga de volta, esperei que ela cansasse de fingir ser quem ela não era e voltasse a conversar comigo normalmente, sem risadas falsas ou voz forçada, apenas a velha e amável Ellen novamente... Entretanto, isso não aconteceu, já faz três anos que ela continua daquele jeito e mesmo eu não querendo admitir, sei que ela se transformou no que é hoje, alguém fútil, que só pensa na beleza externa e em ser o centro das atenções na roda amigos. Aquilo ainda doía, detestava admitir, mas ver a minha melhor amiga se transformar em alguém que eu não reconhecia me machucou muito, ainda mais quando ela passou a me ignorar completamente.

Invejava as crianças brincando, elas tinham sorte de ter a inocência e felicidade delas intactas, elas sim, eu podia afirmar que estavam vivas... E eu? Estou viva? Não... Sou apenas mais um dos robôs na qual a felicidade e os sonhos foram retirados a força, para no lugar existir apenas o vazio, a angustia e o longínquo sonho de ser livre, de corpo e de alma, como as crianças são...

Sinto um aperto no peito ao pensar em tudo isso, como eu gostaria de voltar no tempo... Mas tento me focar no futuro, não dá para voltar para o passado, apenas olhar para frente...

Fecho os olhos e me permito mais alguns minutos de nostalgia, numa tentativa de fugir da dor porém não adianta muito, amanhã ainda irei ter que pisar no colégio, ver aquelas pessoas fúteis, ter que entrar e ver a pessoa em quem eu confiava ser alguém totalmente diferente e artificial, ter que lidar com a solidão que me assombra a cada vez que estou voltando para casa... Quero esquecer tudo isso, quero apenas desaparecer.

Olho para o meu guarda-roupa e lembro da tela que eu escondi ali, depois que eu aparentei resistir em fazer algo que não fosse artes, minha mãe pegou todos o meu material de desenho e os jogou fora, uma das piores dores que senti foi ela quebrando minhas pinturas e tacando uma por uma no lixo, desde então, economizo e compro uma tela média ou pequena e a escondo, ainda me resta uma em branco, vou até a parte traseira do móvel e a retiro dali, pego minhas tintas na mochila e começo a espalhar pelo tecido aplanado, minha mente entra em transe e não penso em mais nada e nem ninguém, apenas nas tintas se misturando.

Quando terminei, o quadro estava totalmente coberto por uma grande variedade de tintas em uma ilustração sem forma, apenas um monte de cores, ou um monte de sentimentos. Coloco o mais novo quadro atrás da porta para secar e o admiro, gosto de como ficou, de alguma forma, coloco sempre um pouco de mim em meus quadros e isso os torna únicos, ao menos essa é a minha opinião. Meus olhos começam a querer fechar, olho pela brecha da janela e vejo que já escureceu, sem me importar em limpar minhas mãos sujas de tinta seca, deito na minha cama e deixo a mente me guiar para o país das fantasias, onde tudo é alegre e vivaz.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até 2018!



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