Star - Um beijo na Noite

 (Ou mais de um, quem sabe)

Um dia, ela estava lá.

Tinha a beleza de uma modelo, ainda que se vestisse como uma criança de oito anos, de tiara e com uma enorme varinha na mão.

Era esperta, encantadora e sabia esquartejar um unicórnio como ninguém.

Infelizmente, depois de fazer horrores por Jackie Lynn, Marco só percebera que perdera Star de madrugada.

Quando notou, pela primeira vez, que ela nunca mais estaria ali para dizer “Boa Noite”.

Sem saber o que fazer, ele tentou dormir.

Impossível.

....

No entanto, depois de encarar 1,5kg de nachos com queijo, ele apagou.

Quem sabe dormindo, poderia encontrá-la.

....

No fundo, Star sabia que seria muito covarde se declarar e simplesmente fugir.

Por outro lado, estava com muito medo da resposta e o pânico venceu. No meio de sua festa, na frente de todos, ela se declarou, partiu em desespero e....

Retornou, como se nada tivesse acontecido, às duas da manhã.

....

Cruzando a porta do quarto de Marco, ela tentou não acorda-lo, bem como aos pais do rapaz.

Foi uma tarefa quase impossível. Ainda mais depois de ve-lo sonhando, em volta de todos os seus cachorrinhos.

Parece que os oito filhotes de Marco tinham notado a tristeza do dono e vieram dormir entre as suas pernas, tentando transmitir algum carinho.

Era isso ou o cheiro de queijo que emanava do rapaz os atraíra até ali, mas Star preferia aceitar como verdade a primeira opção.

A adolescente também percebeu que, mesmo com a presença dos animais, ainda havia um bom espaço na cama.

Um excelente espaço. Cabia mais uma pessoa ali, sem dúvida.

Já que estou aqui para ser dispensada pelo melhor amigo, por que não fazer isso confortavelmente?— Ela pensou.

....

Abraçando Marco suavemente, a princesa de Mewni argumentava consigo mesma se roubar um beijo seria errado.

Se o ato seria considerado assédio ou algo do tipo.

Talvez, se tivesse parado no primeiro e não continuado por mais quatro ou cinco, não se sentisse tão culpada.

Só por precaução, para garantir que não perderia a coragem, ela deu mais um.

Ela sentiu o gosto de queijo, mas não se importou.

Nunca imaginara que seria de outra forma.

Obviamente, Star imaginara que ele estivesse acordado quando se beijassem pela primeira vez, mas isso é um detalhe técnico, quase sem relevância.

— Tudo bem, Marco – Sussurrou Star – Lá vai:

Passei dois anos tornando sua vida um inferno.

Mas eu não só amo você. Eu quero mudar por você.

Pra te merecer.

Num movimento sutil, o rapaz se moveu e passou o braço em torno de Star.

Ainda estava dormindo, mas a princesa não se importou com o abraço.

Respirando aliviada por ele não acordar, ela continuou.

— Prometo ser uma amiga melhor.

Não vou te deixar na mão.

Vou te amar até te sufocar de paixão e....

Parando por um instante, ela jurava que faltava algo na promessa.

Então, de repente, ela lembrou.

— Ah, claro, prometo que vou parar de colocar fogo nas coisas.

Quero dizer, vou tentar. É prazeroso, sabe?

Pensando bem, isso pode ser algum tipo de transtorno....

Talvez eu devesse procurar um médico, ou....

— .... Star.... Eu....

Ela tremeu quando ouviu a voz do rapaz.

Vibrou com cada partícula do seu corpo. Sentiu o sangue ferver ao mesmo tempo que suava frio.

Marco não acordara.

Estava tendo um sonho. Com ela.

Aliviada, a princesa suspirou e beijou Marco mais uma vez.

Só que, nesse beijo, ela demorou um pouco mais.

— Eu sei, também te amo....

 Depois disso, ela também começou a pegar no sono.

É válido mencionar que, durante toda sua “declaração”, Star mantivera o pulsar de seu coração acelerado, num ritmo frenético, como se tivesse corrido por uma maratona.

Foi só quando ela sentiu o coração de Marco pulsando perto do seu, que ela conseguiu se acalmar.

Em paz, como não se sentia a muito tempo, ela decidiu beija-lo mais uma vez (só para garantir) e finalmente dormiu, alimentando seus sonhos com os dele.

Ela só sem sentiria assim de novo anos depois, na lua de mel.

Mas isso é história para outro dia. E entendo que não é o que você quer ler nesse momento, meu caro leitor(a).

....

No dia seguinte, o rapaz se surpreendeu com a presença inesperada.

Não lembrava que tinha deixado os cães entrarem no quarto.

Entretanto, lá estavam todos.

O calor da manhã lhe queimava no rosto e ele podia sentir que algo ocorrera.

Algo importante. Só não sabia o que era.

Espreguiçando-se (e tomando cuidado para não acordar os filhotes), ele sentiu algo diferente.

Sabia que tinha comido queijo na noite anterior, mas não se lembrava dos morangos.

Ainda assim, o gosto nítido e doce nos lábios era forte. Quase provocativo.

Ele mesmo não sabia explicar o porquê, mas se sentia motivado.

Mais que o normal.

Mesmo notando que um de seus casacos desaparecera (jurava que tinha deixado jogado no chão, parecia até que alguém levara a peça de roupa no meio da noite), ele não se deixaria abalar.

Tinha perdido Star.

Era certo.

Não significa que não poderia traze-la de volta.

Custasse o que fosse, não importava o tempo que precisasse.

E, se fosse o caso dela não voltar, ficaria com ela onde fosse.

Seja na Terra, em Mewni, no purgatório ou – se assim fosse necessário – em Detroit.

Com sorte, ele imaginava que poderia se declarar apropriadamente sem parecer um completo lesado.

Com mais sorte ainda, Star o perdoaria e retribuiria com um beijo.

Ele sabia que pedir algo do tipo seria errado. Ainda mais roubar um dela.

Seria impensável.

Também sentia que poderia estar apressando as coisas, mas era a única coisa que ele queria naquele momento. A única coisa que lhe traria de volta a paz

Um beijo dela.

Ou mais de um, quem sabe.